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A vida é tão simples que ninguém a entende

por Jorge Soares, em 05.08.15

Simples

 

Imagem minha do Momentos e Olhares

  

- Mas você, Zeca: é que nem faz ideia da vida.
- A vida, Dona Luarmina? A vida é tão simples que ninguém a entende. É como dizia meu avô Celestiano sobre pensarmos Deus ou não-Deus...
 
Além disso, pensar traz muita pedra e pouco caminho. Por isso eu, um reformado do mar o que me resta fazer? Dispensado de pescar, me dispenso de pensar. Aprendi nos muitos anos de pescaria: o tempo anda por onda. A gente tem é que ficar levezinho e sempre apanha boleia numa dessas ondeações.
 
Mia Couto, in Mar me quer, Caminho, 2013
 
 
Fotografia tirada algures nos caminhos da minha infância
Alviães, Oliveira de Azemeis
Junho de 2014
Jorge Soares

publicado às 22:37

Conto - As minhas férias

por Jorge Soares, em 13.09.14

As minhas férias

As minhas férias foram em casa dos meus avós. Todos os anos as minhas férias são lá. A casa dos meus avós é grande mas parece um bocadinho pequena. Tem umas escadas e uma cave e muito mais quartos que a nossa casa, mas tudo parece um bocadinho mais baixo e apertado. Uma vez caí das escadas e não me magoei nem nada. Mas isso foi quando eu só tinha cinco anos. Nessa altura eu não sabia escrever nem nada porque ainda estava na infantil e agora até subo dois degraus de cada vez e as pessoas dizem que eu sou muito mexido. O meu avô até me disse que eu era um super-herói. Disse assim: ah, és tu, Filipe! Achei que era um super-herói que nos tinha entrado em casa. O meu avô gosta muito de super-heróis ou pelo menos é o que eu acho porque ele está sempre a falar-me deles. À mesa, quando os outros crescidos começam a ter conversas diferentes assim mais sérias e isso, o meu avô fica calado que nem um rato, que é como diz a minha avó, e depois só diz uma coisa ou outra quando lhe apetece ou quando se lembra de uma história divertida e então dá gargalhadas muito altas, mas não altas como quando às vezes ralham alto connosco e sim altas de fazer uma espécie de cócegas na nossa boca e termos de rir também e também alto como ele. As pessoas crescidas normalmente são diferentes. As pessoas crescidas normalmente não se riem ou riem-se de coisas que não têm graça nenhuma, pelo menos eu não acho, e às vezes param mesmo de rir a meio do riso como se uma gargalhada fosse uma coisa feia ou um palavrão muito mau. As pessoas crescidas não são nada como o meu avô. O meu avô é assim mais redondo e às vezes até parece que vai tropeçar e tudo. Mesmo quando está calado ou a dormir na poltrona castanha o meu avô não é nada sério e, como eu costumo dizer, isso é muito positivo. As pessoas crescidas normalmente não são nada positivas. As pessoas crescidas normalmente são muito levantadas e direitas e fazem lembrar árvores daquelas que estão sempre num conjunto de árvores e são muito iguais às outras todas, como os eucaliptos por exemplo. Um dia o meu pai foi comigo à mata que é como nós chamamos a uma floresta que há lá ao pé da casa dos meus avós, para aí a uns 2 km ou 3 km, e mostrou-me o que eram eucaliptos. Disse assim: estás a ver, Filipe? Isto aqui são eucaliptos. Eucaliptos. Mas nessa altura eu era muito pequenino e tinha mais ou menos quatro anos e por isso ainda não sabia dizer eucaliptos. Dizia de uma maneira diferente e engraçada mas agora já não me lembro. já passou muito tempo porque isto foi quando eu ainda era um bebé. Aos seis anos é a idade em que se fica mais crescido e eu já estou quase a fazer sete por isso vou rebentar a escala e claro já não sou um bebé.


Quando começam as férias vamos de carro para casa dos meus avós. E quando as férias acabam vimos para nossa casa também de carro, é só fazer o caminho todo ao contrário, mas por acaso às vezes parece mesmo que é outra estrada e que não foi por ali que viemos e nessas alturas eu penso para onde é que estamos a ir? Os meus avós são os pais da minha mãe. Os pais do meu pai morreram antes de eu nascer ou então quando eu era tão pequeno que não me lembro das caras deles. Um tio meu também morreu há pouco tempo e eu lembro-me muito bem da cara dele. A minha mãe disse-me que ele tinha subido para o céu porque era uma pessoa boa e então eu perguntei à minha mãe o que é que acontecia às pessoas que não eram tão boas e a minha mãe disse-me que também iam para o céu e depois eu ganhei coragem e perguntei-lhe e o que é que acontece às más? E a minha mãe disse que todas iam para o céu e eu aprendi isso. Deve ser bom estar no céu e passar por cima dos automóveis, principalmente quando está muito trânsito e as pessoas já estão chateadas de estar ali. A minha avó diz: não se diz chateadas, diz-se aborrecidas. Está bem, Filipe? Está bem, avó. A minha avó quer sempre que eu coma mais e às vezes ri-se de coisas que eu digo sem ser para rir e eu fico contente e depois volto a dizer essas coisas mas normalmente à segunda vez a minha avó já se ri com menos vontade. A minha avó diz que eu sou muito engraçado. Outras vezes diz que eu sou esperto mas não caço ratos. A minha avó não gosta nada de ratos mas está sempre a falar neles.

 

Jacinto lucas Pires

Retirado de aqui

publicado às 21:48

Fechado para descanso do pessoal

por Jorge Soares, em 05.08.14

Fechado para férias

 

Imagem gamada algures da internet

 

 

Pois é, também me calha, eu e o blog voltamos no inicio de Setembro... ou antes, se me apetecer.

 

Cá por casa férias são longe de computadores, telemóveis, televisão, são mesmo férias, caminhadas, passeios pela natureza, muita leitura  e descanso.

 

Por agora vou ali preparar as coisas, ver se cabe tudo no carro e se não me esqueço de nada, depois é partir, por aí, rumo a lugares verdes, frescos e com a água do mar com temperatura de jeito....

 

Volto em Setembro, com certeza com novidades sobre parques de campismo de jeito, sobre lugares bonitos para se passear e bons livros para se ler.

 

Fiquem bem.

 

 

Jorge Soares

publicado às 22:18

Crónicas das férias - A Dune du Pyla

por Jorge Soares, em 25.09.13

Dune du Pilá

Imagem minha do Momentos e Olhares 

 

Para quem não sabe, no Arcachon, a sul de Bordéus, fica a Dune du Pilat ou Du Pyla, com um comprimento de 3,5 Kms e mais de 100 metros de altura, é a duna mais alta da Europa e ocupa um enorme espaço entre o mar e o pinhal.

 

É evidentemente uma enorme atracção turística e na sua sombra há 3 ou 4 parques de campismo, já lá tínhamos estado, da outra vez ficamos no parque mais a sul, já quase na ponta da duna. Ficava numa posição elevada e para chegar à bonita praia de águas cálidas e transparentes, só havia que descer umas poucas dezenas de metros de areia.

 

Confiança a mais e falta dos trabalhos de casa, fizeram com que esta vez tenhamos batido com o nariz na porta, estava cheio, ficamos num dos outros... 

 

Montamos a tenda a poucos metros da imensa mole de areia. A ideia era desfrutarmos 5 dias de praia, ali, bem junto ao mar. 

 

Foi um daqueles dias em que tudo correu mal, uma viagem que tinha sido planeada para pouco mais de três horas demorou quase 6, demoramos uma duas horas a passar Bordéus tal era a quantidade de gente que se dirigia a sul. Depois uma das varetas da tenda decidiu dar definitivamente de si e não houve forma de a reparar, quando finalmente encontramos uma solução para remediar e já estava tudo montado, descobrimos que estávamos a ocupar o sitio errado e tínhamos que mudar para o do lado.... 

 

Ao fim da tarde já estávamos todos pelos cabelos e só queríamos ir mergulhar nas ondas... pegamos nas toalhas e fomos enfrentar a duna.

 

Vista de longe aquilo parece só mais um monte de areia... quando chegamos mesmo ao pé dela o que vemos é uma parede de areia quase na vertical com mais de 100 metros de altura... uma coisa de meter respeito e de nos deixar a pensar se realmente queremos mesmo ir à água que de um momento para o outro parece que ficou a muitos kms de distância.

 

Começamos a subir, passados uns 10 metros estamos cansados... mais um pouco e começamos a ver os copas dos enormes pinheiros desde cima... já começam a doer as pernas... se andar na areia é cansativo, imaginem o que será subir uma parede de areia. O pior é que olhamos para cima e não estamos nem perto do meio.

 

Quando eu cheguei a meio comecei a duvidar seriamente se ia conseguir chegar lá acima vivo, tais eram as dores nas pernas e a falta de ar... e olhava para cima e só via areia e o cimo cada vez mais longe.

 

Depois de muito sofrer chegamos lá acima... depois de uns bons 10 minutos para voltar a respirar dá para perceber que a vista é mesmo fantástica, com um pinhal a perder de vista de um lado e o mar do outro.

 

Olhando para o mar parecia que deste lado era menos inclinado e nós tínhamos subido aquilo tudo não para ver a vista mas para ir à praia... Havia muita gente em cima da duna... mas quase ninguém na praia... já havíamos de perceber porquê.

 

Fomos descendo... e descendo... e descendo, quando chegamos lá abaixo verificamos que nem a praia era tão paradisíaca, nem o mar tão azul e convidativo, nem a agua tão quente como a recordávamos.. Olhando para cima percebemos porque é que quase ninguém descia, vista desde aqui a mole de areia não só era tão alta como do outro lado, como dava a sensação de que a cima ficava longe, muito longe... depois percebemos que não era sensação... aquilo era mesmo longe.

 

Estivemos uma meia hora na praia.... ainda pensei se não haveria forma de dar a volta.. mas para onde olhasse só se via a enorme montanha de areia junto ao mar... lá muito ao longe havia gente a lançar-se de parapente desde o cimo da duna... a  vista era gira.

 

O que tinha demorado uns 5 ou 10  minutos a descer, demorou à vontade uns 45 minutos a subir... sem exagero... era muito menos inclinado que desde o outro lado, mas a distância era enorme e a cada passo que dava parecia que as pernas ficavam mais pesadas e mais doridas.

 

Quando finalmente chegamos cá acima era quase a hora do pôr do sol... havia imensa gente no topo da duna e bastante mais a subir... não sei se era do meu estado perto do esgotamento físico.. mas dei por mim a pensar que conhecia dezenas de lugares com por do sol muito mais bonito e onde não é necessário arriscar um ataque cardíaco para os podermos ver.

 

Não foi preciso muita conversa para se perceber que por ali não voltávamos a ir à praia... e para ter que pegar no carro para chegar ao mar.. havia praias muito melhores em Portugal... na manhã seguinte desmontamos a tenda e partimos rumo a sul... até porque o parque de campismo deixava bastante a desejar, mas disso já falarei noutro post.

 

Jorge Soares

publicado às 22:14

Crónicas das férias - Os comboios franceses

por Jorge Soares, em 17.09.13

Crecy La Chapelle

Imagem de aqui 

 

Uma das condições para se escolher o Parque de campismo na Eurodisney é que seja próximo de uma estação de comboios, no programa estavam pelo menos dois dias em Paris e não me passava pela cabeça levar o carro. Tínhamos escolhido um que tem uma estação de comboio à porta, infelizmente estava cheio, ficamos noutro que estava a uns cinco minutos da estação que se vê na fotografia.

 

E fomos a Paris logo no dia a seguir à chegada. Na recepção do camping não tinham os horários, mas garantíram que havia comboios frequentes... Chegados à estação, que estava completamente encerrada, verificamos que a frequência era uma vez por hora... e tinha sido há 15 minutos... além disso não era directo, havia que mudar de comboio em Esbly.

 

A única forma de comprar bilhetes era naquela máquina azul que se vê na fotografia... lá atacamos a máquina, feitas as contas, o mais barato era comprar um pack de 10 bilhetes, quase 70 Euros... ora nós éramos 5.. era mesmo ida e volta.

 

Escolhemos a opção, meto o cartão multibanco , a máquina diz o preço, meto o código  e começam a sair os bilhetes.. 1, 2, 3, 4, 5, 6..... um recibo que é um bilhete impresso como recibo..e mais nada.

 

Pânico, então mas pagamos um balúrdio pelos 10 bilhetes e agora só saem 6? Demos 20 voltas à máquina, mas nada, nem piou... e para além de nós não havia vivalma na estação.

 

Chegou o comboio, falamos com o condutor, quando mudamos de comboio falamos com o responsável da estação, ninguém conseguia fazer nada,... finalmente em Paris na Gare del Este,  alguém nos explicou que era normal isso acontecer, quando acabava o rolo a máquina não dava mais bilhetes nem dizia nada... mas também só cobrava os bilhetes impressos.... 

 

Lá fomos passear para Paris, andamos de metro e a pé. À volta compramos os bilhetes que faltavam e apanhamos o comboio de volta para Esbly, que chegava 5 minutos antes da partida do outro que nos levaria de volta ao camping.

 

Quando faltava uma estação para o nosso destino, dizem qualquer coisa em francês e todo o mundo sai do comboio... 

 

- Mas o que é que se passa?

- Acho que temos que sair...

- Sair como?, a nossa estação não é esta

- Pois, mas acho que temos que sair.

 

E saímos, num apeadeiro qualquer e ficamos a ver como o comboio vazio se afastava na direcção da estação para onde íamos... finalmente encontramos alguém que falava inglês e que nos explicou que aquele comboio estava com um problema técnico... mas que não havia problema, dali a 25 minutos passava outro... e passou, só que o outro que íamos apanhar não esperou e uma viagem de 35 minutos de Paris a Crecy La Chapelle, demorou quase duas horas.

 

Na segunda vez decidi retirar uma das variáveis ao problema, fomos de carro para Esbly, eram uns 10 kms, as estações tem estacionamento gratuíto e lá passavam mais comboios, sempre evitávamos possiveis desencontros de horários.

 

Lá chegados fomos direitos à bilheteira, que fechou na nossa cara... a partir daquele momento, bilhetes para Paris só na máquina... ó sorte. Lá fomos para a a máquina.. que decidiu que não nos vendia bilhetes... devia ser amiga da outra.

 

Voltamos à bilheteira onde ainda estava o funcionário... mas não nos vendeu os bilhetes, mandou alguém ver a a máquina. Veio um senhor com ar de chefe de estação de outros tempos... boné incluído. Abriu a máquina, resolveu o problema...

 

- Já está, agora é só esperar 10 minutos a que reinicie.

-10 minutos?

-Oui

- Mas o comboio é daqui a 5.

 

Encolheu os ombros e foi-se embora.

 

Ficamos a olhar para a a máquina a arrancar... era um computador com windows XP, devia ter uns 15 anos.. vi uma coisa que não via há anos, o checking da memória e o windows a arrancar lentamente.

 

Entretanto chegou o comboio e nada de bilhetes, voltamos a falar com o senhor que nos mandou ir para Paris, comprávamos os bilhetes lá e ele falava com o revisor....

 

Percebem que a estas alturas eu já odeio o raio das máquinas azuis e começo a odiar os comboios franceses.

 

O problema é que em Paris e ao contrário das outras estações é necessário passar os bilhetes pelas máquinas para se conseguir sair da estação... fomos ter a um guichet onde nos deram bilhetes para sair e nos mandaram comprar bilhetes às bilheteiras do outro lado... já estava pelos cabelos...  compramos bilhetes sim, mas para o metro.

 

Curiosamente já da outra vez nos tinhamos deparado com uma estação onde ainda não havia máquinas e ao Domingo não estava ninguém para vender bilhetes...e também tinha resultado que tinhamos ido de borla a Paris.

 

Por vezes falamos do mal que funcionam as coisas por cá... mas não fiquei com grande impressão dos caminhos de ferro franceses... nem das máquinas, nem dos seus funcionários... mas pronto, não vamos ser muito exigentes.

 

Jorge Soares

publicado às 22:43

Crónicas das férias - A canoagem

por Jorge Soares, em 11.09.13

Canoagem

Imagem da minha meia laranja tirada com o telemóvel

 

A canoagem é um dos desportos familiares preferidos cá em casa, desde que experimentamos no Tejo num percurso de Constância a Vila Nova da Barquinha, ficamos fans, e desde então já tínhamos experimentado nas Astúrias, em Caminha e em Ponte de Lima....

 

No Parque de campismo em Couhé havia uns folhetos de percursos num dos rios ali perto, como não havia muito mais para fazer além de pescar, decidimos ir experimentar.

 

Em França todo o mundo fala francês, mas muito pouca gente fala outra coisa qualquer, pelo que não foi muito fácil entendermo-nos com o jovem da empresa de canoagem... O folheto com os percursos mostrava umas paisagens bonitas, com fotografias do rio... Havia várias opções, dos 4 aos 12 kms, nós escolhemos o percurso de 7 kms que era o que passava junto ao castelo...

 

No folheto havia uma caricatura de uma canoa a descer uma cascata, lá tentamos indagar meio em francês, meio em Inglês, sobre a dificuldade do percurso. Que não, não tinha dificuldade nenhuma, as crianças podiam ir sozinhas sem problemas.

 

No dia a seguir à hora combinada lá estávamos nós. Meteram as canoas num atrelado, a nós e a  outro casal numa carrinha e arrancamos com o condutor.

 

Uns kms mais acima, tiraram-se as canoas do atrelado, o condutor ajudou a mete-las na água, meteu-se na carrinha e foi-se embora... Nas outras vezes em que tínhamos feito canoagem, éramos nós e muitas outras pessoas e claro, um ou dois guias que nos acompanhavam durante todo o percurso... aqui éramos nós e o rio.

 

Uma das características do rio é que tinha imensos braços diferentes, de vez em quando chegávamos a uma encruzilhada e lá havia que escolher entre a direita ou a esquerda.. numa dessas escolhas deixámos de ver o casal que nos acompanhava e só os voltámos a ver uns kms mais abaixo.. mas já lá iremos.

 

De vez em quando o rio tinha uns pequenos saltos, 15 ou 20 cms e aumentava a velocidade da corrente, mas nada de especial.. A dada altura chegámos à zona que se vê ali na fotografia, um lugar muito bonito com duas pontes, o castelo e as margens floridas. Passámos a primeira ponte, admirámos o castelo e atacamos a segunda ponte. 

 

Normalmente o N. que é o mais afoito, ia à frente.. de repente demos por ele todo alvoroçado a voltar para trás... a seguir à ponte havia uma queda de água com mais de 1 metro de altura... ele apercebeu-se e conseguiu voltar para trás, entretanto a R. que ia pelo outro arco da ponte já não conseguiu travar e além disso entrou na queda de lado. Ouvimos um grito e  alguém a cair à água.

 

Conseguimos parar a nossa canoa antes da queda de agua.. da parte debaixo a R. tentava segurar a dela e gritava que a pangaia (o remo) e os chinelos, tinham ido na corrente.

 

Como não havia forma de voltar para trás, a solução era descermos as outras duas canoas à mão.. fiquei da parte de cima da queda de água e estava a descer a primeira canoa, de repente senti que a pedra em que estava apoiado se desfazia debaixo dos meus pés e no segundo a seguir dei por mim da parte de baixo e com a água quase até ao pescoço.. mas não larguei a canoa.

 

Estávamos nós a descer as canoas quando apareceu o outro casal, que entrou  com a canoa a direito na queda de água e com um ar entre o divertido e o aterrorizado, desceu a grande velocidade.. incólume, não consegui evitar aplaudir.

 

Felizmente a seguir o rio voltava a ter pouca corrente e conseguimos recuperar os chinelos e a pangaia levados pela corrente

 

Mais abaixo mais uma encruzilhada e mais uma escolha... umas centenas largas de metros mais à frente no lugar onde devia estar o rio havia uma casa, ao lado havia uma comporta que servia de represa. No quintal da casa estava uma senhora e por entre gestos conseguimos perceber... uns metros atrás, junto à margem havia um pequeno cais de cimento e uma seta a indicar o caminho das canoas... pelo cimento. Uns metros ao lado corria outro braço de rio.

 

O caminho era por ali, depois de carregarmos as canoas à mão de um rio para o outro.

 

Mais um bom bocado a remar e numa curva do rio havia outra ponte com vários arcos... felizmente aqui conseguimos ouvir a água a cair do outro lado, escolhemos um dos arcos, colocamos as canoas o mais a direito possível e esta vez conseguimos todos passar sem ninguém ir à água.

 

Com isto tudo já estávamos há mais de duas horas no rio, para além da aparição esporádica do outro casal, não tínhamos visto mais ninguém. Depois de uma passagem complicada por um sitio com muita corrente em que a nossa canoa ficou presa numa rocha saliente, decidimos parar um bocado numa ilha de areia entre duas curvas do rio.

 

Alguém tinha vontade de fazer chichi, chegou-se à margem e estava aliviar-se ali mesmo... em duas horas não tínhamos visto ninguém no rio... naquele preciso momento apareceram dois grupos de canoas, um que vinha a descer  e outro a subir o rio.... é preciso pontaria.

 

Havia mais que contar.. mas o texto já vai largo.. felizmente desde ali até à meta as quedas de água não tinham mais que 30 cms de altura e tirando o excesso de velocidade que se atingia a seguir, a coisa fez-se.

 

Chegamos ao fim divertidos... mas a pensar se aquilo era o fácil que até as crianças podiam ir sozinhas, como seria a versão complicada da coisa?

 

Jorge Soares

publicado às 22:48

Eurodisney Paris

 

Imagem minha do Momentos e Olhares 

 

Vou começar por uma informação útil, se por acaso decidir comprar os bilhetes para a Eurodisney via internet, antes de comprar entre no site francês da Disneyland Paris e verifique o preço, não é sempre, mas a maior parte das vezes o preço é mais barato para os franceses.

 

Este ano as nossas férias foram diferentes, houve menos praia, menos montanha, menos natureza, em contrapartida, houve muitos mais horas dentro do carro, ao todo foram mais de 4400 kms, e há quem diga que houve mais diversão.

 

Estivemos a fazer as contas, se quiséssemos ir à Eurodisney de avião, a viagem mais a estadia de 3 ou 4 dias, ficavam bem perto dos 2500 Euros. As crianças acima dos 12 anos pagam tudo como adultos e cá em casa já são duas.

 

Nós fizemos a coisa por menos de metade, levámos uma semana para chegar a Paris, pelo caminho conhecemos sítios fantásticos, fizemos canoagem radical, subimos ao segundo andar da torre Eifel pelas escadas, andámos a passear nos Campos Eliseus e debaixo do arco do triunfo, vimos namorados a colocar cadeados na A Pont des Arts, descobrimos as ruelas do Quartier Latin, subimos ao topo da duna mais alta da Europa e até andamos nos comboios franceses à borla...


Esta vez não fomos ao Louvre, a fila era de centenas de metros e o truque que tínhamos utilizado da outra vez já não funcionou, mas vimos a catedral de Notredame e fizemos um picnic nos jardins das margens do Sena.


Para os miúdos o ponto alto foram os dois dias de visita aos dois parques da Disney.. mas eu acho que todos gostamos muito mais dos sete kms de canoagem "radical", sozinhos no meio da França rural... mas isso será história para outro dia.

 

As coisas podiam ter corrido melhor se tivéssemos feito melhor o trabalho de casa e reservado os parques de campismo de Paris e junto à praia em Arcachon e  se a tenda não nos tivesse pregado uma partida, quase 20 anos a comprar tendas italianas sem um único problema, esta vez compramos uma (caríssima) tenda inglesa que supostamente aguenta climas árcticos e logo no inicio da viagem partem-se duas varetas... 

 

Os parques que tínhamos escolhido estavam cheios, mas parques de campismo é o que não falta.. não são é todos iguais.. mas disso também falarei noutros posts.

 

A ideia inicial era levar uma semana para chegar aos arredores de Paris, passar uma semana por lá e demorar outra a regressar a casa. O problema com a tenda e a  escolha errada do parque que ficava no sopé  do sitio mais alto da Duna, abreviou a viagem de regresso e roubou-nos uns dias de praia, mas em contrapartida permitiu que conhecêssemos Burgos e a sua fantástica catedral...  felizmente por cá também há excelentes praias... e este ano a temperatura da água nem era assim tão diferente.

 

A maior parte das pessoas não consegue entender, mas não troco as minhas férias de campismo, natureza e aventura.... por nada!

 

Jorge Soares

publicado às 22:02

Talvez o amor, neste tempo, seja ainda cedo

por Jorge Soares, em 03.08.13

Flores

 

 Imagem minha do Momentos e Olhares

 

 

Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser

Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo


"Poema de despedida",
In "Raiz de orvalho e outros poemas"

 

 

Nas margens do Rio Eo num dia de verão nas Astúrias

Agosto de 2012
Jorge Soares

publicado às 17:42

3 semanas de férias no natal

 

Imagem do Público

 

O ministério da educação voltou a alterar o calendário escolar, no próximo ano lectivo no natal as aulas terminarão no dia 13 de Dezembro, uma sexta-feira, e só recomeçarão no dia 6 de Janeiro. 3 longas semanas de férias. Será que o senhor ministro me pode explicar o que fazem as famílias com as crianças durante essas três semanas?


Cá em casa são três, uns avós estão a 300 , os outros estão a 200 Kms e já não tem vida nem paciência para terem lá os netos durante tanto tempo, felizmente ainda somos os dois empregados, pelo que assim de repente temos um problema, o que fazer com 3 crianças de 13 de Dezembro a seis de Janeiro?


Deixar os 3 encerrados em casa enquanto vamos trabalhar é uma opção, mas acho que a protecção de menores não ia gostar, meter férias durante esse período seria só transferir o problema para o verão ou a Páscoa.. além que de que a minha meia laranja tem férias obrigatórias em Agosto... resta-nos fazer contas e tentar arranjar um ATL que fique em conta... e lá se vai o subsidio de natal.

 

Alguém me explica que sentido faz as crianças terem 3 semanas de férias num período em que os pais não podem ficar com eles?, ou será que o governo planeia que daqui até Dezembro o desemprego será tanto que todas as crianças terão pelo menos um dos pais em casa?

 

E que tal em vez de estarem a inventar períodos de férias pensarem em resolver coisas mais importantes como o apoio escolar para os alunos com dificuldades, ou arranjar uma politica de manuais escolares que não obrigue os pais a deixarem um salário no inicio de cada ano escolar? Ou arranjar forma de garantirem a segurança dentro da escola?.. ou....

 

Jorge Soares

publicado às 22:14

Zé Natal

 

Segundo o Sol, Governo decidiu dar 'bónus' aos portugueses depois de ano difícil ao dar mais uma tolerância de ponto nos dias de natal e ano novo.. não percebi.

 

Entre feriados e férias, este mesmo governo que agora virou mãos largas e até dá bónus, tirou-me a mim e ao resto dos portugueses 7 dias, dizem eles que foi a mando da Troika e em nome de algo que ninguém sabe muito bem o que é mas que eles chamam de produtividade... e agora vem dar assim de mão beijada dois dias de férias extra ao estado? Então e a produtividade? Então e a Troika?, quando é que negociaram este bónus que não nos contaram nada?

 

Esta semana foi aprovado o pior orçamento de estado dos últimos 40 anos. Hoje as noticias falavam de um corte extra de quatro mil milhões que tem de ser decidido até Fevereiro para dar de prenda de natal atrasada aos senhores da Troika quando eles cá voltarem, consta que os cortes vão ser na saúde e na educação, há quem diga que vão aparecer propinas no ensino secundário..  e depois disto tudo estes senhores vem com mais dois dias de férias?

 

Todos sabemos que o ano que vem vai ser de eleições autárquicas e há que começar a adoçar a boca aos funcionários públicos, mas convenhamos que é preciso falta de vergonha para se vir com uma coisa destas depois de tanta conversa sobre a produtividade dos portugueses e a competitividade do país.

 

Quando alguém voltar com a conversa de que vivemos acima das nossas necessidades, já sabem do que se trata... é das tolerâncias de ponto, de dois dias com o estado parado em quanto o resto do país está a trabalhar ou para poder passar o dia com a família, teve que abdicar dos dias de férias no verão.

 

É a isto que eu chamo, governar pelo mau exemplo.

 

Jorge Soares

publicado às 22:18


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