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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Público
Depois da festa que foi o anuncio de que alguém ia ficar com uns estaleiros que há muito estavam parados, agora Viana do castelo teve um presente de natal envenenado. Ao contrário do que se estava à espera, a Martifer não ficou com a empresa dos estaleiros, ficou sim com os terrenos onde estão os estaleiros e pretende ficar com o negocio que por lá se faz.
Tenho estado com alguma atenção às noticias e sinceramente custa-me entender como é que há tanta gente surpreendida com este desfecho, desde o inicio dos anos 90 que a construção naval se mudou de armas e bagagens para o oriente. A Coreia, Taiwan e a China controlam a tecnologia e os preços, são eles que constroem praticamente tudo o que se mexe em mar alto, dificilmente alguém consegue fazer mais rápido, mais barato e melhor que eles.
Desde há muito que o único cliente a sério dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo era o estado, ora estando o estado falido, sem rumo e sem remos, para que servem uns estaleiros com uma estrutura estatal que dificilmente conseguem ser competitivos frente à tecnologia e preços que chegam do Oriente e até dos países do Norte da Europa?
Chavez era amigo do Sócrates e além disso já morreu, além de que não se esperam mais favores Bolivarianos, não sei se Nicolás Maduro terá vontade e/ou dinheiro para pagar uns asfalteiros que teimam em não sair do papel e que mesmo que se cheguem a construir, são sérios candidatos a juntar-se na doca de Lisboa ao Ferry que ia para os Açores e que espera por melhores ofertas.
Entendo o desespero dos trabalhadores e da restante população de Viana do Castelo, acho terrível que as coisas tenham terminado assim, mas num país sem dinheiro e sem rumo, a menos que se reconvertam para a construção de barquinhos de papel e botes a remo, não há forma de manter abertos os estaleiros.
E agora vou fazer futurologia, ao contrário do que dizia à pouco Paulo Portas, não acredito que o projecto da Martifer saia alguma vez do papel, é que dizem as notícias que os supostos 400 postos de trabalho dependem das encomendas, quais encomendas? Vamos ver quanto demora até haver o primeiro projecto imobiliário naqueles terrenos.
Jorge Soares