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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do JN
A história não é fácil de contar, na realidade é difícil até de ler, ouvir ou sequer acreditar. Numa família de 5 pessoas há quatro que sofrem de cancro... pai, mãe e dois filhos, só a filha mais nova escapa à doença.
Entretanto com ambos os pais doentes e desempregados vivem do Rendimento social de inserção, recebem 426 Euros por mês, sendo que só de renda pagam 265...
Evidentemente não dá e as dívidas acumulam-se, a começar pela renda que já vai em três meses de atraso, aguardam que a Câmara de Viseu lhes atribua uma casa e vivem do pouco que a camÂra e a caridade lhes vai dando.
É nestas alturas que tenha a certeza que deus não existe.
Para ajudar esta família pode fazer uma transferência usando o NIB: 003507530001659270055 ou o IBAN: PT50003507530001659270055.
Jorge Soares
Há quem consiga muito melhor que eu colocar por palavras muito do que eu penso, o texto abaixo é sobre o programa de ontem na RTP em que se falou de hiperactividade, de diagnósticos e de medicação, mas também é sobre a doença e os transtornos a ela associados e quanto a mim, contribui e muito para desmistificar e esclarecer... usem 5 minutos para ler e reflectir.
O programa recentemente transmitido na RTP Cérebro meu – falsos diagnósticos de PHDA e os efeitos do metilfenidato – levanta uma séria de questões que não nos podem deixar indiferentes.
O diagnóstico de Perturbação de Hiperatividade / Défice de Atenção (PHDA) não pode ser tomado de forma leviana, pela primeira aparência. É uma regra de ouro da arte médica a importância da anamnese clínica cuidada e a recolha de informação de diferentes elementos, analisados de forma integrada.
No diagnóstico de PHDA, é essencial considerar outras causas de desatenção e hiperatividade, incluindo variações cognitivas e comportamentais aceitáveis para a idade, desadequação pedagógica, práticas educativas ineficazes, disfunção familiar, ansiedade, depressão, autismo, atraso no desenvolvimento, défice intelectual, disfunção familiar, perturbações da vinculação, entre outras. “Nem tudo o que mexe é PHDA” disse certa vez numa entrevista para um artigo, e é bem verdade. É um diagnóstico complexo, realizado com informação comportamental, eventualmente auxiliado por avaliação objetiva da atenção e de outras funções executivas em alguns casos.
Mas é importante esclarecer que não existe nenhuma evidência científica de que o doseamento de neurotransmissores nem outro tipo de análise química seja útil no diagnóstico da PHDA ou do Autismo. O problema dos neurotransmissores está no cérebro, não no sangue. Não é útil para confirmar e não é útil para excluir. A verdade científica demonstra-se, não se estabelece porque alguém diz da sua opinião ou experiência. É muito errado disseminar esta informação falsa que só pode beneficiar os laboratórios que fazem estas análises. As crianças não.
Num congresso recente sobre PHDA, que reuniu os maiores especialista e investigadores mundiais nesta área, ficou bem patente que a PHDA é uma situação muito heterogénea. As crianças que recebem este diagnóstico são muito diferentes e, provavelmente por isso, não foi possível ainda identificar nenhum teste químico útil para o diagnóstico. Os mecanismos podem ser bastante diferentes de criança para criança, embora as manifestações possam parecer semelhantes à superfície.
Os medicamentos que usamos para a PHDA são como todos os outros – são para usar apenas quando existe uma razão clínica, enquanto for necessário e se produzirem um efeito benéfico. Sim, podem ter efeitos secundários como todos os medicamentos, até mesmo os ditos “produtos naturais”. O tratamento tem de ser estabelecido por uma pessoa com experiência nesta área, com monitorização dos efeitos e reajustes ao longo do tempo.
Frequentemente, as crianças mais jovens não notam nenhum efeito da medicação, quem nota são os cuidadores. Mas é preciso que alguém note. Se ninguém nota efeito benéfico na altura suposta, não vale a pena continuar. Por outro lado, muitos efeitos secundários melhoraram com um ajustamento da dose, ou podem ser razão para suspender o medicamento.
O que é lamentável na peça jornalística, é a tentativa de generalizar experiências pontuais negativas ignorando os milhares de crianças a quem a medicação ajuda de facto. A medicação tem ajudado a interromper muitas espirais negativas de baixo desempenho, má auto-estima, desmotivação escolar, depressão, envolvimento em comportamentos de risco, incluindo o risco de acidentes, consumo de substâncias, envolvimento em delinquência e exclusão social. Contudo, é importante realçar que a medicação não é tudo e não resolve tudo. A PHDA é um desafio que precisa de ser abraçado por todos: a criança, os pais, a escola, os médicos e psicólogos, a comunidade. Existem inúmeros ajustamentos que se podem fazer para além da medicação com potencial de melhorar a qualidade de vida destas crianças e das suas famílias – a chamada intervenção multi-modal.
Outra ideia errada é que a PHDA foi inventada por Leon Eisenberg em 1969. Nem precisava, a PHDA sempre existiu e foram encontrados relatos médicos que descrevem muito bem estes sintomas pelo menos desde o século XVIII.
Em alguns países como EUA, pode existir um diagnostico excessivo de PHDA, com prevalências até 14%. A prevalência mais consensual é 5%, bastante conservada entre os continentes. Não existe uma epidemia de PHDA mas existe uma maior reconhecimento e uma pressão crescente sobre o desempenho que torna mais evidentes as dificuldades da PHDA, por vezes em idades mais tardias.
A sociedade da informação trouxe-nos muita informação útil mas também grandes desafios: distinguir o que tem fundamento, o que é fidedigno, o que é verdade, o que é generalizável, o que se aplica à nossa realidade e ao nosso caso. Nem tudo o que aparece no Google é verdade, alertava um jornalista nesta semana. Analise bem as suas fontes de informação sobre a PHDA, esclareça as suas dúvidas com os profissionais de saúde em quem confia e decida com liberdade, de forma verdadeiramente esclarecida.
FILIPE GLÓRIA SILVA
Retirado de Dormir e crescer
Disclaimer - Para quem aqui vem à espera de encontrar um daqueles artigos que dizem que a hiperactividade é uma invenção dos médicos e da industria farmacêutica, pode voltar por onde veio, a hiperactividade é uma doença real e infelizmente afecta mesmo muitas crianças.
Quem me costuma ler sabe que cá em casa temos um hiperactivo, que apesar de ser seguido e tratado desde os três anos de idade, sofre todos os dias o facto de ter uma doença que influência o seu comportamento, as suas capacidades de aprendizagem e a forma como se relaciona com a família, a escola e o mundo em geral.
Num mundo que cada vez mais vive de normas e padrões, um criança que por um ou outro motivo foge ao que se considera "normal" não tem um caminho fácil, ora o N. sofre de Hiperactividade, défice de atenção e dislexia.
O facto de ter sido diagnosticado ainda antes de entrar para a escola não ajudou grande coisa, infelizmente há, principalmente nas escolas, muita gente no mundo que acredita que sabe mais que médicos e especialistas e acha que tudo isto não passa de falta de educação e que tudo se resolve com palmadas, castigos, recados nas cadernetas ... enfim. É triste mas a quantidade de professores que pensa assim é assustadora e muitas vezes para além de tornarem um inferno a estada das crianças na escola, tornam muito complicada a relação entre a escola e os pais.
Felizmente esta é uma doença para a que há medicação, mas convém lembrar que estas doenças não tem cura, a medicação normalmente ajuda a atenuar os sintomas, mas não cura. Uma criança com hiperactividade vai ser um adulto com hiperactividade, e esta é uma realidade que temos que aprender a aceitar e com a que temos que aprender a viver.... cada dia é um novo desafio e cada dia aprendemos um pouco mais.
Mas se uma criança hiperactiva é um problema, um adolescente hiperactivo é como uma bomba relógio sempre prestes a explodir...
A adolescência do N. não tem sido nada fácil, e também não tem sido nada fácil acertar com as doses certas da medicação. Por um lado os comprimidos fazem com que seja mais fácil a concentração e a atenção nas aulas, por outro lado há os efeitos secundários, que variam de organismo para organismo mas que no caso do N influenciam o apetite, o sono e especialmente o humor.
Nós verificamos que quando toma a medicação, e ao contrário do que acontece nas férias em que não toma, fica muito mais irritadiço e volátil, reagindo de forma abrupta e com forte oposição quando questionado ou contrariado.
Depois de vários episódios cá em casa e na escola, em conjunto com o especialista que o segue, decidimos que íamos retirar uma parte da medicação e optar por um tratamento alternativo sugerido pelo médico.
A mudança foi da noite para o dia, em lugar de um adolescente irascível e resmungão passamos a ter um jovem que não classificaríamos de normal, mas que pelo menos anda muito mais bem disposto e sem estar em constante oposição.
Curiosamente os primeiros a queixar-se do novo N. foram os professores, antes tinham um miúdo que reagia mal à autoridade mas que pelo menos aparentava estar atento nas aulas, agora tem um jovem menos irascível, mais bem disposto, mas que tem muitas mais dificuldades em estar atento e seguir a aula.... curiosamente e apesar das queixas anteriores, os professores parece que preferem a versão com medicação.
Eu confesso que tive muitas duvidas sobre qual seria a melhor estratégia, mas a minha meia laranja usou lógica simples para me convencer: Ninguém vai preso por estar desatento e bem disposto nas aulas, mas pode ir se num dos momentos de impulsividade agredir alguém à sua volta.
É claro que a falta de atenção nas aulas pode ter consequências ao nível do aproveitamento escolar, mas não é nada que não se supere com trabalho, dele, da escola e nosso, assim haja vontade...
Como disse acima, a hiperactividade é uma doença com a que ele e nós temos que aprender a viver, há dois ou três anos atrás seria impensável retirarmos a medicação, nós não dávamos a medicação nas férias e sinceramente havia anos em que a meio das férias dávamos por nós a desejar que os tempo passasse rápido para voltarmos aos comprimidos e à "paz" que estes traziam... mas isso era válido na altura com uma criança daquela idade, agora com um adolescente a realidade é outra e a forma de a encarar também será outra.
Jorge Soares
A imagem acima chegou-me via Facebook, estava habituado a ouvir falar desta bactéria durante as férias de verão em Espanha, ano sim ano também lia noticias sobre mortes associadas à doença. Por norma os focos estavam ligados a aparelhos de ar acondicionado sem manutenção em empresas ou hotéis, este ano não fugiu à regra e lembro-me perfeitamente de estar a ler o jornal no bar do parque de campismo, e achar estranha a diferença que se dava ao ébola, tinha acabado de morrer em Madrid a primeira pessoa fora de África e era noticia nas primeiras páginas de todos os jornais, em comparação com o último caso de legionella algures perto de Barcelona, onde já tinham morrido três pessoas e que não tinha direito a mais que meia dúzia de linhas.
Sempre estranhei que uma doença tão presente em Espanha nunca fosse referida em Portugal, este fim de semana ficamos a saber da pior maneira que afinal por cá também costumam haver umas centenas de casos por ano, felizmente nunca tinha acontecido como esta vez.
Vamos no terceiro dia desde que apareceram os primeiros casos e não deixa de ser preocupante, além do continuo aumento das pessoas infectadas, que passado todo este tempo não existam sequer pistas sobre a origem da contaminação de tantas pessoas.
Não vou repetir aqui algumas das coisas que já ouvi e que não fazem sentido nenhum, vou sim deixar algumas perguntas e respostas que encontrei no site do Público.
O que é legionella?
É uma bactéria que vive em ambientes aquáticos naturais, como a superfície de lagos, rios, águas termais, tanques. Entre os locais de risco estão também os sistemas artificiais de abastecimento e rede de distribuição de água de cidades, torres de refrigeração, instalações como duches, sistemas de ar condicionado, humidificadores ou fontes. A bactéria coloniza equipamentos de refrigeração e outros que contenham água tépida (temperatura de água entre os 20ºC e os 45ºC, sendo o crescimento mais favorável entre os 35ºC e 45ºC) onde se multiplica.
Como se transmite?
Não se transmite de pessoa a pessoa, nem pela ingestão de água contaminada. A infecção transmite-se por via aérea (respiratória), através da inalação de gotículas de água (aerossóis) contaminadas com bactérias. Não se transmite de pessoa a pessoa, nem pela ingestão de água contaminada.
A bactéria coloniza equipamentos de refrigeração e outros que contenham água tépida (temperatura de água entre os 20ºC e os 45ºC, sendo o crescimento mais favorável entre os 35ºC e 45ºC) onde se multiplica. Pode ser inalada em gotículas e chegar aos pulmões dando início à infecção.
Posso beber água?
As autoridades de saúde sublinham que as pessoas não devem ter receio de beber ou cozinhar com a água da torneira. “Esta infecção só se transmite de uma forma especialmente bizarra, só respirando a água pelas gotículas, pelos aerossóis”, sublinha o director-geral de saúde, que explica ainda que vapor de água não é a mesma coisa que aerossóis (que implica a existência de pressão).
Quem corre mais risco?
A doença atinge especialmente os fumadores. Há outros factores de risco como a idade (afecta preferencialmente pessoas com mais de 50 anos de idade) ou a existência de doenças respiratórias. Afecta duas a três vezes mais homens do que mulheres. São igualmente factores de risco doenças crónicas debilitantes (alcoolismo, diabetes, cancro, insuficiência renal) ou ainda doenças com compromisso da imunidade ou que imponham medicação com corticóides ou quimioterapia.
Quais são os sintomas da doença dos legionários?
Os mesmos de uma pneumonia: tosse, febre e dificuldades respiratórias. A doença pode ser confirmada através de testes laboratoriais que identificam a presença do microorganismo. Em regra, cinco ou seis dias depois de um indivíduo inalar bactérias (presentes nas gotículas de água) poderão surgir as primeiras manifestações clínicas. É o chamado “período de incubação” que, no entanto, pode variar entre dois e dez dias. Em caso de dúvida deve contactar a Linha Saúde 24 (808 242424)
Jorge Soares
Imagem do El Pais
Até ontem era tudo confiança, hoje após o primeiro caso de transmissão na Europa tudo é desconfiança, a meio da tarde era noticia nos principais meios de comunicação espanhóis um apelo do marido da enfermeira infectada com ébola para que se impedisse o sacrifício de Excalibur, o cãozinho ali da fotografia.
As autoridades espanholas agora jogam pelo seguro, com a enfermeira e o seu marido colocados de quarentena, o cão está sozinho no apartamento em que ambos viviam, antes de ir para o hospital, Javier o marido da enfermeira, assegurou-se de que o cão tivesse água e comida suficientes para vários dias, mas a comunidade de Madrid não está pelos ajustes, a casa está selada pela polícia e será em breve descontaminada, tal como as áreas comuns do edifício.
Entretanto pediram a Javier autorização para abater Excalibur, ninguém sabe se o cão está ou não infectado, também não há certezas sobre se o animal poderá ou não transmitir a doença, mas na dúvida não estão com meias medidas, se Javier não autoriza o abate, será obtida uma ordem judicial e o cão será abatido em nome da saúde pública, e quer-me parecer não haverá apelos que o salvem
Entretanto ninguém faz ideia de quantas pessoas terão contactado com a doente, sabe-se sim que apesar de esta ter informado mal chegou ao hospital que poderia estar contaminada com ébola, passou várias horas nas urgências com fitas e biombos a fazer a separação das outras dezenas ou centenas de pessoas que por ali passavam.
Só após a confirmação das análises se tomaram medidas de protecção e terá mesmo sido atendida por pessoal médico sem nenhuma protecção. E mesmo depois de se ter confirmado a doença, o marido andou horas livremente pelo hospital.
Com tudo isto e tendo em conta que a enfermeira já tinha alguns dos sintomas há dois ou três dias, será quase um milagre se não houver mais casos de infectados.
O que se percebe de tudo isto é que em Espanha, apesar dos dois falecidos com a doença e de todo o aparato montado quando da chegada de ambos, na realidade nas unidades de saúde não se terá dado a atenção necessária ao caso e o resultado está à vista.
Agora, em Espanha e no resto do mundo, corre-se contra o prejuízo, e nem o pobre cão irá escapar, pena que o mal já está feito, resta saber se ainda se irá a tempo de parar a doença.
Custava alguma coisa colocar o cão de quarentena?
Por certo, hoje já ouvi dizer que nos Estados Unidos já há quem peça a interdição dos voos de e para países com infectados... veremos quanto tempo irá demorar a que se ponha em prática
Jorge Soares
Imagem do Público
E de repente tudo passa a ser relativo, li e ouvi muitas vezes que na Europa o ébola seria uma doença relativamente fácil de controlar, ao contrário do que acontece em África, o sistema de saúde europeu estaria preparado para conter a doença de uma forma relativamente fácil.
Quando há pouco no telejornal ouvi um senhor espanhol a dizer que uma auxiliar de enfermagem entrou duas vezes no quarto onde esteve um doente com ébola, uma para medir a tensão e outra para buscar equipamento médico após a morte do doente, e isso foi suficiente para ficar contagiada, todas as certezas simplesmente desapareceram.
O primeiro que me veio à cabeça foi: "Se calhar eles não percebem assim tanto sobre as formas de contágio como querem fazer parecer". Se no ambiente controlado de um hospital europeu um profissional de saúde que se supõe estar equipado e preparado para se proteger é contagiado após ter entrado no quarto duas vezes, o que dizer do resto do mundo?
Evidentemente agora baralham-se todas as hipóteses, desde ter sido um erro humano até ao pormenor dos fatos utilizados para proteger o pessoal sanitário não serem os mais adequados.
Quer-me parecer que havia na Europa um excesso de confiança, li ou ouvi algures que após este caso, em Espanha foi convocado de urgência o gabinete de crise, li também que em Portugal vão ser tomadas medidas para tentar conter a entrada da doença no país, aplica-se o velho ditado, "quando vires as barbas do teu vizinho a arder" ...
Quer-me parecer que já vamos tarde, se havia hipótese de controlar a doença era algures há uns meses em África, agora quando começaram a aparecer os primeiros casos na Europa e nos Estados Unidos, não sei se iremos a tempo. E para mais quando me quer parecer que as formas de contágio nem estavam bem explicadas...
Já o disse aqui antes e agora volto a dizer, tudo isto é mesmo assustador e só me faz lembrar que há umas poucas centenas de anos, outra doença que veio de longe dizimou qualquer coisa como um terço da população europeia... sim, eu sei, os tempo são outros, mas isso não está a fazer grande diferença para melhor, bem pelo contrário.
Jorge Soares
Imagem de aqui
Por acaso estava na Espanha quando a força aérea Espanhola transportou dois cidadão espanhóis suspeitos de estarem infectados com ébola, infelizmente um dos casos confirmou-se e apesar da utilização do soro experimental, o senhor viria a morrer passados poucos dias.
As imagens da chegada dos doentes a Espanha foram impressionantes pelo aparato, a começar pela forma como os doentes eram transportados, metidos dentro de uma bolha plástica, quem o transportava utilizava fatos completos e máscaras, as ruas por onde ia passar a ambulância foram encerradas ao transito e no hospital para onde foram transportados, um andar inteiro foi reservado só para estes dois doentes.
Por fim, após a morte de um dos doentes, no outro caso não se confirmou a doença, o corpo foi imediatamente cremado sem direito a autópsia ou qualquer tipo de cerimónia fúnebre.
No outro dia à hora do almoço alguém dizia que o facto de ainda não haver tratamento só tinha a ver com esta ser uma doença africana, feliz ou infelizmente, as epidemias anteriores ficaram confinadas a algumas aldeias africanas, é verdade que morreram umas centenas de pessoas mas pelos vistos nunca foram as suficientes como para chamar a atenção do mundo para a gravidade de uma doença cuja mortalidade dos infectados anda entre os 40 e os 80 % e para a que não há cura conhecida.
Esta vez já morreram mais de duas mil pessoas e foram infectados cidadãos europeus e americanos, apesar de de vez em quando alguém vir dizer que está controlado, a verdade é que o que parece é que está completamente fora de controlo e no mundo globalizado em que vivemos, com um período de incubação que pode ir até aos 20 dias, quer-me parecer que não tardará muito a expandir-se por todo o continente africano e a chegar à Europa.
É verdade que as condições dos sistemas de saúde europeus são muito mais evoluídas que as dos países africanos, isto em principio deverá fazer com que a doença seja mais fácil de controlar após o diagnóstico, mas com um período de incubação tão longo como se controlará todas as pessoas com quem o doente teve contacto?
Ainda estava em Espanha quando foi noticia a chegada a um dos hospitais de Madrid de uma pessoa com febre alta, como o senhor tinha estado num dos países africanos onde a doença está activa, ele e toda a sua família foram de imediato colocados de quarentena, felizmente o senhor só tinha mesmo gripe e passados dois ou três dias pode seguir a sua vida.
Fiquei a pensar, o que teria acontecido se se confirmasse a doença? Ele veio de avião, teriam ido pelo mundo inteiro à procura de todas as pessoas que viajaram com ele para as colocarem de quarentena?... e todas as que tinham viajado no mesmo avião nos dias a seguir?
Tudo isto é no mínimo assustador e só me faz lembrar que há umas poucas centenas de anos, outra doença que veio de longe dizimou qualquer coisa como um terço da população europeia.
Jorge Soares
Suellen Rubira
Retirado de Samizdat
Imagem da Página Vamos ajudar o André
São tantas as coisas que nos passam à frente no Facebook que a maior parte das vezes olhamos e nem vemos, a história do André há dias que me passava em frente, fruto da perseverança da Paula que não desiste de tentar ajudar alguém com quem a vida foi tão madrasta.
Foi também através da Paula que em 2009, há mais de quatro anos, ouvi falar pela primeira vez da historia do André, foi neste post do Pepita, e que acordei para a realidade, o cancro de mama é uma doença que ao contrário do que todos achamos não afecta só as mulheres, os homens também estamos sujeitos e a doença é igual de mortal em ambos os sexos.
Quero deixar aqui hoje um duplo apelo:
Em primeiro lugar, todos nós , homens e mulheres, devemos estar atentos aos sintomas, o cancro de mama é uma doença que pode afectar qualquer um.
Em segundo Lugar, vou usar o texto que está na página do Facebook para deixar um apelo a todos para que dentro da vossa disponibilidade ajudem o André, ainda que seja partilhando este post ou a página do Facebook
O André precisa da ajuda de todos. Em 2009 o monstro deste século apanhou-o desprevenido, quando nada o fazia prever foi-lhe detectado cancro da mama. Seguiu-se uma luta durante um ano em que entre quimioterapia, operação de mastectomia total e radioterapia, tudo levava a crer que o pior já tinha passado. No começo de 2013 em exames e analises de rotina o pesadelo voltou.
Deu-se inicio mais uma vez a tratamentos para o seu combate. Decorridos nove meses o resultados não se fazem notar. Tendo conhecimento de um tratamento inovador na Alemanha, o André precisa da tua ajuda para o poder realizar por se tratar de um tratamento bastante dispendioso.
Site da Clínica com descrição do tratamento acima referido:
http://www.immune-therapy.net/
Apoio e encaminhamento através do projeto Safira:
http://blog.projetosafira.org/
O André é residente na Redinha, na rua dos Algares 3105-322 Pombal
Email: andrepifaro@hotmail.com
Veracidade de todas as informações prestadas poderão ser confirmadas no IPO de Coimbra
Jorge Soares
Imagem de aqui
..nem estava despida nem com roupas que se pudesse dizer a noite passada passou-a numa cama, ali dentro, dormida entre pacientes, entre aparelhos com sinais de luzes a dizerem se as tripas funcionam a preceito, se tem açucares e oxigénio em doses justas e os colestróis em níveis decentes.
Ela vestia calças de ganga muito justas - azuis- e uma camisola verde a marcar-lhe as mamas, e tinha um blusão em cabedal castanho que descaía no braço da cadeira: coisa de corte duvidoso tal como as botas com tacão do tamanho do meu palmo bem esticado, num castanho semelhante ao blusão, que era mais um amarelo caca.
Dormitava quando me sentei. Eu a sentar-me a seu lado na cadeira que sobrava. Eu a medo: com licença. Eu com todo o cuidado e ela a remexer o corpo magro. Senti-lhe o cheiro que era um perfumezito sem destino em prateleiras que não fossem as de um qualquer supermercado.
A mulher que tinha rimel nas pestanas e batom a cobrir-lhe os lábios - encarnado - não estaria ainda na casa dos quarenta, teria até muito menos, não fosse aquele leve traço - reparei que tinha um de cada lado dos lábios - e um plissado, ainda que suave, no canto dos olhos que ela manteve fechados apesar do ruído que troava no corredor feito sala de espera. Um corredor apinhado: doentes recebendo líquidos vertidos de saquinhos transparentes, caras de estar fartos, caras de estar doente, e havia-as, também, de quem está velho.
Os médicos esgravatavam por ali e os técnicos e os enfermeiros.
Um relógio especado na parede assinalava, mudo, a passagem lenta, imensamente demorada, do tempo que pesava como se fosse um suor de trabalhos forçados, e seria dele que o ar semelhava pejado de maus gases - como custava respirar.
Ela remexeu uma mão sem anéis nem pintura nas unhas e eu vi-lhe o relógio, uma coisa enorme com ponteiros a navegarem entre números escritos a vermelho sobre fundo azul. Estava parado nas duas de um qualquer outro dia que não este, que era meio dia e treze no relógio da parede.
Natércia Pimentel, chamou a enfermeira e ela endireitou-se, abriu os olhos que eram enormes e de um azul de céu ensolarado, e ficou a agarrar a napa preta do cadeirão como se fosse a amurada de um navio de onde olhasse, incrédula, que a chamavam do cais.
A enfermeira era tão bonita e tão menina, a olhar a mulher e a dizer: venha comigo.
Eu sorri e ela piscou-me os olhos como a responder, e sorriu também, a afastar-se. Só então lhe vi o chapéu de feltro. Verde. Igual ao tom da camisola. Um chapéu que ela tinha enterrado quase até aos olhos. Um chapéu a não deixar desvendar a cabeleira, a tapar, diria eu, um cabelo que seria em cachos de vermelho, ou em doirados, ou negro atado em duas tranças.
Assim pensei eu a olhar o chapéu da mulher colocado como se quisesse esconder.
Maria de Fátima
Retirado de Samizdat