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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem de aqui
Há pouco na SIC O Miguel Sousa Tavares dizia que não entende porque é que os funcionários públicos tem que trabalhar menos horas que os privados.. eu acho que ele tem razão, eu também não percebo porque é que tendo os funcionários públicos horários de 35 horas há anos, os que trabalhamos no sector privado continuamos a ter horários de 39, que na realidade são 40, ou 40 horas. semanais.
Perguntava também se o facto de eles passarem de 40 para 35 horas significa que eles não tem trabalho suficiente... há pouco no Facebook, alguém pedia para lhe perguntarmos se eles passaram de 35 para 40 porque na altura tinham trabalho a mais.
As 35 horas da função publica são um direito há muito adquirido, a Troika achou que por cá se trabalhava a menos e portanto convenceu Passos Coelho e o governo a levarem 4 feriados e mudar os horários de trabalho... Na realidade ninguém sabe quais os efeitos desta medida, há quem ache que aumentou a produtividade e há quem ache que não aumentou nada, há quem diga que a economia ganhou porque as empresas pagam menos horas extra e trabalho de feriados, há quem pense que a economia perdeu porque há menos tempo livre (e dinheiro) para investir em turismo e lazer.
Há pouco nos prós e contras alguém contava as pontes que vão aparecer com os novos feriados... pontes, quais pontes? Eu se quiser fazer uma ponte tenho que meter dias de férias, que deixo de poder gozar noutra altura, qual é a diferença?
Será que é assim tão difícil perceber que nos privados não há pontes? No estado só há porque os governos insistem em dar tolerâncias de ponto que não fazem sentido nenhum.
A Troika diz que por cá se trabalha pouco e que há muitos feriados... mas não explicam porque é que na generalidade dos países Europeus há mais feriados e se trabalham menos horas.
De 2011 para cá os funcionários públicos além de passarem a trabalhar mais dias e mais horas por dia, perderam um quarto do seu rendimento. Os impostos e o aumento do desemprego levaram uma boa fatia dos salários de todos os trabalhadores portugueses, pelos vistos o objectivo é aumentar a competitividade do país... mas faz sentido que a competitividade de um país seja alcançada à custa de salários baixos e fracas condições de trabalho? Queremos competir com quem? Com a China e o Bangladesh? Ou com os outros países Europeus e emergentes?
Jorge Soares
Imagem minha do Momentos e Olhares
Não é lá muito comum, mas de vez em quando eles são coerentes com o que apregoam, tal como no ano passado, não há tolerância de ponto no Carnaval para ninguém. Já na Madeira é sempre feriado, por lá não há austeridade, afinal há sempre os impostos dos cubanos para tapar os buracos
Que sentido fazia retirar 4 feriados se depois se dava tolerância de ponto à função pública? Se realmente alguém acha que este dia é importante para a economia de algumas cidades do país... então proponham lá que o dia passe a feriado nacional, esta história de ser dia feriado ao gosto do freguês e só para alguns é que não pode ser. Quem quer ir gozar o Carnaval ou tirar uns dias... faça como eu, meta dias de férias.
Jorge Soares
Finalmente parece que o estado ganhou algum juízo, segundo o Público, este ano não há tolerância de ponto para ninguém nem no natal nem no ano novo, convenhamos que depois de levar metade do subsidio de natal de quem trabalha, de anunciar que a crise vai levar os subsídios de natal e de férias dos próximos anos, de aumentar o IVA, etc, etc, ... dar tolerâncias de ponto era mau, até porque segundo umas contas que vi algures cada dia de tolerância representa um custo de 75 milhões de Euros para o Estado.
Sou e sempre fui contra as tolerâncias de ponto na função pública, sempre achei que tal como qualquer trabalhador do privado, quem quer fazer pontes tira um dia de férias, o estado não é mais rico que as empresas e não tem porque estar a dar dias a ninguém. Cada vez que havia uma tolerância destas, lá em casa alguém tinha que meter um dia de férias, porque já se sabe que as escolas estão fechadas e é ilegal deixar as crianças sozinhas em casa.
Finalmente uma medida de jeito e coerente.
Update... como alguém me lembrou, este ano o natal calha ao fim de semana.... pelo que isto na verdade não afecta ninguém.... já me parecia que era bom demais para ser sério
Jorge Soares
Monumento à restauração na Praça dos restauradores em Lisboa
Imagem minha do Momentos e Olhares
"Os Burgueses estavam muito desiludidos e empobrecidos com os ataques aos territórios portugueses e aos navios que transportavam os produtos que vinham dessas regiões. A concorrência dos Holandeses, Ingleses e Franceses diminuía-lhes o negócio e os lucros.
Os nobres descontentes viam os seus cargos ocupados pelos Espanhóis, tinham perdido privilégios, eram obrigados a alistar-se no exército espanhol e a suportar todas as despesas. Também eles empobreciam e era quase sempre desvalorizada a sua qualidade ou capacidade! A corte estava em Madrid e mesmo a principal gestão da governação do reino de Portugal, que era obrigatoriamente exigida de ser realizada "in loco", era entregue a nobres castelhanos e não portugueses. Estes últimos viram-se afastados da vida da corte e acabaram por se retirar para a província, onde viviam nos seus palácios ou casas senhoriais, para poderem sobreviver com alguma dignidade imposta pela sua classe social.
Portugal, na prática, era como se fosse uma província espanhola, governada de longe. Os que ali viviam eram obrigados a pagar impostos que ajudavam a custear as despesas do Império Espanhol que também já estava em declínio.
Foi então que um grupo de nobres - cerca de 40 conjurados- se começou a reunir, secretamente, procurando analisar a melhor forma de organizar uma revolta contra Filipe IV de Espanha. Uma revolta que pudesse ter êxito.
Começava a organizar-se uma conspiração para derrubar os representantes do rei em Portugal. Sabiam já que teriam apoio do povo e também do clero.
Apenas um nobre tinha todas as condições para ser reconhecido e aceite como candidato legítimo ao trono de Portugal. Era ele D. João, Duque de Bragança, neto de D. Catarina de Bragança, candidata ao trono, em 1580.
Faltava escolher o dia certo. Aproximava-se o Natal do ano 1640 e muita gente partiu para Espanha. Em Lisboa, ficaram a Duquesa de Mântua, espanhola e Vice-rei de Portugal (desde 1634), e o português seu Secretário de Estado, Miguel de Vasconcelos.
Os nobres revoltosos convenceram D. João Duque de Bragança, que vivia no seu palácio de Vila Viçosa, a aderir à conspiração.
No dia 1 de Dezembro, desse ano, invadiram de surpresa o Palácio real (Paço da Ribeira), que estava no Terreiro do Paço, prenderam a Duquesa, obrigando-a a dar ordens às suas tropas para se renderem - e mataram Miguel de Vasconcelos."
É assim que na Wikipédia se conta em meia dúzia de linhas a história da restauração da independência de Portugal, foi em 1640, a guerra que se seguiu durou mais uns 20 anos até que os espanhóis se convenceram e desistiram.
É o feriado mais antigo que se festeja em Portugal, desde a segunda metade do século 19 e a julgar pelas promessas do governo, este ano será a última vez que se festeja, já que é um dos 4 feriados que se propõe a eliminar em nome da produtividade e, espera-se, da prosperidade do país.
Há quem diga que por cada feriado o país deixa de produzir 37 milhões de Euros, não imagino como se fazem estas contas, mas acredito que assim seja. Pessoalmente acho que era muito mais produtivo eliminar pontes e tolerâncias de ponto da função pública, essas sim altamente penalizadoras... passava-se todos os feriados para uma segunda ou uma sexta feira ... mas a mim ninguém me perguntou nada.
Já sabem, aproveitem bem o dia porque o próximo será passado a trabalhar ... para o fim da crise... esperamos nós.
Jorge Soares
PS: A imagem é minha, o monumento à restauração em Lisboa no natal de há dois anos.. quando ainda havia dinheiro para iluminações festivas.
Já não me lembro como é que tudo começou, lembro-me de um dia dar por mim a comprar uma tenda e de passados uns tempos a ter colocado com o resto das coisas no carro e de ter partido para a Galiza num mês de Setembro quente. Eu nunca na vida tinha acampado e nem tal coisa me tinha passado pela cabeça. Desde essa altura já lá vão mais uns 12 anos, que não passo sem os meus períodos longe de tudo e do mundo, sem computador, sem relógio, sem televisão. O único que me une ao mundo é um pequeno rádio de pilhas que mesmo quando estou em Portugal, utilizo para ouvir a Radio Nacional de Espanha ou a Cadena Ser, desde os meus tempos de estudante em que todos os dias adormecia a ouvir El Larguero, que gosto da radio espanhola e dos muitos programas de opinião.
Passei os últimos 5 dias assim, a acampar no Alentejo, longe de tudo e do mundo..., bom, quase. .. por muito longe do mundo que alguém tenha estado, ninguém conseguia escapar ao Cristiano Ronaldo e aos 93 milhões de Euros.... Mesmo longe do mundo eu consegui ouvir meio mundo a dar a sua opinião sobre o assunto ... um dos problemas da costa Alentejana é que fica longe de mais da Espanha para que o meu pequeno rádio de pilhas consiga apanhar as emissoras espanholas, e a maior parte do tempo tive que me contentar com algumas portuguesas... não havia portanto forma de escapar a tantos disparates, pobre país o nosso em que até o presidente da Republica tem opinião sobre uma transferência de um jogador de futebol de um clube inglês para um espanhol.
Mas eu ia falar do Alentejo, acampar em Portugal pode ser uma odisseia, a maioria dos parques está mais próximo de um bairro de lata do que de um parque de campismo, nos países normais as estruturas fixas são proibidas, por cá as pessoas vão tomando posse do espaço ao longo dos anos e só falta mesmo fazerem paredes em volta... é claro que espaço para quem quer acampar, é mentira. Felizmente restam alguns parques onde ainda é possível, e o do Sitava nos arredores de Milfontes é um desses, é claro que há coisas a melhorar.... mas é organizado e limpo...e resta espaço onde montar a tenda.
De resto a costa alentejana é dos lugares mais bonitos de Portugal, praias, paisagem, gente, e esta vez não ouve livro de reclamações nem chatices com o serviço.. só paz, descanso e natureza..... muita natureza.
Jorge
Fotografia minha, retirada de Momentos e olhares