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O superior interesse de Cavaco Silva

por Jorge Soares, em 28.01.16

cavaco.jpeg

 

Imagem de HenriCartoon 

 

"O superior interesse da criança", não gosto desta expressão, por norma é utilizada não em defesa das crianças mas  por quem ficou sem argumentos para defender uma ideia ou uma acção.

 

Como não podia deixar de ser Cavaco Silva, num ultimo arrufo de poder, utilizou para justificar a razão do seu veto às alterações às lei da co-adopção e da interrupção voluntária da gravidez.

 

Diz o ainda presidente que os temas não foram suficientemente discutidos pela sociedade, vejamos:

 

- A lei do aborto passou por dois referendos antes de ser aprovada, devem haver poucas leis que foram objecto de tantas discussões neste país.

 

- A lei que regula a co-adopção, já passou pelo parlamento pelo menos três vezes, de cada uma das vezes foi assunto durante semanas na comunicação social,

 

Quantas das leis aprovadas unicamente pelos votos da coligação PSD/CDS passaram por Cavaco Silva sem sequer um comentário do Presidente da República e sem terem sido minimamente discutidas pela sociedade portuguesa? Quantas delas gostaríamos de ter discutido e que nos tivessem pedido a opinião? 

 

O veto de Cavaco Silva a estas leis não tem nada a ver com o superior interesse das crianças, tem sim a ver com o superior interesse do senhor em mostrar que ainda é ele quem manda. Quando é que no passado ele se interessou pelo que pensa a sociedade? 

 

Será que o superior interesse das crianças que já vivem com duas mães ou dois pais é continuar a viver sem que exista um vinculo legal às pessoas que que amam e que os amam?

 

Será que o superior interesse das crianças é continuar a viver institucionalizadas sem o calor e a protecção de uma família ou será ser adoptadas?

 

Será quem é contra esta lei realmente pensa no superior interesse das crianças ou só pensa nos seus prejuízos e preconceitos? Terá Cavaco Silva pensado realmente no que é melhor para as crianças ou simplesmente deixou-se levar por aquilo que ele acha que é a moral e os bons costumes por muito arcaicos e ultrapassados que estes possam estar?

 

As pessoas falam dos preconceitos e do que vão sofrer as crianças na escola e na sociedade, mas o que será mais lógico? Será educar e mudar mentalidades ou vetar leis que permitam o avanço da sociedade para uma melhor e mais aberta?

 

Se o mundo todo pensasse como Cavaco Silva de certeza que viveríamos na idade da pedra e as mulheres seriam arrastadas pelos cabelos pelos seus donos.

 

Espero sinceramente que  as leis sejam aprovadas na assembleia a tempo de o senhor ter que engolir mais uns sapos por ser obrigado a promulga-las.

 

Jorge Soares

 

PS:Para quem estiver interessado, O que é a co-adopção?

publicado às 21:56

família.jpeg

 

A orientação sexual não pode ser critério para a exclusão e para vedar direitos.

Não existe nenhuma razão válida que justifique que os casais

do mesmo sexo continuem a ser proibidos de adotar.

Deputada Sandra Cunha

 

Foram precisas 5 votações e esperar que existisse uma maioria de esquerda no parlamento, para tornar legal algo que desde 1975 está escrito na constituição, "Todos os cidadãos tem a mesma dignidade social e são iguais perante a  lei", como diz a Sandra e muito bem, ninguém pode ser excluído ou discriminado devido à sua orientação ou gostos sexuais.

 

As leis hoje aprovadas não só são da mais elementar justiça, como tornam legal algo que todos sabemos que há anos é um facto, há em Portugal muitos casais homossexuais com filhos adoptados. Até agora tinham que o fazer de forma individual, muitas vezes escondendo a sua condição de homossexuais e em condições  em que não eram garantidos aos pais e às crianças todos os direitos garantidos ao resto dos casais e crianças portuguesas.

 

A partir de agora, não só não tem que esconder a sua condição de casal para poderem adoptar, como com a aprovação da lei da co-adopção, ambos os membros do casal poderão ter os mesmos direitos sobre os seus filhos.

 

Quase tão importante como as várias propostas que foram hoje aprovadas na assembleia da república é o facto de hoje ter ficado claro o que significa a existência de uma maioria de esquerda, na sua grande maioria as propostas agora aprovadas tinham sido chumbadas pela antiga maioria, ou no caso da lei do aborto, aprovadas em contra dos direitos dos portugueses. Hoje essas estas propostas foram aprovadas porque há no parlamento, pelo menos por uma maioria dos deputados, uma real vontade de fazer diferente do que tinha sido feito na última legislatura.

 

Havia muita gente com esperança de que alguns deputados do PS fossem contra a disciplina de voto do partido, parece-me que ficou claro que isso não vai acontecer, senhores do PSD e  CDS, querem mesmo formar um governo contra este parlamento?

 

Vídeo do discurso da Deputada do Bloco de esquerda Sandra Cunha em defesa de quem adopta e das crianças institucionalizadas.

 

 

Jorge Soares

publicado às 22:41

adopção3.jpg

 

Imagem de aqui 

 

Manuel Clemente, diz ter dificuldade em acreditar que o filho de um casal homossexual apreenda o valor da complementaridade entre sexos. Entrevistado pela SIC a poucos dias de ser feito cardeal.

 

Alguém me explica o que tem a ver  complementaridade entre sexos com o assunto? Para dirigente de uma instituição que  insiste em relegar as mulheres a um papel inferior não só dentro da própria instituição igreja como em toda a sociedade, está-me a parecer que Manuel Clemente está longe de poder dar lições sobre a complementaridade entre sexos a alguém.

 

A complementaridade entre sexos ensina-se em casa, como na escola e na vida, não será de certeza por não se viver numa casa onde há um homem e uma mulher que se deixará de aprender, há milhares de exemplos de adultos que se criaram com duas mulheres, dois homens, só uma mulher ou um homem, que são bem criados e bem formados e que o podem atestar.

 

Por outro lado há por aí muita gente que foi criada no âmbito do que a igreja chama uma família normal que não faz  a menor ideia do que isso é... caso contrário a igreja católica já teria percebido que o papel da mulher e do homem na sociedade não é o da menoridade face ao homem e já teria desistido de relegar as mulheres para um lugar secundário... e basta ouvir o que diz Manuel Clemente aqui

 

Jorge soares

publicado às 21:57

relembrar.jpg

Artigo 13.º
Princípio da igualdade

 

1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.

2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

 

Retirado de Constituição da Republica portuguesa

 

Já o disse várias vezes, mas vou repetir uma vez mais, porque é que é necessário discutir não sei quantas vezes uma coisa que é um direito previsto na constituição? 

 

Para que serve termos uma constituição se depois há quem se empenhe em fazer tábua rasa do que lá está escrito?

 

Isto faz algum sentido?

 

Jorge Soares

publicado às 12:27

família.jpg

 

Imagem retirada do Facebook

( não sei o autor!)

 

O que faz a família é o amor!

 

Sobram as palavras!

 

Jorge Soares

 

publicado às 19:39

eduardoboté.jpg

 

Imagem do Facebook 

 

Não conheço Eduardo Beauté de lado nenhum, só sei que existe porque me interesso pelas questões da adopção e sei que ele e a pessoa com quem casou (lamento mas não faço ideia de como se chama) adoptaram duas crianças e que tal como muitos outros casais homossexuais, estão à espera que neste país se termine o preconceito e discriminação mesquinha para que se torne legal aquilo que já existe de facto.

 

Há pouco encontrei este texto no Facebook e não posso deixar de o partilhar, peço que, conhecendo ou não os senhores ali da fotografia, eu confesso que nem sei qual dos dois é Eduardo Beauté, e em consciência pensem no que ali está escrito e no sentido que faz... retirei o título do post do ultimo parágrafo e gostava de perguntar a quem é contra este tipo de adopções, aos deputados e legisladores deste país e a cada uma das pessoas que por aqui passa: Como se diferencia o amor?

 

Jorge Soares

 

Após ver as notícias de hoje, sinto-me completamente triste e indignado pelo que acabo de assistir: ainda se coloca em questão a possibilidade de se legalizar, em plena Assembleia da República, a adopção por parte de casais do mesmo sexo.

 

Em Portugal, e cada vez mais nos tornamos rapidamente numa excepção, uma família só é considerada legal e normal se tiver um Pai e uma Mãe. Existem mentalidades que ainda não conseguem aceitar a ideia de Família e Amor como algo Universal, independente de quantos Pais ou quantas Mães tiver.

 

Pelos vistos na nossa Assembleia todos têm famílias ditas “normais” e são todos amados e amam pessoas do sexo oposto. Ainda vou mais longe… Pelos vistos quem manda nas nossas leis, quem faz com que o nosso País progrida e se desenvolva, não tem o Amor como algo que acontece entre Seres de uma mesma espécie, independente de sexo, cor, escolhas, orientações.

 

Que País é este em que eu vivo e trago os meus filhos para viver? País que ainda o escrevo e descrevo com letra grande, pois ainda acredito estar embrulhado num pesadelo e amanhã será tudo mentira. Que País é este no qual os MEUS filhos não podem ter o meu nome?

 

Que País é este no qual eu não posso ser um PAI? Eu e o Luís temos 2 filhos e vamos a “caminho” do terceiro. É importante contar-vos as suas histórias.

 

O Bernardo tem 4 anos, prestes a fazer 5 aninhos no próximo dia 13 de Maio. Veio para nós com 11 meses. Tem Trissomia 21. Veio de uma família carenciada, a qual não tinha a disponibilidade de oferecer afecto e muito menos proporcionar a vida saudável que o menino precisa e que neste momento tem (escola, tratamentos específicos, actividades). O desenvolvimento do Bernardo tem sido fantástico desde que se juntou a nós.

 

A Lurdes tem 3 anos, acabados de fazer no dia 8 de Janeiro, no mesmo dia em que comemoro o meu aniversário. Veio da Guiné. Era uma criança que tinha UMA refeição por dia, refeição a qual não era nem de perto nem de longe suficiente para sequer alimentá-la naquela meia hora que se passava. Hoje em dia é a criança com maior nível de desenvolvimento da sua Escola.

 

Agora, vem aí o Eduardo que nasceu no passado dia 4 de Novembro. Vai fazer 3 meses. Eduardo nasceu na Instituição na qual fui buscar a Lu. Ligaram-me no dia em que ele nasceu dizendo que tinha nascido uma rapazinho lindo e como forma de me mostrarem o quanto estavam agradecidos pela vida e saúde da Lurdes, iriam baptizá-lo como o meu nome. Fiquei emocionado. Passou-se uma semana ligaram-me novamente: o pequeno Eduardo tinha sido internado com graves problemas de saúde e não sabiam como seria a sua vida dali para a frente. Depois do choque, recompus-me e pedi que me deixassem apadrinhá-lo. Consegui, graças a Deus, cuidar deste bebé de longe e poder de alguma forma contribuir para a sua VIDA. Passaram se 3 semanas e o pequeno Eduardo voltou para a Aldeia (Instituição).

 

O Líder ligou-me novamente e disse-me que o menino estava estável e que esperava agora que ele tivesse a mesma sorte que a Lu, já que iria ficar ali com eles até aparecer alguém que o quisesse, adoptasse, o enchesse de amor. Não hesitei e no mesmo segundo respondi: “ O Eduardo já tem a mesma sorte que a Lu e o Bernardo, porque nós queremos adoptar o Eduardo!”. E assim estamos: à espera de o poder trazer.

 


Três histórias de três crianças que não tinham família, amor, uma casa, refeições diárias, escola, roupa, saúde… E por aqui poderia ficar horas a escrever. Agora multipliquem estas 3 crianças por milhares que estão, infelizmente, espalhadas pelo Mundo em lugares que nós nem sabemos que existem. Agora, imaginem quantas famílias as podem ou querem adoptar. O número não é igual, pelo contrário, é menor a quantidade de famílias em espera para adopção do que as crianças que estão à espera para serem adoptadas. Desse número vamos eliminar os casais homossexuais e os pais solteiros/mães solteiras. Ficamos como? Meu Deus… O que será de tantas crianças?


Gostaria e juro por Deus que faço questão que me expliquem o que a minha família tem a menos do que uma família onde os pais são heterossexuais? Como se diferencia o Amor? Sim, porque não estamos a falar das possibilidades materiais, estamos a discutir AMOR. Enfim… O meu sonho: que os meus 3 filhos sejam felizes e com muita saúde sempre… e que um dia, no meu País que eu tanto amo, possam assinar BORGES FERREIRA.

 

Eduardo Beauté

 

Retirado do Facebook

publicado às 22:02

Co-adopção - Os deputados tem consciência?

por Jorge Soares, em 14.03.14

Co-adopção e a assembleia da república

 

Imagem do Público 

 

 

“Conformei-me com a orientação firme de voto, que interpretei como sendo, na verdade, uma obrigatoriedade. Conformei-me porque senti que não estava mandatada pelos que me elegeram para me abster que seria o meu sentido de voto”

 

Teresa Caeiro, deputada do CDS

 

O que se passou hoje na assembleia da República deixou-me a pensar, há vários posts aqui no blog em que me mostrei contra a diminuição do número dos deputados, pelos mais variados motivos... mas em dias como os de hoje pergunto-me, terei mesmo razão?, o desfecho teria sido diferente se em lugar de mais de duzentos tivéssemos 6 deputados, um por cada  partido?

 

Acho que não restam dúvidas a ninguém que esta é uma questão de consciência, e sabemos porque já ouve uma votação antes em que a maioria foi a favor da lei, que há muita gente com consciência e que pensa nos interesses das crianças e das famílias antes dos interesses eleitorais do partido, então, o que aconteceu hoje?

 

Tinha lido algures que dentro do PSD havia imensas pressões e discussões para que se colocassem os interesses eleitorais do partido antes das consciências,  pelos vistos a pressão funcionou... agora sabemos que dentro do PSD há quem coloque os interesses eleitorais antes da sua consciência... e já agora, antes do interesses das crianças e das famílias... questão; em que outras situações é que farão isso? será que os interesses do país estarão antes ou depois dos interesses do partido?... se calhar isto explica muitas coisas...

 

Quanto a  Teresa Caeiro, louvese-lhe a honestidade de reconhecer o que aconteceu, mas se continua a ter consciência, demita-se, está visto que os interesses do partido estão em primeiro lugar, e não me parece  que isso seja compatível com o mandato que o povo lhe deu com os seus votos.

 

O que se passou hoje na assembleia da república é uma vergonha, os deputados e nós que os elegemos deveriamos todos ter vergonha por vivermos numa democracia que se rege pelos interesses em lugar de pelas nossas consciências.

 

Jorge Soares

publicado às 22:36

Co-adopção

Imagem do Pontos de Vista

 

 

Na próxima Sexta-Feira a lei da co-adopção volta ao parlamento, sim, a mesma lei que já foi votada e aprovada e que foi travada pelos jotinhas do PSD, vai de novo a votos.  

 

Hoje no Público um artigo da jornalista Ana Cristina Pereira ajuda a desmistificar sobre um estudo de dois cientistas  da Universidade do Porto, tenta desmistificar e trazer luz à muita gente que teima em viver noutras épocas e com outros usos e costumes...

 

"As crianças precisam de uma mãe e de um pai? Após extensa revisão de estudos científicos, Jorge Gato e Anne Marie Fontaine, da Universidade do Porto, atestam que, “apesar do preconceito e da discriminação”, as crianças educadas com dois pais ou duas mães desenvolvem-se tão bem como as outras.

 

A adopção singular está prevista em Portugal – a orientação sexual do adoptante não conta. A adopção por casais homossexuais não passou no Parlamento, apesar das várias tentativas. O diploma esta sexta-feira em debate concerne à co-adopção — prevê a possibilidade de um dos membros do casal adoptar o filho, biológico ou adoptado, da pessoa com quem vive em união de facto ou com quem se casou.

 

Em debate está o superior interesse da criança, um conceito indeterminado que se define ao analisar cada caso concreto. Os proponentes enfatizam a desprotecção jurídica em que fica a criança no caso de morte do pai ou da mãe reconhecidos como tal. Indicam também obstáculos no quotidiano, como a representação legal no acesso à saúde ou à educação.

 

Na base do discurso de que as crianças precisam de um pai e de uma mãe está a ideia de que “a maternidade e a paternidade implicam capacidades mutuamente exclusivas e estereotipadas em termos de género e que estas devem ser transmitidas à geração seguinte”, escrevem, num artigo publicado na revista ex aequo, em 2011, Jorge Gato e Anne Marie Fontaine. Estaria, “de um lado, uma mãe ao serviço da criança, prestadora de cuidados e guardiã de todos os afectos e, de outro, um pai, razoavelmente distanciado e introdutor da Lei social”. Ora, os papéis já não são tão rígidos, embora as mulheres ainda invistam mais na família.

 

No entender destes investigadores, “considerar a família heterossexual, com uma divisão tradicional de papéis, como o modelo desejável de parentalidade corresponde mais a um projecto ideológico do que a um facto cientificamente provado”. Passada a pente fino as “investigações que comparam homo e heteroparentalidade”, concluíram que não há grande diferença.

 

Duas mulheres até exercem a parentalidade “de uma forma mais satisfatória, em algumas dimensões, do que um homem e uma mulher ou, pelo menos, do que um homem e uma mulher com uma divisão tradicional do trabalho familiar”. As crianças crescem como as outras, só que “parecem desenvolver um reportório menos estereotipado de papéis masculino e feminino”.

 

O tema é polémico. A Ordem dos Advogados, por exemplo, deu ao Parlamento um parecer a recusar a parentalidade homossexual. A propósito do projecto do BE sobre adopção, deu o Conselho Superior do Ministério Público parecer oposto: “Vale para a orientação sexual o mesmo argumento que valeria, por exemplo, se se considerasse, à partida, que determinadas situações genéricas, por exemplo a situação de desempregado, de deficiência ou de pertença a um grupo social, fossem impeditivas de adoptar.”"

 

ANA CRISTINA PEREIRA no Público

 

 

Faz todo o sentido não é, no fundo todos sabemos que é assim, a capacidade de amar e educar não tem nada a ver com preferências sexuais, para amar só basta ter vontade, espírito aberto e coração, infelizmente há muito boa gente por aí que parece que não tem nada disto, mas acham-se muito normais e superior aos outros só porque vão pela vida como carneirinhos no rebanho.

 

Jorge Soares

publicado às 22:34

Co-adopção

 

Hoje discutiu-se na assembleia da República uma aberração da democracia, uma lei que foi discutida, votada e aprovada, foi posta em causa porque a JSD decidiu que a lei era muito à frente para eles e portanto acham os jotinhas laranjas que ela deve ser referendada. Curiosamente a lei tinha sido aprovada com votos a favor de deputados do próprio PSD, ainda há quem vote em consciência, votos que esta vez terão que ser em sentido contrário, porque o partido impôs disciplina de voto, como se isto fosse um problema político e não da consciência de cada um.

 

Em primeiro lugar a mim faz-me confusão como é que num país que tem uma constituição que diz expressamente que ninguém pode ser discriminado com base na raça, em credos, religiões, etc, tenha que existir uma lei para permitir ou não a adopção, afinal somos ou não todos iguais perante a lei?

 

Em segundo lugar, todo o mundo esquece que nesta lei estamos a falar de crianças que na prática já vivem com dois pais ou duas mães, são crianças que já estão inseridas naquelas famílias e que a única coisa que muda é que a relação passa a estar escrita, de resto não muda nada.

 

Mas mesmo que estivéssemos a falar de adopção normal, a questão aqui não tem a ver com adopção nem com a existência ou não de crianças para adoptar, tem a ver com direitos e com sermos todos seres humanos e cidadãos deste país. Se todos temos direito a votar, se todos pagamos os mesmos impostos, se somos iguais para tudo o resto, porque havemos de ser diferentes para a adopção?

Depois irrita-me profundamente quando alguém fala de família tradicional, o que é uma família tradicional? Aquilo que todo o mundo chama casal convencional não passa de uma questão cultural, se formos por aí então para além dos casais do mesmo sexo temos que proibir também a adopção por pessoas singulares ... e já agora retirar os filhos aos pais e mães solteiras ... e a todos os homossexuais, se não são bons pais de crianças adoptadas porque hão de ser de filhos biológicos?

A realidade é que tudo isto não passa de discriminação, dizer que alguém não pode adoptar porque tem gostos sexuais diferentes é a mesma coisa que dizer que não pode adoptar porque usa o cabelo comprido, ou roupas fora de moda, ou por ser do benfica. 

As pessoas devem ser avaliadas pela sua capacidade de amar e de educar, não pelos seus gostos, tudo isto é uma estupidez e não deveria ser precisa lei nenhuma para que alguém pudesse adoptar, porque como cidadãos, desde que cumpramos todos os requisitos, todos deveríamos ter esse direito.

Quanto à questão da escola e da maldade das crianças, é evidente que as crianças são más, mas também o são com quem é gordo, com quem usa óculos, com quem tira boas notas, mas isso não impede os gordos ou quem usa óculos de ir à escola.

Além disso, é tudo uma questão de educação, se educarmos as crianças para a diferença elas saberão aceitar a diferença, se as educarmos para a homofobia, elas serão homófobas.

Eu adoptei duas crianças negras, que tem pais brancos e uma irmã loira, é claro que na escola há quem se meta com eles por isso, eu devia fazer o quê? Devolvê-los porque são gozados na escola? Ou só deveria ter aceite crianças brancas para que não fossem gozadas por serem adoptadas?

Eu confio na minha capacidade de os educar na diferença e de ser capaz de os ajudar a conviver com essa diferença, porque é os homossexuais tem que ser diferentes de mim?

 

Deixo o convite para que todos leiam o post Ao cuidado de quem é contra a Co-adoção - Um desabafo, um lamento e um pedido

 

Update : Os jotinhas sairam-se com a sua

 

Jorge Soares

publicado às 22:25

Fabiola

 

UM DESABAFO Chamo-me Fabíola Cardoso, tenho 41 anos, sou professora em Santarém e mãe de duas crianças com 9 e 11 anos de idade. Estas duas crianças são fruto de uma relação lésbica e têm crescido na realidade de uma família que em tudo as cuida, que sempre soube provir a todas as suas necessidades mas que não é reconhecida pelo Estado Português. Estas duas crianças têm como figuras parentais duas mulheres, a quem chamam mãe, ainda que nos seus documentos apenas conste o meu nome. Foi-me diagnosticado, em Julho deste ano, um carcinoma invasivo da mama. Na sequência desse diagnóstico fiz uma mastectomia no Hospital Distrital de Santarém e encontro-me neste momento a fazer quimioterapia, da qual já resultou a necessidade de um segundo internamento hospitalar.

 

UM LAMENTO Foi a situação da minha doença que alterou profundamente a minha visão da situação dos meus filhos e me leva a escrever-vos hoje esta missiva. Fomos até agora, as duas, capazes de zelar sempre pela segurança e o bem estar dos nossos filhos, mas esta situação de doença veio abalar significativamente a aparente estabilidade e firmeza. Que aconteceria aos meus filhos se eu tivesse morrido na mesa de operações? Conseguiria a sua outra mãe a tutela? Seria correto, face a essa situação, sujeitar as crianças a um processo legal deste tipo? Que enquadramento legislativo teria um juiz para decidir a favor das crianças e da manutenção da sua família real? Ou poderá alguém de bom senso e bom coração afirmar que será melhor para estas crianças serem entregues a um familiar ou até a alguma instituição??!! Estive uma semana internada, devido a uma complicação causada pela quimioterapia. Como pode a outra mãe destas crianças justificar perante a sua entidade patronal a necessidade de faltar para as apoiar se, legalmente, não lhes é nada?? Porque teremos nós, uma família que cumpre todos os seus deveres, de não poder beneficiar numa situação de infortúnio dos diretos que assistem às outras famílias?? Ficamos na dependência das simpatias, das disponibilidades de cada um. Lamento profundamente que, devido à situação legal existente no nosso país, eu tenha muitos mais motivos de preocupação do que aqueles que deveria ter neste momento e que as minhas crianças estejam numa posição de fragilidade que não deveriam estar.

 

E UM PEDIDO Venho pedir-vos a decência de aprovarem a Lei da Co-adoção, não porque a considero excelente, excelente seria simplesmente todas as crianças deste país terem uma família feliz onde crescer em segurança, mas porque nenhuma família deveria ter de passar pela situação que a nossa está a passar. Gostaria que, independentemente da cor do símbolo político que usam na lapela, pensassem honestamente nesta situação e se tentassem colocar, não no meu lugar, nem no da outra mãe, mas sim no lugar dos meus filhos. São eles os principais desprotegidos neste cenário e são-nos porque o Estado Português se sente na legitimidade de ilegitimar a sua família. Desejo o dia em que ninguém tenha de passar pelo acréscimo de sofrimento e insegurança em que a situação atual nos coloca. Nesse dia Portugal será um pais mais justo e mais democrático.

 

Está nas vossas mãos.

Obrigada, Fabíola Cardoso

(carta enviada às/aos deputad@s, dezembro 2013)

 

Retirado de Famílias arco iris 

 

E pronto, é isto, quem mesmo depois de ler as palavras da Fabiola não conseguir entender por que é necessária a lei que permite a co-adopção, é porque usa mesmo palas.. e mais não digo

 

Jorge Soares

publicado às 19:50


Ó pra mim!

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