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A vida é tão simples que ninguém a entende

por Jorge Soares, em 05.08.15

Simples

 

Imagem minha do Momentos e Olhares

  

- Mas você, Zeca: é que nem faz ideia da vida.
- A vida, Dona Luarmina? A vida é tão simples que ninguém a entende. É como dizia meu avô Celestiano sobre pensarmos Deus ou não-Deus...
 
Além disso, pensar traz muita pedra e pouco caminho. Por isso eu, um reformado do mar o que me resta fazer? Dispensado de pescar, me dispenso de pensar. Aprendi nos muitos anos de pescaria: o tempo anda por onda. A gente tem é que ficar levezinho e sempre apanha boleia numa dessas ondeações.
 
Mia Couto, in Mar me quer, Caminho, 2013
 
 
Fotografia tirada algures nos caminhos da minha infância
Alviães, Oliveira de Azemeis
Junho de 2014
Jorge Soares

publicado às 22:37

Talvez o amor, neste tempo, seja ainda cedo

por Jorge Soares, em 03.08.13

Flores

 

 Imagem minha do Momentos e Olhares

 

 

Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser

Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo


"Poema de despedida",
In "Raiz de orvalho e outros poemas"

 

 

Nas margens do Rio Eo num dia de verão nas Astúrias

Agosto de 2012
Jorge Soares

publicado às 17:42

Rosa Amarela

por Jorge Soares, em 28.03.13

Rosa Amarela

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

Rosa Amarela com a luz do fim de tarde

 

Cacela Velha, Tavira, Algarve

Fevereiro de 2012

Jorge Soares

publicado às 17:21

A esperança de uma Primavera risonha

por Jorge Soares, em 27.03.13

A promessa da primavera

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

Se não tivéssemos inverno, a primavera não seria tão agradável: se não experimentássemos algumas vezes o sabor da adversidade, a prosperidade não seria tão bem-vinda.

 

Anne Bradstreet

 

Jardim do Bonfim

Março de 2012

Jorge Soares

publicado às 17:18

É parte do trabalho do Mundo

por Jorge Soares, em 25.03.13

Primavera

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

Nenhuma tarefa, se bem feita, é verdadeiramente privada. É parte do trabalho do Mundo.
(Autor desconhecido)

 

Setúbal, Março de 2012

Jorge Soares

publicado às 17:14

Laranja Vivo

por Jorge Soares, em 29.12.12

Flores

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

Reparei nesta flor no dia em que chegamos, um ponto de cor quente no meio das cores frias do inverno, o primeiro que pensei foi em  como é que ela conseguiu sobreviver e estar assim viçosa nesta altura....  no dia a seguir tudo estava branco e coberto de geada, tudo à volta estava gelado, mas ela continuava lá... um ponto laranja no meio de um mar de branco gelado.

 

Póvoa Dão, Viseu

Dezembro de 2011

Jorge Soares

publicado às 18:57

A cor da rosa

por Jorge Soares, em 17.08.12

A cor da rosa

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

Alvejava de neve outrora a rosa,
Nem como agora, doce recendia;
Baixo voava Amor sem tento um dia,
E na rama espinhosa
De sua flor virgínea se feria.
Do sangue divina! gota amorosa
Da ligeira ferida lhe corria,
E as flores da roseira onde caía
Tomavam do encarnado a cor lustrosa.
Agora formosa
A rúbida flor
Recorda de Amor
A chaga ditosa.

Para os braços da mãe voou chorando;
Um beijo lhe acalmou penas e ardores:
E tão doce o remédio achou das dores,
Que Amor só desejou de quando em quando
Que assim penando,
Com seus clamores
Novos favores
Fosse alcançando.

Súbito voa, pelos ares fende;
As rosas viu de sua dor trajadas,
E que só de suas glórias namoradas
Nada dissessem com razão se ofende:
A mão lhe estende,
E delicioso
Cheiro amoroso
Nelas recende.

Vós que as rosas gentis buscais, amantes,
Nos jardins do prazer,
E, em vez da flor, espinhos penetrantes
Só chegais acolher,
Resignados sofrei, sede constantes,
Que a desventura,
Que a mágoa e dor
Sempre em doçura
Converte Amor.

Almeida Garret

 

Uma rosa em Hide Park

Londres, Agosto de 2011

Jorge Soares

publicado às 17:38

Conto, Vida de Flor

por Jorge Soares, em 05.05.12

Vida de Flor, CINTHIA KRIEMLER

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

É hábito meu apreciar jardins. Eu poderia olhar e me encantar também com o céu, todos os dias, mas o céu às vezes fica tão sensível que se derrete em lágrimas. As flores têm sempre mais humor. 

 

Faço caminhadas diárias, comandadas pelo medo de sentir cessar as batidas do único amigo verdadeiro de uma existência inteira. Não me importo de ser velha ou jovem. Não me impressionam as rugas, a perda de visão gradativa, a imperfeição dos dentes. Para tudo isso, se eu quiser, há remendos humanos. O que me importa é muito mais que um amontoado de pendengas físicas. Eu quero vida. E foi dessa senhora que de nós se separa apenas uma vez que meu coração recebeu avisos para se cuidar.
Mas não me basta caminhar e assumir a rotina do passo a passo em frente a casas inertes, prédios-esfinges. Isso me irrita, me fatiga a paciência que já se faz tão curta. Para desfazer esse cansaço que as coisas imóveis costumam provocar, eu me distraio, em qualquer caminho, perscrutando jardins. Sou capturada pelo frescor de uma alameda, pela cor de um ramo florido, por uma folhagem que brinca com as nuanças do verde.
Prefiro, com toda a certeza, um jardim que fica na rua de cima, a despeito mesmo do pequeno aclive que preciso encarar no caminho. É um jardim irregular, desses que talvez escape a olhares mais estéticos, mas é tão, tão... coerente que não permite reparo! Ostenta uma poda necessária, mas não excessiva, uma ordem desorganizada no plantio das flores, um inteligente desprezo pelo convencional.
Parada em frente ao muro baixo que me separa do universo de seivas, medito sobre a beleza das coisas que não têm padrão. É um jardim com caráter. Tem sofrimento plantado aqui. E esse muro simbólico que o circunda é somente uma sentinela a proteger algum recato.
Abaixo a mão furtiva sobre uma cinerária lilás e arranco-a da folhagem cinza com a sofreguidão dos invasores. Pego a menorzinha de tantas, para que meu pecado tenha igual penitência. Tomo cuidado em não pisar na grama e respeito o rubor de um hibisco que parece se envergonhar do meu atrevimento. Dias após dia, incentivada pelo sucesso do primeiro delito, furto de novo. E o instante da posse é sempre afogueado e pleno.
Mas o que é isso? Tenho a sensação de um olhar sobre o meu ato... Talvez seja mais sensato cumprir a vontade imediata dos meus tornozelos, mas correr é prova do delito! Melhor ter certeza, primeiro, de que há mesmo um olhar. 
A janela da frente é a minha primeira opção. Levo os olhos medrosos até a vidraça entreaberta, preparando um sorriso convencional e uma fala improvisada. Ninguém está lá. Olho a porta, percebendo a solidez das trancas, e desejo ser menos cismada. Mas que coisa! Soltar um suspiro logo agora! Os suspiros sempre acompanham os malfeitos. Olho para o céu, disfarçando a busca, e é exatamente neste giro de olhos que me choco com a presença de um homem me encarando da varanda do andar de cima.
— Bom dia! — arrisco.

 

CINTHIA KRIEMLER 
Retirado de Samizdat

publicado às 21:25

Sinal de alarmeImagem do Sinal de Alarme 

 

Talvez fosse no José que João Gil estava a pensar quando escreveu "São os loucos de Lisboa que nos fazem duvidar",  é uma daquelas noticias que parece que foram inventadas para a época do natal, e no entanto a história é real, damos uma volta pela página do facebook e vemos como há tanta gente que até já tinha reparado na rosa atada a um papel e pendurada no sinal de alarme de uma carruagem do metro de Lisboa, a grande maioria reparou e seguiu em frente, porque reparar não é olhar... e convenhamos que não é muito usual ver o amor assim, pendurado num sinal de alarme.

 

Mas o José decidiu acreditar e de um jantar de encalhados em dia dos namorados nasceu uma ideia que teima em manter-se viva, dia após dia José rouba uma flor, ata-lhe um papel com uma frase sobre o amor e pendura-a no sinal de alarme da carruagem do Metro que o leva para o trabalho ou para casa.

 

Que sentido faz faz tudo isto?... nenhum, e no entanto a página do Facebook tem até agora 2869 seguidores e centenas de comentários de incentivo, há até quem peça autorização para copiar o gesto no Metro de outras cidades, sucursais do amor por quem acredita que ainda há amor em pequenos gestos anónimos.

 

Não consta da história que entretanto o José tenha deixado de estar encalhado, talvez não esteja escrito que esta seja a forma certa de procurar o amor, mas de certeza que haverá muita gente que vê neste pequeno grande gesto do José, sinais de que o amor ainda existe por aí... e está vivo... eu confesso que não vejo grande romantismo na frase “A paixão é tremoço, o amor é azeitona”, uma das que foi deixada pelo José... mas confesso que o romântico que já morou dentro de mim acha o gesto diário do José um sinal delicioso de que o amor e o romantismo, mesmo quando parecem gestos bizarros e inuteis, continuam vivos por aí.... um enorme bem haja para o José, para o amor e para todos o que ainda temos capacidade de amar e de acreditar nos pequenos gestos..

 

Jorge Soares

 

publicado às 21:30

Caminhos

por Jorge Soares, em 14.08.11

Caminho

Imagem Minha do Momentos e Olhares

 

À porta da minha rua, passam-se passos passajados. É o tráfego das linhas na encruzilhada do peão. De vez em quando, oiço um desvio. É um criança que cresce no desvario do pião.

 

Ai, menino, quem me dera que fosses a certeza deste íngreme caminho!

 

Lídia Silva

 

Setúbal, Abril de 2010

Jorge Soares

publicado às 12:23


Ó pra mim!

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