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Hiperactividade - o primeiro passo é aceitar!

por Jorge Soares, em 25.05.15

A Hiperatividade é uma condição física que se caracteriza

pelo sub-desenvolvimento e mau funcionamento de certas partes do cérebro.

Retirado de aqui

 

 

Não é a primeira e não será de certeza a última vez, mas nunca deixa de me fazer impressão, há uns dias num grupo do Facebook  onde se fala da hiperactividade, uma mãe vinha partilhar as suas preocupações e pedir ajuda a outros pais... só que começava a explicação com: "vocês desculpem mas eu não acredito nesta doença"

 

Estou habituado a ler e ouvir muitas vezes essa frase, principalmente vinda de: Quem não tem filhos e acha que tudo não passa de birras e falta de educação que se fossem eles os pais se resolveriam facilmente com  castigos e/ou com palmadas. Ou de professores que acham que tudo não passa de desculpas dos pais para o comportamento dos filhos que não souberam educar.

 

Há uns tempos também no facebook tive uma troca de ideias com uma mãe, no infantário, ante as atitudes e o comportamento do seu filho,  tinham-na aconselhado a levar o miúdo a uma consulta de avaliação. 

 

Evidentemente a senhora negava-se, ela concordava que o miúdo não era uma criança "normal", mas de forma alguma o levaria alguma vez à consulta... segundo ela o que a criança precisava era de amor e mão firme, ninguém a ia convencer que o miúdo tinha alguma doença e ia alguma vez precisar de tomar medicamentos.

 

Na altura dei por mim a pensar que eu também tinha passado por essa fase, também eu passei muito tempo a recusar-me a aceitar que o meu filho tinha um problema e que esse problema estava muito para além do que eu conseguiria resolver... 

 

Mais tarde ou mais cedo todos terminamos por cair em nós e perceber que o problema existe mesmo e que tem que ser tratado por médicos e especialistas, o problema é que no entretanto fazemos da nossa vida, da dos nossos filhos e da restante família, um inferno.

 

Eu demorei dois ou três anos a aceitar que não era por ficar sem prendas, por ficar de castigo durante semanas ou com palmadas e até sovas, que o meu filho ia melhorar o comportamento...

 

Não é fácil lidar com tudo isto, não é fácil lidar com os comportamentos, normalmente é muito difícil lidar com a escola, com os directores de turma, com os professores,até com os pais das outras crianças que acham sempre que os seus filhos são perfeitos. Nada disto é fácil, mas não é fácil para nós pais e não é fácil para os nossos filhos... mas a primeira regra para se conseguir viver e sobreviver é que temos que aceitar que o problema existe mesmo.

 

Depois há a questão da medicação, seja Ritalina, Concerta ou outro medicamento qualquer, há sempre mais alguém que leu um artigo ou ouviu uma teoria, para além dos milhentos efeitos secundários, aquilo causa habituação e não serve para nada.... e quem quer dar drogas aos seus filhos?

 

Ninguém, eu também não, infelizmente consigo ver a diferença entre quando ele toma ou não toma, mesmo os professores que nem acreditam em nada do que dizemos, conseguem ver a diferença quando por algum motivo nos esquecemos de lhas dar.... e na maior parte dos casos, os miúdos conseguem ver a diferença e terminam por nos pedir para lhas dar, porque sabem os efeitos no comportamento e no aproveitamento escolar, acreditem, ninguém é feliz a ser sempre o que tem mais castigos e recados e tira as piores notas da turma.

 

Negar que o problema existe, que seja uma doença e que tem que ser tratado na maior parte dos casos com recurso à medicação, só torna as coisas muito mais complicadas...

 

Voltando ao inicio, depois de ler o comentário da senhora no facebook dei por mim a ter pena dela e muita pena dos seus filhos, porque eu sei as vezes que fui, às vezes ainda sou, injusto com o meu.

 

Jorge Soares

 

publicado às 22:49

cxrianças hiperactivas

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

Eram 8h50 da manhã desta quarta-feira. À porta da escola primária da Avenida, em Viana do Castelo, a encarregada de educação de um menino de seis anos é informada de que a criança não pode entrar.

 

 

A noticia é do público e tem como titulo: Criança de seis anos impedida de frequentar escola por ser hiperactiva, assim de repente para quem tem filhos hiperactivos é assustador, ao lermos percebemos que a criança foi impedida de entrar na escola porque supostamente está suspensa após vários episódios que envolveram violência com colegas e professores.

 

Eu tenho um filho hiperactivo, sei bem o difícil que é lidar com a situação e tenho a perfeita noção do que pensam as pessoas que estão do outro lado. Para nós como pais é difícil, mas aprendemos a lidar com isso, a realidade é que a grande maioria das pessoas, professores incluídos,  nunca deixa de olhar para estas crianças como se de um simples caso de falta de educação se tratasse.

 

Acredito que a escola tenha motivos para suspender esta criança e que esteja no seu direito de o fazer, custa-me a entender que esta criança esteja a ser seguida por um serviço de pedopsiquiatria, esteja medicada e continue com estes comportamentos. Ou está mal diagnosticada e medicada, ou simplesmente não toma a medicação... que diga-se de passagem não é nada barata.

 

Não é o facto de esta criança ter sido suspensa que me assusta, se existiram motivos a escola tem que tomar medidas e em último caso suspender a criança, o que me preocupa é perceber que com a mudança de governo e de ministro da educação, ao parecer existe uma tendência para ostracizar estas crianças.

 

Há poucos dias foi noticia que as crianças disléxicas deixam de ter direito a avaliações diferentes e a que lhes sejam lidos os textos em voz alta, na noticia são referidos vários outros casos em que as escolas simplesmente impedem a presença das crianças hiperactivas... o que se seguirá?

 

Convém recordar que a hiperactividade é uma doença, e que a grande maioria das crianças hiperactivas tem uma inteligência acima da média, simplesmente por si só e sem tratamento e medicação, não conseguem canalizar essa inteligência no caminho certo. 

 

Como pai, como pessoa, temo pelo futuro do meu filho e de todas as crianças com dificuldades.

 

Jorge Soares

publicado às 23:19

Hipercatividade e défice de atenção

Imagem de aqui

 

 

Ao contrário dos nossos receios, a passagem da primária para o ciclo do N. está a correr de vento em popa, está completamente adaptado à nova escola, aos novos colegas, aos muitos professores e aos novos hábitos em geral. Não era necessário, mas tudo isto prova que a nossa insistência para que repetisse o 4º ano foi mesmo a melhor decisão,  até agora o aproveitamento nas aulas tem sido bastante bom e até tivemos elogios da professora de matemática.

 

Mas é claro que todos sabemos que a hiperactividade, o défice de atenção e a dislexia, são doenças que o vão acompanhar para toda a vida, podemos tentar tratar e minimizar os problemas mas não há milagres. Esta semana tivemos um vislumbre de como é a realidade. Num dos dias houve um recado da directora de turma que queria falar com a mãe. Após um breve interrogatório, ficámos a saber que teria havido uma resposta mais ríspida a uma das professoras o que resultou numa falta disciplinar.

 

Aconteceu que nesse dia a mãe saiu de casa mais cedo e sem supervisão directa, o N. esqueceu-se de tomar o comprimido de Metilfenidato (Ritalina ou Concerta). Sem a medicação ele é uma criança irrequieta, teimoso, com tendência para a oposição, que não consegue estar quieto mais que dois ou 3 minutos.  Mesmo para nós pais é difícil, durante as férias retirámos a medicação e acreditem, muitas vezes chegávamos ao fim do dia a maldizer a decisão. Para professores que tem que lidar com mais 20 crianças na sala de aulas, uma criança destas é um elemento de destabilização constante e nem todos tem a mesma sensibilidade para a questão.

 

Passados 4 ou 5 anos do inicio da medicação, para mim continua a ser complicado, eu estou consciente dos benefícios que esta traz para ele, e mesmo acreditando que não haverá efeitos secundários que deixem sequelas, há coisas que saltam à vista. No dia em que ele não tomou a medicação chegou a casa ao fim do dia e caiu na cama redondo de sono, nos outros dias, muitas vezes são duas ou três da manhã e ele ainda anda às voltas na cama. Acho que ninguém tem dúvidas sobre  a importância do sono e do descanso para o correcto desenvolvimento de uma criança... a verdade é que as  crianças medicadas com Metilfenidato não dormem o suficiente.

 

A maioria dos médicos combate esta falta de sono com mais químicos, como eles não tem sono dão-se medicamentos para o sono em doses que vão aumentando à medida que estes vão perdendo efeito.

 

O outro efeito evidente é a falta de apetite, principalmente ao almoço, o que resulta em crianças que não dormem o suficiente e se alimentam mal. Com tudo isto não é de admirar que um dos efeitos secundários comprovados, 1 em cada 10 doentes, são os atrasos no desenvolvimento, se eles não comem e não dormem....

 

Para mim está muito claro que a medicação é essencial para que o meu filho tenha uma vida mais ou menos equilibrada e para que possa minimizar os efeitos de problema, ele não é mal educado nem um diabinho mal formado, é uma criança com doenças reais que sabemos que o vão acompanhar para toda a vida.

 

Mas também é claro que os medicamentos não o vão curar, só minimizam os sintomas, o que significa que ele os  terá que tomar a vida toda e que os riscos de entrar numa espiral de dependência são reais.

 

Felizmente para ele a directora de turma é uma pessoa experiente, ponderada e consciente da realidade dos problemas deste tipo de crianças e o episódio desta semana apesar de ter servido de aviso,  não passou disso.

 

Jorge Soares

publicado às 21:45


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