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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem de aqui
Não sei se será a altura certa para falar disto, está tudo muito fresco, mas quando ouvimos deputados a dizer que o assunto será debatido o mais rapidamente possível, percebemos que se calhar a altura certa é mesmo agora.
Mal Eusébio morreu começamos a ouvir falar de que deveria ser sepultado no panteão nacional, talvez porque durante muitos anos para mim o Panteão nacional era o sitio onde estão os heróis da pátria, é assim na Venezuela e na maioria dos países, a mim fez-me muita confusão que por exemplo Amália Rodrigues lá esteja. A senhora é uma figura incontornável do Fado e da música portuguesa, mas dificilmente entraria na galeria dos heróis nacionais.
Aceito que a minha visão do assunto não seja correcta e muito menos consensual, mas gostava que alguém me explicasse porque é que lá está Amália e não estão Fernando Pessoa e José Saramago? Se é pela relevância para a cultura e a difusão do nome de Portugal, haverá figura mais relevante para a nossa cultura durante o século XX que Fernando Pessoa e os seus heterónimos? E será que um Prémio Nobel da literatura não levou tão longe o nome de Portugal como Amália?
Concordo que Eusébio foi um nome incontornável no futebol do século XX, teve a sua época, teve um enorme contributo para as conquistas do Benfica e para a extraordinária presença da selecção nacional no mundial de 66, mas será que Figo fez menos que ele? Afinal com Figo Portugal foi segundo num Europeu, foi terceiro noutro e também foi terceiro num mundial.
Então e Rosa Mota? E Carlos Lopes? Os seus feitos não levaram o nome de Portugal tão longe como Eusébio? Ganhar medalhas de ouro nos jogos olímpicos vale menos que ganhar jogos de futebol?
Tenho o maior respeito por Eusébio e pelos seus feitos, admiro a sua simplicidade e humildade, não digo que ele não mereça estar no Panteão, mas como ele há outros portugueses no desporto e em outras áreas da cultura e do país que pelos mesmos critérios também merecem e se usarmos estes critérios é melhor começarmos a abrir espaço no Panteão, se formos justos com todos os que tem a relevância e a importância para o país que tiveram Eusébio e Amália, vai ser preciso muito espaço.
Se calhar não era má ideia deixar passar um tempo, talvez um ou dois anos e voltarmos a este assunto com mais calma e ponderação, menos a quente.
Jorge Soares
Imagem do Público
Lembro-me de ter Eusébio numa colecção de cromos, terá sido no último ano em que ele jogou no Beira-Mar, não sou o suficientemente jovem para o ter visto jogar, não sei se terá ou não sido o melhor jogador português de todos os tempos, nem penso que este tipo de comparações faça o menor sentido, foi de certeza o melhor do tempo dele e os seus feitos foram o suficientemente significativos para tornar o seu nome numa lenda.
Eusébio morreu hoje, quer dizer, morreu o homem Eusébio da Silva Ferreira, o futebolista Eusébio não irá morrer nunca, porque a sua áurea e os seus feitos ao serviço do Benfica ou da selecção nacional ficarão para sempre, os deuses, as lendas, não morrem nunca.
Jorge Soares