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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do DN
De manhã na revista de imprensa da Antena 1, a propósito da capa do Correio da manhã, falava-se de um "Arrastão no centro de Lisboa". Está visto que os jornalistas(??) deste Jornal(??) estão cada vez mais esclarecidos. O suposto arrastão afinal foi um infeliz episódio de violência em que alguém tentou defender o seu trabalho e a sua vida da violência gratuita de um bando de energúmenos.
Durante o dia à medida que iam circulando os vídeos, a internet e as redes sociais por vezes são mesmo úteis, fomos percebendo melhor o que se passou, e segundo o DN o que se passou pode resumir-se assim:
"Peguei na faca de cortar kebab (espetada de carne) e tive de me defender. O que mais eu podia fazer? Um deles pegou na pistola ainda dentro do restaurante, outro tinha uma faca."
Já fomos um país de brandos costumes, agora somos um país cada vez mais igual a muitos outros, este tipo de coisas não deve acontecer, infelizmente acontece, segundo li alguns dos agressores foram identificados, espero sinceramente que se faça justiça,
Mas há outras coisas que me chamaram a atenção na reportagem do DN, coisas como esta:
"Podem escrever aí que eu desconto para Segurança Social, para tudo, e ainda não tive a autorização de residência do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF)."
Somos um país estranho, Mustafa trabalha, tem um negócio próprio, paga impostos, paga a segurança social, cumpre com os seus deveres de cidadão como qualquer outro cidadão, como qualquer outra pessoa tem deveres e pelos vistos cumpre-os, mas isso não lhe dá direitos.
Portugal vende vistos sem fazer muitas perguntas a quem tem dinheiro e quer arranjar uma porta de entrada para a Europa e para o ocidente, mas é incapaz de reconhecer os direitos a quem para cá vem com vontade de trabalhar e de construir coisas.
Mustafa é Curdo, tem um restaurante em Lisboa, tem direito a ser agredido por energúmenos, mas não tem direito a um visto de residência para poder trazer a sua família para junto de si, para o país que escolheu para poder ter uma vida.
Já fomos um país de brandos costumes, agora somos um país de parvos costumes.
Jorge Soares
Imagem do Público
Terão sido os que não votaram os mesmos que à hora em que se sabia quem os iria governar, estavam a ver a casa dos segredos?
Gostava de perguntar a alguém de Oeiras que não tenha ido votar, o que achou da caravana vitoriosa que depois de conhecidos os resultados foi em peregrinação até à cadeia da Carregueira a prestar vassalagem ao grande líder?
A abstenção chegou aos 47,4 %... ficou a uma unha negra de ser maioria... há quem ache que os políticos retiram alguma lição disso... talvez alguns retirem, mas não me parece que sejam os que estão habituados a vencer.
Há quem tenha as mais elaboradas teorias sobre o suposto efeito da abstenção na politica nacional, há até mitos sobre uma suposta lei que diz que em caso de a abstenção ser maioria as eleições não valem... há, ideias e teorias para todos os gostos.. a realidade é que para O PS e o PSD, haver abstenção ou não será a mesma coisa, os seus apoiantes vão sempre votar e eles tem os votos garantidos... o resto, é conversa.
O que teria acontecido no Porto se em lugar de irem votar em alguém diferente, quem votou em Rui Moreira se tivesse abstido?
Só daqui a uns tempos iremos perceber se afinal Rui Moreira é mesmo diferente, se representa aquela pedrada no charco que faz falta para criar uma onda contra os partidos tradicionais e os políticos de sempre, ou se será mais do mesmo... mas para já a sensação que nos fica é que as coisas podem ser diferentes... basta que alguém acredite que pode fazer diferença e que muitos não se abstenham de ir votar.
É verdade que votar é um direito democrático que cada um pode exercer como lhe apeteça... e isso até pode ser não votando, mas desengane-se quem acha que a abstenção pode fazer a diferença... Como se provou no Porto e em alguns concelhos onde em lugar dos partidos ganharam listas de cidadãos, o que pode fazer diferença é ir lá e votar... não nos mesmos de sempre mas nos que realmente podem ser diferentes.
Há pouco alguém me fez chegar um vídeo onde Marinho Pinto no seu jeito demagogo e espalha brasas de falar, fazia um grande alarido sobre o facto de os partidos receberem 3 Euros por cada voto... gostava de perguntar a Marinho Pinto qual é a alternativa que ele sugere?,
O financiamento dos partidos políticos faz parte da democracia é conhecido e está devidamente legislado, a alternativa é que esse financiamento se faça através de escuras negociatas e trocas de favores... é mesmo isso que queremos?
Jorge Soares
Imagem de aqui
"o filho não é do pai e não é da mãe. O filho é livre, é da vida!"
É assim que o Sérgio termina este seu post, O Sérgio é o pai do Gonçalo, ele mora perto do Porto, O Gonçalo há mais de dois anos que vive algures em Angola com a mãe, um dia no inicio de 2009 o Sérgio deixou o filho com a mãe e simplesmente não o voltou a ver, e não houve leis ou tribunais que conseguissem fazer cumprir a determinação que regulava as visitas do Gonçalo ao seu pai.
Encontrei o Blog do Sérgio, Filho para sempre, por acaso, porque um dos blogs que costumo ler fazia referência ao caso, desde esse dia tenho seguido com atenção tudo o ele escreve... e torço por ele. Nem acredito que acabo de escrever isto.. torço por ele?, podemos torcer para que as leis finalmente se cumpram e um pai possa ver o seu filho?
Hoje chamou-me a atenção a forma como o Sérgio termina um dos seus posts... e seguindo o fio à meada encontrei o seguinte comentário:
...Que tenhas o direito de estar com o teu filho. É um direito teu, tanto como considero que é direito da mãe guardá-lo.
A justiça, se não vier pela mão de um juíz, virá pela mão do G. Em posse da verdade (eu nada sei, para lá do que aqui é escrito...), ele julgará quem tiver de ser julgado.
Há coisas que não consigo entender, uma delas são estas guerras entre pais desavindos e que utilizam os filhos como arma de arremesso, as pessoas podem amar-se ou odiar-se, podem decidir casar ou viver juntos e depois separarem-se, podem até ter filhos por acidente, mas quem lhes dá direito a brincar assim com a vida dos seus filhos?
Quanto ao comentário acima, o que é o direito a guardar um filho?.. e porque é este um direito da mãe? para se fazer um filho são necessárias duas pessoas, em condições normais é necessário que lá estejam os dois e que cada um faça a sua parte.. porque raios é que alguém pode achar que a mãe tem direito a guardar o filho?
Como diz o Sérgio na sua resposta, um filho não é do pai ou da mãe, em todo caso é responsabilidade dos dois, ambos são responsáveis e poderão ter que responder pelo seu crescimento feliz e saudável, mas assim como ambos têm deveres, ambos têm direitos...
O caso do Sérgio e do Gonçalo é assustador, porque mostra a fragilidade da nossa justiça, porque neste caso o Gonçalo até estava noutro país, mas há muitos casos como este em que a criança está na mesma cidade.., por vezes até na mesma rua, e a justiça, muitas vezes em nome desse direito da mãe a "guardar" o seu filho, limita-se a olhar para o outro lado.
No caso do Sérgio a mãe há muito que não cumpria com as suas obrigações, agora decidiu cumprir, mas quem devolve ao Sérgio e ao Gonçalo estes quase dois anos que estiveram longe um do outro?... e quem faz pagar a mãe do Gonçalo por este incumprimento?, por ignorar o que tinha sido determinado pelo tribunal?... ninguém!
Hoje finalmente o Sérgio pode rever o seu filho.. esperemos que depois das férias a mãe não decida "guardá-lo" de novo, esperemos que a partir de hoje o Gonçalo e o Sérgio possam partilhar a vida, como qualquer pai e filho.. porque o amor não se guarda, partilha-se!!!!!
Jorge Soares