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Em crise corta-se na comida e fica-se com o telemóvel

Imagem do Público

 

 

Já lá vão uns anos desde essa altura, ao mesmo tempo que estudava em Lisboa, eu era responsável pela informática de uma pequena empresa em Oliveira de Azeméis, que entre outros negócios, geria um supermercado. Eram os tempos do cavaquistão, da Europa choviam apoios, havia emprego para todos e ninguém falava de crise. Mas há coisas que aparentemente não mudam.

 

Ficaram-me na memória as conversas com as colegas da loja sobre as pessoas que chegavam à caixa e não tinham dinheiro suficiente para tudo o que tinham despejado para o carrinho das compras. Quando chegava a altura de decidir o que ficava, quase sempre o primeiro era a carne, depois o peixe, depois os restantes artigos alimentares, quase nunca eram os champôs, amaciadores ou artigos de maquilhagem. Ficava sempre incrédulo mas as histórias repetiam-se.

 

Pelos vistos as crises não mudam assim tanto os comportamentos das pessoas, hoje uma noticia do Público dizia o seguinte:

 

Crise: Famílias cortam sobretudo no supermercado e na farmácia

 

Segundo a Deco, as famílias portuguesas que se encontram com dificuldades para pagar os seus compromissos no primeiro que cortam é na comida, passando a comprar marcas mais baratas, deixam simplesmente de comprar medicamentos mesmo que estes sejam receitados pelo médico, mas raramente cortam em serviços e telecomunicações e simplesmente negam-se a vender o carro.

 

Somos um país em que vale mais parecer que ser, para a maioria das pessoas abdicar do telemóvel ou dos canais do cabo é descerem o nivel de vida, e tentam manter estas coisas mesmo quando não há dinheiro suficiente para comer.

 

Todos ouvimos falar da crise mas ninguém ouviu falar de aumento de passageiros dos transportes públicos, ou de diminuição das filas nas entradas das cidades. Estamos em crise, mas quando durante a semana passada tentámos arranjar bungalows para passar este fim de semana no Alentejo, verificamos com espanto que mesmo a mais de 100 Euros por noite, há muito que estava tudo cheio.... isto com previsão de feriados e fim de semana molhados.

 

Ontem passaram uma reportagem sobre uma loja em que oferecem roupa em Lisboa, as pessoas têm vergonha e não deixaram que lhes filmassem as caras, resultado, filmaram os pés..e não pude deixar de reparar que todas as senhoras andavam de sandálias e com as unhas dos pés muito bem pintadas... pobres mas vaidosas...e o verniz é barato... pena que não o ofereçam na loja.

 

A verdade é que a maioria dos portugueses dá por conquistado tudo o que tem, não faz contas, não abdica de nada, acha que vai ter sempre a vida que tem e nunca pensa que amanhã há mais dias... e a julgar pelo que diz a DECO, mesmo quando é apanhado pelas curvas da vida, nega-se a aceitar a realidade.... quer-me parecer que com pessoas assim, a crise veio mesmo para ficar.

 

Jorge Soares

publicado às 21:39

Crianças institucionalizadas

Imagem da internet

 

Cá por casa para além das noticias pouco se vê a televisão generalista portuguesa, deve ser por isso que o programa me passou ao lado, o comentário do Pedro hoje à tarde chamou a minha atenção para o assunto e lá fui ao site da SIC e pude ver o programa.

 

Fiquei chocado com tudo o que é ali mostrado, é chocante ver que há crianças que estão no centro de acolhimento há 6, 7, 12 anos, entraram para ali crianças e vão sair adultos, por muito bom que seja o lar, por muito boa intenção que pareçam ter as pessoas, a verdade é que aquelas crianças cresceram e viveram longe do carinho de uma família e como pudemos ver em mais que um dos testemunhos, isso deixa marcas.

 

Está claro que há algo de errado com tudo isto, como é possível que uma criança que entra para um centro de acolhimento com um ano, continue lá aos 10? Quantos anos são necessários para que se conclua que não vai haver volta atrás e que deve ser encontrado um projecto de vida que não passe por famílias que não aparecem?

 

No encontro nacional de adopção da semana passada Fernanda Salvaterra, responsável pelas equipas de adopção de Lisboa, dizia a propósito da integração de crianças nas famílias adoptivas, que conseguiam saber à partida se a integração ia ser mais fácil ou mais difícil de acordo com a instituição de onde elas vinham, isto porque há instituições que preparam as crianças para a adopção e outras que por um motivo ou outro não o fazem.

 

É claro que a instituição retratada na reportagem não prepara as crianças para a adopção, o caso que apresentaram ali é gritante, levar uma criança a uma esplanada e apresentar-lhe duas pessoas que supostamente irão ser os seus pais, assim,  sem preparar a criança previamente, só pode resultar em fracasso. O que a mim me pareceu é que esta instituição não tem uma equipa preparada para enfrentar estas situações, não prepara as crianças, quando falamos de crianças a boa vontade não chega, é necessário que existam equipas profissionais e preparadas para preparar as crianças para a sua vida futura, já seja o regresso à família ou a ida para a adopção.

 

Outra coisa que me chocou foi a forma como as crianças foram apresentadas na reportagem, perfeitamente identificáveis, não sei quem deu a autorização, mas duvido que o tribunal, o verdadeiro responsável como foi dito várias vezes,  tenha autorizado isto, até porque a Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo (Lei: 147/99 de 01 de Setembro, artigo 90º, número 1) diz o seguinte:

 

1 - Os órgãos de comunicação social, sempre que divulguem situações de crianças ou jovens em perigo, não podem identificar, nem transmitir elementos, sons ou imagens que permitam a sua identificação, sob pena de os seus agentes incorrerem na prática de crime de desobediência.

 

Eu sei que estas reportagens são importantes para chamar a atenção das pessoas para o que verdadeiramente se passa com as crianças, sei que esta reportagem fez mais para chamar a atenção que mil posts meus, mas era mesmo necessário mostrar as caras das crianças? 

 

Jorge Soares

 

publicado às 21:31


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