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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
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Há um ano, a 12 de Março de 2011 era assim como na fotografia, " a rua era nossa", a rua, a indignação, o direito a protestar, por um dia neste país de brandos costumes e poucas vontades, tudo parecia possível...
Hoje, passado um ano desde a maior manifestação desde 1975, vários PEC e uma Troika depois, mudou o governo, mudou o partido do governo, o desemprego aumentou, a precariedade aumentou, o desanimo aumenta todos os dias, só a esperança por um futuro melhor diminui cada dia que passa.... onde anda a indignação?
Há fenómenos que são difíceis de entender e explicar, visto a esta distância parece que afinal toda aquela indignação tinha um único alvo, José Sócrates, a sua saída de cena terá acalmado as hostes. Com o novo governo não deixou de haver nenhum dos motivos pelos quais naquele dia "a rua era nossa", bem pelo contrário, as politicas ditadas pela Troika aumentaram a precariedade, o desemprego, a pobreza... Todos os dias há mais gente com motivos para sair á rua, para reclamar, para se indignar,... onde andam?
De resto, não é assim tão estranho, numa altura em que o país enfrenta uma das maiores crises económicas da sua história, as eleições tiveram um dos maiores niveis de abstenção de sempre... e por incrível que pareça, os partidos que nos levaram a esta situação, tiveram mais de 80% dos votos expressos... se as pessoas nem no segredo das urnas conseguem mostrar-se indignados, como esperamos que o consigam fazer em público?
O 12 de Março de 2011 foi um dia muito bonito, cheio de gente, de música e de palavras bonitas, mas no dia 13 já tudo tinha passado e com a saída de Cena do Sócrates, passamos de indignados a resignados .... isto apesar de em lugar de uma geração, agora termos um país à rasca.
Jorge Soares
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O título do post de hoje era este, mas não era disto que eu ia falar, o conceito de geração à Rasca anda na moda, como vamos ver pode ser utilizado de muitas formas, nenhuma delas será positiva, mas de certo modo, todas fazem parte.. e sobretudo, todas explicam o porquê chegámos a este ponto.
A noticia não terá nada de novo, mais coisa menos coisa todos os anos se repete, nesta altura multiplicam-se as viagens de finalistas, já se converteu num negócio de milhões, e numa forma de turismo de massas.. infelizmente, também se converteu numa fonte de problemas e dores de cabeça para muita gente.
Há escolas que simplesmente as proibiram, o ano passado houve pais que tiveram de ir de Setúbal a Barcelona buscar os filhos que estavam detidos pela policia depois das queixas do Hotel, este ano não há viagem para ninguém. Mesmo assim tiveram mais sorte que aqueles pais do Porto que tiveram que ir à morgue reconhecer o filho que caiu da varanda do hotel.
Este ano a GNR decidiu tentar prevenir, revistas minuciosas aos autocarros à saída do país abreviaram a viagem a pelo menos 16 jovens por posse de drogas, mais uma forma de negócio.
Não faço ideia como terá nascido esta ideia das viagem de finalistas do Liceu, no meu tempo andávamos o ano inteiro a poupar e a arranjar formas de fazer dinheiro para no fim do ano fazermos uma festa... agora, já ouvi falar em crianças do 6º ano que fazem viagens ao estrangeiro. Depois, todos os anos a história se repete, exageros, distúrbios nos hotéis, queixas à policia.. pais que tem que ir buscar as criancinhas e pagar os estragos.. que sentido faz tudo isto?
Sou pai, considero-me capaz de educar os meus filhos e de lhes transmitir valores positivos... mas sinceramente não sei se como estão as coisas autorizava a ida dos meus filhos numa viagem deste tipo... e faz-me confusão como apesar de tudo o que vai acontecendo todos os anos, os pais continuam a olhar para o lado e a alimentar este negócio.
Jorge Soares
Imagem do Público
Hoje falta-me o tema e a inspiração... há dias assim, há pouco estava a dar a volta pela vizinhança e deparei-me com este post da Marta, concordo com ela em quase tudo, excepto na importância que se dá às músicas e em especial ao JEL. A mim quer-me parecer que mais que fazer andar o que quer que seja, ele soube aproveitar muito bem o andamento da carruagem.
Ouvindo tudo o que ele diz no vídeo fico a pensar que já ouvi tudo aquilo, mas isso sou eu, que costumo dar atenção ao que se diz nos discursos da festa do avante, ou ao que dizem os deputados do bloco de esquerda no parlamento. Não, ele não diz nada de novo, ele não inventou nada, nem anda a ler livros que outros não tenham lido antes... mas é muito triste que num país como o nosso, tenha que aparecer um palhaço para que as palavras façam sentido.. com todo o respeito pelo profissional da comunicação que é o JEL.
Jorge Soares
PS: Acabo de ver uma nova petição do Facebook que pede 1 Milhao no facebook para DEMISSÃO DO GOVERNO... se calhar era melhor darem uma palavrinha ao Passos Coelho antes, não vá a ser que ele não esteja interessado em ficar com o menino e o tenham que dar para adopção...sabe-se lá de quem.
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Ok, eu estava enganado, perto de 300 mil pessoas na rua são um enorme sinal, um sinal de que as pessoas estão mesmo cansadas, que estão a chegar ao limite.
A precariedade é uma realidade enorme, os falsos recibos verdes, a sub contratação de mão de obra, o sub emprego, tudo isto está a afectar muita gente.
No post da passada quarta feira em que falava da manifestação eu mostrei o meu cepticismo sobre a capacidade de mobilização desta geração, na altura disse que esperava estar enganado... bom, estava mesmo, ainda bem. Espero que a partir de hoje nada seja igual, que toda este descontentamento seja canalizado de uma forma positiva, que toda esta gente continue a manifestar o seu desagrado da mesma forma que o fez hoje. Espero sobre tudo que a classe politica perceba o significado de tudo isto. Agora não vale a pena virem dizer que foram 3 ou 4 gatos, porque não foram, foram muitos milhares, a maior manifestação de rua depois de 1974... e tudo isto sem mobilização partidária ou sindical, sem autocarros a transportar pessoas... um mar de gente, um mar de descontentamento, um mar de precariedade... está na hora de dizer BASTA!
E o meu bem haja aos jovens que conseguiram fazer isto acontecer, assim de repente apetece dizer que ainda há esperança.
Jorge Soares
Foi em Outubro que num post em que falava da Geração Rasca, entre outras coisas escrevi o seguinte:
Não quero cair no mesmo erro que caiu quem a nós nos chamou geração Rasca, mas olhando para esta geração, a dos telemóveis, dos milhares de SMS trocados, a geração que nunca chumba, não porque saiba mas por decreto, a geração das calças caídas, a mesma que é contra o acordo ortográfico mas que não é capaz de escrever duas frases sem meter K's e abreviações, eu pergunto-me.. que geração é esta?
Na altura foi a Stilleto que nos comentários deixou a frase Geração à Rasca, deveriam pagar-lhe direitos de autor, ela baptizou este movimento que nasceu de uma música dos Deolinda, muito antes do seu início.
Tenho lido muitas coisas sobre tudo isto, antes de mais um esclarecimento, para o dia 12 em Lisboa, Porto e outras 8 cidades, estão convocadas não uma mas duas manifestações, uma é a do Geração à Rasca, um movimento espontâneo sem ligações politicas e que segundo palavras deles ... não protestamos contra as outras gerações. Apenas não estamos, nem queremos estar à espera que os problemas se resolvam. Protestamos por uma solução e queremos ser parte dela.
A outra foi convocada por um grupo de idiotas que diz querer varrer toda a classe politica e que para além de outras coisas, fez circular um email com uma série de pontos que se não sei se são para chorar ou para rir. Varremos toda a classe politica e depois fazemos o quê? contratamos o Kadhaffi que parece que vai para o Desemprego?, ou pedimos ao Berlusconi que faça uma perninha?
A crise é uma realidade que nos afecta a todos de uma forma ou outra, o desejo de manifestar o desagrado é legitimo.. a coisa está preta para eles, para nós e para todas as gerações.
Há muita gente que desconfia de tudo isto porque partiu do Facebook, eu não vejo nada de mal nisso, o Facebook é, tal com o são os blogs, uma forma de comunicação dos tempos que vivemos e é uma forma tão válida como outra qualquer de convocar uma manifestação... e de certeza muito mais inteligente que ter as paredes pintadas como tínhamos antes.
Tenho sérias dúvidas que a manifestação vá ser um sucesso, não porque venha do Facebook mas sim porque não vejo nesta geração consciência politica ou cívica para isso.. aliás, como vimos nos últimos actos eleitorais em que eles simplesmente abdicaram de reclamar onde faz mais sentido, nas urnas..... muito sinceramente espero estar enganado e que a manifestação tenha muito mais que os vinte ou trinta mil que carregaram no Gosto.
Jorge Soares
Imagem do Ionline
Há pouco víamos o Khadafi a sorrir no telejornal, enquanto ele sorri para a televisão americana o povo morre nas ruas das cidade da Líbia, e à medida que aumentam os mortos e a inconsciência deste louco, o petróleo nos mercados internacionais vai aumentando na mesma proporção. Noticia terrível para todos nós que vivemos dependentes deste ouro negro que por um qualquer estranho designío da natureza, jorra de forma abundante em países que na sua maioria são governados por loucos, monarquias com forte tendência religiosa, fanáticos religiosos... ou uma estranha combinação de tudo isto. Assim de repente até parece que a natureza goza connosco.
Ao contrário do que se passa por cá, em que parece que estamos todos reféns de uma moção de censura que não vai a lado nenhum e de uma manifestação que à Rasca irá de certeza ter 4 gatos pingados.. que falar é bonito e fazer Gosto no Facebook é fácil, mas manifestar dá trabalho, na vizinha Espanha já se começaram a tomar medidas para fazer descer a factura energética do país.
Como primeira medida foi reduzida a velocidade máxima nas auto-estradas de 120 para 110 Kms por hora e decretada a diminuição dos preços dos bilhetes de comboio em 5%. Calcula-se que isto faça diminuir entre 10 e 15 % no consumo dos combustíveis. Hoje ouvi o ministro Rubalcava dizer que iriam ser invertidos 12 milhões de Euros na substituição da iluminação pública para lâmpadas led de baixo consumo. E nós por cá? Nós por cá falamos de novas medidas de austeridade...
Mas eu percebo o governo, na prática, num país em que que os que andamos a 120 nas auto-estradas somos ultrapassados até pelos camiões, reduzir a velocidade máxima teria efeito zero, ninguém cumpre mesmo os limites. Há até quem ache que os espanhóis são parvos, porque descer a velocidade não diminui o consumo... juro, eu li isso algures num blog... devia ter perguntado ao senhor que carro é que ele tem.. porque no meu e nos que tive até agora, diminui mesmo.
E se em lugar de falar em novas medidas de austeridade se seguissem estes exemplos e se tomassem medidas?, medidas reais e de efeito imediato?
Jorge Soares