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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Emerson Braga
Retirado de Samizdat
A noticia é do El Mundo e chocou-me profundamente, temos tendência a esquecer que há mais mundos para além do que conhecemos, depois chegam-nos estas noticias que nos lembram que sim, que o nosso é só um pequeno e excelente mundo, lá fora há outros.... diferentes, muito diferentes.
Amina Abdallah Araf é mulher Árabe, é Síria, é lésbica e desde Fevereiro é blogger, o seu blog Chama-se Uma Lésbica em Damasco. No blog ela começou por falar dos direitos da comunidade LGBT na Síria, para depois abordar directamente as manifestações que no país exigiam, tal como em muitos países árabes, a abertura à democracia.
É necessário muito valor para num país onde a homossexualidade é proibida por lei, não só reconhecer a sua condição de lésbica, como falar abertamente do assunto num blog, mas não é necessário menos valor para num país com uma ditadura militar que controla tudo com mão de ferro há 40 anos, se declarar dissidente politica. "É duro ser lésbica na Síria, mas mesmo assim é mais fácil ser um dissidente sexual que um dissidente político", são palavras de Amina ao the Guardian.
Um destes dias, Amina ia pela rua com uma amiga quando 3 homens a arrastaram para um carro e desde então está desaparecida, o seu delito?, ser mulher, ser lésbica, ser blogguer, ter opinião... Num país onde a religião, os homens, os politicos, todos relegam as mulheres para um canto insignificante da sociedade, ser mulher e ter opinião é um enorme delito.
Os desejos de democracia do povo Sírio e a repressão que se instalou após as manifestações já levaram à prisão mais de 10000 pessoas, Amina negou-se a sair do país quando a foram buscar a primeira vez, agora o seu nome é mais um na lista.
Podem ver no Facebook o Grupo de apoio a Amina desde onde se grita pela sua liberdade, Free Amina Abdalla
Jorge Soares
Update: Pelos vistos a rapariga lésbica era na realidade um idiota qualquer e toda a história um invento ... enfim
Hoje foi a reunião na escola da R., como a P. tinha ido ontem à do N. a mim calhou-me esta, foi uma reunião pacifica, a directora de turma é daquelas que faz a festa toda, dá a música, atira os foguetes e apanha as canas, mas é pacifica e a coisa até correu bem.
O ponto alto da reunião foi quando se tratou do tema da educação sexual, a coisa até estava a correr bem, até que alguém tocou o tema da homossexualidade e é claro o assunto do momento que também ia pacifico até que uma das mães decide sair-se com a seguinte:
-Vejam lá o que aconteceu com aquela pobre criança, que se deixou levar pelas más influências e vejam no que deu.
É claro que ante uma afirmação destas eu não me podia calar,
-Criança, mas qual criança?
-Criança sim, porque ele era uma criança que se deixou influenciar
-Mas ele não tinha 21 anos?, isso não é uma criança, é um adulto que sabe bem o que quer.
-Não, ele era uma criança e deixou-se levar na conversa daquele tipo.
Aqui a professora entendeu que a coisa ia descambar e mudou rapidamente de assunto.
Eu não conhecia o Carlos Castro de lado nenhum, juro, nem sabia que o senhor existia, muito menos o Renato Seabra, muito menos da sua orientação sexual, mas a mim há uma coisa que me parece clara, independentemente do que estavam lá a fazer, se eram ou não namorados, estavam ali dois adultos e um matou o outro de uma forma que tem contornos de sadismo.
Não sei como, mas tal como aquela mãe na reunião da escola, há muita gente que parece que vê o morto como culpado e o assassino, que até já confessou, como a vitima. Parece que o facto de um ser homossexual e o outro um bom rapaz de Cantanhede faz as coisas mudar... deve ser da distância, Nova Iorque é muito longe e em inglês, agressão, morte violenta e castrado, dizem-se de outra forma.
Eu juro que já tentei, mas depois de tudo isto eu não consigo ver mais que alguém que morreu e alguém que matou, quanto ao facto de o assassino confesso ser um bom rapaz, espero que ninguém me leve a mal, mas o que define se alguém é boa ou má pessoa não é a opinião que os outros querem fazer passar, são os actos... e a mim não há quem me convença que quem mata com estes requintes de malvadez, é boa pessoa.
Jorge Soares
Quem já não ouviu falar da qualidade de vida dos países nórdicos?, das excelentes escolas públicas, sistemas de saúde perfeitos, justiça social, excelentes condições de habitação, etc. É claro que tudo isto é financiado por um sistema fiscal que leva entre 40 e 60% dos salários, mas aposto que não há ninguém que não tenha dito ou ouvido :"Eu assim também não me importava de pagar impostos"... eu ainda hoje à hora do almoço ouvi esta frase. Eu bem tentei explicar que tem que ser ao contrário, primeiro temos que pagar mais impostos, depois com o tempo, um estado com dinheiro haverá de proporcionar as condições sociais.. em vão.. pagar impostos?, só menos!
Mas é claro que tudo isto vai muito mais além do pagamento ou não dos impostos, existe um enorme abismo cultural entre o norte e o sul da Europa.
Não foi noticia em muitos jornais, mas ainda foi em alguns, no ionline podemos ler o seguinte:
Primeira ministra Islandesa foi a primeira homossexual a casar-se segundo a nova lei
Na Islândia não só elegem para primeiro ministro uma mulher que assume sem problemas o facto de ser lésbica, como esta é a primeira a dar o exemplo e a casar-se. Em Portugal em época de eleições inventam-se boatos sobre a suposta orientação (homos)sexual do primeiro ministro. Passamos anos a discutir a alteração de uma lei que nem precisava de ser alterada, contaram-se espingardas, recolheram-se assinaturas, ameaçou-se com o inferno. Quando finalmente a lei foi aprovada e o presidente da república não a vetou, o seu partido viu isto como uma afronta tal que se procuram candidatos alternativos.
Voltando aos nórdicos, não há quem não sonhe em viver como eles, desde que ninguém nos diga que para isso temos que pagar mais impostos, queremos ser como eles, mas a verdade é que a nossa mentalidade está a décadas da deles.. e cada vez que tentamos dar um passo em frente, há sempre alguém que diz ... mais devagar. Em suma, todo o mundo quer ser como os nórdicos, desde que continuemos a ser como somos...
Não, nós nunca vamos ser como eles, nunca vamos viver como eles ... não sei é se é feliz ou infelizmente.
Jorge