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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem de aqui
Hoje tinha pensado falar daquele artigo sobre as dificuldades de aprendizagem, sobre escolas públicas e privadas e sobre a nossa experiência pessoal... a meio da tarde a modos que me caiu o céu na cabeça e decidi que nem ia buscar o N. à escola.. há alturas que o melhor mesmo é meter terra de por meio...
Vim para casa, a minha meia laranja foi levar a mais pequena à ginástica e ficou por lá, deixou-me a incumbência de fazer o jantar...
- Mas faço o quê?
-O que encontrares!
E foi isso que fiz, passei a hora e meia seguinte às voltas com os tachos e com o fogão.. quando elas voltaram para casa estava pronto a servir... encontrei carne picada, chuchus, courgettes, cenouras, feijão vermelho ... míscaros.... arranjei também alhos, cebolas roxas.. brancas, pimento vermelho,.. amarelo.. verde... Run
O resultado foi um jantar de três pratos:
Sopa de chuchu com courgette e cenoura
Chili com carne
Míscaros salteados em azeite
Tudo acompanhado por arroz branco
A sopa estava especialmente cremosa e deliciosa.. o chili podia ter mais picante, mas depois o resto da família não comia..
Não sei porque dizem que cozinhar é uma chatice, eu cozinho todos os dias, mas há muito que não estava assim em conversa animada com os ingredientes e os tachos sem querer saber do resto do mundo... e sabem uma coisa? não percebo porque é que há tanta gente que odeia cozinhar.. é óptimo para o stress.
Quanto ao resto.. um dia de cada vez.. amanhã é outro dia.
Jorge Soares
Imagem da Internet
Dizem que coar café na calcinha segura o homem e garante o marido. Qual o quê! Superstição sem fundamento lógico.
Após anos e homens de testes, cheguei à conclusão que o único homem que uma mulher segura pelo estômago é o filho (se ela tiver tido a “felicidade” de parir um exemplar masculino).
Explico: comida de mãe é sempre melhor, por mais química e comprada pronta que ela seja. Se a vizinha comprar um frango assado no restaurante “TV pra cachorro” melhor e mais chique do bairro, o dito “macho” logo afirma que a mãezinha “faz” melhor, nem que tenha sido comprado no boteco mais “pé sujo” da periferia. Basta que ela coloque as mãos de fada no pacote e pronto: é melhor e não tem papo. E mesmo que a vizinha compre no mesmo lugar, ao paladar do filho expert é diferente: “Ah, deve ser porque minha mãe é freguesa antiga: o “cara” capricha!”; ou então “Minha mãe acrescenta algo, que não sei o que é, que fica melhor!”. Só mãe sabe fritar ovo como o filho gosta, já notaram?
E é por aí mesmo.
Meu primeiro marido (que Deus o tenha em boa cozinha celestial) adorava tudo o que eu cozinhava, me elogiava, mas o “charutinho” que a mãe dele fazia era melhor. Após inúmeras tentativas de fazer igual à santa mãezinha dele, resolvi: “O que tua mãe cozinha, eu não faço.”. Às vezes eu escutava um pedido: “Chú, faz esfiha? Estou com uma vontade!”. Resposta pronta, na ponta da língua: “Pede pra tua mãe, que a dela é melhor.”.
Segundo marido, a história se repete. Todo mundo elogia meu feijão, mas do cara-pálida-metade sempre ouço: “Minha mãe tempera mais o feijão; o dela é mais saboroso; o caldo é mais grossinho.”. Faço seguindo a receita, mas não tem jeito. Na última visita dela, testamos, ambas, o poder de sugestionamento do cidadão. Eu temperei o feijão, como sempre faço, sem mudar nada, e dissemos que ela tinha feito. O babaca logo soltou o chavão:”Vê se aprende com minha mãe, porque isso sim é que é feijão!”. Rimos, as duas, e contamos a “pegadinha”. E ele emendou:”Mãe, cá entre nós, eu ia perguntar escondidinho se a senhora tinha perdido a mão pra temperar feijão, pois eu notei que estava diferente.”.
Não tem jeito. Mãe é mãe: muda o nome, o endereço, mas não pode mudar de cozinha.
Aprendeu? Então corre fritar batatinha congelada pro seu filho. Garanto que a sua é melhor do que a do mesmo pacote que a coitada da noiva dele frita e ele depois reclama da azia: “da mamãe é mais fresquinha!”, ou “o óleo que ela usa é diferente.”, ou ainda “você não acerta a temperatura do fogo!”.
Receita infalível para segurar seu homem pelo estômago: mande-o comer na casa da mãe.
E pronto. Aproveite e vá ao cabeleireiro, compre uma camisola bonita e espere por ele depois da digestão que, com certeza, será maravilhosa. Afinal, foi a mãe que cozinhou!
Thaty Marcondes
Retirado de Releituras
Imagem da Internet
Um destes dias lia num dos blogs do El Pais um post sobre desastres na cozinha, aquelas vezes em que decidimos inventar e por um ou outro motivo, as coisas não correm bem. Eu sou incapaz de fazer o mesmo prato duas vezes da mesma forma, raramente tenho os mesmos ingredientes e gosto de inventar… que me lembre nunca me saiu algo que não fosse possível de comer... mas de certeza que alguma vez será.
Há uns dias cheguei a casa e a minha meia laranja ainda não tinha chegado, eu não gosto nada de escolher a ementa, é daquelas coisas que raramente faço... coisa que até já deu o nome a este blog, como podem ler aqui, naquele dia tinha mesmo que ser, fui ao frigorífico ver das possíveis opções ,.. havia bifes de Peru… podia ter pensado noutra coisa qualquer para fazer com os bifes… olhei para a Bimby…. Bifes de cebolada.
Antes de meter mãos à obra, decidi picar um molho de coentros para congelar, piquei na Bimby… depois foi só pegar no resto das coisas e seguir as instruções.. os coentros já lá estavam… Um dos meus maiores problemas com a Bimby é acertar com a quantidade dos líquidos, as quantidades que estão nas receitas são sempre excessivas e normalmente resultam em pratos com liquido a mais. Os bifes de cebolada, para além de levarem 5 cebolas .. eu só utilizei 3 mas mesmo assim significa muito liquido, ainda levam vinho branco e concentrado de tomate.
Os bifes estavam mesmo bons, mas no fim tínhamos uma enorme taça de molho com imensa cebola, bem temperado e com um saborzinho alentejano a coentros… como estamos em tempo de crise e cá em casa somos poupadinhos, a minha meia laranja pensou logo na forma de aproveitar aquilo tudo… e vai daí… juntamos umas cenouras, uma batata, um frasco de feijão encarnado, uns 15 minutos a cozinhar e no fim tínhamos um delicioso creme de feijão… muito bem temperado.
A isto é ao que eu chamo uma receita improvável... e não é porque não se possa provar, que pode e até deve, mas porque antes de começar a cozinhar, nem me tinha passado pela cabeça tal coisa!
Jorge Soares
Antes de mais, queria recordar que cá em casa quem cozinha sou eu, desde que nasceu a R. há uns 10 anos que é assim, de tal modo que quando eu por algum motivo não estou, os meus filhos tem saudades minhas e dos meus pratos. Mas eu sou um daqueles cozinheiros que é incapaz de fazer duas vezes o mesmo prato da mesma forma, eu cozinho com o que tenho à mão no momento, sem medidas certas, sem ingredientes certos e sem a menor ideia sobre os tempos, passo a vida a inventar e a verdade é que a maioria das vezes me saio razoavelmente... ou não estivessem as minhas receitas entre os posts mais visitados deste blog. Haverá muita gente enganada... mas ainda ninguém se queixou.
Durante muito tempo achei que a Bimby era sobretudo algo que para a maioria das pessoas seria muito caro, para mim era, dar 1000 Euros por uma panela convenhamos que está assim para o fora de mão, por muito que a panela faça bolinhos e tire cafés (não, não tira mesmo) ..... principalmente quando já temos as panelas todas que precisamos. É claro que na altura participei activamente em todas as conversas possíveis e imaginarias sobre o assunto, até no grupo de mail sobre adopção isto foi tema para muitos mails. E confesso que tendo provado dois ou 3 pratos preparados pela coisa... não fiquei convencido, principalmente porque eu gosto de comida apurada... o meu frango guisado demora uma hora a ficar pronto... mas garanto que ninguém sai daqui a dizer que não estava delicioso... apurado. Ora, para mim a Bimby era uma panela de pressão um bocadinho mais evoluída...e eu não gosto nada de cozinhar à pressão.
Ante esta minha forma de pensar, demorou principalmente porque quem cozinha sou eu, mas era mais ou menos inevitável que ela cá chegasse... foi oferecida e também já não havia forma de rejeitar, e agradeço de coração o presente.
Primeira consequência da chegada do novo brinquedo..... passei a cozinhar menos vezes... eu sou mau a seguir receitas, lembram-se deste post? Estes dias a P. saiu-se com esta:
-Tenho que dizer à minha mãe que tenho que ter cuidado com os presentes dela.... este fez com que eu voltasse à cozinha.
Hummm, ponto a favor da Bimby.
Passados uns 15 dias a minha opinião não mudou muito, é verdade que é uma coisa versátil, para uma coisa tão pequenina consegue fazer muitas coisas, e a verdade é que os sumos, os batidos, os gelados, a maioria das sobremesas, são excelentes... mesmo. Por outro lado, uma panela em que conseguimos num dia fazer pão e piza para o jantar, no dia a seguir conseguimos fazer lombo de porco inteiro e no dia a seguir peixe ao sal... convenhamos que é uma panela especial... quanto a versatilidade e a utilidade.. estamos conversados.
É uma máquina perfeita?... não, não é, nós somos latinos, gostamos da cozinha mediterrânica e de sentir os sabores; azeite, alho, coentros, salsa, chouriça, louro, alecrim, manjericão, ervas aromáticas... são tudo sabores que nos habituamos a sentir na nossa cozinha... e desculpem lá, mas nos cozinhados da Bimby.. é muito difícil sentir os sabores. O principio básico da maquina é a indução, as coisas aquecem e cozem rapidamente, ficam tenras e bonitas.... mas por mais que os ingredientes lá estejam todos, não há tempo para apurar os sabores....
No outro dia quando fiz o lombo de porco enganei-me na receita e coloquei todos os ingredientes no inicio, o lombo esteve 50 minutos a cozer ao vapor, ficou razoável, mas nem assim ficou apurado. Estava bom, mas não tinha nada a ver com o meu lombo de porco com laranja que fez a delicia de vários dos meus leitores....
Resumindo, se eu podia viver sem a Bimby.... não sei, era a mesma coisa?, não, não era... mas a comida era mais saborosa..... havia menos doces, menos sumos e sobremesas... e quem sabe é agora que definitivamente, me converto à cozinha de bolos... isto se conseguir recuperar o meu lugar na cozinha.
Jorge Soares