Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Sol
.. e mesmo assim ele fala
Para João Malheiro a “homossexualidade faz mal à saúde”... e compara a “prática da homossexualidade” com vícios como fumar ou o excesso de peso
A sério? E este senhor diz-se jornalista? De certeza que ele vive no mesmo século que o resto da população do mundo?
A estupidez e a homofobia fazem mal à Saúde, alguém o interna por favor?
Jorge Soares
Imagem de aqui
Terminou no Domingo passado no Vaticano o Sínodo dos bispos católicos onde o papa Francisco levou a discussão o conceito de família contemporânea, entre os temas mais polémicos em discussão estavam a comunhão dos divorciados e a homossexualidade.
O simples facto de estes temas terem sido levados a discussão já são um enorme avanço para uma igreja católica há muito encerrada em si própria e de costas para a forma como o conceito de família tem evoluído ao longo dos tempos e sobretudo a partir da segunda metade do século passado.
O papa tenta mostrar o caminho, há bem pouco tempo foi noticia a aceitar num casamento celebrado por si em Roma uma mãe solteira e na forma como tenta mudar a forma como a igreja olha para os homossexuais católicos.
Desde a sua chegada a Roma que Francisco não se cansa de ser uma autêntica pedrada no charco na forma diferente e mais terra a terra como tenta levar o seu papado. Um papa humilde, próximo dos fieis e consciente da realidade social que existe para além dos muros do Vaticano.
Mas está claro que Francisco é um homem que vive muito para além do seu tempo e do tempo dos que o rodeiam, visto desde fora a sensação que dá é que por muita vontade e ideias que ele possa ter, o conservadorismo instalado não está disposto a mudar assim tanto e tão rapidamente.
Prova disso é que após duas semanas de discussão os dois pontos mais polémicos, a comunhão dos divorciados e o casamento entre homossexuais, foram chumbado pela maioria dos bispos presentes e terão até ficado de fora dos 63 pontos a discutir no próximo sínodo que ocorrerá daqui a um ano.
Não sei se quando elegeram Francisco, um jesuíta latino-americano, os cardeais teriam ideia das suas ideias revolucionárias e se tendo esse conhecimento o teriam eleito na mesma, para o bem da igreja e até do futuro da cultura ocidental, ele dure o suficiente para ir avante com as suas ideias.
Jorge Soares
Era uma vez um rapaz que vivia sozinho no campo e raras vezes ia à cidade. Falava apenas com as cabras, os pássaros e as árvores, a não ser na festa dos rebanhos. Chegado à idade de casar, não conhecia ninguém que quisesse viver com ele, e pensava que todas as raparigas preferiam ficar na cidade, em vez de ir viver para o campo, onde, às vezes, faz muito calor e muito frio, e não há luz à noite. Então o João – assim se chamava o rapaz – foi falar com o rei, dizendo:
– Meu rei, já tenho vinte anos e ainda sou solteiro. Não sei de ninguém que queira casar comigo. Peço-te que me arranjes uma noiva para viver, dia e noite, lá no campo onde moro.
O rei ficou muito admirado por alguém do seu reino não ter com quem casar e disse:
– Daqui a três dias, volta aqui, mas traze a coisa mais bonita que o campo tem, como prenda para a tua noiva.
João assim fez. Daí a três dias, voltou ao palácio com um braçado de malmequeres. Ao lado do rei estavam três pretendentes, que ele tinha arranjado, entre as solteiras da cidade. Uma disse:
– Não gosto de malmequeres, que me fazem espirrar!
A segunda disse:
– Tenho muitos, lá em casa, mais bonitos que esses!
A terceira disse:
– Os malmequeres são as minhas flores preferidas. Caso contigo.
No dia seguinte, fez-se uma grande festa e casaram-se os noivos que, por fim, partiram para o campo. Durante uma semana, viveram os dois muito alegres. Corriam, rebolavam nos prados, jogavam às escondidas e riam-se a valer. Depois, o casal começou a ficar triste, porque esperava que o casamento fosse diferente. A rapariga dizia que o João não gostava dela, o que era um pouco verdade. Achava-a muito delicada, muito “menina da cidade”. Começou a desejar que a sua noiva fosse mais robusta e gostasse de jogar à bilharda, à pedrada, e a outros jogos de rapazes do campo. Resolveram pedir ao rei que os descasasse e lhes arranjasse outros noivos. Assim fizeram.
Contaram ao rei o que tinha acontecido e ele ficou muito pensativo. Disse ao João:
– Volta daqui a três dias, mas traze a coisa mais saborosa que o campo tem, como presente para a tua noiva.
João assim fez. Daí a três dias voltou com uma saca de peras, muito cheirosas e suculentas. Ao pé do rei, estavam três pretendentes. A primeira disse:
– As frutas doces fazem-me engordar.
A segunda disse:
– Para comer peras, fico em minha casa!
A terceira disse:
– As peras são a minha fruta preferida. Caso contigo.
Assim se fez e, depois da festa, os noivos partiram para o campo. Durante uma semana correram, saltaram, riram e brincaram muito. Depois começaram a ficar tristes. A rapariga dizia que o João já não gostava dela, e era verdade. Achava-a demasiado suave e frágil. Parecia-lhe que havia de preferir uma que fosse mais vigorosa e gostasse de jogar às quedas e ao jogo do pau.
Contaram tudo ao rei, que os descasou e que, depois de pensar um bocado, disse ao João:
– Volta cá daqui a três dias, mas traze a coisa mais divertida que há no campo, como lembrança para a tua noiva.
João voltou no dia combinado, com um par de cajados. A primeira das novas pretendentes disse:
– Que jogo tão rústico! Eu só gosto de jogos de tabuleiro.
A segunda disse:
– Que bruto; ainda alguém se magoa!
A terceira disse:
– O jogo do pau é o meu favorito. Caso contigo.
O rei, então, disse:
– Ide para o campo e voltai só daqui a um mês. Se então me disserdes que continuais a querer casar-vos, assim farei, mas só se gostardes de viver um com o outro.
Os noivos assim fizeram. Durante a primeira semana, não fizeram outra coisa senão jogar ao jogo do pau. Depois jogaram à pedrada, ao braço-de-ferro e ao salto a pés juntos, zonzos de alegria. João estava feliz. Finalmente encontrara alguém com os mesmos gostos. E também gostava do seu corpo, que era musculado e rijo, à maneira do campo. Passaram a dar muitos beijinhos e decidiram dizer ao rei que, agora sim, estavam bem um para o outro e queriam casar.
Mas, antes, a noiva confessou:
– João, eu, na verdade, não sou uma rapariga; sou o filho do rei. O meu pai, avisado por um mágico, fez que eu sempre me tenha vestido de princesa e ninguém no reino sabe que eu sou, na verdade, um príncipe. Quando te vi, gostei do teu ar campestre, e quando soube das tuas dificuldades com as outras raparigas, percebi que talvez fosse eu a pessoa que te pudesse contentar. E realizar-me contigo. Eu próprio, também me queria casar. Então, pedi ao meu pai para me deixar vir para o campo contigo.
João, apesar de surpreendido, aceitou e beijou apaixonadamente o amor da sua vida. Estavam ambos felizes e isso era o que na verdade interessava.
Quando se completou um mês, voltaram ao palácio e contaram ao rei que estavam decididos a casar. Houve uma grande festa e o rei, em pessoa, casou a princesa com o João, perante todo o povo. Todos se divertiram e um dos mais animados era o rei, que, finalmente, via o seu filho feliz.
––––––– ––––––– –––––––
A perceção tradicional sobre a homossexualidade considerava que esta orientação se devia a erros de educação e outras influências do meio e que, portanto, evitando esses erros e essas influências se obtinham indivíduos heterossexuais, ou que, reeducando os já afetados, seria possível a “cura”. A reflexão sobre esta problemática, no entanto, tem vindo, aos poucos, a considerar que a tendência para se ter atração sexual por pessoas do mesmo sexo tem origem genética, sobretudo. Estudos neste sentido vão sendo divulgados e o crescimento desta conceção na mentalidade geral da sociedade vai fazendo compreender o sofrimento de quem nasce homossexual e se vê discriminado em muitos dos direitos de cidadão comum. Algumas sociedades levam a tentativa de melhorar este estado de coisas às leis.
Há quatro anos, o parlamento português instituiu o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. A lei foi aprovada na especialidade no dia 11 de fevereiro de 2010 e entrou em vigor a 5 de Junho. Deste modo, Portugal passou a ser o oitavo país do mundo a realizar, em todo o território nacional, casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo, juntando-se aos Países Baixos (2001), Bélgica (2003), Espanha (2005), Canadá (2005), África do Sul (2006), Noruega (2009) e Suécia (2009). Posteriormente também Islândia (2010), Argentina (2010), Uruguai (2013), França (2013), Nova Zelândia (2013) e Brasil (2013) optaram por semelhante consagração legislativa.
Joaquim Bispo
Retirado de Samizdat
Imagem do Público
"Quem sou eu para julgar os gays?" - Papa Francisco nas respostas aos jornalistas durante a viagem entre o Rio de Janeiro e Roma
“Não posso rezar a um Deus homofóbico” - Desmond Tutu, arcebispo sul-africano e prémio Nobel da Paz em declarações aos media da África do Sul.
E de repente parece que das trevas começa a sair algo de luz, estas duas declarações apareceram hoje na imprensa mundial, imagino que terá sido uma coincidência, mas sem dúvida nenhuma que ambas mostram um enorme passo em frente com respeito à forma como até aqui a religião olhava para este assunto.
Confesso, fui dos que olhou de lado para a escolha deste papa, mas não há dúvida que até agora a forma como ele tem enfrentado o seu pontificado constitui uma enorme pedrada no charco. Se o objectivo de Bento XVI ao renunciar era que viesse alguém que levasse a igreja a dar um passo em frente, acho que esse objectivo está completamente conseguido.
Nos últimos dias vimos e ouvimos um Papa muito mais próximo das pessoas e da realidade que o rodeia, um Papa que foi capaz de ir às favelas do Rio de Janeiro, que apelou à participação da população nas lutas sociais e que num Brasil que até há bem poucos dias estava em polvorosa, apelou aos jovens para que saiam à rua e lutem pelos seus direitos.
Hoje ouvimos Francisco a dar mais um passo em frente, “Se uma pessoa que procura Deus de boa vontade, e é gay, quem sou eu para a julgar?”. Não foi há muitos dias que em Lisboa se negou um funeral católico a uma pessoa simplesmente porque este vivia com outro homem, a homossexualidade é um tema tabu para a igreja, hoje Francisco desmistificou completamente este tabu.
“o catecismo da Igreja Católica diz muito claramente que os homossexuais não devem ser marginalizados [por causa da sua orientação] mas devem ser integrados na sociedade”
Sabemos que este tipo de coisas demora muito tempo a chegar das palavras aos actos, mas não há duvida nenhuma que este Papa representa um enorme salto em frente ara a igreja, esperemos que tenha a força suficiente para fazer chegar as suas ideias até todos os católicos e que viva o suficiente para conseguir que toda a igreja consiga entender e absorver as suas ideias.
Jorge Soares
Imagem de aqui
Quando achamos que já vimos tudo, afinal,... é que nem sei bem o que dizer, que coisas como estas aconteçam no nosso país em pleno século XXI, diz muito sobre a forma como ainda nos falta evoluir como sociedade. Infelizmente este tipo de comportamentos tem por base a ignorância e o desconhecimento. Existem uma série de mentiras e estereótipos associados à diferença que as pessoas dão como verdades absolutas, como se só os heterossexuais merecessem respeito. Para eles o que é diferente, o que não segue os seus preceitos de "normalidade", não merece respeito.
Há muita gente que vive amarrada aos seus fantasmas, como se só elas fossem donas da verdade, sem aceitar que existam pessoas que pensam, que agem, que vivem de forma diferente. E não é necessário ser homossexual para se ser vitima, porque esta realidade aplica-se a toda e qualquer diferença, se pensarmos bem, qualquer um de nós pode ser vitima de um destes comportamentos, porque afinal, o que é ser "normal"?
Quanto a mim este senhor devia ter sido preso por maltrato ao filho e tentativa de abandono, como dizia alguém hoje no Facebook: "era bom que a noticia terminasse com: "...e polícia, após o sucedido, entregou pai na instituição de ajuda mental mais perto, sendo que até ao momento não se perspectiva a saida do mesmo nos próximos anos."
Jorge Soares
Imagem do Público
Ideologia, s. f.
Ciência da formação das ideias.
Tratado sobre as faculdades intelectuais.
Diccionário Online Priberam
O projecto Inclusão, é um projecto da rede Ex Aqueo – associação de jovens lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros (LGBT) e simpatizantes, e financiado pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) via Programa EEA Grants e pelo Instituto Português da Juventude. Pretende fazer frente à pouca informação e à discriminação ainda vigentes no campo da Educação em Portugal em relação ao tema da homossexualidade, e que resultam na transmissão de informação incorrecta, preconceituosa e estereotipada, assim como num ambiente negativo para o dia-a-dia dos jovens LGBT.
Entre outras coisas o projecto prevê a distribuição pelas escolas do país dos dois cartazes que vemos na fotografia e que pretendem sensibilizar os jovens portugueses para a igualdade de géneros, chamar a atenção para os perigos do Bullying homofóbico e promover combate à homofobia nas escolas
A rede Ex Aqueo pediu apoio ao Ministério da educação para a distribuição dos cartazes na escola, segundo noticia do Público, esta ajuda foi negada por dois serviços do Ministério da Educação (ME) porque, pasme-se, é de cariz ideológico.
Não sei o que entende o Ministério da educação por "cariz ideológico", eu estive uns minutos a olhar para os cartazes e para além de jovens sorridentes e frases simples, não consegui encontrar o tal cariz ideológico... se calhar tem letras pequeninas que não se vêem de aqui.
Tão ou mais grave que isto, é o facto de algumas das escolas recusarem a distribuição dos cartazes porque "não são de uma campanha contra a discriminação, mas sim de uma campanha de promoção da homossexualidade". Recorde-se que o projecto foi apoiado pelo Instituto Português da Juventude.
Depois disto é fácil perceber o porquê de não haver lei da educação sexual que se consiga fazer valer em Portugal, quando as pessoas olham para estes cartazes e vêem ideologias ou promoção à homossexualidade e não uma simples campanha informativa, está tudo dito, então e a estupidez de desta gente, não será ideológica?
Jorge Soares
De vez em quando apetece-me repetir-me, foi em Setembro de 2008 que escrevi neste post, o seguinte:
Sobre orientações sexuais e casamento... discriminação!
Para mim o facto de viver em sociedade significa que os meus direitos terminam exactamente onde começam os das pessoas que me rodeiam e evidentemente espero que o resto do mundo se comporte assim quando olha para mim. Dito isto, a mim faz-me alguma confusão que a discussão da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo levante tanta poeira. Do meu ponto de vista, a pessoa com quem nos queremos casar é algo do foro pessoal, quando eu me casei com a P. só lhe perguntei a ela se queria casar comigo, porque só ela e a mim nos interessava o assunto, não me passou pela cabeça perguntar a mais ninguém e muito menos que haveria uma lei que permitiria ou não o casamento.
A orientação sexual das pessoas é algo pessoal, algo que só diz respeito a ela e aos seus parceiros, até porque quando falamos de sexo é muito difícil falar do que é ou não normal, basta uma simples pesquisa no google para encontrarmos muitos exemplos de orientações sexuais que incluem pessoas de sexos diferentes e que para a maioria são completas aberrações.
Cada um deveria poder casar com quem bem entender, independentemente de sexo, raça ou religião, desde que ambos estejam de acordo e o façam de livre vontade, o que é que temos a ver com isso? O que estamos a discutir não é o casamento, é a discriminação, o facto de discriminarmos ou não alguém pelo simples facto de ter gostos diferentes dos nossos.
Somos um país com uma mentalidade mesquinha, um país de virtudes publicas vícios privados e sabem que mais, há muita gente por aí que deveria ter vergonha.
Bom, esta barreira já caiu... agora faltam todas as outras... a luta continua.
Jorge Soares
Esta semana foi pródiga em noticias sobre a igreja católica, o Publico dá conta da indignação do governo Alemão pela forma como a igreja trata os problemas da pedofilia que existem no seu seio. Na mesma noticia podemos ler que 18 das 27 dioceses alemãs estão a ser investigadas por suspeitas de abusos sexuais, num dos casos mais recentes está a ser investigado o abuso reiterado durante anos de crianças de um coro infantil, sendo que o irmão do papa foi reitor da instituição durante um período do tempo em que alegadamente ocorreram estes abusos.
Esta outra noticia no Ionline implica um alto dirigente do Vaticano na compra de serviços homossexuais, sendo que o intermediário foi um dos membros do coro do Vaticano, ele mesmo um prostituto.
Há bem pouco tempo, foi este artigo do the Guardian que implica o próprio Ratzinger, na altura cardeal e agora Papa, no envio de uma carta a todos os bispos e que ordena sob pena de excomunhão, o silêncio sobre todas as investigações de abusos de crianças por parte de membros da igreja. No entretanto surgiram denuncias de abusos sexuais na Áustria, na Irlanda, na Holanda e não foi assim há tanto tempo o escândalo que abalou a igreja norte americana.
Na maioria dos casos são denuncias de abusos e maus tratos que se deram de forma continuada durante anos e anos, abusos que em muitos dos casos foram cometidos não por uma pessoa mas por um grupo de pessoas e ignoradas ou mesmo silenciadas por quem está à volta.
É para mim evidente que há algo de errado com a igreja católica, como é que uma instituição que se diz guardiã da moral e dos bons costumes, pode ter no seu seio tanta gente que tanto mal causa a crianças? Como é que se pretende silenciar tanto sofrimento causado a tantos?
Há bem pouco tempo vimos a forma como a igreja portuguesa foi tão feroz na sua cruzada contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo e contra a homossexualidade, vimos e ouvimos bispos e cardeais a bater no peito como guardiãs da instituição família e até o Papa veio a terreiro falar do assunto. Então e se antes de virem a publico falar da família e pretender dar pretensas lições de moral, eles se debruçassem sobre o quehá de errado na sua instituição de modo a que este tipo de coisas não aconteça?
O que será necessário para que a igreja e o mundo católico que a rodeia façam um mea culpa e uma reflexão sobre o que está errado e o tente corrigir? o que será necessário para que a igreja deixe de ser um mundo de homens sozinhos e reprimidos?
Jorge Soares
Já fez um ano que sobre casamentos disse, neste post, o seguinte:
"Para mim o facto de viver em sociedade significa que os meus direitos terminam exactamente onde começam os das pessoas que me rodeiam e evidentemente espero que o resto do mundo se comporte assim quando olha para mim. Dito isto, a mim faz-me alguma confusão que a discussão da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo levante tanta poeira. Do meu ponto de vista, a pessoa com quem nos queremos casar é algo do foro pessoal, quando eu me casei com a P. só lhe perguntei a ela se queria casar comigo, porque só ela e a mim nos interessava o assunto, não me passou pela cabeça perguntar a mais ninguém e muito menos que haveria uma lei que permitiria ou não o casamento."
Esta semana dei por mim incrédulo a ler noticias em que alguém sugeria um referendo para decidir sobre este assunto, desculpem?... um referendo???!!!!!... mas estamos parvos ou quê?
Sempre achei todo este assunto uma questão de discriminação, cada vez me faz mais confusão porque é que o facto de duas pessoas se casarem pode incomodar tanta gente? E acho ainda mais ridículo aqueles que dizem que essas pessoas até podem viver juntas e ter direitos, mas não se podem casar... afinal, que diferença faz um papel? O que os incomoda é o facto de as pessoas assinarem um papel? E querem fazer um referendo para ver se eles podem ou não assinar o papel?, mas estão todos parvos ou quê?
Nestes dias nos comentários deste post do Pedro no Vilaforte, alguém falava da perca do conceito de família, repito aqui o que disse lá:
Para mim o conceito de família não tem nada a ver com casamento, sempre existiram famílias muito antes de existirem casamentos, o casamento é só um papel, um contrato assinado entre duas pessoas, que é perfeitamente dispensável para qualquer família. O que define o conceito família não é o papel que as pessoas assinaram, é a partilha e a convivência e para isso não é preciso papel nenhum assinado.
Toda esta discussão à volta dos direitos das pessoas a casarem-se ou não, não passa de conservadorismo triste e de um enorme sinal de que existe neste país muita gente que se escuda em supostos valores para discriminar quem não pensa ou age de acordo como eles. E pensava eu que tudo isso tinha acabado há 35 anos atrás, há coisas que demoram mesmo muito tempo a mudar.
Evidentemente esta sugestão de referendar este assunto é de quem já esgotou os argumentos válidos para poder discutir e se tenta socorrer do suposto conservadorismo do povo para impor os seus pontos de vista.
Aceitam-se sugestões para coisas que não interessam a ninguém para serem referendadas.
Jorge Soares