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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem da NET
Há dois dias que a R. se queixava de dores de garganta, dores de garganta não são sintoma, mas queira-se ou não, a primeira ideia é: E se for o vírus? Entretanto ela começou as aulas na faculdade e ontem foi para Lisboa. Hoje de manhã ligou, assustada, além das dores de garganta tinha dores no peito e dificuldade respiratória.
Dificuldade respiratória é sintoma, como estava a piorar ligou para a linha da saúde 24 e como seria de esperar (ou não), veio a indicação para ir ao centro de saúde fazer a despistagem e se necessário fazer o teste. Fui busca-la a Lisboa, com a suspeita de COVID estava fora de questão vir de transportes públicos . Avisei a minha entidade patronal e de imediato a empresa marcou o teste para mim, e na dúvida, para ela.
Em Setúbal o centro de rastreio funciona entre as 13 e as 18, almoçamos e fomos para lá. É difícil imaginar a confusão que é o exterior de um Centro de saúde na era Covid. Mal entramos na rua não há como perder-se, basta procurar um aglomerado de gente à porta de um edifício. Há umas três ou quatro filas diferentes que convergem para a entrada. Distancia de segurança só se for lá dentro, cá fora é tudo mais ou menos ao molho e (deve ser) fé em Deus.
Pelo que eu percebi há a fila para quem tem consultas marcadas, outra fila para quem não tem consulta, a fila de quem vem para o Covid e a fila das outras pessoas todas. Há uma porta para o Covid e uma porta para o resto, em cada uma das portas há um segurança a tentar manter a ordem.... como devem imaginar, estes seguranças tem que ter uma paciência de santo.
As portas estão uma ao lado da outra, só entra quem vai ser atendido e o resto espera cá fora. Amontoados num pequeno átrio sem manter distancia nenhuma, e as filas estendem-se para a rua. Hoje estava sol, mas nem quero imaginar como vai ser nos dias de chuva. As pessoas, a maioria de idade, chegam cedo para as consultas, são barradas na porta porque só podem entrar pouco tempo antes da hora, e ficam ali, de pé em frente à porta, umas encima das outras, confundidas com quem está nas filas, durante o tempo que for preciso. E ficam ali a esperar no mesmo espaço que quem vem para o despiste do Covid, e com quem ali está à espera para fazer o teste. Querem melhor sitio para se apanhar o Covid que um ambiente destes?
Fez-me confusão a falta de cuidado das pessoas, houve mesmo uma senhora de idade a quem eu tive que lhe dizer duas vezes para colocar a máscara, porque ia para o meio do amontoado de gente em frente à porta sem ela colocada. Mas fez-me mais confusão o facto de não haver praticamente indicações nenhumas nas portas, não haver nada a separar as pessoas, não haver regras, não haver cartazes, nada.
Só os dois seguranças que tentam esclarecer o melhor possível as milhentas dúvidas e questões que se colocam e evitar que as pessoas entrem todas ao mesmo tempo para dentro das portas.
Depois de ver isto, estranho mesmo é como é que ainda não chegamos aos milhares de casos por dia.
O post já vai largo, depois faço outro sobre como foi o atendimento no COVID.
Fiquem bem e cuidem-se do vírus.
Jorge Soares
PS:parece que foi falso alarme.
Ainda há coisas neste país que me conseguem deixar estupefacto, e confesso que não sei o que neste caso me deixou mais espantado, se a lata do Armando Vara para se achar com direito a passar por cima de tudo e todos, se a passividade de seguranças e empregados do centro de saúde, a estupidez da médica que passa o atestado ao senhor sem questionar porque está ele a passar à frente dos restantes doentes, ou a passividade de quem foi ultrapassado e não reclamou por isso.
Armando Vara é uma figura pública, até já foi ministro, pelos vistos em Portugal as figuras públicas estão sujeitas a um qualquer regime especial, mesmo aquelas cuja notoriedade vem mais dos maus que dos bons motivos, este senhor acha-se impune e acha que pode simplesmente pôr e dispor de quem entende, o pior é que a julgar por este exemplo, a coisa funciona.
Já agora, o senhor ia apanhar um avião????, neste país qualquer pobre diabo que seja apanhado a roubar um pão para comer, se tiver a sorte de não ficar em prisão preventiva é de certeza obrigado a apresentar-se periodicamente na esquadra ou no tribunal, e é claro que nem pensar em sair do país. Este senhor está acusado de participar em não sei quantas negociatas, negócios de milhões, mas mesmo assim, passa a vida a viajar pelo mundo, a propósito de quê?
Ainda não vi ninguém questionar o papel da médica e dos responsáveis do centro de saúde, porquê? o Centro de saúde não tem seguranças?, não tem funcionários? servem para quê? para abrir alas ao senhor?..e a médica? passou o atestado porquê? E não me venham com a história de que não sabia que não era a vez dele, por norma os médicos tem consigo a ficha de quem vão atender... se não tinha a dele, porque passou o atestado? cai-lhe alguém de pára-quedas no consultório, pede um atestado médico e a senhora passa? a propósito de quê?
Tudo isto só se tornou público porque um utente se sentiu lesado e decidiu reclamar, então e os restantes? encolheram os ombros?
É sabido que eu tenho mau feitio, é pá, nestes casos tenho mesmo, estivesse eu naquele centro de saúde em Lisboa ...e o senhor iria apanhar o avião, depois de eu e as pessoas que estavam antes de mim serem atendidas... isso é certinho... uma coisa são os brandos costumes, outra coisa é a falta de vergonha na cara.
Jorge Soares