Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Este país não é para doentes!

por Jorge Soares, em 24.09.15

reboleira.jpg

 

Imagem da RR

 

Podia ser uma imagem de uma arruada ou de uma acção de campanha eleitoral da coligação Paf (CDS/PP), do PS ou de um outro partido qualquer, já vi imagens da campanha com menos pessoas, podia, mas não é.

 

A fotografia acima foi tirada hoje manhã cedo às portas de uma clínica da Amadora onde o estado paga para que se faça um exame médico, uma colonoscopia,  com anestesia.

 

Como as marcações do exame só se fazem de dois em dois meses, o resultado é que no dia da marcação formam-se filas de centenas de pessoas, calcula-se que esta vez tenham sido perto de 400, sendo que algumas dessas pessoas a fim de garantirem vaga para o exame, passaram a noite na fila ao relento.

 

Segundo um dos utentes que passou lá a noite, as pessoas sujeitam-se a isto porque: “Não encontrava lugar nenhum onde fizessem com anestesia pela Segurança Social. Em clínicas particulares tinha que pagar tudo. Na Ordem Terceira tinha de pagar o exame - só a taxa moderadora - mas a anestesia tinha de ser à parte. E se fosse preciso alguma biopsia, teria de ser ainda outro preço”.

 

Há quem ache que Portugal é um país desenvolvido, há quem ache que a crise já passou e que o país está no bom caminho, alguém me explique qual é o país desenvolvido em que as pessoas tem que passar a noite ao relento para terem direito à saúde, qual é o país desenvolvido onde as pessoas tem que escolher entre fazer filas e esperar até dois meses ou fazerem um exame muito doloroso e desagradável, sem anestesia.

 

Pena que em nenhuma das noticias que vi e ouvi sobre o assunto, o jornalista os teve no sitio para perguntar a toda aquela gente se acham que o país está melhor que há quatro ou oito anos e se também acham que devem ganhar os mesmos que levaram o estado do sistema de saúde até este ponto... Imagino que quem quer colonoscopias com anestesia não é masoquista (ver post de ontem)

 

Cada vez mais este país (também) não é para doentes.

 

Jorge Soares

publicado às 21:12

Hospital

 

Imagem do Público

 

Há pouco na Antena 1, a  presidente da associação portuguesa de gestores hospitalares dizia que neste momento e em nome da lei dos compromissos tudo se atrasa. Para poupar nas despesas, atrasam-se ou reduzem-se os exames, atrasam-se as consultas, atrasam-se ou reduzem-se as cirurgias.

 

Isto tudo a propósito da doente do hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra)  que esteve um ano à espera de uma consulta e outro ano à espera de um exame, uma colonoscopia até finalmente lhe foi detectado um cancro, com todo este tempo de espera, o cancro evoluiu de tal forma que já não é tratável.

 

Ou seja, no fim, os atrasos, ou a lei dos compromissos, ou a austeridade do estado, ou o ministério da saúde, ou o governo, ou a Troika e as medidas que impôs, ou todos juntos, condenaram a senhora à morte.

 

Agora foi aberto um inquérito, há quem tente dar explicações, e quem peça responsabilidades mas a verdade é que nada disto irá servir para que o tempo possa voltar para trás e nada disto irá servir de consolo a quem foi retirada a esperança de ter uma cura.

 

Ficou célebre aquela frase do Primeiro Ministro "Vamos cumprir as metas custe o que custar", este é só mais um exemplo do que senhor queria dizer. 

 

A realidade é que o custe o que custar custou a vida a quem teve que esperar pelos atrasos dos hospitais, quantas outras vidas estará a custar todos os dias?

 

Há pessoas que esperam 24 horas para serem atendidas nas urgências dos hospitais públicos, há outras que passam dias seguidos nos corredores dos hospitais à espera de uma cama onde serem internados, é este o estado da saúde em Portugal... é este o verdadeiro significado daquele  "custe o que custar"

 

Gostava de poder perguntar ao senhor ministro se ele é capaz de enfrentar esta doente e olhos nos olhos dizer a quem resta pouco tempo de vida que os sacrifícios valeram a pena.... valeram a pena para quê e para quem?

 

Para o estado parece que tudo pode esperar... senhor primeiro ministro, senhor ministro da saúde,  infelizmente a morte não espera.

 

Jorge Soares

publicado às 22:16


Ó pra mim!

foto do autor


Queres falar comigo?

Mail: jfreitas.soares@gmail.com






Arquivo

  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2019
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2018
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2017
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2016
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2015
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2014
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2013
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2012
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2011
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2010
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2009
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2008
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2007
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D