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Este povo nunca está contente!

por Jorge Soares, em 22.06.16

CristianoRonaldo.jpg

 

Imagem do Público

 

É engraçado como são as coisas, Cristiano Ronaldo marcou dois golos, fartou-se de correr, de jogar,  não diria que levou a equipa ao colo, mas não há dúvida que como quase sempre, marcou golos importantes e contribuiu para a passagem à próxima fase.

 

Acontece que três golos não foram suficientes para vencer, porque Portugal não joga sozinho e a Estónia não estava entre os classificados para este Euro. Do outro lado estava uma Hungria muito mais descontraída que Portugal, com raça e muita vontade de mostrar serviço.

 

A meio do jogo um dos comentadores da RTP dizia que era a lei de Murphy aplicada ao futebol, tudo o mau que podia acontecer acontecia.. Portugal atacava e como é costume rematava mais, muito mais que a Hungria, mas os magiares além da pontaria tinham a sorte do seu lado, havia sempre um ressalto que enganava o Rui Patrício e a bola lá terminava no fundo da baliza... uma, duas, três vezes...

 

E de cada vez que os húngaros marcavam lá estava o realizador francês a mostrar um Cristiano Ronaldo irritado e que cerrava os dentes... Não acontece muitas vezes uma equipa estar a perder três vezes, das três vezes fazer das tripas coração e voltar a empatar.

 

No fim do jogo não faltava gente a criticar e a pedir mais, não jogaram nada, não eram aqueles  os que deviam jogar mas outros (de preferência os do nosso clube), o treinador não percebe nada disto e para além de que colocou os errados a jogar, fez as substituições erradas, tarde e a más horas.

 

Não há volta a dar, tivemos a selecção que mais remates fez no Euro, não ganhamos nem perdemos jogo nenhum, estamos na fase seguinte e continua tudo a ser possível, mas para a grande maioria dos portugueses, está tudo mal.... incluindo o Cristiano Ronaldo, que bateu mais uns recordes, mas apesar de ter marcado dois golos decisivos, para muita gente não jogou nada!

 

Não consigo entender, queriam o quê? Campeões europeus e mundiais? Já pensaram em mudar de nacionalidade?

 

Não foi um passeio, não ficamos em primeiro lugar, mas para mim fomos superiores nos três jogos e tivesse havido um bocadinho de sorte, em vez de bestas, hoje seriam todos bestiais... talvez tirando o Ronaldo, que este povo nunca está contente!

 

Venha a Croácia...

 

Jorge Soares

publicado às 22:55

O microfone do mundo... ou dos peixinhos.

por Jorge Soares, em 22.06.16

correiodamanhã.jpg

 

Imagem do Facebook

 

Convenhamos, não é um gesto bonito, para mais quando o Cristiano Ronaldo e o resto dos jogadores estão ali em representação do país, gostemos ou não do Correio da Manhã e da sua versão televisiva, o repórter estava ali a fazer o seu trabalho e por isso merece todo o respeito.

 

Dito isto, estamos a falar de Cristiano Ronaldo e da CMTV, a CMTV é a versão televisiva de um Jornal (?) que tem como modo de sobrevivência a devassa da vida privada das figuras públicas em geral e em especial a do Cristiano Ronaldo (ver este post), é o exemplo acabado do pior jornalismo de sarjeta que se faz em Portugal.

 

Podemos gostar mais ou menos do Cristiano Ronaldo, mas quantos de nós passaríamos por tudo o que ele já passou com este jornal sem ter uma reacção pelo menos parecida com a dele? Para ser sincero gabo-lhe a paciência, no lugar dele eu não sei se junto com o microfone não teria ido também a câmara.... 

 

Logo mais há jogo com a Hungria, espero que Ronaldo marque e que ganhemos por muitos... ou que ganhemos por um e que seja outro qualquer a marcar, mas para já, o Cristiano já me fez, a mim e a muito boa gente, ganhar o dia.

 

Força Cristiano, Força Portugal.

 

Jorge Soares

publicado às 13:19

Afinal o referendo era para quê?

por Jorge Soares, em 13.07.15

tsipras.jpg

 

Imagem do El Mundo

 

A Europa e o mundo saudaram a valentia do governo grego na convocação do referendo e festejaram a vitória do "Não" como uma vitória da democracia e da luta contra a opressão de Merkl e da Alemanha ao povo grego. Passou uma semana e o resultado é que o governo de Tsipras acaba de aceitar um pacote de medidas que não só está baseado na austeridade como consegue ser mais duro que aquele que supostamente foi referendado.

 

Afinal o referendo era para quê? Qual seria mesmo a ideia de Tsipras ao convocar o referendo? É difícil de perceber qual a estratégia que tem tentado seguir o governo Grego ao gerir a crise, olhando para trás a sensação que fica é que não há mesmo uma estratégia e que Tsipras e os seus ministros tem tentado navegar ao sabor das marés sem ter um rumo ou um objectivo definido.

 

O Syriza chegou ao governo porque fez acreditar o povo Grego que teria uma estratégia diferente da que tinha sido aplicada no passado, que existiram outros caminhos para além da austeridade e que seriam esses os caminhos a aplicar... onde estão hoje essas vias alternativas?

 

As últimas noticias referem que Tsipras terá convocado eleições legislativas, isso implica que possivelmente serão outros a ter que aplicar as medidas agora negociadas por Tsipras e pelo Syriza e isso poderá explicar a pressa que tem a Europa em que as medidas sejam aprovadas (ainda esta semana) pelo parlamento grego.

 

Percebo que ante a falta de dinheiro não restassem muitas opções ao governo grego, mas sabendo isto, para que foi convocado o referendo? E o que ganhou o povo grego com o seu resultado?

 

Jorge Soares

publicado às 23:30

O que vai acontecer à Grécia? E à Europa?

por Jorge Soares, em 27.06.15

syriza.jpg

 

Imagem de aqui

 

Por estes dias o futuro da Grécia anda mais ou menos em bolandas no Ping Pong que teimam em jogar os senhores do Eurogrupo e os do governo grego liderado pelo Tsipras.

 

Num destes dias alguém me perguntava que tão importante poderia ser para Portugal e os portugueses o que por lá se decidir... fiquei a pensar e tive que admitir que tenho muita dificuldade em perceber.. os meus parcos conhecimentos de economia e finanças não chegam para tanto... 

 

A julgar pela montanha Russa em que tem andado as bolsas mundiais nos últimos dias,  sobem ou descem ao sabor do optimismo grego ou do pessimismo dos senhores da Europa, não é difícil perceber que pelo menos os juros da nossa dívida, e portanto o que temos a pagar agora e por muito tempo, são muito afectados por tudo isto.

 

Ao ouvir as noticias e os comentários de um e outro lado, o que me parece é que a corda só ainda não partiu porque nem o governo Grego nem a Europa querem ficar com o ónus da culpa de causarem a saída do primeiro país do Euro, e só isso tem mantido as negociações. 

 

O governo Grego do Tsipras e Varoufakis está amarrado às promessas eleitorais que levaram o Syriza ao poder e que os comprometem numa rotura com o passado e na luta contra a austeridade, a Europa está presa aos tratados e obrigações e evidentemente não pode entregar o dinheiro de que a Grécia tanto precisa sem que exista a garantia de que este irá ser utilizado de uma forma responsável.

 

Em Jogo estão neste momento pouco mais de sete mil milhões de Euros da última tranche do segundo resgate Grego, mas mesmo que cheguem a acordo e o dinheiro chegue à Grécia, a questão que se coloca é: O que irá acontecer a seguir?

 

Os juros da dívida Grega estão acima dos 10%, caso não se chegue a acordo, a Grécia terá que abandonar o Euro e criar uma moeda própria, mas o que fará a seguir? Onde irá arranjar financiamento para conseguir fazer ressurgir a sua economia?

 

Caso cheguem a acordo, este dinheiro fresco dará algum descanso  ao governo grego, mas o que farão a seguir? Com os juros tão altos terá de certeza que negociar um novo resgate, mas isso implicará voltar a negociar com estes mesmos senhores e novas condições e austeridade, como ficará o governo do Syriza na fotografia? Como encararão os gregos esse novo resgate?

 

Não se vislumbra uma saída fácil para a Grécia, nem para a Europa.. .e nada disto parece ser bom para o nosso futuro, há muito quem aposte que a seguir à Grécia se seguirá Portugal... apesar do bonito panorama que o nosso governo teima em pintar.

 

Jorge Soares

publicado às 10:00

Imagem do Pontos de vista

 

Não ando nos meus dias e isso nota-se até na forma como às vezes deixo passar as conversas e prefiro estar calado a entrar em discussões que no fim não me levam a lado nenhum.

 

Um destes dias à hora do almoço discutia-se o Eurogrupo e as decisões sobre a Grécia, havia alguém espantado em como Grécia não só não quer pagar a dívida, como se prepara para a seguir a não pagar, pedir mais dinheiro a quem "ficou a arder"

 

Ainda esbocei um "mas ninguém disse que eles não querem pagar...", a pessoa estava com tanta atenção à sua sabedoria que (felizmente) não me ouviu, 

 

Há muito quem pense como ele, assim como há muita gente que acha que a saída do Euro significa não pagar as dívidas, deve ser o que pensam alguns iluminados que acham que Portugal deve voltar ao escudo, eu sinceramente não percebo o que tem uma coisa a ver com a outra.

 

Saindo ou continuando no Euro as dívidas vão continuar a existir, seja para Portugal ou para a Grécia. Se a Grécia sair do Euro vai deixar de estar tão controlada, vai ter liberdade para fazer orçamentos mais liberais e não ter tantas preocupações com défices e rácios, mas por outro lado irá ter muitas mais dificuldades em ter crédito. Em lugar de ter uma moeda forte passará a ter uma que poderá desvalorizar para obter liquidez, mas como a sua dívida continuará em Euros ou em último caso em Dólares, o que vai acontecer é que esta irá aumentar de forma exponencial e além disso, como tem uma balança comercial negativa, a inflação tomará conta do país e a população verá o seu salário e as suas poupanças desaparecer ao ritmo que aumentam os preços dos bens importados.

 

Há quem veja algo de positivo nisto tudo, eu sinceramente não consigo ver onde estará esse lado positivo, e também não acho que alguma vez a Grécia abandone o Euro..a menos que seja para aderir ao rublo.... mas para isso o preço do petróleo terá que aumentar muito mesmo..

 

Quer isto dizer que a única solução é a Troika e a austeridade? Não, é claro que não, assim como acho que a Grécia não sairá do Euro, também acho que nas condições actuais, nunca conseguirá pagar a sua dívida, o mesmo se aplica a Portugal, como é que com um crescimento de 1 ou 2 % se consegue gerar riqueza para pagar juros  de 4 ou 5%? A resposta é simples, não se consegue, é impossível.

 

Mesmo com a austeridade e os impostos brutais dos últimos anos, a dívida Portuguesa não parou de aumentar,  da Grega nem se fala, como é  possível que alguma vez se amortize?

 

Não sei se será agora, se será daqui a uns anos, mas mais tarde ou mais cedo alguém vai ter que parar para pensar noutro caminho qualquer para se conseguir sair deste circulo vicioso de divida que  tem juros que geram dívida que geram juros que geram dívida. 

 

Diz a imagem acima que as revoluções começam sempre em ruas sem saída, acho que a Europa chegou a uma dessas ruas agora só falta mesmo tirar as cadeiras aos velhos do Restelo que insistem em esconder o muro.

 

Jorge Soares

publicado às 23:04

syriza.jpg

 

Imagem do El País

 

Os senhores ali da fotografia são Alexis Tsipras e Pablo Iglesias, lideres respectivamente do Syriza, que a julgar pelas sondagens deverá ser o partido vencedor nas eleições gregas que se realizam no próximo Domingo e do Podemos, partido espanhol que tem liderado algumas sondagens.

 

Ambos os partidos se posicionam na extrema esquerda e ambos baseiam as suas propostas no fim da austeridade e numa mudança das relações dos seus países com a Europa, sendo que o Syriza à medida que foi subindo nas intenções de voto foi moderando as suas propostas, a saída da Grécia do Euro foi uma das promessas que caiu.. ainda que haja quem pense que esta hipótese voltará logo que se conheçam os resultados das eleições.

 

Podemos começou por ser um partido com ligações umbilicais a Chavez e ao comunismo Bolivariano da Venezuela, terá sido da América do sul de onde veio nos últimos anos a maior parte do financiamento, tal como o Syriza, à medida que foram subindo nas intenções de voto, foram mudando a agulha e distanciando-se das ideologias e soluções económicas de Chavez e do seu herdeiro Nicolás Maduro....  neste momento já há quem desde Caracas lhes chame traidores por renegarem quem lhes deu a mão e os fez crescer.

 

Acho que não restam dúvidas sobre a vitória do Syriza no próximo Domingo, o que acontecerá a seguir e a forma como evoluir a situação na Grécia marcará de certeza o futuro da Europa e acredito que terá muitíssima influência no futuro do Podemos.

 

As eleições espanholas estão previstas para Novembro, a situação politica e social na Espanha tem pouco que ver com a da Grécia, eu tenho sérias dúvidas que Pablo Iglésias e o seu partido venham a ter nas urnas a expressão que parecem ter nas sondagens,.. a mudança do discurso a nível económico que operaram nos últimos meses. A ligação ao chavismo e a situação actual na Venezuela e até alguns podres dos lideres e do seu entorno que entretanto foram aparecendo, vão de certeza fazer os espanhóis ponderar muito bem na hora de votar. Do meu ponto de vista o futuro do Podemos estará mais perto do  do Bloco de esquerda português do que do Syriza Grego... mas a minha opinião vale o que vale.

 

Uma vitória do Syriza e uma transição pacifica na Grécia seriam de certeza muito bem aproveitadas pelo Podemos, resta saber se essa transição pacífica é possível, se Alexis Tsipras se vai limitar ao que foi prometendo na campanha eleitoral ou se haverá realmente uma agenda secreta que inclui a saída do Euro..... 

 

A vitória destes dois partidos nos seus países traria de certeza uma enorme mudança no panorama político europeu, mas estarão os europeus preparados para mudar assim tanto?

 

Jorge Soares

 

 

 

publicado às 23:10

Recados gregos ... a democracia à estalada

por Jorge Soares, em 07.06.12

 

Grécia, a democracia à estalada

Imagem do Público 

 

Em casa em que não há pão .... é assim que começa um ditado popular português, não sei se na Grécia haverá algum equivalente, mas está à vista que devia haver.

 

 

 

A situação na Grécia vai de mal a pior, apesar das viagens do presidente do Syriza, partido que segundo as sondagens vencerá próximas eleições, à Alemanha e das suas promessas de que o país não abandonará o Euro, duvido que neste momento ainda exista na Europa alguém que acredite que exista salvação para os Helenos. Resta saber o que será o dia a seguir, para eles e para o resto da Europa.

 

O vídeo acima é de um debate na televisão pública grega e o senhor que desata a repartir impropérios e porrada a torto e a direito é o representante do partido Aurora dourada, com ideología próxima da direita Nazi e que nas últimas eleições teve 7% dos votos..... acho que não merece muita explicação. Resta dizer que após este belo comportamento o ministério público lá do sitio ordenou a detenção imediata do senhor..... a julgar pela amostra, esperam-se tempos muito conturbados na Grécia.

 

Jorge Soares

publicado às 21:54

A selecção e a crise

 

Imagem do Mini Saia Rosa Choque 

 

A imagem ali da fotografia anda há uns dias a circular no Facebook, a maioria da malta aplaude e acha muito bem, parece que há muita gente que se revê no que diz ali... confesso, eu não consigo perceber o sentido da coisa.

 

Vamos por partes, em primeiro lugar não é preciso ser-se expert para se perceber que a frase é fruto do fotoshop ou de outro qualquer programa de edição de imagem, basta olhar para o g de desempregado.. mas isso é o de menos. Mesmo que fosse real, que sentido tem o insulto à selecção, que se pensarmos bem é um insulto ao país, com o facto de alguém estar ou não desempregado? 

 

Ok, o problema é a atenção que se dá a quem vive de dar chutos na bola?, deveríam dar mais atenção à crise e ao desemprego?.. mais ainda?, mas não andávamos todos fartos das noticias da crise e do desemprego? a maioria até já desistiu de ver o telejornal para não ouvir falar disso!

 

O  Europeu, o futebol, o Cristiano Ronaldo, o Paulo Bento e a selecção estariam lá na mesma existisse a crise ou não existisse... e não é por haver crise que as pessoas se devotam ao futebol... e não, eu não acho que o futebol e a selecção sejam só para distrair a malta... isso não é verdade


Meia blogosfera, anda há pelo menos um ano a bater no ceguinho, e a queixar-se da situação e da passividade de um povo que elegeu estes caramelos que nos (des)governam, não é a selecção que desvia o povo dos temas sérios, não é preciso selecção nenhuma, nem futebol, aliás, acho que não é preciso nada. O problema deste povo não é o futebol, nem é Fátima, nem é o Quim Barreiros, o problema é que o 25 de Abril chegou ao país, mas não chegou ao povo, o verdadeiro problema é a falta de cultura cívica e politica.

Ao contrário da maioria, eu acho que o futebol é importante, não porque sirva para distrair, mas porque é uma enorme industria, dá emprego a muitíssima gente, metade dos jornais deste país existem porque existe o futebol, tal como metade da industria da publicidade, e muita industria da informação... o futebol pode ter muitos defeitos, mas não é por aí.. 

O futebol além de gerar emprego, gera economia, muita economia... é claro que também gera coisas negativas, e torna as pessoas cegas, mas o país seria melhor sem ele?... seria mais rico?, teria mais cultura? mais desporto?.. não, teria menos!

 

Sem clubes de futebol não existia basquetebol, andebol, ginástica, ... em Setúbal só há praticamente um sitio onde os jovens podem praticar desporto, qualquer desporto, esse sitio é o Vitória. É onde a minha mais velha pratica ballet e Karaté, e onde o do meio pratica karaté e praticou trampolim e judo...  e onde de certeza absoluta a mais nova terminará por praticar dança ... no dia em que acabe o futebol, acaba o desporto nesta cidade...

 

O problema é o que os senhores ganham por dar uns chutos na bola?... a malta acha que eles deviam ganhar o salário mínimo? e acham que pelo salário mínimo alguém arrisca o seu futuro aos 10 anos de idade para apostar num Euromilhões de uma carreira que dura no máximo 15 anos e em que 99% dos que apostaram por ela termina os seus dias na miséria?.. sim, porque o futebol não é só os clubes grandes.

 

Já agora se ser futebolista é assim tão bom, tão compensador, proque é que a maioria de nós não quer nem sonhar que os nossos filhos escolham essa profissão para o seu futuro?, por algo deve ser não?

 

Não sei se me expliquei, mas sinceramente, não percebo o que há de errado com a  atenção que se dá ao futebol e à selecção, eu também não gosto de telenovelas, mas a maioria gosta e vê, como eu não gosto, não vejo.

 

Jorge Soares

 

PS: Uma opinião diferente sobre o mesmo assunto, a da Golimix aqui

publicado às 22:10

O que é o BCE

Imagem de aqui

 

Para quem tenha interesse em compreender como funciona o Banco Central Europeu...


Esta explicação ajudará a acabar de vez com as dúvidas sobre o que é o BCE e seus congéneres.

Que é o BCE?

- O BCE é o banco central dos Estados da UE que pertencem à zona euro, como é o caso de Portugal.

 

E donde veio o dinheiro do BCE?

- O dinheiro do BCE, ou seja o capital social, é dinheiro de nós todos, cidadãos da UE, na proporção da riqueza de cada país. Assim, à Alemanha correspondeu 20% do total. Os 17 países da UE que aderiram ao euro entraram no conjunto com 70% do capital social e os restantes 10 dos 27 Estados da UE contribuíram com 30%.

 

E é muito, esse dinheiro?

- O capital social era 5,8 mil milhões de euros, mas no fim do ano passado foi decidido fazer o 1º aumento de capital desde que há cerca de 12 anos o BCE foi criado, em três fases. No fim de 2010, no fim de 2011 e no fim de 2012 até elevar a 10,6 mil milhões o capital do banco.

 

Então, se o BCE é o banco destes Estados pode emprestar dinheiro a Portugal, ou não? Como qualquer banco pode emprestar dinheiro a um ou outro dos seus acionistas.

- Não, não pode.

 

Porquê?!

- Porquê? Porque... porque, bem... são as regras.

 

Então, a quem pode o BCE emprestar dinheiro?

- A outros bancos, a bancos alemães, bancos franceses ou portugueses.

 

Ah percebo, então Portugal, ou a Alemanha, quando precisa de dinheiro emprestado não vai ao BCE, vai aos outros bancos que por sua vez vão ao BCE.

- Pois.

 

Mas para quê complicar? Não era melhor Portugal ou a Grécia ou a Alemanha irem diretamente ao BCE?

- Bom... sim... quer dizer... em certo sentido... mas assim os banqueiros não ganhavam nada nesse negócio!

 

Agora não percebi!!..

- Sim, os bancos precisam de ganhar alguma coisinha. O BCE de Maio a Dezembro de 2010 emprestou cerca de 72 mil milhões de euros a países do euro, a chamada dívida soberana, através de um conjunto de bancos, a 1%, e esse conjunto de bancos emprestaram ao Estado português e a outros Estados a 6 ou 7%.

 

Mas isso assim é um "negócio da China"! Só para irem a Bruxelas buscar o dinheiro!

- Não têm sequer de se deslocar a Bruxelas. A sede do BCE é na Alemanha, em Frankfurt. Neste exemplo, ganharam com o empréstimo a Portugal uns 3 ou 4 mil milhões de euros.

Isso é um verdadeiro roubo... com esse dinheiro escusava-se até de cortar nas pensões, no subsídio de desemprego ou de nos tirarem parte do 13º mês.

As pessoas têm de perceber que os bancos têm de ganhar bem, senão como é que podiam pagar os dividendos aos acionistas e aqueles ordenados aos administradores que são gente muito especializada.

 

Mas quem é que manda no BCE e permite um escândalo destes?

- Mandam os governos dos países da zona euro. A Alemanha em primeiro lugar que é o país mais rico, a França, Portugal e os outros países.

 

Então, os Governos dão o nosso dinheiro ao BCE para eles emprestarem aos bancos a 1%, para depois estes emprestarem a 5 e a 7% aos Governos que são donos do BCE?

- Bom, não é bem assim. Como a Alemanha é rica e pode pagar bem as dívidas, os bancos levam só uns 3%. A nós ou à Grécia ou à Irlanda que estamos de corda na garganta e a quem é mais arriscado emprestar, é que levam juros a 6%, a 7 ou mais.

 

Então nós somos os donos do dinheiro e não podemos pedir ao nosso próprio banco!...

- Nós, qual nós?! O país, Portugal ou a Alemanha, não é só composto por gente vulgar como nós. Não se queira comparar um borra-botas qualquer que ganha 400 ou 600 euros por mês ou um calaceiro que anda para aí desempregado, com um grande acionista que recebe 5 ou 10 milhões de dividendos por ano, ou com um administrador duma grande empresa ou de um banco que ganha, com os prémios a que tem direito, uns 50, 100, ou 200 mil euros por mês. Não se pode comparar.

 

Mas, e os nossos Governos aceitam uma coisa dessas?

- Os nossos Governos... Por um lado, são, na maior parte, amigos dos banqueiros ou estão à espera dos seus favores, de um empregozito razoável quando lhes faltarem os votos.

 

Mas então eles não estão lá eleitos por nós?

- Em certo sentido, sim, é claro, mas depois... quem tem a massa é quem manda. É o que se vê nesta atual crise mundial, a maior de há um século para cá.

Essa coisa a que chamam sistema financeiro transformou o mundo da finança num casino mundial, como os casinos nunca tinham visto nem suspeitavam, e levou os EUA e a Europa à beira da ruína. É claro, essas pessoas importantes levaram o dinheiro para casa e deixaram a

gente como nós, que tinha metido o dinheiro nos bancos e nos fundos, a ver navios. Os governos, então, nos EUA e na Europa, para evitar a ruína dos bancos tiveram de repor o dinheiro.

 

E onde o foram buscar?

- Onde havia de ser!? Aos impostos, aos ordenados, às pensões. De onde havia de vir o dinheiro do Estado?...

 

Mas meteram os responsáveis na cadeia?

- Na cadeia? Que disparate! Então, se eles é que fizeram a coisa, engenharias financeiras sofisticadíssimas, só eles é que sabem aplicar o remédio, só eles é que podem arrumar a casa. É claro que alguns mais comprometidos, como Raymond McDaniel, que era o presidente da Moody's, uma dessas agências de rating que classificaram a credibilidade de Portugal para pagar a dívida como lixo e atiraram com o país ao tapete, foram... passados à reforma. Como McDaniel é uma pessoa importante, levou uma indemnização de 10 milhões de dólares a que

tinha direito.

 

E então como é? Comemos e calamos?

- Isso já não é comigo, eu só estou a explicar...

 

Por Fernando Sequeira 

publicado às 21:15


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