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Imagem do Facebook de António Sampaio

 

Para a rubrica "coisas que eu poderia dizer se conseguisse escrever assim", um texto fantástico a propósito do microfone atirado ao lago por Cristiano Ronaldo, escrito por António Sampaio,  alguém que penso seja  jornalista  e que fala sobre jornalistas, jornalismo e meios de comunicação social... para ler e reflectir

 

Há uma ideia errada de que só por ser jornalista posso fazer tudo. Esta ideia de que a minha profissão pode escrutinar todas mas que não aceita escrutínio dos outros.


De que a coberto da dita “liberdade de imprensa” tenho o direito de fazer tudo, de violar os direitos de outros, incluindo crianças, de me focinhar na vida privada de outros, de escrever o que quero, como quero e quando quero.


De que posso usar um jornal para fazer campanhas políticas, para promover grupos económicos ou para destruir vidas, carreiras, empresas.


Há uma ideia errada de que como jornalista posso apontar os erros a todos, usando gafes, parvoíces, deslizes, para fazer manchetes. Mas que depois não aceita que nada lhe seja apontado. Que não aceita que os seus jornalistas sejam, eles próprios e o seu trabalho, escrutinado.


Que usa o poder das suas páginas para escrever o que quer e quando alguém reage mal, diz o que não deve ou faz o que não deve - por irritação, frustração ou autodefesa - é logo mal tratado pela dita classe.


Uma classe que, diga-se de passagem, se odeia mutuamente. Se critica nas costas - ou na frente - e que infelizmente demasiado poucas vezes atua mesmo com classe.


E isto serve para microfones, para gráficos e infografias manhosas, para ameaças de bofetadas, para processos, ou para respostas menos adequadas a ‘coisas’ publicadas em ditos ‘jornais’ que não passam de lixo.


Uma profissão cheia de gente ‘pública’, do estrelato, mas onde os públicos e os escrutináveis são apenas os outros.


Há grandes jornalistas em Portugal. Há gente que trabalha na minha profissão que honra o que faz e a profissão que representa. Mas também há gente nojenta, OCS nojentos e que desonram o jornalismo. Gente que do alto do seu pedestal de justiceiro se mostra como o garante das leis, da legalidade e afins e depois viola as regras todas, de justiça, de deontologia, de respeito pelos direitos dos outros e até de senso comum.


E nós, jornalistas, temos que deixar de achar que há montes de coisas que não são defensáveis nas outras profissões todas mas que tudo é defensável na imprensa e no jornalismo. Não é. Há coisas que podem ser liberdade de expressão mas não são jornalismo. São lixo humano.


Deixem lá de ser madalenas ofendidas quando alguém reage - muitas vezes depois de um acumular de abusos, maus tratos às mãos das páginas de jornais ou outros OCS ou de campanhas nojentas - de uma forma menos bonita.


E um banhinho num lago não é um grande ataque à classe, um crime, como disse um gajo que eu, jornalista há montes de anos e que pago a carteira de dois em dois anos, nem sabia que existia. Aliás, esta é a mesma classe, por exemplo, que permite que clubes de futebol façam boicotes a alguns OCS - porque estamos a falar de desporto - mas depois se sente ofendidíssima por coisas destas. E não é, sabem, o único exemplo.


Enfim. Isto não é sobre um microfone. Aliás, quem devia ter mandado o microfone do CM ao lago eram os outros jornalistas. Porque uma vez mais houve um chico esperto que achou que era mais que os outros, que ia violar o acordado com o resto da imprensa e deixar os moços passear em paz sem perguntas anormais.


Mas sim. O mauzão é a ‘figura pública’. É sempre a figura pública. E nunca quem o achincalha em público.


Acreditem. A minha profissão anda a meter água há um tempo. Não é apenas desde o ‘incidente’ do lago.

 

Antonio Sampaio

 

Retirado do Facebook

publicado às 18:02

O que tem de especial o dia 21.12.2012?

por Jorge Soares, em 20.12.12

Não tenho medo que o mundo acabe

Imagem do Pontos de Vista

 

Evidentemente o dia 21 de Dezembro não tem nada de especial, tal como não tinha nada de especial o dia 1 de Janeiro de 2000, nem o dia 12.12.2012, nem irão ter nada de especial os muitos dias no futuro em que algum iluminado invente outro fim do mundo. Quer dizer, 21 é Sexta Feira, uma Sexta Feira como outra qualquer em que vamos partir aliviados para mais um fim de semana...  mas alguém acredita que o mundo pode acabar num a sexta Feira que nem sequer é dia 13? E como é que o fim do mundo pode ser nas véspera do natal?, E alguém acredita que o Menino Jesus ia deixar estragar assim a festa de natal às crianças do mundo?

 

Custa-me a entender como há gente que se preocupa com coisas destas, o assunto foi o tema do dia, ocupou páginas e páginas nos jornais nacionais e internacionais.

 

Acreditem ou não, segundo o correspondente da RTP em França, há uma pequena aldeia com 190 habitantes no sul deste país que por estes dias tem mais de 400 jornalistas que vieram de todo o mundo porque vá lá a gente perceber porquê, este será o único sitio do planeta que sobreviverá à hecatombe... ora, se não vai restar ninguém, eles vão dar a noticia para quem?

 

Eu sei que a maioria de nós leva tudo isto na brincadeira.. e é verdade que já há tantas coisas más no nosso país e no mundo que até é bom que apareçam coisas destas para nos distrair.. mas será que era mesmo necessário este barulho todo?

 

É evidente que a comunicação social vende o que quer... e eles só vendem porque há quem compre... e cada um acredita no que quer.

 

Hoje li uma coisa interessante algures, nos Estados Unidos morreram 20 crianças numa escola e o mundo parou para olhar, todos os dias morrem pelo mundo fora centenas, se não milhares de crianças, vitimas da fome, de maus tratos e de guerras ... e ninguém pára nem um segundo a olhar.

 

Assustador não é que o mundo acabe amanhã dia 21.12.2012, assustador é que o mundo e as nossas prioridades continuem tal como até agora.

 

Jorge Soares

 

PS: Já expliquei porque é que 21.12.2012 é um dia como outro qualquer, uma simples coincidência no calendário.. foi aqui

publicado às 21:39

Em Setúbal as crianças não foram às cantinas escolares abertas no natal

Imagem do Público

 

Há noticias que nos deixam a pensar, nós como humanos temos tendência a criar imagens e estereótipos, Setúbal tem colada a si uma imagem de desemprego, pobreza e até miséria que por muito tempo que passe não muda. Imagem que é alimentada pela comunicação social e, como vimos ontem num dos debates entre candidatos à presidência da República, até aproveitada politicamente. A mim faz-me alguma confusão, porque não é essa a imagem que tenho da cidade onde vivo nem dos seus habitantes.

 

A medida foi anunciada pela presidente da câmara e teve direito a noticia em jornais e telejornais,  Setúbal irá manter abertas as cantinas das escolas durante a época do natal, a medida foi tomada porque "os professores tinham alertado o município para o facto de haver dezenas de crianças com carências alimentares", muitas destas crianças não teriam condições para tomar outras refeições fora da escola.

 

Na escola do Casal das Figueiras fizeram-se preparativos para serem dadas refeições a 50 crianças... hoje a noticia no público era:

Setúbal: refeitórios de escolas abertos nas férias de Natal ainda não receberam nenhuma criança carenciada

É isso, ao fim do segundo dia, das esperadas 50 crianças nenhuma se dirigiu à escola para almoçar, nem a esta escola nem ao Centro Paroquial da Anunciada, o outro local na cidade onde seriam dadas as refeições. Não me parece que se possa alegar desconhecimento da medida, esta foi noticia em tudo o que é meio de comunicação e imagino que terá sido anunciada ás crianças na escola. Haverá de certeza uma lição a tirar de tudo isto...

 

Eu sou da opinião que esta crise existe sobretudo na comunicação social, se calhar a realidade não é assim tão má... sobretudo se apesar dela, acontecem coisas como esta:

 

Entre 13 de Novembro e 19 de Dezembro registaram-se 17 milhões de pagamentos de compras por multibanco, no valor de 772 milhões de euros. Estes indicadores da SIBS revelam uma subida de 4,8 por cento em valor face a idêntico período de 2009, e um crescimento de sete por cento em número de operações.

 

Como é que explicamos noticias como estas? Pobres mas pouco!, será?

 

Jorge Soares

publicado às 21:36

De cuecas no metro de LisboaJá alguma vez se perguntaram o que leva as pessoas a fazer algumas coisas? o que leva as pessoas a juntarem-se para uma manifestação, para apoiar uma causa, para participar em petições online, por norma participa quem quer ser solidário, quem partilha uma ideologia ou uma ideia, quem apoia um pedido.

 

No Sábado passado, um grupo de pessoas, entre 30 e 200, é difícil saber porque depende do meio de comunicação que dá a noticia  e está visto que os jornalistas em Portugal não sabem contar até 3, onde é que eu ia?... já sei, este grupo de pessoas decidiu juntar-se para andar de metro em cuecas.  E porquê o fizeram?, por nada!!!! Bem, por nada não, fizeram-no porque algures noutras cidades de outros países, outros grupos de pessoas fizeram o mesmo, motivo parece que não há nenhum, como se faz lá fora, alguém decidiu que era engraçado e já está, temos um grupo bem disposto a andar de cuecas no metro de Lisboa.

 

Não tenho nada contra, cada um se diverte da maneira que entender,  ainda que eu achava muito mais interessante que aquela gente toda fizesse um passeio pela Rua Augusta acima e abaixo com os 2 graus de temperatura que estavam no Sábado em Lisboa, isso é que era divertido de se ver, no metro quentinho é fácil.

 

O que já não entendo é porque é que isso foi motivo de noticia em todos os meios de comunicação do país, desde os jornais gratuitos até à televisão pública!!!!! Eu sei que a malta já estava farta das noticias da neve, do frio e do mau tempo, mas o que interessa ao país e ao mundo que uns malucos andem de cuecas no metro?

 

Assim como não entendo como é que uma exposição de fotografias em que só se vêem caras da Clara Pinto Correia é noticia em não sei quantos jornais e em toda a blogosfera...  eu recebo a newsletter do Olhares, há imensas exposições de fotografias pelo país todo, a maioria delas bem mais interessantes que as caretas da Clara Pinto Correia, porque é que só esta é noticia?... será pela palavra orgasmo associada? Ela nesta fotografia está mesmo com cara de quem está a ter um orgasmo não está? Por certo, se foi o marido que tirou as fotografias, quem é que..... Ok, isso agora não interessa nada.

 

É ideia minha ou a nossa comunicação social anda com falta de perspectivas?... ou estamos a ficar sem assuntos sérios dos que falar... é pá, antes o frio e a chuva.

 

Jorge Soares

 

publicado às 21:40


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