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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
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Há imagens que valem por mil palavras, hoje vimos muitas imagens de filas nos multibancos ou de pessoas idosas às portas dos bancos, mas a mim a imagem que mais me marcou foi esta das bombas de gasolina encerradas.
Para quem nunca passou por uma situação como a que está a enfrentar a Grécia por estes dias, é difícil de entender do que estamos a falar, porque quem sempre deu tudo por garantido não consegue perceber que há coisas que não estão assim tão garantidas .... Na Grécia o dinheiro do estado acabou e isso traduz-se em coisas tão simples como esta, sem divisas não dinheiro para as importações e por lá, tal como aconteceria por cá, sem importações não há combustíveis... tal como em pouco tempo não haverão muitas outras coisas.
Na sexta eu disse aqui que as negociações só prosseguiam porque nem Tsipras nem os governantes europeus querem ficar com o ónus da culpa da saída do país do Euro. De sexta até hoje Tsipras arranjou uma forma de sair por cima, se o Não ganhar o referendo ele vai dizer que só seguiu a vontade do povo, se ganhar o Sim, ele vai ter uma desculpa para não ter que cumprir as promessas eleitorais e vai aceitar as condições da Europa.
Entretanto parece que o resto da Europa e até do mundo acordou para a dimensão do problema, parece-me é que acordaram tarde e não há muito mais a fazer que esperar pelo resultado do referendo... do que afinal nem se sabe bem o que estará a ser referendado, dado que o programa da Troika termina amanhã.
No meio de tudo isto uma coisa é certa, com o Euro ou sem o Euro, a Grécia não vai conseguir sair do buraco em que está metida por si só.
Ao ouvir as entrevistas de rua ao povo grego, ficamos com a ideia de que o Não no referendo irá devolver a liberdade à Grécia, mas de que servirá essa liberdade se o país não tiver quem lhe empreste dinheiro fresco sem ser a juros de mercado? E sem a Europa e o FMI, quem irá emprestar dinheiro à Grécia a preços que esta poderá pagar?
São muitas perguntas e nenhuma tem resposta fácil.
Entretanto, apesar do que possa dizer a múmia do palácio de Belém, não seria má ideia que o senhor Coelho e os seus pares começassem a pôr as barbas de molho, é que já há muitas a arder....
Jorge Soares
Imagem do Público
A noticia do dia apareceu no New York Times, o FMI prepara-se para admitir que cometeu erros graves na forma como lidou com a crise da divida da Grécia.
Demoraram dois anos a reconhecer o que há muito que era mais que evidente, nomeadamente o facto de não terem previsto a forma como o excesso de austeridade iria afectar de uma forma tão negativa a economia, o excesso de medidas de austeridade levaram o país a uma espiral recessiva da que não se sabe quando poderá sair.
As medidas que se aplicam por cá são uma copia da receita aplicada na Grécia, o governo acaba de fazer dois anos no poder e até hoje está por ser anunciada a primeira vez que o ministro Gaspar acerta uma das suas previsões, não era preciso o FMI vir dizer que fez asneira, todos sabemos que a austeridade só está a afundar ainda mais as economias, dois anos depois o FMI reconhece que errou, quando o fará o nosso governo? E quando vai arrepiar caminho?
Senhores do governo, não há pior cego que o que não quer ver.
Jorge Soares
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"Daqui a pouco vêm aí outra vez os três reis magos, um do Banco Central Europeu, outro da Comissão Europeia e o mais escurinho, o do FMI, e já se fala em mais medidas de austeridade”, afirmou o líder sindical no palco montado no Rossio" - Arménio Carlos na manifestação de professores.
Quando um dos meus filhos chega a casa com queixas de comentários mais ou menos racistas por parte dos colegas na escola, nós costumamos dizer para eles lhes retribuírem com " e tu és cor de rosa"
Já não bastava a confusão que por aí vai na educação do nosso país, para agora termos sindicalistas cor de rosa com comentários parvos a roçar o racismo. E com tantos professores na manifestação, ninguém deu um bocado de educação cívica a este senhor?
Jorge Soares
Imagem do Público
Moral:
Conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.
Segundo uma notícia do El Mundo, a última coisa que terá dito DSK (Dominique Strauss-Kahn) antes de ser detido no aeroporto de Nova Iorque, terá sido "Quel beau cul!", acho que não precisa tradução. A frase terá sido dita á passagem de uma das hospedeiras de bordo do voo da Air France em que ele iria voar para Paris.
A expressão em si será mais ou menos inocente, mas diz muito sobre a forma como este senhor se relacionava com o sexo Feminino, de resto, consta que há muito que na Europa e principalmente em França, eram comentadas à boca pequena as suas atitudes e alguns episódios se calhar não tão graves como este agora protagonizado no luxuoso hotel.
Que alguém com este tipo de atitudes possa ter chegado a presidente do FMI e fosse um dos principais candidatos à presidência da França diz muito sobre a moral em que vivemos. Haverá quem diga que o senhor fazia estas coisas em privado e que ninguém tem nada a ver com a sua vida privada.... a mim quer-me parecer que o corredor de um avião não é bem um lugar privado e que em privado tudo será válido sempre e quando as coisas se façam com acordo e consentimento... o que pelos vistos nem sempre seria o caso.
De resto ainda a semana passada cá em Portugal foi notícia um senhor que abusando da sua condição de médico, violou, sim, os factos foram dados como provados no tribunal, uma das suas pacientes grávida de 34 semanas e foi absolvido. Consideraram os juízes que a violação não terá sido feita com a violência suficiente. (podem ler o processo aqui)
Pelos vistos nos Estados Unidos a moral é outra, e lá se vai a definição que coloquei no inicio do post, porque quer-me parecer que por mais advogados e dinheiro que este senhor tenha à sua disposição, os juízes americanos não vão estar cá a analisar o grau de violência, irão analisar sim se a coisa foi ou não consentida ...e já se fala de uma pena de até 70 anos.
Num aparte, não sei o que andarão a colocar na água dos hotéis de Nova Iorque, mas a julgar pelas notícias dos últimos tempos, não são lá muito seguros para se ficar.. digo eu.
Jorge Soares
Imagem do Público
Andámos durante semanas com o credo na boca, cada dia que passava alguém lançava mais um boato de uma suposta medida catastrófica que teríamos que enfrentar. Ontem finalmente o primeiro ministro deu um ar da sua graça e bem ao seu estilo de one man show, veio dar a boa nova... afinal o céu não nos vai cair em cima.... e por todo o lado, em especial nas repartições públicas, se ouviu um enorme suspiro de alivio.... afinal vamos poder ir de férias e comprar as prendas de natal sem ter que andar a negociar títulos do tesouro ao desbarato... Não, não estou a brincar, cá em casa há um funcionário público... e consta-me que o terror era verdadeiro.
Mas se é verdade que as medidas não são tão penalizadoras como muito arautos da desgraça vendiam, também é verdade que a coisa não está para embandeirar em arco. Convém perceber que a crise existe mesmo, que é resultado de asneiras de muita gente que está ou já esteve no governo, e que ou nos mentalizamos que temos mesmo que apertar o cinto e deixar de viver como novos ricos, ou a coisa pode correr muito mal.
Estive a ler o resumo das medidas propostas, estão no Público, na generalidade concordo, lendo os comentários à noticia, parece que há pessoas que acham que a montanha pariu um rato, isto só mostra que há muita gente que ainda não percebeu nada do que se está a passar. Convém que a malta perceba que ninguém nos está a dar dinheiro, estão a emprestar, com juros de 5%, o que comparado com os 12 em que a coisa já ia, é muito bom, mas vamos ter que pagar na mesma...
Voltando um pouco atrás, tal como era mais ou menos de esperar, as medidas propostas são mais ou menos as que estavam no PEC IV, eu continuo a achar que a oposição fez um mau serviço ao país quando fez cair o governo, até porque nas condições actuais, quer-me parecer que não vai haver maioria absoluta, a dizer verdade, quem tem mais possibilidades de ganhar as eleições até será o PS, tal a baralhação que vai nas hostes do PSD.
Bloco de Esquerda e PCP não tem condições para fazer parte de qualquer governo, quem faz questão de não aceitar a ajuda externa NÃO PODE aceitar governar com as medidas propostas pela troika. Restam PS, PSD e CDS... depois de tudo o que tem sido dito pelo Passos Coelho alguém acredita que os dois maiores partidos se entendam para formar governo?..e se os votos do CDS não forem suficientes para uma maioria com PS ou PSD?, o que fará Cavaco?
Falta um mês para as eleições, neste momento não faço a menor ideia em quem vou votar...... esperemos que o ambiente desanuvie...
Jorge Soares
PS: quem quiser pode fazer download do Memorando de Entendimento (em inglês) e ler com detalhe
Imgem do Henricartoon
Um quinto dos eleitores não se fez ouvir. Bloco de Esquerda e PCP decidiram não comparecer. Porque não se encontram com o inimigo?
Retirei estas frases do Arrastão de um post do Daniel Oliveira, a mim faz-me alguma confusão, o inimigo?, inimigo de quem?
Nas últimas eleições a soma dos votos do Bloco mais os do Partido comunista andou muito perto dos 20%, como diz o Daniel, para bem ou para mal, eles representam um quinto da população, entendo que não queiram fazer parte de uma solução com a que não estão de acordo, mas por aquilo que entendi, estas reuniões eram para troca de ideias, para ouvir e ser ouvido. Se eles acham que têm soluções válidas e melhores que as que previsivelmente irão ser tomadas, porque não irem apresentar essas soluções, quem sabe e alguém os ouvia?
A mim não me parece que quem votou nestes partidos, se queira sentir à margem do que vai acontecer, aliás, não estou a ver como poderá alguém ficar à margem de um pacote de medidas que de uma forma ou outra nos irá afectar a todos.
Pessoalmente o que me parece é que ambos os partidos decidiram que será mais lucrativo a nível eleitoral manter-se à margem, já todos percebemos que da direita à esquerda neste momento ninguém faz nada que não seja com um objectivo claro, o maior número de votos possíveis no dia 5 de Junho.
Quanto a mim a imagem que deixaram com isto é muito triste, é a de que os votos e o número de eleitos estão antes das ideias do diálogo e das soluções, num momento em que todos deveríamos pensar no melhor para o país, em que todos deveríamos trocar e partilhar ideias para o bem de todos, eles decidem esconder-se atrás de palavras... é triste.
Entretanto aqui o blog vai entrar em reflexão... vou ali até ao Alentejo ver se chove... volto no Domingo, boa Páscoa a todos, não comam muitas amêndoas que não há dinheiro para dentistas
Jorge Soares
Imagem do Público
Alguém me explica para que serviu a crise politica?
Jorge Soares
Imagem do Público
Andávamos há uns dias no jogo do empurra, o governo chegou ao ridículo de sugerir que seria o Presidente da República quem deveria fazer o pedido de ajuda. A campanha eleitoral está instalada, a oposição aproveitou os últimos dias de funcionamento da assembleia da república para num claro acto de atirar areia para os olhos do povo, chegar finalmente a acordo para deitar abaixo normas e decretos do governo.
O governo não soube tomar as medidas em tempo útil, estas foram sempre tomadas com pelo menos um ano de atraso, mais que resolver foi tapando buracos.. até que o buraco era maior que ele.
O que se segue será muito duro, a chegada de dinheiro ao pais terá contrapartidas que irão incidir sobre todos nós, basta ver a crise social que se instalou na Grécia após a chegada da ajuda.... virá dinheiro sim, mas ninguém dá nada a ninguém. Estamos há dois anos sobre medidas de austeridade... mas virão mais, muitas mais.
Entretanto há coisas que são difíceis de perceber, no mesmo dia que pede ajuda exterior, o governo anuncia que suspende portagens nas SCUTS, não sei quantos milhões representa isto nas contas do estado, mas é mais uma medida eleitoral. Estas portagens foram uma exigência do PSD, o governo quis sacudir a água do capote... quanto a mim de forma completamente irresponsável.. porque em época de crise, todos os milhões contam.
Entretanto parece que a maioria da população ainda não percebeu a verdadeira situação do país, dizia-se hoje de manhã na Antena 1 que as viagens para as Caraíbas, Brasil e Cabo Verde, estão esgotadas para a época da Páscoa, e que os hotéis no Algarve prevêem reservas de quase 100%.... pois é, crise!
Jorge Soares