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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem minha do Momentos e Olhares
Para quem não sabe, no Arcachon, a sul de Bordéus, fica a Dune du Pilat ou Du Pyla, com um comprimento de 3,5 Kms e mais de 100 metros de altura, é a duna mais alta da Europa e ocupa um enorme espaço entre o mar e o pinhal.
É evidentemente uma enorme atracção turística e na sua sombra há 3 ou 4 parques de campismo, já lá tínhamos estado, da outra vez ficamos no parque mais a sul, já quase na ponta da duna. Ficava numa posição elevada e para chegar à bonita praia de águas cálidas e transparentes, só havia que descer umas poucas dezenas de metros de areia.
Confiança a mais e falta dos trabalhos de casa, fizeram com que esta vez tenhamos batido com o nariz na porta, estava cheio, ficamos num dos outros...
Montamos a tenda a poucos metros da imensa mole de areia. A ideia era desfrutarmos 5 dias de praia, ali, bem junto ao mar.
Foi um daqueles dias em que tudo correu mal, uma viagem que tinha sido planeada para pouco mais de três horas demorou quase 6, demoramos uma duas horas a passar Bordéus tal era a quantidade de gente que se dirigia a sul. Depois uma das varetas da tenda decidiu dar definitivamente de si e não houve forma de a reparar, quando finalmente encontramos uma solução para remediar e já estava tudo montado, descobrimos que estávamos a ocupar o sitio errado e tínhamos que mudar para o do lado....
Ao fim da tarde já estávamos todos pelos cabelos e só queríamos ir mergulhar nas ondas... pegamos nas toalhas e fomos enfrentar a duna.
Vista de longe aquilo parece só mais um monte de areia... quando chegamos mesmo ao pé dela o que vemos é uma parede de areia quase na vertical com mais de 100 metros de altura... uma coisa de meter respeito e de nos deixar a pensar se realmente queremos mesmo ir à água que de um momento para o outro parece que ficou a muitos kms de distância.
Começamos a subir, passados uns 10 metros estamos cansados... mais um pouco e começamos a ver os copas dos enormes pinheiros desde cima... já começam a doer as pernas... se andar na areia é cansativo, imaginem o que será subir uma parede de areia. O pior é que olhamos para cima e não estamos nem perto do meio.
Quando eu cheguei a meio comecei a duvidar seriamente se ia conseguir chegar lá acima vivo, tais eram as dores nas pernas e a falta de ar... e olhava para cima e só via areia e o cimo cada vez mais longe.
Depois de muito sofrer chegamos lá acima... depois de uns bons 10 minutos para voltar a respirar dá para perceber que a vista é mesmo fantástica, com um pinhal a perder de vista de um lado e o mar do outro.
Olhando para o mar parecia que deste lado era menos inclinado e nós tínhamos subido aquilo tudo não para ver a vista mas para ir à praia... Havia muita gente em cima da duna... mas quase ninguém na praia... já havíamos de perceber porquê.
Fomos descendo... e descendo... e descendo, quando chegamos lá abaixo verificamos que nem a praia era tão paradisíaca, nem o mar tão azul e convidativo, nem a agua tão quente como a recordávamos.. Olhando para cima percebemos porque é que quase ninguém descia, vista desde aqui a mole de areia não só era tão alta como do outro lado, como dava a sensação de que a cima ficava longe, muito longe... depois percebemos que não era sensação... aquilo era mesmo longe.
Estivemos uma meia hora na praia.... ainda pensei se não haveria forma de dar a volta.. mas para onde olhasse só se via a enorme montanha de areia junto ao mar... lá muito ao longe havia gente a lançar-se de parapente desde o cimo da duna... a vista era gira.
O que tinha demorado uns 5 ou 10 minutos a descer, demorou à vontade uns 45 minutos a subir... sem exagero... era muito menos inclinado que desde o outro lado, mas a distância era enorme e a cada passo que dava parecia que as pernas ficavam mais pesadas e mais doridas.
Quando finalmente chegamos cá acima era quase a hora do pôr do sol... havia imensa gente no topo da duna e bastante mais a subir... não sei se era do meu estado perto do esgotamento físico.. mas dei por mim a pensar que conhecia dezenas de lugares com por do sol muito mais bonito e onde não é necessário arriscar um ataque cardíaco para os podermos ver.
Não foi preciso muita conversa para se perceber que por ali não voltávamos a ir à praia... e para ter que pegar no carro para chegar ao mar.. havia praias muito melhores em Portugal... na manhã seguinte desmontamos a tenda e partimos rumo a sul... até porque o parque de campismo deixava bastante a desejar, mas disso já falarei noutro post.
Jorge Soares
Imagem de aqui
Uma das condições para se escolher o Parque de campismo na Eurodisney é que seja próximo de uma estação de comboios, no programa estavam pelo menos dois dias em Paris e não me passava pela cabeça levar o carro. Tínhamos escolhido um que tem uma estação de comboio à porta, infelizmente estava cheio, ficamos noutro que estava a uns cinco minutos da estação que se vê na fotografia.
E fomos a Paris logo no dia a seguir à chegada. Na recepção do camping não tinham os horários, mas garantíram que havia comboios frequentes... Chegados à estação, que estava completamente encerrada, verificamos que a frequência era uma vez por hora... e tinha sido há 15 minutos... além disso não era directo, havia que mudar de comboio em Esbly.
A única forma de comprar bilhetes era naquela máquina azul que se vê na fotografia... lá atacamos a máquina, feitas as contas, o mais barato era comprar um pack de 10 bilhetes, quase 70 Euros... ora nós éramos 5.. era mesmo ida e volta.
Escolhemos a opção, meto o cartão multibanco , a máquina diz o preço, meto o código e começam a sair os bilhetes.. 1, 2, 3, 4, 5, 6..... um recibo que é um bilhete impresso como recibo..e mais nada.
Pânico, então mas pagamos um balúrdio pelos 10 bilhetes e agora só saem 6? Demos 20 voltas à máquina, mas nada, nem piou... e para além de nós não havia vivalma na estação.
Chegou o comboio, falamos com o condutor, quando mudamos de comboio falamos com o responsável da estação, ninguém conseguia fazer nada,... finalmente em Paris na Gare del Este, alguém nos explicou que era normal isso acontecer, quando acabava o rolo a máquina não dava mais bilhetes nem dizia nada... mas também só cobrava os bilhetes impressos....
Lá fomos passear para Paris, andamos de metro e a pé. À volta compramos os bilhetes que faltavam e apanhamos o comboio de volta para Esbly, que chegava 5 minutos antes da partida do outro que nos levaria de volta ao camping.
Quando faltava uma estação para o nosso destino, dizem qualquer coisa em francês e todo o mundo sai do comboio...
- Mas o que é que se passa?
- Acho que temos que sair...
- Sair como?, a nossa estação não é esta
- Pois, mas acho que temos que sair.
E saímos, num apeadeiro qualquer e ficamos a ver como o comboio vazio se afastava na direcção da estação para onde íamos... finalmente encontramos alguém que falava inglês e que nos explicou que aquele comboio estava com um problema técnico... mas que não havia problema, dali a 25 minutos passava outro... e passou, só que o outro que íamos apanhar não esperou e uma viagem de 35 minutos de Paris a Crecy La Chapelle, demorou quase duas horas.
Na segunda vez decidi retirar uma das variáveis ao problema, fomos de carro para Esbly, eram uns 10 kms, as estações tem estacionamento gratuíto e lá passavam mais comboios, sempre evitávamos possiveis desencontros de horários.
Lá chegados fomos direitos à bilheteira, que fechou na nossa cara... a partir daquele momento, bilhetes para Paris só na máquina... ó sorte. Lá fomos para a a máquina.. que decidiu que não nos vendia bilhetes... devia ser amiga da outra.
Voltamos à bilheteira onde ainda estava o funcionário... mas não nos vendeu os bilhetes, mandou alguém ver a a máquina. Veio um senhor com ar de chefe de estação de outros tempos... boné incluído. Abriu a máquina, resolveu o problema...
- Já está, agora é só esperar 10 minutos a que reinicie.
-10 minutos?
-Oui
- Mas o comboio é daqui a 5.
Encolheu os ombros e foi-se embora.
Ficamos a olhar para a a máquina a arrancar... era um computador com windows XP, devia ter uns 15 anos.. vi uma coisa que não via há anos, o checking da memória e o windows a arrancar lentamente.
Entretanto chegou o comboio e nada de bilhetes, voltamos a falar com o senhor que nos mandou ir para Paris, comprávamos os bilhetes lá e ele falava com o revisor....
Percebem que a estas alturas eu já odeio o raio das máquinas azuis e começo a odiar os comboios franceses.
O problema é que em Paris e ao contrário das outras estações é necessário passar os bilhetes pelas máquinas para se conseguir sair da estação... fomos ter a um guichet onde nos deram bilhetes para sair e nos mandaram comprar bilhetes às bilheteiras do outro lado... já estava pelos cabelos... compramos bilhetes sim, mas para o metro.
Curiosamente já da outra vez nos tinhamos deparado com uma estação onde ainda não havia máquinas e ao Domingo não estava ninguém para vender bilhetes...e também tinha resultado que tinhamos ido de borla a Paris.
Por vezes falamos do mal que funcionam as coisas por cá... mas não fiquei com grande impressão dos caminhos de ferro franceses... nem das máquinas, nem dos seus funcionários... mas pronto, não vamos ser muito exigentes.
Jorge Soares
Os irlandeses tem um sentido de humor engraçado, no Sábado de manhã fomos apanhar o autocarro para Cork, a paragem fica mesmo em frente do hotel, para não variar chovia, como chove todos os santos dias desde que cá cheguei. Na paragem estavam um irlandês e o seu filho... reparou no ar de turistas, virou-se para nós e lá saiu:
-Nice weather no???!!!
Invariavelmente há algun dos meus novos colegas Irlandeses que repete a frasezinha todos os dias quando me Vê chegar molhado e chateado, ainda não percebi se eles acham piada ao clima ou ao nosso ar enfastiado com tanta chuva.. mas pronto, enfrente.
Mas eu tive mais amostras do sentido de humor Irlandês, no primeiro dia éramos 4, ao fim do dia chamamos um táxi para o hotel, evidentemente chovia, eu ainda carregava com as malas e fui o ultimo a entrar para o táxi. Coloquei as coisas na bagageira e dirigi-me ao lugar do pendura, vi que estava ocupado e pensei que algum dos meus colegas se tinha sentado à frente, abri a porta de trás.... onde se tinham sentado os 3.... eles riam e gozavam comigo, eu parecia uma barata tonta... lá percebi e fui-me sentar à frente... do lado contrario....
Quando entrei o taxista vira-se para mim e diz:
-Ouça lá, eu sou um homem casado, ninguém se senta no meu colo!
É claro que a todas estas os meus colegas riam às gargalhadas... Raio de mania que tem estes gajos de fazer as coisas ao contrário.....
De resto, as coisas tem sido menos más que o que pareciam inicialmente.. pelo menos por agora, e tem dado para dar uns passeios, no Sábado fomos a Cork, a segunda cidade da Irlanda, é uma cidadezinha encantadora... tirando a chuva claro. Não vai haver fotografias para ninguém, porque me esqueci de colocar a bateria da máquina a carregar.
Na sexta tínhamos jantado muito bem, comi um belo bife com molho de pimenta verde num restaurante digno de um filme,... éramos 5 pessoas, sem entradas e só com uma garrafa de vinho, pagamos quase 200 Euros pelo jantar...mas estava mesmo delicioso.
No Sábado à tarde fizemos um belo passeio à chuva, uns 10 Kms, os Irlandeses aproveitaram os trilhos de uma antiga linha de comboio e fizeram um passeio pedestre que segue junto ao rio... para lá fomos de táxi, para cá decidimos fazer o caminho a pé..... umas duas horas a andar à chuva...
O resto dos dias não tem sido nada de especial, entre o trabalho e o Pub do Hotel.... onde se bebem litros e litros de cerveja Guiness.... mas dos Pubs, dos Irlandeses, das Irlandesas e da cerveja... já falarei.
Entretanto já há algumas fotografias do passeio de Domingo... podem espreitar aqui: http://picasaweb.google.pt/momentoseolhares/Irlanda#, não estão grande coisa, entre a minha natural falta de jeito, a pouca luz e o medo de molhar a máquina...
Jorge....