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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Público
Tudo aconteceu há precisamente 11 anos, a 13 de Novembro de 2002 o Prestige, um cargueiro carregado com 77 mil toneladas de fuelóleo, foi apanhado por uma tempestade e sofre um rombo no casco. Tudo isto aconteceu em frente às costas da Galiza muito perto de terra. As autoridades espanholas decidiram não autorizar o barco a chegar a um dos seus portos e este andou seis dias á deriva até que se afundou e levou para o fundo do mar o que ainda restava de fuelóleo... e pelo que se sabe, continua a verter petróleo para o mar.
A maior parte das pessoas já nem se lembrará da enorme tragédia ambiental que assolou toda a costa do mar cantábrico desde a Galiza até às costas francesas, eu, que costumo passar férias no Norte de Espanha, todos os anos recordo a tragédia, é impossível não recordar porque mesmo passados todos estes anos é possível observar uma camada de petróleo negro nas rochas da maioria das praias e alcantilados.
Lembro-me perfeitamente que em 2005 em França nas praias de Arcachon, perto de Bordéus, era possível encontrar na areia bolachas de petróleo endurecido.
Na altura o facto de se ter obrigado o barco a ir para o mar em lugar de para um porto onde a fuga de petróleo poderia ter sido controlada e limitada, foi objecto de uma enorme polémica. Quanto a mim terá sido esta decisão a culpada pela enorme tragédia ambiental da que a costa demorará décadas a recuperar... além de que mais tarde ou mais cedo o casco do barco afundado irá ceder e ainda restam muitas toneladas de petróleo que se irá espalhar-se pelo mar e eventualmente chegar á costa.
Hoje ficamos a saber que após todo este tempo que não há responsáveis por tudo isto, ninguém sabe qual a causa do que aconteceu no barco e não há responsabilidades pelas decisões tardias ou erradas que levaram a que este andasse 6 dias a verter petróleo para o mar até que se afundou com o que restava da sua carga.
Na Espanha como tantas vezes acontece por cá, a culpa morreu solteira e no fim, quem pagou as favas foram os pescadores, o turismo e claro, a natureza.
Era bom que estas coisas não acontecessem de novo no futuro, mas não é de certeza com decisões como esta que isso se irá conseguir.
Jorge Soares
Imagem do Público
As imagens captadas por uma das câmaras de segurança da linha são arrepiantes, e mais se pensarmos que ali, naqueles poucos segundos, quase num abrir e piscar de olhos se perderam 80 vidas.
Desde o inicio que foi claro que o motivo do desastre foi o excesso de velocidade com que o comboio que saia da linha de alta velocidade e entrava na linha normal, abordou a curva. A velocidade máxima aconselhada para aquele local era de 80 Kms por hora, segundo o maquinista, iria a mais de 180. Uma velocidade de tal forma excessiva que fez com que um dos vagões literalmente voasse para fora da linha e fosse parar a um terreno que estava a mais de cinco metros de altura.
Resta saber o que fez com que isto pudesse acontecer, na Espanha as linhas de alta velocidade contam com inúmeros sistemas de segurança que em principio deviam impedir que este tipo de acidentes acontecessem, o facto de naquele local já estarmos muito próximos da estação, a menos de 4 kms, faz com que o controlo dos comboios seja completamente manual, cabendo ao maquinista controlar a velocidade de aproximação.
Não era a primeira vez que este maquinista ali passava, há mais de um ano que ele conduzia estes comboios nesta linha, ele conhecia perfeitamente o local e sabia de certeza que aquela velocidade era excessiva, terá sido de certeza um erro humano a causar a tragédia, mas que tipo de erro humano consegue explicar tamanha irresponsabilidade?
O senhor gabava-se no Facebook de conduzir o comboio a 200 Kms por hora, o que nem é assim tão estranho, estamos a falar de um comboio de alta velocidade, o TGV espanhol, em muitos troços das linhas de alta velocidade essa é a velocidade normal, mas será que existe alguém tão irresponsável que sabendo que leva nas suas mãos as vidas de centenas de pessoas se atreve a deliberadamente ir a 190 Kms por hora numa zona de 80? Errar é humano, mas a irresponsabilidade neste caso pode ser um crime muito grave.
A meio da tarde o André sugeria que este tipo de acidentes constitui um bom argumento para que no futuro os transportes públicos sejam completamente automáticos, concordo, nada evitará que este tipo de acidentes aconteça, até porque sempre haverá falhas de material, mas retirar a variável "erro humano" do sistema tornará de certeza as viagens mais seguras.
Vídeo do desastre:
Erro humano de certeza, mas o que terá levado a esse erro trágico e fatal?
Jorge Soares
Imagem minha do Momentos e Olhares
Acho que nunca aqui se falou de óculos, o que não deixa de ser estranho, isto porque dos 5 que moramos cá em casa, 4 usamos e para além de que bem que podíamos ser sócios da óptica, não somos mas consta-me que eles gostam mesmo muito de nós, há histórias que dariam não para um post, mas para um blog inteirinho só sobre o assunto.
A história que lhes quero contar hoje começou há dois anos atrás, quando as férias em lugar de nas nossas adoradas Astúrias, foram na Galiza.
No fim de um dia qualquer demos pela falta dos óculos do N. ao contrário da irmã mais velha, que nunca sabe onde está nada, o N. é quase o nosso amuleto da sorte, não só sabe onde costumam estar todas as suas coisas, como normalmente sabe onde estão ou podem estar as coisas do resto da família.. ainda não percebi se tem memória fotográfica, mais jeito para procurar, ou simplesmente tem muita sorte, mas o certo é que quando falta algo, todo o mundo pergunta ao N. se ele viu... e normalmente viu.
Naquele dia ele não tinha visto os óculos, depois de revirarmos a tenda o carro e meio parque de campismo, ele lá se lembrou que a última vez que os tinha visto tinha sido na praia. Já não me lembro se naquele dia voltamos à praia ou não, mas no dia seguinte fomos.. é claro que encontrar uns óculos na areia da praia é mais ou menos como encontrar uma agulha num palheiro... e evidentemente não encontramos nada. Também perguntamos no bar da praia, em vão.
No dia a seguir voltamos à praia e por descargo de consciência voltamos a perguntar no bar...e voilá, alguém tinha encontrado uns óculos enterrados na areia....
Este ano as férias foram mesmo nas Astúrias, num dos muitos dias em que andamos a vaguear de praia em praia, fomos parar a uma enseada cheia de gente, a praia era bonita e a água era de um azul turquesa e uma transparência que convidava ao mergulho... era quase tudo perfeito, excepto que em lugar de areia a praia era de seixos e por muito convidativa que fosse a água, era um suplicio chegar até ela..estivemos uns cinco minutos e decidimos procurar outro poiso.
Quando chegamos à praia seguinte demos pela falta dos óculos do N. nem ele se conseguia lembrar de os ter trazido, nem ninguém de o ter visto com óculos... ele achava que não... Ainda recorremos à máquina fotográfica, mas não havia imagens com ele de frente, concluímos que deviam ter ficado na tenda e dispusemos-nos a gozar as delicias do sol e da água quente do Mar Cantábrico.
Ao fim do dia e depois de revirarmos a tenda e o carro, concluímos que aquela vaga lembrança que ele tinha de tirar os óculos na praia e os colocar no boné, tinha sido mesmo o que tinha acontecido e a aquela hora estes estariam algures a rebolar entre as ondas na praia dos seixos.
Por descargo de consciência no dia a seguir passamos de novo pela praia e no bar fomos perguntar se alguém teria "encontrado unas gafas en la playa"... e por incrível que pareça os óculos estavam lá à nossa espera.
O N. é mesmo o rapaz com mais sorte do mundo.
Jorge
Imagem Minha do Momentos e Olhares
Quem vai abrir as janelas que não fechaste...?
Quem vai colher as flores que não semeaste...?
Quem vai guardar as cartas que nao recebeste...?
Quem vai ler as palavras que não escreveste...?
Quem vai sentar-se à mesa no teu lugar...?
Quem, no teu leito desfeito, se vai deitar...?
Quem, as tuas roupas usadas vai vestir...?
Quem, os sons que tu ouvias, vai ouvir...?
Quem, a porta vai abrir, para eu entrar...?
Quem, com um terno beijo me vai saudar...?
Quem vai ensinar-me agora...a compreender ?
...Como posso eu viver feliz...sem te ter?
Poema de Maria João Silva
Ouvir o poema declamado no Youtube
Algures num daqueles dias de verão em que dá gosto caminhar pela praia, numa praia da galiza
Agosto de 2010
Jorge Soares
Imagem Minha do Momentos e Olhares
À noite,
Há fadas pelo céu,
Gigantes como eu,
Cuidado!
Há sombras na janela,
Peter Pan dança na estrela,
Não acordes na viagem.
Conta-me uma história
De tesouros e luar,
És capitão da Areia,
E pirata de Alto Mar
Agora,
As cortinas têm rostos,
São fantasmas bem-dispostos,
Cuidado!
O Super-homem está a caminho,
Traz o Panda e o Soldadinho,
Fecha os olhos e verás.
Às vezes
Há dragões que têm medo
E é esse o seu segredo,
Cuidado!
Vivem debaixo da cama,
Brincam com o Homem-aranha,
Vais levá-los no teu sono.
Conta-me uma história
De tesouros e luar,
És capitão da areia,
E pirata de alto mar
Conta-me uma história
Onde eu entro devagar,
És capitão da areia
Diz-me onde me vais levar
Pedro Abrunhosa
Capitães da Areia
Cambados, Galiza, Espanha
Agosto de 2010
Imagem Minha do Momentos e Olhares
No entardecer dos dias de Verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um momento, uma leve brisa...
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...
Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão ...
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos ...
Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma cousa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos,
E deve haver muita cousa
Para termos muito que ver e ouvir ...
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XLI"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Fim de tarde de um daqueles dias de verão .....
Playa Montalvo, Portonovo, Galiza
Agosto de 2010
Jorge Soares
Imagem Minha, Praia na Ilha de Arousa, Galiza
Tudo o que é bom mais tarde ou mais cedo termina mesmo.. hoje foi dia de voltar à luta do dia a dia, é suposto voltármos ao trabalho cheios de energia e força de vontade para enfrentar mais um ano de trabalho... eu não sei o resto do mundo... gostava de saber quem inventou tal coisa, eu não me sinto com forças para coisa nenhuma.. de bom grado continuava de férias.
Este ano não houve pés partidos, nem carros arrombados e visitas à policia, tirando um pequeno detalhe na véspera de partirmos, as coisas correram como previsto. O ano passado fomos para sul e para as águas quentes do mediterrâneo da zona de Valência, este ano voltamos às origens e rumamos a norte, onde a água é mais fresca, mas em contrapartida a temperatura ambiente é bem mais agradável e as coisas são bem mais calmas.
Por norma as nossas férias são a Norte, este ano dividimos a meio entre a Galiza e o Minho, uma semana a acampar num parque de campismo junto a uma excelente praia e perto de dezenas de outras praias de águas calmas e cristalinas e uma semana no parque de campismo de Caminha, entre o rio, o mar e o verde do Minho. Já falarei dos parques de campismo, dos da Galiza, dos de Portugal e das suas diferenças.
Estando em Caminha aproveitámos para visitar Vila Praia de Âncora, Moledo e Ponte de Lima. Esta última cidade deixou-nos verdadeiramente encantados, um local muito bem preservado, com uma zona ribeirinha bem aproveitada e que convida ao passeio, ao lazer e à visita.
A ideia inicial era ir de passagem, não só ficámos por lá como decidimos voltar no dia a seguir. No primeiro dia visitámos a cidade com um centro muito bem preservado e almoçámos muito bem. Já agora deixo a dica, Restaurante O mercado, o serviço é demorado mas a comida tem arte, o vinho verde da casa é bastante bom e os preços são convidativos.
No segundo dia fomos para aproveitar as magnificas condições do rio Lima já seja para o banho ou para os desportos náuticos. Fizemos um pic-nic à beira rio e os miúdos tomaram banho nas as águas calmas. Depois foi só esperar que o clube náutico abrisse as suas portas e ver como o rio se enchia de canoas e kayacs, com as crianças das aulas de remo a competir no rio com as dezenas de turistas, miúdos e graúdos, que encheram o rio de ruído e côr.
Por 3 Euros aluga-se uma canoa e tem-se direito a hora e meia de diversão nas águas calmas, e acreditem, eram largas dezenas de pessoas a remar, na sua maioria turistas. No fim do dia deu para visitar os jardins do festival internacional de jardins.
Ficamos fãs e já está decidido que no futuro haverá mais.
Jorge Soares