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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Facebook
"Vamos cumprir o programa custe o que custar .... não fazemos a concretização daquele programa obrigados, como quem carrega uma cruz às costas. Nós cumprimos aquele programa porque acreditamos que, no essencial, o que ele prescreve é necessário fazer em Portugal para vencermos a crise em que estamos mergulhados"
Foi a 31 de Janeiro de 2012 que Passos Coelho proferiu a afirmação acima, referia-se ao programa que a troika delineou para Portugal, que foi assinado por PS, PSD e CDS e que no caso da saúde nos levou à situação que vivemos durante os últimos dias.
Desde o início do ano já são sete as mortes de pessoas que esperavam ser atendidas nas urgências. Há hospitais em que o tempo de espera chega a ser de quase 24 horas, as ambulâncias ficam retidas nos hospitais porque não há macas para deitar os doentes enquanto esperam e em quase todos os hospitais há doentes que passam dias em macas espalhadas pelos corredores das urgências porque não há camas suficientes para internamentos.... e ainda não chegamos ao pico da epidemia de gripe.
Há quem diga que já passamos o pior, que entramos em crescimento económico, não sei onde vão buscar os dados, mas para mim, pelo menos ao nível da saúde, nunca estivemos tão mal... e o orçamento de 2015 ainda reduziu mais os gastos do ministério da saúde... o que é no mínimo assustador.
Não sei se Passos Coelho tinha a noção do alcance do que estava a dizer já lá vão três longos e penosos anos, mas gostava de lhe perguntar, o que lhe parece agora aquele custe o que custar.
Senhor Primeiro Ministro, senhor ministro da saúde, custe o que custar, são quantas vidas?
Jorge Soares
Imagem de aqui
O menino da fotografia chama-se Ahsya King, tem 5 anos e sete irmãos, é inglês e foi-lhe diagnosticado um cancro cerebral. Os médicos ingleses receitaram quimioterapia ao Ashya para o tratamento da sua doença. Esta terapia é extremamente agressiva até para os adultos e tem efeitos secundários terríveis.
Os país de Ashya que são testemunhasde Jeová, depois de muita investigação principalmente na internet tentaram convencer os médicos do hospital a em lugar dos tratamentos com quimio, utilizarem a terapia de protões que se utiliza nos Estados Unidos e em alguns países europeus. Esta terapia é muito menos agressiva mas também é muito mais cara, pelo que não é autorizada pelo sistema de saúde britânica.
Ante esta negativa, os pais de Ahsya tiraram o menino do hospital e foram com ele para o sul de Espanha, a ideia era vendar a sua casa perto de Málaga e com o dinheiro obtido, viajar à Republica Checa onde o tratamento com portões custa perto de 20000 Euros.
Uma denuncia de rapto por parte do Hospital deu origem a um mandado de captura internacional e os pais de Ahsya foram presos pela policia Espanhola, Ahsya foi internado num hospital do sul de Espanha.
Entretanto todo o caso levantou uma enorme polémica na Inglaterra e as autoridades inglesas voltaram atrás na sua decisão de retirar o controlo parental aos pais de Ahsya... Imagino e desejo que entretanto os pais de Ahsya tenham conseguido o dinheiro de que precisavam e nesta altura o menino já esteja a ser tratado na República Checa.
Todos este caso levanta uma série de interrogantes, há pouco tempo em Portugal discutia-se se o estado devia ou não comparticipar um medicamento contra a hepatite que é muito caro mas garante a cura total aos doentes. O caso Ahsya não deixa de ser parecido, os hospitais ingleses não desconhecem o tratamento com protões, há na Inglaterra hospitais onde ele é subministrado aos doentes, só que Ahsya teve azar e foi levado para um onde o consideram muito caro e portanto não o utilizam.
Por outro lado fica a questão, até que ponto as autoridades de um país podem sobrepor-se aos desejos da família de um doente? Como disse, os pais de Ashya são testemunhas de Jeová, imaginemos que ele precisava de uma transfusão para salvar a sua vida e eram os pais que de acordo com a sua fé religiosa, a impediam, nesse caso as autoridades já podiam sobrepor-se à autoridade parental?
Os médicos e as autoridades inglesas consideraram que ao retirar a criança do hospital e viajar com ela para outro país, os pais tinham posto em risco a vida de Ashya já que este precisava de cuidados de saúde permanentes para sobreviver, mas não será licito que os pais queiram o melhor para os seus filhos e lutem por isso?
O mais triste da situação é que Ashya e a sua família tiveram de passar por tudo isto porque as autoridades de saúde inglesas, como as de tantos outros países, decidem o que é melhor para os doentes com base em critérios economicistas, na Inglaterra o novo tratamento custa perto de 120 mil Euros, e não no bem estar deles... quantos de nós não teríamos feito o mesmo que fizeram os país de Ashya?
Jorge Soares
Imagem do Público
Ninguém gosta daquela frase que diz Lisboa é Lisboa o resto é paisagem, mas há alturas em que percebemos que não só isso é verdade, como é cada vez mais verdade.
Quando vemos uma noticia que diz que um jovem que teve um acidente de carro em Chaves terminou internado no Hospital de Santa Maria em Lisboa a mais de 400 kms de distância, porque supostamente em nenhum dos hospitais a norte de Lisboa havia vagas, ou médicos, ou ambas as coisas, ficamos a perceber que afinal é mesmo verdade, Portugal é Lisboa, o resto é paisagem.
Vejamos: Deu entrada no hospital de Chaves onde não havia os cuidados que ele necessitava, ao fim de três horas de espera foi decidido que teria que ser transferido. O hospital mais próximo é o de Vila Real a 60 Kms, há outro em Braga, a 124 Kms, outro em Guimarães a 100 kms, há vários mais ali à volta, mas vamos focar-nos nos principais. Ao Porto, onde há não um, mas vários hospitais que supostamente são de referência, são 150 kms. Em Gaia também há um hospital, em Santa Maria da Feira há um grande Hospital, em Aveiro, em Coimbra estão alguns dos hospitais de referência no país, em Leiria, ....
Como é que é possível que seja preciso atravessar meio pais passando por várias capitais de distrito e por alguns dos maiores hospitais do país, para que alguém com suspeita de traumatismo craniano seja atendido?
Há algo de errado em tudo isto, felizmente o jovem chegou com vida, em estado grave mas vivo, a Lisboa e desejo ardentemente que saia sem mazelas de toda esta situação, mas de quem seria a responsabilidade se ele tivesse falecido durante absurdo passeio em ambulância que foi obrigado a fazer?
Segundo o que li, todos hospitais teriam as vagas de neurocirurgia ocupadas... isto num dia que não tinha nada de especial e em que não haveria motivos para picos de procura... como será nos períodos em que há muitas viagens e muitos acidentes? Se não conseguem responder à procura em períodos normais, como conseguem em períodos de grande afluência?
Tudo isto não só é incrível como é terrivelmente assustador, eu gosto muito de Portugal, gosto de viajar e de conhecer o meu país, mas será que depois de ouvir uma noticia como esta alguém fica com vontade de ir passear para Chaves? Ou para outra localidade qualquer que fique longe de Lisboa? Porque isto não acontece só aos outros, pode acontecer com qualquer um de nós, com os nossos filhos .... assustador, mesmo!
Jorge Soares
Imagem do Público
Há pouco na Antena 1, a presidente da associação portuguesa de gestores hospitalares dizia que neste momento e em nome da lei dos compromissos tudo se atrasa. Para poupar nas despesas, atrasam-se ou reduzem-se os exames, atrasam-se as consultas, atrasam-se ou reduzem-se as cirurgias.
Isto tudo a propósito da doente do hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) que esteve um ano à espera de uma consulta e outro ano à espera de um exame, uma colonoscopia até finalmente lhe foi detectado um cancro, com todo este tempo de espera, o cancro evoluiu de tal forma que já não é tratável.
Ou seja, no fim, os atrasos, ou a lei dos compromissos, ou a austeridade do estado, ou o ministério da saúde, ou o governo, ou a Troika e as medidas que impôs, ou todos juntos, condenaram a senhora à morte.
Agora foi aberto um inquérito, há quem tente dar explicações, e quem peça responsabilidades mas a verdade é que nada disto irá servir para que o tempo possa voltar para trás e nada disto irá servir de consolo a quem foi retirada a esperança de ter uma cura.
Ficou célebre aquela frase do Primeiro Ministro "Vamos cumprir as metas custe o que custar", este é só mais um exemplo do que senhor queria dizer.
A realidade é que o custe o que custar custou a vida a quem teve que esperar pelos atrasos dos hospitais, quantas outras vidas estará a custar todos os dias?
Há pessoas que esperam 24 horas para serem atendidas nas urgências dos hospitais públicos, há outras que passam dias seguidos nos corredores dos hospitais à espera de uma cama onde serem internados, é este o estado da saúde em Portugal... é este o verdadeiro significado daquele "custe o que custar"
Gostava de poder perguntar ao senhor ministro se ele é capaz de enfrentar esta doente e olhos nos olhos dizer a quem resta pouco tempo de vida que os sacrifícios valeram a pena.... valeram a pena para quê e para quem?
Para o estado parece que tudo pode esperar... senhor primeiro ministro, senhor ministro da saúde, infelizmente a morte não espera.
Jorge Soares
Imagem do Público
Vivemos numa sociedade em que, independentemente das restrições orçamentais, não é possível em termos de cuidados de saúde todos terem acesso a tudo
Será que mais dois meses de vida, independentemente dessa qualidade de vida, justifica uma terapêutica de 50 mil, 100 mil ou 200 mil euros?
As frases acima fazem parte de um parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) que foi elaborado a pedido do Ministério da Saúde e incidiu principalmente sobre três grupos de medicamentos: para o VIH/sida, para os doentes oncológicos e para os doentes com artrite reumatóide.
Traduzindo por miúdos, o parecer que recorde-se é de uma comissão Nacional de Ética, permite que a partir de agora o ministério da Saúde , os hospitais, ou os médicos, possam decidir por exemplo se um doente com cancro em estado terminal vai ou não ter direito a tratamentos que sirvam para lhe prolongar a vida.
Na pratica, este parecer dá às autoridades de saúde o direito a decidir quem vai viver e quem vai morrer, quem vai ter direito aos medicamentos mais caros e quem só tem direito aos mais baratos, quem vai ser tratado atá ao ultimo momento e quem vai ser abandonado quando chegar a um estado em que a doença seja incurável.
Onde está a ética em passar para as mãos dos médicos a decisão de quem tem direito a morrer e quem tem direito a viver?
Há algo nisto tudo que me faz imensa confusão, existem neste país leis contra a eutanásia e o suicidio assistido, um doente ou os seus familiares não podem decidir quando parar o seu sofrimento ou o dos seus seres queridos, mas agora acha-se ético que em nome de interesses económicos os médicos e hospitais possam decidir por eles.... e chamam a isto Ética?
Jorge Soares
Imagem de Henricartoon
Ao cuidado dos senhores ministros da saúde, das finanças e já agora do senhor Pedro Passos Coelho.
Supostamente há uma lei qualquer que diz que as médicas com filhos pequenos estão isentas de fazer os bancos no hospital onde trabalham. Em linguagem hospitalar, fazer banco é fazer um turno de 24 horas seguidas.. ou coisa pelo estilo. Evidentemente a maioria das médicas do serviço nacional de saúde aproveita este seu direito e não faz os bancos.
Hoje durante a hora do almoço alguém contava o seguinte: Há uma médica de um hospital algures a norte que tem filhos pequenos e portanto não faz os bancos, mas como na sua zona há falta de médicos nos hospitais, ela aproveita estes tempos livres para em lugar de estar com os seus filhos, fazer bancos em outros hospitais próximos, sendo que por cada turno recebe a módica quantia de 600 Euros.
Ou seja, a senhora recebe o seu ordenado do estado, usa a lei para se furtar ao trabalho e depois recebe extra do mesmo estado mais 600 euros por turno para fazer o mesmo para que lhe pagam o salário. Com um bocado de imaginação, conseguimos ver uma médica do outro hospital onde ela vai receber os 600 Euros a utilizar a mesma lei e vir receber os mesmos 600 euros para fazer os turnos dela... ou seja, o estado pode estar a pagar dois salários e mais 1200 Euros por cada turno para que as pessoas façam o trabalho que deveriam fazer com o seu salário.... E depois ainda nos admiramos pelo estado ao que o país chegou.. por cada banco que a senhora faz por fora, é um subsidio de férias ou de natal que se pagava... quantos casos destes existirão por aí?
Jorge Soares
PS:Tem mais histórias destas?, conte, a malta quer saber para onde foi o dinheiro
Imagem retirada da internet
Quem me costuma ler sabe que sou exigente com os serviços, se algo está mal reclamo, se sou mal atendido reclamo e não costumo ser brando. Felizmente tenho sido uma pessoa razoavelmente saudável, trabalho numa empresa com seguro de saúde e medico do trabalho, sou um dos milhares de utentes sem médico de família, mas a verdade é que felizmente até agora, isso nunca foi um problema.
Nos últimos 15 dias passei por três hospitais, um em Ponta Delgada e dois em Setúbal e confesso que só tenho a dizer bem, nas Urgências fui atendido de imediato tanto nos Açores como em Setúbal e 99% das pessoas que encontrei foram de uma simpatia extrema.
No primeiro dia em Ponta Delgada aconteceu uma situação caricata, cheguei com os bombeiros pelo que fui directo à triagem, identificaram-me, colocaram-me numa cadeira de rodas e mandaram esperar, não passou nem um minuto até que ouvi o meu nome.... o auxiliar que me levou ao médico disse o seguinte:
-O senhor é uma pessoa de sorte.
-Então porquê?
-Há pessoas há espera 3 e 4 horas, houve um acidente e os médicos estão todos a operar.... a si chamaram logo.
Naquele momento não senti sorte nenhuma, sobretudo porque olhava para o tornozelo e via uma bola enorme... mas fui atendido de imediato... é verdade que a médica nem me tocou, olhou para o pé e limitou-se a mandar fazer os RX... estes foram feitos de imediato e passado pouco tempo tinha um diagnóstico, dito por um outro médico e achei eu, que um pouco a medo.
Já em Setúbal a situação foi idêntica, fui chamado de imediato à triagem e levado para a ortopedia, o mesmo diagnóstico e a decisão de operar no mesmo dia. Tudo isto em menos de 15 minutos..... depois disso, colocaram-me numa maca e tiveram-me quase 10 horas no corredor das urgências sem me poder levantar nem para ir à casa de banho, como disse num post anterior, a ver passar a vida e a morte ao meu lado... Pelo que percebi há pessoas que passam dias assim, enquanto os familiares aguardam na sala de espera das urgências... desculpem, mas deve haver outra maneira de fazer as pessoas esperarem para serem operadas.
Já falei da operação no post anterior. fui operado no domingo, e na segunda-feira fui transportado para o hospital do Outão. Este hospital é um caso à parte, acordar e adormecer a ver o nascer e o pôr-do-sol sobre o mar, as varandas dão para uma praia de águas cristalinas, ver os barcos passar, era o lugar perfeito para um excelente hotel. É claro que quando temos um pé feito num oito não damos muita importancia a isto.
Quanto ao pessoal do hospital, não há nada a dizer, a simpatia e o profissionalismo a 100%, por vezes dava para esquecer onde estávamos... por vezes até o pessoal esquecia onde estava :-)
É claro que há coisas a melhorar, há sempre coisas a melhorar, as casas de banho e o duche por exemplo, uma única casa de banho que eu, que não era suposto sair da cama, encontrava sempre ocupada.
Amanhã vou à primeira consulta....e sei que vou esperar horas e que de certeza que vou ter reclamações, a Raquel e o Nuno já partiram ambos algo e já lá fomos com eles..... são horas de espera... mas até agora...... só tenho a dizer bem.
Jorge
PS:imagem do exterior do hospital do Outão