Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Imagem retirada de aqui

 

Passou quase um mês desde que escrevi este post em que para além de confessar que sim, eu gritava aos meus filhos, me comprometia em deixar de o fazer. Deixei de contar os dias quando ia em 12 ou 13, um dia esqueci-me de escrever a conta no post do dia, depois houve dois ou três dias em que as coisas correram tão mal que estive prestes a perder a calma , a voltar ao passado e aos gritos, quando dei por mim já nem sabia quando tinha começado.

 

Não foi um mês fácil, pelo contrário, foi um mês muito difícil, mesmo... só houve duas vezes em que estive prestes a gritar, mas houve algumas mais em que  me apetecia chorar... ou fugir.

 

Ter um filho hiperactivo não é nada fácil, ter um filho hiperactivo e impulsivo que pela enésima vez mudou de escola e passou de uma onde havia uma balda total para uma onde há um controlo férreo e até algum exagero na forma como se avaliam as coisas, não foi mau, foi mesmo muito mau... tão mau que já dei por mim mais que uma vez a pensar se vale mesmo a pena o esforço, até financeiro, que estamos a fazer, se não seria mais fácil enfrentar a escola pública com todos os seus problemas.

 

Durante este mês mudei completamente a forma como me relaciono com o meu filho, não há gritos, há muitas e longas conversas, muitas mesmo, quando não lhe estou a explicar o porquê dos castigos, estou a repetir as mesmas coisas uma e outra vez.... isto parece estúpido, mas acho que de tanto repetir algo deve ficar naquela cabecinha de adolescente que para além de esquecer tudo muito rapidamente devido à sua doença,  acha que sabe tudo e que eu sou um velho chato.

 

Há evidentemente um clima diferente cá em casa, curiosamente já estive mais perto de gritar com a mais velha, com a qual raramente gritava, que com ele, mas ela tem duas contras, é adolescente e mulher. Isso significa que para além da natural sobranceria de adolescente, há sempre aquela fase do mês em que o mau feitio,  o nariz empinado e a costela de Salazar, se multiplicam por 10... cada vez me pergunto mais como é que ela pode ser tão igual à mãe... os genes são mesmo lixados.

 

Quem conseguiu aguentar um mês pode perfeitamente aguentar um ano, se eu consegui com tudo o que aconteceu durante este tempo, de certeza que não volto a gritar, pelo menos com os meus filhos, (com os meus colegas de trabalho já não tenho tanta certeza...e com algumas outras pessoas não sei não),...mas também tenho a certeza que neste mês ganhei muitos cabelos brancos, e vou ganhar muitos mais, ao gritar aliviava a minha tensão, agora não grito, mas passei a seguir a vida deles de outra forma e tenho muita mais noção de tudo o que acontece... e acreditem em mim, com uma criança como esta não é nada fácil.

 

Mas como disse no primeiro dia, é um dia de cada vez e um problema de cada vez, na vida a única coisa que não tem solução é morte, e não será de certeza um adolescente problemático e um colégio que me irão vencer, até porque ele crescer mais tarde ou mais cedo vai crescer... e acabar a escola alguma vez... já não tenho é tanta certeza que até lá não me internam algures.

 

Jorge Soares

 

PS:O próximo que me fizer aparecer no Facebook  aquela imagem estúpida e que diz "esta escola transmite conhecimentos, as crianças devem vir educadas de casa" vai ser insultado de cima a baixo... ou passar uma temporada com ele. As crianças não são todas iguais e não devem ser tratadas da mesma forma nem em casa nem nas escolas.

 

publicado às 23:08

Eu que grito aos meus filhos, me confesso!

por Jorge Soares, em 05.10.14

Imagem retirada de aqui

 

Eu para além de ter mau feitio, tenho um tom de voz elevado, muitas vezes a meio de uma conversa ou de uma discussão basta subir um bocadinho o tom para as pessoas acharem que eu estou chateado ou a gritar, na maioria das vezes não é o caso, mas já me senti prejudicado mais que uma vez por isso.

 

Ora tendo uma voz alta e três filhos que felizmente não primam pela perfeição, não é raro dar por mim a gritar com eles, e também já dei por mim  mais que uma vez a pensar: "Como é que as pessoas conseguem não gritar?".

 

A primeira resposta é inevitavelmente uma pergunta: porque é que os os meus filhos não são normais? Eu gostava tanto de ter filhos com os que não fosse necessário gritar....

 

Evidentemente o assunto já foi tema de conversa mais de uma vez com a minha meia laranja, que também grita, principalmente quando se trata das desarrumações da R.

 

Por vezes tento conter-me e consigo durante dois ou três dias, mas quando temos um hiperactivo, uma cabeça no ar e uma teimosa, damos muitas vezes por nós a repetir as mesmas repreensões dia trás dia, e há um dia em que perdemos a cabeça e inevitavelmente terminamos aos gritos.

 

Pior mesmo é quando chegamos àquela fase em que eles já pensam e no meio da repreensão nos dizem: "Não é preciso gritar!!"... aí é quando eu me passo mesmo, tomo aquilo como um desafio à autoridade e elevando ainda mais a voz lhes respondo com um : "Eu falo contigo da maneira que entender e tu tens que me ouvir sem reclamar!"

 

Resta-me o consolo de saber que pelo menos cá no prédio não somos os únicos e quem tem filhos da idade dos nossos grita tanto como nós.. o que não quer dizer que seja correcto.

 

Há muitas teorias sobre o efeito dos gritos nas crianças, a mais comum diz que as crianças repetem na escola o comportamento que temos com eles  e filhos de pais que gritam terminam a gritar com colegas e professores... se calhar é verdade... ou não! Comigo gritaram muito quando eu era pequeno, eu não gritava com os meus colegas e professores, mas agora grito com os meus filhos ... vale o que vale. 

 

Este fim de semana no meio de uma enorme crise com os efeitos da hiperactividade do N. na escola, dei por mim a pensar que tenho que mudar, para começar não volto a gritar e se possível e eles me deixarem, quando for necessária alguma repreensão, vou tentar que em lugar de gritos as coisas se resolvam com conversas cordiais, educadas e construtivas.

 

Não faço ideia quanto tempo é que vou conseguir manter o desafio, isto vai ter que ser mesmo dia a dia, cá em casa há matéria prima suficiente para levar à loucura qualquer santo, será portanto um dia e um assunto de cada vez.

 

Ontem e hoje consegui, portanto: Número de dias sem gritar - 2

 

Jorge Soares

 

PS: No outro dia a Joana perguntava aqui como farão os outros pais para se controlarem, eu também me pergunto o mesmo.

publicado às 22:37


Ó pra mim!

foto do autor


Queres falar comigo?

Mail: jfreitas.soares@gmail.com






Arquivo

  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2019
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2018
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2017
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2016
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2015
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2014
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2013
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2012
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2011
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2010
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2009
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2008
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2007
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D