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Pode a escola educar para a pontualidade?

por Jorge Soares, em 20.09.16

Pontualidade (1).jpg

 

Imagem de aqui

 

Já aqui falei sobre a pontualidade ou a falta dela, foi neste post, hoje vou voltar ao assunto, porque ele foi tema na reunião de pais do inicio do ano na escola da R:

 

Há episódios que nos marcam, andava eu no segundo ano da faculdade no IST e tinha uma cadeira chamada Medida da Integração, era uma coisa super teórica em que se falava de teoria dos números e de muitas outras coisas super abstractas da matemática. O professor era o Manuel Ricou, trabalhava numa multinacional e dava aquela cadeira  às oito da manhã, era sempre super pontual.

 

Um dia, deviam ser oito e quinze quando entram dois alunos atrasados, ele interrompeu a aula e virando-se para eles disse:

 

-Desculpem lá, para eu poder estar aqui às  oito da manhã em ponto, os meus filhos tem que se levantar às seis e meia de modo a que eu os possa deixar na escola, se eles se podem levantar a essa hora para eu estar aqui a horas, vocês pelo menos deviam ter a decência de chegar a horas, façam favor de sair e não voltem a chegar atrasados.

 

A semana passada na reunião com a directora de turma da R., fomos informados que o liceu de Setúbal alterou o regulamento interno, acabaram-se os 10 minutos de tolerância e as faltas por atraso, a partir de agora após cinco minutos as portas das salas são encerradas e quem não tiver entrado já não entra. E os alunos ficam inclusivamente proibidos de andar pelos corredores após  este tempo.

 

Confesso, não pude deixar de sorrir ao ouvir isto, a professora reparou e ficou a olhar para mim... alguns dos pais pediram esclarecimentos mas o assunto foi pacifico. No dia a seguir fiquei a saber pelo Facebook que houve turmas em que os pais que não acharam piada nenhuma e inclusivamente exigiram que ficasse a sua reclamação em acta.

 

Pessoalmente não posso estar mais de acordo com esta medida, que melhor lugar que uma escola para ensinar aos jovens a importância da pontualidade?

 

Imagino que os pais que estão contra são os mesmos que chegam sempre pelo menos 15 minutos atrasados às reuniões de turma, à hora em que devia iniciar-se a reunião, numa turma de 23 alunos,  estávamos: a professora, eu e uma mãe. A reunião começou 15 minutos depois da hora marcada e houve muita gente que chegou depois disso.

 

É claro que quem não consegue ser pontual dificilmente consegue transmitir a ideia aos seus filhos, e quando o exemplo não vem de casa ... 

 

Custa-me entender que os pais sejam contra uma medida destas, se a importância da pontualidade não se ensina em casa e não queremos que seja ensinada na escola, então queremos o quê? Alguma coisa se tem que fazer porque a verdade é que cada vez mais este país é um atraso de vida com tanta gente a chegar sempre atrasada..

 

Jorge Soares

publicado às 23:33

Em nome dos meus filhos

por Jorge Soares, em 24.05.16

emnomedomeu.jpg

 

Imagem do Facebook 

 

Diz a Jonas que a virgula não fazia parte do cartaz, alguém a acrescentou com o Fotoshop e tornou a frase mais realista.. mais de acordo com o verdadeiro propósito da manifestação, digo eu.

 

É estranho como a mesma frase pode servir para os dois lados, eles, em nome dos seus filhos,  querem a continuação dos contratos de associação, eu, em nome dos meus filhos e da sua educação, quero o fim dos contratos de associação... a diferença está mesmo na virgula, 

 

Jorge Soares

 

publicado às 23:28

basta.jpg

 

Imagem da internet

 

O estudo é da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) e pode ser lido aqui. O primeiro sentimento que me ocorreu  quando comecei a ouvir noticias que dizem que 22% dos jovens consultados aceitam como normal a violência sexual, foi a incredulidade. Estamos em 2016, vivemos num país europeu com educação e cultura ocidental... logo, não pode ser possível que quase um quarto dos jovens possa pensar assim.

 

É verdade que a violência doméstica continua a ser uma realidade em Portugal, todos os anos são assassinadas entre 30 e 40 mulheres. Apesar de haver uma maior consciência para o assunto e de aumentarem as denuncias, a verdade é que estes números não descem e o nível de violência se mantém... e a julgar pelos resultados deste estudo, irão manter-se por muito tempo.

 

Algures no século passado Portugal era um país em que os maridos podiam por e dispor sobre a vida das mulheres com quem casavam, todos temos a percepção de que esse tempo acabou há muito, como é que explicamos que 23% dos jovens  pensem que  pressionar para beijar e  pressionar para ter relações sexuais não é violência no namoro? Ou que uma boa parte pense que pode dizer com quem pode ou não falar a namorado ou namorado?

 

É evidente que há algo que está a falhar na forma como educamos os jovens portugueses, os diversos números apresentados no estudo mostram que há uma clara falta da percepção do que é o respeito pela liberdade e privacidade dos outros.  Vivemos no século XXI mas e há jovens que acham normal poder espreitar o telemóvel do namorado ou namorada, ou que podem usar a força física para obrigar alguém a beijar ou ser beijado, ou a ter relações sexuais.

 

Há uns tempos a tentativa de tornar a educação sexual uma disciplina escolar foi motivo de muita polémica, sendo que havia pais que se opunham terminantemente a tal coisa, o que pensarão estes pais dos resultados deste estudo? Será que falam com os seus filhos do assunto?

 

Os números agora apresentados deveriam ser objecto de uma profunda reflexão, algo está a falhar nas nossas casas e nas nossas escolas. Será que sabemos educar os nossos filhos para o respeito e o civismo?

 

Jorge Soares

publicado às 22:40

cartadiego.jpg

 Imagem de aqui

 

Diego tinha  11 anos, deixou um recado junto à varanda da que se atirou ao vazio, "Vão ver no Lucho". Lucho era o seu boneco preferido, nela estava guardada a seguinte carta de despedida:

 

"Pai, mãe, estes 11 anos que estive convosco foram muito bons e eu nunca vos vou esquecer.

 

Pai, tu ensinaste-me a ser uma boa pessoa e a cumprir o prometido, além disso, brincaste muito comigo.

 

Mãe, tu protegeste-me muito e levaste-me a muitos sítios.

 

Os dois são incríveis e juntos são os melhores pais do mundo

Tata, tu aguentaste muitas coisas por mim e o meu pai, estou-te muito agradecido e gosto muito de ti.

 

Avô, tu sempre foste generoso comigo e sempre te preocupaste. Gosto muito de ti.

 

Lolo, tu ajudaste-me muito com os trabalhos de casa e trataste-me bem. Desejo-te muita sorte para que possas ver a Eli.

 

Digo-vos isto porque não aguento mais ir ao colégio e não há outra maneira de deixar de ir. Por favor espero que algum dia possam odiar-me menos.

 

Peço à mãe e ao pai que não se separem, eu só serei feliz se estiverem juntos.

 

Vou sentir saudades vossas e espero que algum dia nos encontremos no céu. Bem, despeço-me para sempre

 

Assinado, Diego.. outra coisa, Tata, espero que encontre trabalho rapidamente.

 

Diego González"

 

Diego atirou-se do quinto andar em Outubro passado, a noticia surgiu agora porque apesar da carta não há justiça nem culpados pelo que sucedeu. Tal como tantas vezes acontece nestes casos, a escola e a sociedade em geral negam-se a aceitar as evidências, procuram-se outras respostas, outras causas, ninguém quer pôr o dedo na ferida e atacar o verdadeiro problema.

 

Para mim que tenho filhos é dificil ler esta carta e aceitar que estas coisas possam acontecer, todos lamentamos a morte do Diego e de todos os outros Diegos que há por aí, mas a verdade é que pouco ou nada fazemos para proteger as nossas crianças do medo e dos abusos.... 

 

O que aconteceu ao Diego tem um nome, chama-se Bullying e enquanto não fizermos nada, todos: pais, escola, sociedade somos culpados, porque todos tinhamos obrigação de proteger Diego e ninguém fez nada.

 

Jorge Soares

publicado às 21:32

Para que servem os rankings de escolas?

por Jorge Soares, em 15.12.15

aprovar.jpg

 

A noticia do fim de semana  foi a saída dos rankings das escolas, ranking que como é costume e normal, é dominado pelos mais finos e mais caros colégios de Lisboa e Porto, sendo que é necessário descer até ao lugar 23 para encontrar a primeira escola pública.

 

Tenho 3 filhos, já todos andaram na escola pública e na privada, apesar de algumas coisas que já aqui fui contando, ver a tag educação, tenho a melhor das impressões da escola pública  e uma não tão boa opinião de alguns colégios que fui conhecendo.

 

Dito isto, em primeiro lugar não percebo para que servem os rankings, não sei qual o seu objectivo nem qual a finalidade para que foram criados.

 

Não percebo como pode existir um ranking que junta na mesma lista colégios privados das zonas finas das grandes cidades em que os alunos chegam de chofer,  com escolas publicas que ficam em concelhos rurais onde por vezes os alunos para estarem a horas nas aulas saem de casa antes do sol nascer e chegam depois do sol posto

 

Como é que se pode ter no mesmo ranking e avaliar da mesma forma, os alunos dos melhores e mais caros colégios do país com escolas inseridas em bairros sociais?

 

Não é segredo nenhum que para chegar ao topo dos rankings os colégios escolhem a dedo os seus alunos, há colégios onde se fazem exames de admissão  e outros onde quem não tem o aproveitamento e a atitude "certas" é  de uma forma ou outra "convidado" a mudar de ares. 

 

Os exames nacionais tornaram-se  num excelente negocio para as editoras, os colégios, os ATL's , centros de explicações e  milhares de explicadores. Em nome dos rankings todo o mundo lucra... bom, todos menos os alunos e os pais. Os primeiros porque em ano de exame nacional deixam de ter vida para terem treino intensivo para o exame, em ano de exame é certo e sabido que o tempo livre passa a ser para explicações e preparação  para o mesmo... tudo isto evidentemente pago à parte, mesmo que seja dentro do colégio e no fim contribua para o ranking e correspondente boa publicidade de quem fica no topo da lista,

 

Tudo somado os rankings não passam de uma enorme mentira que avaliam não os verdadeiros conhecimentos mas a capacidade de ensinar a resolver exames e comparam realidades que dificilmente são comparáveis. A verdade é que apesar de estarem inseridos no mesmo sistema de educação, as escolas, os alunos e os pais não tem acesso às mesmas ferramentas portanto dificilmente podem ter os mesmos resultados.

 

Jorge Soares

publicado às 23:16

Exames nacionais sim ou não? Não!!!

por Jorge Soares, em 01.12.15

aprovar.jpg

 

Imagem de aqui

 

Eu sou do tempo em que havia exame final na (então) 4ª classe, lembro-me perfeitamente do dia do exame, na mesma escola mas noutra sala e com outro professor, lembro-me de o ter achado muito fácil e da boa nota.

 

Curiosamente não me lembro de o facto de haver um exame final, para muitos dos meus colegas de escola era mesmo o final dos seus estudos, ter mudado o que quer que fosse nos meus hábitos de estudo, na altura não havia aulas de apoio, ATL ou explicações.

 

Não sou contra avaliações, sou profundamente contra o exame final do primeiro ciclo e contra tudo o que dele se fez nos últimos anos.

 

A escola é efectivamente para aprender e os alunos devem habituar-se  a serem avaliados, pela vida fora, mesmo depois do percurso escolar, somos avaliados muitas vezes, o que não me parece é que porque há um exame final em lugar de ensinar se  treine as crianças para que consigam passar num exame.

 

Não me parece que tenha alguma lógica que crianças de 9 e 10 anos, mesmo tendo aproveitamento no dia a dia cheguem ao 4º ano e passem a ter horas e horas  de explicações de matemática e português só porque no fim do ano vai haver um exame.

 

O exame nacional tornou-se num excelente negocio para as editoras, alguns colégios, os ATL's , centros de explicações e  milhares de explicadores.

 

As editoras publicam livros e manuais específicos para ensinar a resolver exames. Na Páscoa e durante os fins de semana, as crianças passaram a ficar  encerradas em colégios e centros de estudo especificamente a aprender a resolver exames, que sentido é que isto faz?

 

O que é que se ganha ao tratar assim crianças de 9 e 10 anos que deveriam aproveitar os tempos livres para, em primeiro lugar, serem crianças?

 

Como disse no inicio sou a favor das avaliações, mas não me parece que no fim do primeiro ciclo faça algum sentido um exame nacional, a avaliação deve ser feita no dia a dia e com testes periódicos, mas testes que se adaptem à realidade de cada criança e ao ambiente escolar em que ela está inserida.

 

Que sentido faz avaliar da mesma forma os alunos de um colégio de Lisboa em que as crianças são levadas à  escola pelo chofer, com os de uma aldeia qualquer do interior do país?

 

Como é que se pode ter no mesmo ranking e avaliar da mesma forma, os alunos dos melhores e mais caros colégios do país com escolas inseridas em bairros sociais?

 

Durante anos e anos não houve exames no fim do primeiro ciclo, curiosamente todo o mundo fala da geração mais preparada de sempre em Portugal, o exame fez-lhe falta para quê?

 

Além de mais, como diz ali no muro da fotografia, aprovar não é aprender!

 

Jorge Soares

publicado às 22:41

Deseducação sexual

por Jorge Soares, em 14.09.15

aulas.jpg

 

Imagem do Público

 

Foi tema por cá no blog, em 2011 diziam as estatísticas que no nosso país 12 adolescentes dão à luz por dia  (mulheres entre os 11 e os 19 anos) e que Portugal é um dos países da Europa em que a taxa de gravidez em adolescentes é mais alta. Na altura eu perguntava-me porque será que estamos quase sempre no pelotão da frente das coisas más e no de trás nas coisas positivas?

 

Não há uma resposta simples mas no caso das adolescentes grávida nem é difícil perceber, no que toca a educação sexual nas escolas nunca estivemos mesmo na frente, vivemos numa época em que os jovens acordam muito cedo para a sexualidade, é necessário que estejam devidamente esclarecidos e conscientes dos perigos inerentes a uma vida sexual sem regras e sem controlo.  É claro que o papel de educar e formar começa em primeiro lugar em casa, mas é um papel de que a escola não se deve demitir.. e a julgar por estes números, algo está a falhar.

 

Isto era em 2011, entretanto hoje ficamos a saber que longe de ser uma meta a melhorar, a coisa só vai piorar segundo o público ... a  partir de agora, os alunos do 9.º ano dificilmente voltarão a ouvir falar de forma aprofundada de métodos contraceptivos e de doenças sexuais transmissíveis (DST) nas aulas de Ciências Naturais. O Ministério da Educação e Ciência (MEC) excluiu das metas curriculares para a disciplina aqueles conteúdos.

 

Eu sempre achei e até já o disse aqui no blog mais que uma vez, que devia haver uma disciplina obrigatória de educação sexual nas nossas escolas, uma disciplina onde se abordassem os temas com a clareza e a profundidade suficiente para formarmos jovens esclarecidos e preparados. Pelos visto no ministério da educação acham que 12 jovens adolescentes por dia não são suficientes... se calhar acham que é assim que se combate o envelhecimento da população e por tanto decidiram retirar das metas o pouco que se dava nas aulas.

 

Hoje alguém que nunca na vida votou PS disse-me que o iria fazer por primeira vez, um voto útil para tentar garantir que este ministro da educação não continua a desbaratar o que de bom se fez pela educação portuguesa nos últimos 20 ou 30 anos.... Eu ainda não chego tão longe.... mas ....

 

Não deixa de ser incrível como um dos piores e mais retrógrados ministros da educação desde o 25 de Abril para cá se conseguiu manter no governo durante 4 anos enquanto à sua volta a educação pública portuguesa se ia desmoronando a todos os níveis

 

Jorge Soares

publicado às 22:33

Alguém ouviu falar de educação gratuita?

por Jorge Soares, em 27.07.15

manuais escolares.jpg

 

Imagem de aqui

 

De modo a aproveitar as vantagens da compra pela net, a minha meia laranja esteve a encomendar os manuais escolares dos miúdos, uma no 11º, um no 9º e a mais nova no terceiro ano, o preço dos livros dos três ficou na módica quantia de quase 600 Euros... isto já com bónus e descontos....

 

Felizmente não é o caso por cá, mas imagino que para muitas famílias isto será o valor do subsidio de férias... pelo menos para aqueles que não tenham optado (obrigados ou não) pelos duodécimos.

 

Apesar de só terem passado dois anos desde que a mais velha passou pelo 9º ano, não há um livro dela que se aproveite para o irmão... isto faz algum sentido? Porque é que não há uma lei que garanta que os manuais são iguais para todas as escolas e tem que durar pelo menos  5 anos? Porque é que durante todo o percurso escolar dos meus filhos, apesar de só terem um ano escolar pelo meio, NUNCA foi possível aproveitar um manual que fosse?

Estamos em época de eleições, se alguém prometer colocar ordem nisto, juro que tem o meu voto.

 

É a isto que chamam educação gratuita?

 

Jorge Soares

publicado às 22:28

escola.jpg

 

Imagem retirada de Petição Pública

 

Há uns dias Jorge Ascensão, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), veio para a comunicação social defender que tal como os adultos, as crianças deveriam ter onze meses de aulas e um mês de férias... 

 

Hoje deparei-me com a existência de uma petição online (aqui) em que "Pais e cidadãos" se manifestam contra a proposta da CONFAP.

 

Demais está dizer que nem tanto ao mar nem tanto à terra, fiquei curioso e fui ler (aqui) o que na realidade disse o senhor da CONFAP, depois de ler, não sei se discordo assim tanto dele.

 

É claro que se nos ficarmos pelos títulos das noticias, todos somos contra termos as crianças na escola durante onze meses, se nos dermos ao trabalho de ler com alguma atenção, o que verificamos é que o senhor na realidade não pede mais tempo de aulas, pede sim, melhor tempo de escola, ou se quisermos, uma forma diferente de se estar na escola.... convenhamos que é difícil estar contra essa ideia.

 

Tenho três filhos em idade escolar, a maior parte do tempo o que sinto é que hoje em dia para os nossos filhos a escola está convertida numa corrida de obstáculos em que muitas vezes se luta contra o tempo e quase nunca se conseguem atingir todos os objectivos.

 

Os programas são cada vez mais extensos e exigentes e a maioria das crianças divide o seu tempo entre a escola, os ATL e os locais de apoio ao estudo, para onde são despejados mal saem das aulas, sendo que o tempo para brincar e ser criança é cada vez menos e de menos qualidade.

 

Quando eu era criança, já choveu muito e muitas coisas mudaram desde essa altura, tinha aulas de manhã, ia e vinha a pé  para e da escola, a minha mãe estava em casa e  tratava do almoço, eu fazia os trabalhos de casa e  tinha o resto do dia para mim e para os amigos. Hoje em dia os meus filhos saem de casa às oito da manhã, pouco depois de mim e voltam quando eu ou a mãe os vamos buscar depois dos empregos, já seja à escola ou ao ATL.

 

Não sei se a solução terá que passar por onze meses de escola ou não, mas numa coisa concordo com o senhor, há muitas coisas a mudar nas nossas escolas, eu diria que há uma revolução por fazer, muitas coisas a repensar, os nossos filhos tem direito a ser crianças e entre nós e a escola, estamos a negar-lhes esse direito.

 

É claro que muito disto passa por opções nossas e não da escola, mas o que podemos fazer quando ambos os pais temos que trabalhar e não há avós ou família por perto? E o que fazemos com as crianças durante estes três meses de férias quando temos que ir trabalhar e não há com quem as deixar? Felizmente eu posso pagar ATL's e tempos livres, mas o que faz quem não pode? Deixa as crianças sozinhas em casa?

 

Os  números da fotografia acima parecem esclarecedores, mas a realidade é que podem ser enganadores, menos horas de aulas não necessariamente tem que significar menos tempo na escola.

 

Se lermos as declarações de Jorge Ascensão com atenção reparamos que o que ele quer não é mais escola, é sim uma escola melhor e mais equilibrada.... há alguém que não concorde com essa ideia?

 

Jorge Soares

publicado às 23:11

Hiperactividade - o primeiro passo é aceitar!

por Jorge Soares, em 25.05.15

A Hiperatividade é uma condição física que se caracteriza

pelo sub-desenvolvimento e mau funcionamento de certas partes do cérebro.

Retirado de aqui

 

 

Não é a primeira e não será de certeza a última vez, mas nunca deixa de me fazer impressão, há uns dias num grupo do Facebook  onde se fala da hiperactividade, uma mãe vinha partilhar as suas preocupações e pedir ajuda a outros pais... só que começava a explicação com: "vocês desculpem mas eu não acredito nesta doença"

 

Estou habituado a ler e ouvir muitas vezes essa frase, principalmente vinda de: Quem não tem filhos e acha que tudo não passa de birras e falta de educação que se fossem eles os pais se resolveriam facilmente com  castigos e/ou com palmadas. Ou de professores que acham que tudo não passa de desculpas dos pais para o comportamento dos filhos que não souberam educar.

 

Há uns tempos também no facebook tive uma troca de ideias com uma mãe, no infantário, ante as atitudes e o comportamento do seu filho,  tinham-na aconselhado a levar o miúdo a uma consulta de avaliação. 

 

Evidentemente a senhora negava-se, ela concordava que o miúdo não era uma criança "normal", mas de forma alguma o levaria alguma vez à consulta... segundo ela o que a criança precisava era de amor e mão firme, ninguém a ia convencer que o miúdo tinha alguma doença e ia alguma vez precisar de tomar medicamentos.

 

Na altura dei por mim a pensar que eu também tinha passado por essa fase, também eu passei muito tempo a recusar-me a aceitar que o meu filho tinha um problema e que esse problema estava muito para além do que eu conseguiria resolver... 

 

Mais tarde ou mais cedo todos terminamos por cair em nós e perceber que o problema existe mesmo e que tem que ser tratado por médicos e especialistas, o problema é que no entretanto fazemos da nossa vida, da dos nossos filhos e da restante família, um inferno.

 

Eu demorei dois ou três anos a aceitar que não era por ficar sem prendas, por ficar de castigo durante semanas ou com palmadas e até sovas, que o meu filho ia melhorar o comportamento...

 

Não é fácil lidar com tudo isto, não é fácil lidar com os comportamentos, normalmente é muito difícil lidar com a escola, com os directores de turma, com os professores,até com os pais das outras crianças que acham sempre que os seus filhos são perfeitos. Nada disto é fácil, mas não é fácil para nós pais e não é fácil para os nossos filhos... mas a primeira regra para se conseguir viver e sobreviver é que temos que aceitar que o problema existe mesmo.

 

Depois há a questão da medicação, seja Ritalina, Concerta ou outro medicamento qualquer, há sempre mais alguém que leu um artigo ou ouviu uma teoria, para além dos milhentos efeitos secundários, aquilo causa habituação e não serve para nada.... e quem quer dar drogas aos seus filhos?

 

Ninguém, eu também não, infelizmente consigo ver a diferença entre quando ele toma ou não toma, mesmo os professores que nem acreditam em nada do que dizemos, conseguem ver a diferença quando por algum motivo nos esquecemos de lhas dar.... e na maior parte dos casos, os miúdos conseguem ver a diferença e terminam por nos pedir para lhas dar, porque sabem os efeitos no comportamento e no aproveitamento escolar, acreditem, ninguém é feliz a ser sempre o que tem mais castigos e recados e tira as piores notas da turma.

 

Negar que o problema existe, que seja uma doença e que tem que ser tratado na maior parte dos casos com recurso à medicação, só torna as coisas muito mais complicadas...

 

Voltando ao inicio, depois de ler o comentário da senhora no facebook dei por mim a ter pena dela e muita pena dos seus filhos, porque eu sei as vezes que fui, às vezes ainda sou, injusto com o meu.

 

Jorge Soares

 

publicado às 22:49


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