Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Cinthia Kriemler
Retirado de Samizdat
Imagem do Público
É verdade que todos temos direito à presunção da inocência, ninguém é culpado até que a sentença transite em julgado, é e deve ser esse o espirito da lei... e em caso de duvida beneficia-se o réu... terá sido isso o que fez com que Isaltino Morais saisse em liberdade após pouco mais de 24 horas.
Estive a reler os posts que já escrevi sobre este assunto, um deles mereceu até um comentário num blog da primeira divisão em que alguém me avisava que era prematuro eu estar a atirar foguetes antes de tempo, porque ninguém é condenado, antes de o ser...e até ao lavar dos cestos .... tudo pode acontecer... quer-me parecer que eu devia ter dado ouvidos ao ilustre bloguer.
Acho que a estas alturas já meio mundo terá percebido que para Isaltino e a sua defesa, o lavar dos cestos termina quando os crimes prescreverem, a forma como meticulosamente esperam até ao ultimo momento para dar entrada dos recursos, mostra que mais que mostrar a inocência, o que se tenta é o arrastar do processo, dar tempo ao tempo, deixar que as pessoas esqueçam e que a justiça não faça o seu trabalho.
Hoje no Público alguém diz que existe a possibilidade de os crimes pelos que o senhor foi julgado e condenado podem prescrever em 2012, isso explica muitas coisas.
Ninguém me tira da cabeça que o senhor há muito que deveria ter tido vergonha na cara e abandonado a governação da Câmara de Oeiras, todos somos inocentes até prova em contrário, mas será que a prescrição dos crimes torna alguém inocente? para mim não.
Mas muito mais triste que tudo isto é ver as entrevistas de rua em Oeiras e ouvir muita gente que diz: "ele não tira só para ele", ou "ele tira mas faz muitas coisas", ou " ele tem obra feita, ninguém é perfeito". Depois de ouvirmos coisas destas, o que podemos esperar dos nossos governantes?, se já nem exigimos que sejam sérios e honestos, como nos podemos espantar com coisas como as que acontecem na Madeira?, entramos no reino do vale tudo? A partir de agora tudo será permitido a quem nos governa desde que façam umas rotundas e umas fontes?
Triste o país em que os cidadãos já não tentam mostrar que são inocentes e sim aproveitar as falhas do sistema para saírem impunes, e pobre do povo que ante esta atitude, bate palmas.
Jorge Soares
A maioria das pessoas culpa os governos e os políticos da situação em que vivemos, na realidade eles tem culpa, mas não têm a culpa toda, primeiro porque quem os colocou lá fomos nós, nós que votamos por eles, e haverá muito pouca gente que não tenha votado no partido que ganhou em alguma das eleições dos últimos 30 anos, e é também culpa dos que cada vez mais decidem que não querem saber, os que não votam. Não votar é contribuir para que sejam elegidos os mesmos, não iliba de nada a ninguém.
Mas há muitos mais culpados, num destes dias num post da Suspeita que tinha o sugestivo título de A queda do Império, podíamos ler o seguinte:
"Então o senhor doutor advogado, profissional ao serviço da lei, para impor a dita e ajudar a implementar a justiça onde ela teima em não existir, cobra 60 euros sem recibo e com o dito 73,80 Euros!"
Um advogado que rouba ao estado, que nos rouba a todos para enriquecer ilicitamente. Já todos teremos passado ou ouvido falar em casos destes, médicos, dentistas, pequenos empreiteiros que fazem obras nas casas e que tem um preço com IVA e outro sem IVA, no outro dia ouvi uma história de alguém que fez uma piscina e que para além de não pagar o IVA das obras, até a água com que a encheram foi através de um esquema.
No outro dia fui tomar o pequeno almoço ao café da esquina, paguei quase 3 Euros mas reparei que na caixa registadora o valor foi 60 cêntimos.. mais um roubo, em IVA e IRC. Quantos de nós vamos a um restaurante e não pedimos factura?, a maioria das máquinas registadoras tem um sistema que permite a anulação do serviço, e é isso que acontece na maior parte dos casos, nós pagamos e o dinheiro entra todo por baixo da mesa... roubo, ao estado e a todos nós.
De quem é a culpa de tudo isto?, será dos políticos?, ou será nossa que deixamos que isto aconteça e na maior parte dos casos até somos cúmplices do roubo? Todo este dinheiro somado dava de certeza absoluta para acabar com a crise e para fazer deste um país de jeito.. mas somos nós que escolhemos, queremos continuar a roubar e/ou a pactuar com quem rouba, ou queremos um país de jeito?
Jorge Soares
A culpa será dos incendiários, de quem lhes paga em nome de interesses mais ou menos obscuros, ou de quem não limpa a floresta como expliquei neste post a propósito dos incêndios em Oliveira de Azeméis. A culpa será do calor, da incúria de quem tem atitudes irresponsáveis e deploráveis, ou como dizia alguém nos comentários ao meu post, poderá ser simplesmente uma forma de a natureza se renovar...
No fim, como todos os anos a culpa morrerá solteira, com as primeiras chuvas de Setembro por entre as cinzas começará a aparecer o verde da renovação e simplesmente esquecemos o inferno do verão... pelo menos até ao próximo verão e até ao próximo inferno. À medida que o verde desponta na floresta queimada serão esquecidos os problemas, a falta de meios, a má coordenação, a falta de acessos, tudo.... A vida segue, e nós tentaremos seguir com ela.... quase todos, porque há pelo menos 2 pessoas para quem a vida não segue, para os dois bombeiros que já morreram no combate ao inferno, a vida não segue, a vida terminou ali.. no combate.
Perderam-se duas vidas, para além de muita floresta e de alguns bens, perdeu-se uma parte do futuro do nosso país. A floresta renasce, renova-se, os bens substituem-se por outros... as vidas que se perderam não se recuperam nunca. Nesta altura deveríamos todos fazer um exame de consciência, parar para pensar.... o que fazer para evitar que estas coisas aconteçam?
"Josefa, 21 anos, a viver com a mãe. Estudante de Engenharia Biomédica, trabalhadora de supermercado em part-time e bombeira voluntária. Acumulava trabalhos e não cargos - e essa pode ser uma primeira explicação para a não conhecermos. Afinal, um jovem daqueles que frequentamos nas revistas de consultório, arranja forma de chamar os holofotes. Se é futebolista, pinta o cabelo de cores impossíveis; se é cantora, mostra o futebolista com quem namora; e se quer ser mesmo importante, é mandatário de juventude. Não entra é na cabeça de uma jovem dispersar-se em ninharias acumuladas: um curso no Porto, caixeirinha em Santa Maria da Feira e bombeira de Verão. Daí não a conhecermos, à Josefa. Chegava-lhe, talvez, que um colega mais experiente dissesse dela: "Ela era das poucas pessoas com que um gajo sabia que podia contar nas piores alturas." Enfim, 15 minutos de fama só se ocorresse um azar... Aconteceu: anteontem, Josefa morreu em Monte Mêda, Gondomar, cercada das chamas dos outros que foi apagar de graça. A morte de uma jovem é sempre uma coisa tão enorme para os seus que, evidentemente, nem trato aqui. Interessa-me, na Josefa, relevar o que ela nos disse: que há miúdos de 21 anos que são estudantes e trabalhadores e bombeiros, sem nós sabermos. Como é possível, nos dias comuns e não de tragédia, não ouvirmos falar das Josefas que são o sal da nossa terra?"
Por FERREIRA FERNANDES, Diário de Notícias
Um enorme bem haja a todos os bombeiros que dia a dia arriscam as suas vidas para proteger as nossas e o nosso futuro..e por favor, tenham cuidado!
Jorge Soares