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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem de aqui
É curioso, foi há dois dias que por aqui se discutiu se colocar umas orelhas enormes a um concursante dos ídolos era bullying ou não, bom, hoje ficamos todos a saber o que é realmente bullying.
O vídeo apareceu-me no Facebook ontem à noite, confesso que não consegui ver mais que dois ou três minutos, tal foi a impressão que me causou. Tudo me fez impressão, a forma como o miúdo era agredido, a forma como todo o bando de energúmenos se ria da situação e sobretudo a forma como ante todo aquele ataque, ele simplesmente estava ali, a ser sovado daquela forma sem uma resposta, um grito, uma reacção.
Felizmente existem as redes sociais e em poucas horas não só todos tomamos consciência de que estas coisas podem acontecer, como graças à divulgação e à enorme proporção que o caso tomou, não só já foi apresentada queixa, como já foram identificados todos os agressores e (esperamos nós) será feita justiça, casos como estes não podem de forma alguma ficar impunes.
Como não podia deixar de ser, há quem ache que se está a violar os direitos dos agressores (alguns são menores de idade) ao divulgar o vídeo e as suas imagens, se calhar é verdade, mas também é verdade que foi graças a essa divulgação que em muito pouco tempo se conseguiu alertar as autoridades e identificar agredido e agressores.
Entretanto o que parece que tem impressionado mais as pessoas é olhar para o aspecto tão "normal" das agressoras, parece que as pessoas associam este tipo de violência a bairros e zonas degradadas, nada mais errado, estas coisas acontecem em todos os estratos sociais, a falta de educação, de civismo e de princípios não tem nada a ver com estratos sociais, este tipo de coisas tanto pode acontecer num qualquer subúrbio de uma grande cidade como nas escolas de classe média ou até nos colégios mais caros... temos é que estar atentos e actuar ao primeiro sinal.
A questão que se coloca, é: atendendo à juventude que estamos a criar, que futuro nos espera?
Jorge Soares
Imagem do Público
O assunto é a praxe e é tratado no Público há opiniões a favor e em contra e ideias para todos os gostos, a menina da fotografia chama-se Cecília Gonçalves e tem umas ideias no mínimo originais, podem ouvir aqui, senão vejamos:
“ ... a praxe não é humilhação mas está presente … é normal, é aceitável, é compreensível”;
“ao longos das nossas vidas vamos ser humilhados das mais diversas formas”;
“um dia, num futuro emprego, o meu patrão poderá chamar-me de incompetente e eu terei de saber aceitá-lo”;
“os nossos professores chamam-nos ignorantes e nós temos de limitarmo-nos aos silêncio”;
“a praxe ensina-nos (…) que na vida há uma hierarquia natural e que nós vamos ter de aceitá-la”;
“a praxe ensina-nos (…) a igualdade para com os nossos semelhantes caloiros e a desigualdade perante o superior“;
“Todos os anos morrem pessoas afogadas em rios (…) e até nas suas banheiras”;
“Eles morreram na sequência de uma onda e não no ritual de praxe porque embora estivessem numa actividade praxista, podiam não o estar e morrerem na mesma”;
-“A praxe envolve humilhação, envolve gritos, envolve estar de quatro (…)”;
Se repararmos bem ela começa por dizer que a praxe não é humilhação, mas depois passa uma boa parte do tempo a explicar como devemos aceitar ser humilhados ao longo da vida, já seja pelos colegas mais velhos, pelos professores ou pelos patrões... segundo ela, a praxe não é humilhação, mas se fosse era a mesma coisa.
Para ela existe uma hierarquia natural e portanto ser humilhado pelos "superiores" também é natural... aposto que era isso que ensinavam aos escravos, ou aos negros quando havia apartheid na África do Sul.
Resta saber onde está para ela o limite da hierarquia, até onde pode chegar a humilhação?
Triste mesmo é que é este o futuro do nosso país, ela é estudante universitária, é suposto ter educação, é suposto saber articular duas frases de jeito, é suposto ter capacidade para pensar que a humilhação não é aceitável não só nas praxes como em tudo o resto da vida...
Não sei se ela terá grande futuro como estudante ou profissional, mas de certeza que haverá algures um psiquiatra qualquer que lhe explique que o que ela sente se chama masoquismo.... e é só mais uma forma de ir pela vida, não é nem pode ser o normal da sociedade em que vivemos.
Jorge Soares
Imagem do El País
A noticia é do El país, no Canadá a empresa pública dos correios, os CTT lá do sitio, vai acabar com a entrega de cartas a domicilio às pessoas, à semelhança do que já acontece actualmente em algumas zonas rurais e nos subúrbios das grandes cidades canadienses. A partir de 2019 quem quiser receber cartas vai ter que ter um apartado postal.
A medida permitirá reduzir entre 6 e 8 mil o número de empregados e uma poupança anual de 500 milhões de dólares. Está previsto também um aumento de preços de 35% no correio normal.
Para além disto, o plano contempla também o encerramento de centenas de estações de correios que serão substituídas por franquicias em centros comerciais e grandes superfícies... onde é que eu já ouvi isto?
Não me lembro quando foi a última vez que recebi uma carta em papel, para além de toneladas de papel em publicidade, a única correspondência que recebemos cá em casa são: contas, facturas, avisos bancários, avisos das finanças ... Há pouco dei por mim a pensar que tudo isto era facilmente substituível por correio electrónico, aliás, em alguns casos só não o foi ainda por mera preguiça de minha parte, porque as empresas que me prestam o serviço até já fazem o envio por mail. Já para não falar da quantidade de vezes em que as cartas se vão amontoando no escritório durante semanas e por abrir... e já não seria a primeira vez que muitas vão assim mesmo, fechadas, directamente para a lareira.
Entendo que a entrega de correio continua a ser importante, há muita gente que não tem computadores e muito menos correio electrónico, mas pensando friamente, cá em casa e na grande maioria das casas que conheço, o serviço dispensava-se perfeitamente.
Em Portugal não será de certeza nos próximos cinco anos, talvez demore mais 15 ou 20 anos, mas eu pessoalmente não tenho dúvidas nenhumas, o que está a acontecer agora no Canadá irá acontecer de certeza noutros países e mais cedo que tarde, irá acontecer por cá. A compra de selos e a entrega de correio em mão irá passar a ser um serviço de luxo e a profissão de carteiro será mais uma daquelas que passará à história. Não há como lutar contra o progresso.
Progresso que segundo a amazom, poderá passar pelo seguinte, vejam só:
Jorge Soares
Imagem do Publico
Não tem sido fácil manter a promessa de ter pelo menos um post positivo por semana, primeiro porque nem sempre é fácil encontrar o assunto certo, segundo porque ao tentar manter o hábito de só escrever um post por dia, há sempre muitas coisas de que falar... bom, hoje é dia.
No público encontrei o seguinte:
Uma das coisas que costumo dizer é que ao contrário do que muita gente insiste em pensar, a solução para o futuro do nosso país não pode nem deve passar por tentar que o tempo volte para trás. Raramente tivemos, não temos e dificilmente teremos capacidade de competir com países com muitos mais recursos e com muita mais mão de obra que o nosso. E isto é válido para a industria, para a agricultura e para muitas outras áreas.
A solução terá sempre que passar por olhar em volta, ver quais as nossas capacidades e recursos e tentar tirar o melhor proveito deles, ver em que podemos ser tão bons ou melhores que os outros e apostar nisso.
É claro que quando falo de recursos, estou a incluir as pessoas. Estes dois jovens de Viana do Castelo conseguiram transformar uma ideia num projecto de sucesso e mostraram ao mundo que no nosso país existem ideias e pessoas com a capacidade de produzir coisas úteis. É claro que terem sido premiados com o Building of the Year do site de arquitectura ArchDaily ajudou, mas sem ideias e sem trabalho não há prémios.
Quem diz que não há futuro para o nosso país?, o futuro somos nós que o construímos.
Jorge Soares
Imagem de aqui
Há quem não acredite, mas a verdade é que o papel escrito tal como o conhecemos tem mesmo os dias contados. Há muito que as vendas de livros em edições electrónicas superam as vendas das edições em papel, as versões online dos jornais são cada vez mais a nossa primeira opção para nos mantermos informados, os portais electrónicos de noticias vão-se impondo como a forma mais rápida e eficaz de fazer chegar a informação ao público.
Os jornais impressos tal como os conhecemos foram desaparecendo ou perdendo fulgor, quem se não se lembra do expresso no seu formato enorme, com 4 cadernos e duas revistas, quilos de papel que mal cabiam no saco plástico, o que resta daquele jornal enorme? não me lembro quando foi a última vez que o comprei, em contrapartida é raro o dia em que não passo pelo site online, ou pelo do Público.
Outra das vantagens dos formatos electrónicos é a proximidade, a maioria dos jornais do mundo estão ali ao alcance de um click, terei comprado o espanhol El País uma dúzia de vezes quando nas férias nas Astúrias longe de computadores e gadgets me quero manter informado, mas a visita diária ao seu site na internet e à sua secção de blogs é quase obrigatória.
Tudo isto vem a propósito da noticia que diz que o Jornal Francês La Tribune decidiu abandonar a sua edição em papel, é um sinal dos tempos, não sei se será o primeiro não será de certeza o último, e não me parece que tarde muito em acontecer por cá... e nem será muito difícil prever por onde irá começar.. basta olhar para a forma como o número de páginas impressas de alguns jornais vai diminuindo à medida que o tempo passa e as versões online vão crescendo.
Posso estar enganado, mas prevejo que daqui a no máximo 10 anos restará um ou dois jornais em papel e dos livros restarão as edições de luxo.. o resto será electrónico.... por muito que muita gente, e eu sou um desses, ache que só consegue ler livros se eles estiverem em papel.
Jorge Soares
Imagem do Público
Não tenho nada contra os exemplos que vem de fora, devemos sempre olhar para o que é bom e tirar ensinamentos, as boas ideias, aquilo que dá bons resultados... mesmo sabendo que muito do que tem sucesso lá fora por cá teria muita dificuldade em funcionar, nós não somos regrados como os finlandeses, não temos o sentido de estado dos noruegueses, o patriotismo dos americanos.. nem sequer a alegria dos espanhóis.
Tudo isto a propósito de um artigo do Público onde se diz que o governo se prepara para fazer uma revolução na educação com base nos modelos americanos e inglês, um modelo em que em lugar de financiar as escolas, passará a financiar as famílias que com o dinheiro na mão poderão escolher a escola que bem entenderem.
Curiosamente é uma ideia que já tinha passado cá por casa mais que uma vez, principalmente quando da polémica à volta do financiamento por parte do estado de uma serie de escolas privadas e/ou quando tivemos dificuldade em arranjar vagas para as nossas crianças nas escolas públicas aqui à volta.
À primeira vista a ideia parece simples, o estado gasta mais de cinco mil Euros por ano por cada um dos meus filhos em idade escolar, dinheiro mais que suficiente para pagar a quase qualquer escola, os livros e até os tempos livres. É claro que estamos a olhar para o contexto actual... mas será que num contexto em que todas as escolas seriam privadas a realidade seria essa?
Já aqui falei do difícil que é neste momento arranjar vaga em algumas das escolas públicas desta cidade, mesmo com as regras actuais em que é suposto a morada ser elemento preferencial para a colocação dos alunos, sabemos que o Liceu de Setúbal é o preferido de muitos meninos de Azeitão ou das zonas mais selectas de Palmela, enquanto muitas das crianças que moram na mesma rua do Liceu tem sérias dificuldades em lá ter lugar. Conseguem imaginar como seria num cenário em que o dinheiro e os interesses mandem?
Já me estou a ver a passar o ano novo à porta do Liceu quando a minha mais nova chegar à idade de para lá entrar, eu que tanto critico a gente bem que todos os anos faz isso em algumas das escolas mais caras de Lisboa.
Acho que estamos todos de acordo que o modelo actual está completamente ultrapassado em todos os sentidos, mas antes de dar um passo do tamanho do que se anuncia no artigo, convém que se pense bem no assunto, caso contrário tudo isto poderá resultar na criação de escolas de elite que só servirão para cavar ainda mais o fosso entre quem pode e tem algum poder e o resto do mundo... definitivamente o último que eu quero para os meus filhos é um sistema de escolas públicas que escolhem os alunos a dedo e tenham os mesmos vícios das privadas... é que o ranking nacional é muito bonito, mas quanto à qualidade do ensino,da escola e dos professores que por lá andam, diz muito pouco.
Jorge Soares
Imagem Minha do Momentos e Olhares
Ser criança
Ser criança
é ter esperança
É ter a alegria
de viver o mundo.
É ter uma chave
uma chave para o futuro.
É viver no mundo de imaginação.
É encarar o mundo,
é tê-los nas mãos.
É olhar o mundo
de maneira diferente.
É sonhar é viver ,
É ser diferente.
Raquel Soares
10 anos
Praia do Carvalhal, Grândola, Setúbal
Julho de 2010
Jorge Soares
Imagem Minha do Momentos e Olhares
Te convido a creerme cuando digo futuro
si no crees mi palabra, cree el brillo de un gesto
Cree en mi cuerpo, cree en mis manos que se acaban.
Te convido a creerme cuando digo futuro
si no crees en mis ojos, cree en la angustia de un
grito
cree en la tierra, cree en la lluvia, cree en la
savia.
Hay veinte mil nuevas semillas en el valle desde ayer.
Hay restos de desesperados, hay el hombre y la mujer.
Los fierros se fundieron ya
hay paciencia hay que dar más.
Hay un país en rocas y ruinas bajo otro país de pan
hay una madre que camina codo a codo con su clan.
Los fierros se fundieron ya
hay paciencia hay que dar más.
Hay cuatro niños ahora mismo sonriendo en una plaza
y en las trastienda de una bala un militar que no ha
dormido
Y aquella linda muchachita vuelve a recortar su saya
sí es importante desde un niño hasta el largo de un
vestido.
Los fierros se fundieron ya
hay paciencia hay que dar más.
Yo te convido a creerme cuando digo futuro.
Sílvio Rodrigues
Setúbal, Maio de 2010
Jorge Soares
Imagem Minha do Momentos e Olhares
Ao contrário da maioria das eleições anteriores, esta vez é fácil dizer quem ganhou e quem perdeu, em primeiro lugar eu acho que perdeu o país, 42% de abstenção é uma clara derrota para o país. Estas eram umas eleições muito importantes, talvez as mais importantes desde o 25 de Abril, metade das pessoas não quis saber, metade das pessoas não quer saber quem os governa. É bom que alguém reflicta muito seriamente sobre o que isto significa realmente. Estamos a criar uma sociedade sem consciência civica e politica e isso é muito perigoso.
Dos resultados dos votos expressos, acho que está muito claro quem ganhou e quem perdeu, ganharam claramente o PSD e o CDS. Tenho para mim que há nesta vitória do PSD muito mais demérito do Sócrates, que mérito do Passos Coelho, este soube estar no lugar certo no momento certo, a mim ficam-me sérias dúvidas sobre a sua capacidade politica, espero sinceramente estar enganado, a situação do país já é suficientemente grave como para termos à frente alguém sem pulso.
O outro grande vencedor da noite é sem dúvida alguma Paulo Portas, o Partido do táxi já quase chega a partido do autocarro e está às portas do poder. Quer-me parecer que não vai ser fácil o entendimento, Portas vai vender muito caro o seu apoio ao governo, Passos Coelho falou de um governo com 10 ministros, bom, a mim quer-me parecer que depois da noite de hoje, Portas vai querer 5 só para ele ...
Todos os restantes partidos perderam, e esta vez não há meias derrotas, só derrotas a sério a começar pelo Bloco de esquerda, que de quarto partido passa para quinto. Quanto a mim o bloco deslumbrou-se com o resultado de 2009 e esqueceu o seu norte. O Bloco passou de ser a esquerda moderna para uma cópia, muitas vezes pobre, do partido comunista.
Eu sou votante do bloco desde que este apareceu, esta vez tive uma enorme dificuldade em decidir-me em quem votar, porque senti que o partido deixou de me representar. Eu não me senti representado naquela moção de censura fora de tempo e de lógica, e sobretudo não me senti representado na decisão de não ir falar com a Troika. Não era necessário assinar o memorando ou estar de acordo com as medidas propostas, mas era muito importante lá ir, dizer porque não se está de acordo e quais as medidas alternativas. Eu e muita gente sentimos que ficamos sem voz.
Não ouvi o que disse Jerónimo de Sousa, mas esta vez não há vitórias morais, num momento em que o PS caiu para baixo dos 30%, a CDU tinha que crescer muito, tinha que saber mobilizar os votantes da esquerda, tinha que crescer à custa do PS, não cresceu..de resto, foi igual a si mesmo...
Por ultimo, o PS perdeu, deixou de ser governo e face ao resultado do CDS, mesmo com a renuncia do Sócrates, não tem a menor hipótesse de vir a fazer parte alguma coligação. Pior, a saída do Sócrates vai deixar um vazio, não se vê neste momento quem possa ter o carisma politico para voltar a fazer do PS um partido com aspirações de poder.
Esperam-nos tempos conturbados, veremos se PSD e CDS conseguem criar uma aliança forte que consiga manter-se no governo pelo menos até ao fim do periodo de intervenção do FMI... veremos quando são as próximas eleições.
Jorge Soares