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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem da internet
Ontem estive umas horas no Stand da associação Meninos do Mundo na Natalis, apesar de que a feira estava morta, para um Sábado à noite havia pouquíssima gente, um Stand onde se fala de adopção chama sempre a atenção.
Já quase ao fim da noite e talvez porque o Meu N. e as duas miúdas da João pintavam a manta por ali à volta, acercou-se uma senhora e perguntou se tínhamos muitas crianças ao nosso cuidado. Desfeita a confusão, a Meninos do Mundo é uma associação de apoio à adopção e não tem instituições com crianças, a conversa foi mais ou menos assim:
-Eu tenho 3 sabe?
-3, ... 3 crianças adoptadas?
-Sim, .. bom, adoptadas não, elas estão comigo, elas foram retiradas à mãe e estavam numa associação, como éramos os únicos que as visitávamos e eu disse que as queria, o tribunal entregou-mas.
A senhora, que já tinha um filho, tem à sua guarda 3 irmãos, sendo que a criança mais velha tem 13 anos e a mais nova 7...e tem um filho de 10 anos. As crianças estão à sua guarda há mais de dois anos. Não eram da sua família, eram crianças que ela conhecia e que se não fosse por ela estariam de certeza absoluta institucionalizadas e possivelmente separadas, dada a diferença de idades. Como as crianças lhe foram entregues à sua guarda e não como família de acolhimento, ela não tem direito a nenhum apoio do estado e todos os gastos de todos os tipos são por sua conta.
Ela veio ter connosco porque precisava de informação, quer aquelas crianças mas não sabe o que fazer. A verdade é que não pode fazer muito, a mãe mantém o contacto, aparece de vez em quando, isto faz com que o tribunal não mude a medida de protecção, o mais certo é que as crianças passem o resto do tempo até serem maiores de idade com ela, porque mesmo que a mãe deixe de aparecer, e as crianças vão para adopção, numa situação como estas a segurança social deverá dar primazia à família com quem elas vivem, até porque com a idade delas, nunca haverá outros candidatos para estes três irmãos.
Há pessoas que tem o coração do tamanho do mundo, dizia-me a senhora que gostava de dar muitas coisas às crianças, não pareceu que passassem necessidades, mas com 4 filhos e como ela dizia, não há idas ao circo ou férias, mas eu vi nos olhos dela que trocava tudo isso por aquelas crianças de muito bom grado.
Bem haja para quem tem esta capacidade de amar.
Jorge Soares
As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir
Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir
São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder
Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer
A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera
Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera
A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade