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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
A noticia do fim de semana foi a saída dos rankings das escolas, ranking que como é costume e normal, é dominado pelos mais finos e mais caros colégios de Lisboa e Porto, sendo que é necessário descer até ao lugar 23 para encontrar a primeira escola pública.
Tenho 3 filhos, já todos andaram na escola pública e na privada, apesar de algumas coisas que já aqui fui contando, ver a tag educação, tenho a melhor das impressões da escola pública e uma não tão boa opinião de alguns colégios que fui conhecendo.
Dito isto, em primeiro lugar não percebo para que servem os rankings, não sei qual o seu objectivo nem qual a finalidade para que foram criados.
Não percebo como pode existir um ranking que junta na mesma lista colégios privados das zonas finas das grandes cidades em que os alunos chegam de chofer, com escolas publicas que ficam em concelhos rurais onde por vezes os alunos para estarem a horas nas aulas saem de casa antes do sol nascer e chegam depois do sol posto
Como é que se pode ter no mesmo ranking e avaliar da mesma forma, os alunos dos melhores e mais caros colégios do país com escolas inseridas em bairros sociais?
Não é segredo nenhum que para chegar ao topo dos rankings os colégios escolhem a dedo os seus alunos, há colégios onde se fazem exames de admissão e outros onde quem não tem o aproveitamento e a atitude "certas" é de uma forma ou outra "convidado" a mudar de ares.
Os exames nacionais tornaram-se num excelente negocio para as editoras, os colégios, os ATL's , centros de explicações e milhares de explicadores. Em nome dos rankings todo o mundo lucra... bom, todos menos os alunos e os pais. Os primeiros porque em ano de exame nacional deixam de ter vida para terem treino intensivo para o exame, em ano de exame é certo e sabido que o tempo livre passa a ser para explicações e preparação para o mesmo... tudo isto evidentemente pago à parte, mesmo que seja dentro do colégio e no fim contribua para o ranking e correspondente boa publicidade de quem fica no topo da lista,
Tudo somado os rankings não passam de uma enorme mentira que avaliam não os verdadeiros conhecimentos mas a capacidade de ensinar a resolver exames e comparam realidades que dificilmente são comparáveis. A verdade é que apesar de estarem inseridos no mesmo sistema de educação, as escolas, os alunos e os pais não tem acesso às mesmas ferramentas portanto dificilmente podem ter os mesmos resultados.
Jorge Soares
Imagem de aqui
Eu sou do tempo em que havia exame final na (então) 4ª classe, lembro-me perfeitamente do dia do exame, na mesma escola mas noutra sala e com outro professor, lembro-me de o ter achado muito fácil e da boa nota.
Curiosamente não me lembro de o facto de haver um exame final, para muitos dos meus colegas de escola era mesmo o final dos seus estudos, ter mudado o que quer que fosse nos meus hábitos de estudo, na altura não havia aulas de apoio, ATL ou explicações.
Não sou contra avaliações, sou profundamente contra o exame final do primeiro ciclo e contra tudo o que dele se fez nos últimos anos.
A escola é efectivamente para aprender e os alunos devem habituar-se a serem avaliados, pela vida fora, mesmo depois do percurso escolar, somos avaliados muitas vezes, o que não me parece é que porque há um exame final em lugar de ensinar se treine as crianças para que consigam passar num exame.
Não me parece que tenha alguma lógica que crianças de 9 e 10 anos, mesmo tendo aproveitamento no dia a dia cheguem ao 4º ano e passem a ter horas e horas de explicações de matemática e português só porque no fim do ano vai haver um exame.
O exame nacional tornou-se num excelente negocio para as editoras, alguns colégios, os ATL's , centros de explicações e milhares de explicadores.
As editoras publicam livros e manuais específicos para ensinar a resolver exames. Na Páscoa e durante os fins de semana, as crianças passaram a ficar encerradas em colégios e centros de estudo especificamente a aprender a resolver exames, que sentido é que isto faz?
O que é que se ganha ao tratar assim crianças de 9 e 10 anos que deveriam aproveitar os tempos livres para, em primeiro lugar, serem crianças?
Como disse no inicio sou a favor das avaliações, mas não me parece que no fim do primeiro ciclo faça algum sentido um exame nacional, a avaliação deve ser feita no dia a dia e com testes periódicos, mas testes que se adaptem à realidade de cada criança e ao ambiente escolar em que ela está inserida.
Que sentido faz avaliar da mesma forma os alunos de um colégio de Lisboa em que as crianças são levadas à escola pelo chofer, com os de uma aldeia qualquer do interior do país?
Como é que se pode ter no mesmo ranking e avaliar da mesma forma, os alunos dos melhores e mais caros colégios do país com escolas inseridas em bairros sociais?
Durante anos e anos não houve exames no fim do primeiro ciclo, curiosamente todo o mundo fala da geração mais preparada de sempre em Portugal, o exame fez-lhe falta para quê?
Além de mais, como diz ali no muro da fotografia, aprovar não é aprender!
Jorge Soares
Gamado do Café onde alguém o havia gamado do Tresgues
Não tem nada de novo, é o mesmo ano após ano desde que começou a haver provas, esta ano os resultados dos exames foram os piores, para o ano será pior, podem ter a certeza. Se alguém acha que é um novo governo e um novo ministro que vai fazer o milagre, desengane-se, não vai mudar nada.
O ano passado cá em casa tivemos que travar uma guerra com os professores, com a escola, com o agrupamento, com meio mundo, porque nós pais decidimos que o nosso filho ia repetir o quarto ano, a nós só nos interessa que ele aprenda, que saiba o mínimo para poder seguir em frente. Infelizmente parece que a mais ninguém lhe interessa se as crianças sabem ou não.
Não sou dos que acham que temos que voltar aos métodos e à escola de antigamente, não me parece que a minha escola ou os meus professores fossem melhores que os actuais, bem pelo contrário. As escolas e as crianças portuguesas nunca tiveram tão boas condições, nem em casa nem na escola, nem professores tão bem preparados e com tanto apoio como tem hoje em dia.
Onde está o problema?, o problema está no paradigma, quando eu andava na escola o objectivo era que as crianças aprendessem, que saíssem de lá a saber o mínimo para enfrentar a vida. Neste momento o objectivo da escola em Portugal é contribuir para os números. As crianças devem estar na escola o maior tempo e até mais tarde possível, se pelo meio aprenderem alguma coisa, melhor, mas se não aprenderem, pelo menos contribuem para que o país esteja na média.... bom, na média de quase tudo, porque na média das notas de exame de certeza que não estamos.
A solução é muito simples, aproveitar as excelentes condições da grande maioria das escolas, o conhecimento e preparação dos professores e utilizá-los para aquilo que foram pensados, ensinar os nossos filhos... se pelo meio voltarmos a descer nas médias, paciência... antes um país abaixo da média que um país de analfabetos funcionais.
Jorge Soares
Imagem do Público
Há pouco mais de um mês foi algo que gerou uma enorme polémica, na altura falei do assunto, o titulo do meu post era: Alunos vão poder passar do 8º para o 10º ano .. ou, como se cria uma polémica parva. Não faltou quem acusasse a ministra da educação de fomentar o facilitismo, de promover a passagem dos alunos em prol da estatística, etc, etc, etc.
Na altura achei que se estava a criar uma polémica só por criar, a maioria apressou-se a tirar algumas frases do contexto ou simplesmente só leu o que lhe interessou e utilizou isso como arma de arremesso. Também previ que naquelas condições em que: ... é preciso que se autoproponham às provas nacionais de Português e de Matemática do final do 3.o ciclo, em Julho, e façam ainda os exames a nível de escola em todas as disciplinas do 9º ano.Em caso de aproveitamento, transitam directamente para o 10º ano,... ... ninguém iria aproveitar esta medida.
As noticias de ontem vieram dar-me razão, segundo o público:
É pena que se criem polémicas com noticias destas, é pena que o ministério da educação perca tempo a pensar em coisas destas, é pena porque há tantas coisas na nossa educação que merecem ser discutidas, tantas coisas que merecem ser pensadas, tantos problemas por resolver. No mesmo Público de Sábado podemos ler o seguinte: Quase metade dos alunos do 9º ano com negativa a matemática.
Aí está algo que deveria juntar pais, professores, escolas e ministério da educação, juntos deveriam tentar perceber o que está mal com o ensino da matemática no nosso país, o facto de que metade dos alunos chumbe deveria ser motivo de preocupação, deveria colocar todos a pensar, a tentar perceber o que está mal com o ensino desta disciplina e a tentar resolver.. isso sim seria algo produtivo.
Jorge Soares