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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Facebook de Rita Marrafa de Carvalho
Há pessoas que apesar da evolução do mundo insistem em viver noutras épocas, noutros séculos, João Braga é claramente uma dessas pessoas, durante a cerimónia dos óscares saiu-se com o seguinte comentário: "A distribuição dos Trumps – Agora basta ser-se preto ou gay para ganhar os Óscares", evidentemente para ele não interessa nada nem a qualidade dos filmes nem a dos actores, aliás, duvido muito que se tenha dado ao trabalho de sair de casa para ir ver qualquer um dos filmes nomeados.. pelo comentário o que percebemos é que para ele o que interessa é a cor da pele ou orientação sexual, não a capacidade de actores, músicos ou realizadores.
Não contente com a polémica causada pelos seus comentários racistas e homofóbicos, o senhor resolveu continuar com as provas da sua ignorância e desprezo pelo mundo em que vive e pela a sociedade actual.
A imagem acima mostra a forma como ele resolveu comentar a carta aberta que foi escrita pela Jornalista Rita Marrafa de Carvalho e publicada no site Capazes. A Rita é uma das melhores jornalistas portuguesas, com presença diária nas noticias da RTP, ao fingir que não a conhece João Braga só mostra até que ponto pode chegar a sua ignorância e prova que só pode viver noutro mundo, num mundo qualquer onde não há noticias e que ficou parado algures no fim do século XIX...
João Braga acha-se uma figura importante, infelizmente não passa de um idiota ultrapassado e sem pedigree.
Jorge Soares
CARTA ABERTA AO AMIGO DOS PRETOS E DOS GAYS
Querido João,
Eu sei que no teu tempo a coisa era complicada. Não se dizia nada a ninguém e ia-se a umas saunas ou tinha-se uns amigos que padeciam da mesma “doença”. Casava-se com menina de bem, casadoira, boa dona de casa e parideira. E tudo às escuras, para não se ver que naquele peito não havia pelos e abdominais definidos. Nem uns ombros largos ou uma cintura direita. Pronto. Serviço feito e nasciam os filhos que se impunham. E continuavam as saunas e os encontros interditos. Mas isto… só os sortudos e intelectuais da altura. Aos outros, por vezes, destinava-se uma vida de clausura. Ou solteiros ou mal casados. O medo da prisão. O medo das palavras. Ai, como é que era? Ah… Paneleiro. Medo dos risos bêbados do “lá vai o panisgas”.
Depois, havia aqueles de quem se desconfiava mas ficava-se calado… porque escrevia muito bem. Ou cantava muito bem. Ou declamava muito bem. Ou pintava muito bem. Era qualquer coisa “muito bem”. E pronto, era lá com ele. Com a vida dele. Coisas dele. Cada um sabe “onde quer levar”. Não era, João?
Aliás, deixaste isso bem claro, quando escreveste uma mensagem para o Marcelo Rebelo de Sousa, que lamentava a morte daquele grande panilas George Michael “ó Professor, cada um gosta do que gosta e de quem gosta e ninguém tem nada com isso; mas não houve um só assessor de Vossa Excelência, unzinho, o seu amigalhaço que chefia aquele saco de gatos que governa esplendidamente o nosso país, enfim, um motorista da presidência, alguém, que tenha alertado Vossa Mercê para o facto de desperdiçar o seu luto todo com um “génio” que, ao mesmo tempo que exibia uma versatilidade e um talento que o levavam, inclusive, a espreitar as pilas alheias nos urinóis públicos, drogava-se fortemente, com ecos na juventude que o idolatra tanto quanto o excelso presidente?!”
Eh, pá. Tens razão. As pessoas deixam de ser génios musicais. Por tudo isso, viram uma valente merda. João, aplaudo-te. Vê lá bem, que o Thomas Edison dava-lhe forte e feio em doses de coca e mesmo assim inventou a lâmpada! E esse escritor de bosta, o Truman Capote… um maricas! Sabe-se lá quantos gajos comeu. Não. Não merecem o epíteto de génios. Estou contigo. Mas sei que falaste com Salvador Dali em 1977 e que gostaste. Ainda bem.
Depois… depois, naqueles tempos, tínhamos, acabadinhos de chegar das colónias ultramarinas, uns pretinhos engraçados. Aquilo não nos era estranho. O teu pai, na Fazenda do Bom Jesus, sabia bem o que era viver no meio deles. Já tínhamos recebido uma remessa deles, ao longo dos anos, mas vinham mais. A descolonização, pá! Raios partam os tipos que lhes deram liberdade e tal e eles vieram todos para cá, em magotes. Naquele 25 de abril frenético, sem rei nem roque, feito por terroristas. Que continuam a denegrir a imagem daquele que escreveste ser, para ti, “o maior estadista português”: Salazar.
Bem sei, para ti não há volta a dar, João. O dia em que se comemora a Implantação da República algo se quebra em ti. Todos os anos.
Como eu contava, há pouco, depois daquela revolução dos cravos vermelhos, que flor tão bonita para uma festa tão tresloucada… vieram os pretos. Fazer barracas à volta de Lisboa. Uma chatice. Vinham construir-nos casas e limpar escadas. Depois começaram a estudar e muitos já vinham com estudos de lá. Quem diria… escritores, músicos. E bons, e bons. Lembras-te da Titina? Muito boa, essa cabo-verdiana. E a carrada de mestiços? Como é que algum branco se misturava? Perguntavam tantos, como era possível? Agora é vê-los, no tráfico, com as calças a meio do rabo, a roubar carros e a responder mal. Uma desgraça.
Nós, João, gostávamos de Torga e Pessoa. Não íamos ler Germano de Almeida. A ouvir crioulo pelas ruas e o teatro Dona Maria a cheirar a Guiné por todo o lado. Não. E por isso sei bem que o ano passado soltaste nas redes sociais um “DEPOIS DO QUE VI HOJE SÓ ME OCORRE DIZER ISTO: RESTAUREM A MONARQUIA!” Eu sei. Resolveria tudo termos um rei não eleito. Mas respeitavas Miles Davis. Aliás, em 1971 foste buscá-lo ao camarim.
Foi ele quem exigiu. Mas sempre era o Miles Davis… e lá lhe fizeste a vontade. Admiravas aqueles músicos.
Mas sei que ficaste contente com o Nobel de Bob Dylan. Porque sabes que ele é bom. Pergunto-te, querido João, se viste Moonlight. Aquele filme que ganhou o Óscar para melhor filme. E se viste a interpretação do preto que ganhou o Óscar para melhor actor secundário, o Mahershala Ali. Mas espera… é pior! É muçulmano! Imagina! Além de preto é o primeiro muçulmano a ganhar um Óscar. Bom, mas viste?
Gostava de saber se viste o filme. Ou se tens um filho homossexual que, desde jovem, tenha lutado, interiormente, com o não saber o que é, com o ser humilhado na escola, e o não entender os sinais. Pergunto-te se ser preto e gay é algo que se possa sobrepor a, simplesmente, ser-se bom. Se Bob Dylan fosse gay ias achar a mesma graça à atribuição do Nobel. Ou se o Nobel fosse entregue a… Miles Davis, de quem gostas tanto. Se calhar, já não teria grande piada. Mas já percebi que nos rótulos da vida, João, gostas de etiquetar tudo. É um método e eu compreendo. Também gosto de escrever nos jarros de vidro “açúcar”, “esparguete”, “canela”. Por isso, compreendo que gostes de definir bem os axiomas e premissas. Como aqui demonstras:
Posto isto, há coisas que me confortam. Idolatravas Amália… ao menos isso. Espero, então, que esta missiva te encontre bem e que, para o ano, os Óscares sejam mais justos e que os jurados nem vejam os filmes. Votem só nos brancos. E hétero.
Rita Marrafa de Carvalho no site Capazes
Retirei o seguinte texto do Blog Manel de instruções, é daquelas coisas que me faz mesmo subir a mostarda ao nariz, em primeiro lugar porque cresci rodeado de gente de todas as origens, cores e credos, para mim o racismo é o comportamento pessoas que passam por idiotas mas que na realidade são um perigo para a sociedade, segundo, porque como pai de duas crianças mulatas, isto não está livre de me acontecer... quer dizer, isto de certeza não me acontecia, porque ao primeiro sintoma eu ia de resolver o assunto, a bem, ou mal.
Escrevo este post de lágrimas nos olhos!
A descriminação racial é condenada pela Constituição.
Estamos em 2014!
Estamos em 2014 e tenho a filha de uma amiga a sofrer de Bullying porque tem uma cor de pele diferente!
A cor da pele! A merda da cor da pele!
Esta menina foi adotada por uma das pessoas mais humanas e boas que eu conheço. Uma Mãe coragem!
E Mãe coragem porque, sozinha, educou esta criança (agora adolescente) e, tem estado a lidar com situações que lhe fogem ao controlo de Mãe. E o que isso faz doer o coração!
A Escola que frequenta, que devia ser um porto de abrigo, é onde se passam todas estas situações.
“sai daqui preta de merda. O raio da preta cheira mal…” são alguns dos exemplos do que esta adolescente tem que se confrontar.
Ela quis sair daquela Escola. Os colega aplaudiram a iniciativa. Os que se mostraram "amigos", pediram anonimato, com medo de represálias.
Desde finais de Maio que não ia às aulas, aparecendo apenas para fazer os testes. Não estavam reunidas as condições para que ela se mantivesse na escola sem sofrer ofensas morais, ou físicas.
Nunca chumbou um ano e o seu progresso desde o ano em que entrou na Escola tem sido felicitado pelos docentes e psicólogos.
A minha amiga, como grande Mãe e Ser Humano que é, nunca em momento algum pediu para que as colegas sofressem algum tipo de castigo, que fossem expulsas, que fossem suspensas. Pretendia apenas e somente tirar um ensinamento que a crueldade e a descriminação não devem ser toleradas pela Escola.
A minha amiga e a filha foram ameaçadas de morte se ela não mudasse de escola!
Os pais de alguns alunos ameaçaram professores que, caso tomassem o partido da vítima, tudo fariam para que fossem expulsos do Ministério da Educação.
Esta adolescente, que devia estar a viver os melhores anos da sua Juventude, vai ter que mudar para uma outra Escola.
Aos anormais que fazem da vida desta menina e de tantos outros por aí num Inferno: "Karma is a Bitch!"
Abraço daqueles de horas e beijinhos no coração a estas duas pessoas que amo, profundamente!
De Aqui
Infelizmente a pessoa que escreveu o texto e que não conheço, não identifica a escola ou a cidade, já lá deixei um comentário e peço a todos os que passam por aqui que por favor façam o mesmo, vão lá e peçam à pessoa que identifique a escola e os energúmenos que assim se comportam, porque essa é a única maneira de evitar que estas coisas aconteçam com outras crianças e outros seres humanos... o nosso silêncio é cúmplice.
Jorge Soares
Imagem do Público
Já aqui falei do assunto, faz-me confusão que ao contrário de todas as outras manifestações que ocorrem no país, as que ocorrem frente ao parlamento terminem sempre em violência. Há sempre quem dia que a culpa é da polícia, que está lá só para provocar, mas acho que esta vez foi muito claro quem provocou a quem.
Não faço ideia quem ou o quê estará por trás daquele grupo de idiotas que insiste em provocar a polícia até que esta responda, há quem ache que aquilo é um jogo eles derribam as grades para provocar, que é só um medir de forças sem objectivos,.... bom, acho que sobre isso também estamos conversados, ninguém desfaz uma calçada e atira pedras insistentemente à polícia só por desporto... sejamos claros, a ideia era mesmo provocar o suficiente para que acontecesse o que aconteceu, para ter motivos para dar largas ao seu afã destruidor.
Tenho o maior respeito por quem se se manifesta e mostra o seu desagrado pelas medidas do governo e pela situação do país, mas o que aconteceu ontem ao fim do dia excedeu todos os limites e não tem desculpa...
Aquele final de manifestação, não só não teve nada a ver com o resto do dia, como fez esquecer completamente que durante o dia houve uma greve geral a que muita gente aderiu. No fim a ideia que passou para o mundo, e eu vi as noticias desde Madrid, é que a greve teve pouca adesão e que terminou em violência.... aqueles senhores que atiraram as pedras fizeram sem dúvida nenhuma um belo serviço ao governo.
É claro que nada justifica a forma como a polícia resolveu o assunto, arremeter contra tudo e contra todos de forma cega e sem controlo, não pode ser a forma de actuar da polícia de um estado de direito... é evidente que aquela não era a forma de actuar, num estado de direito, numa democracia com quase 40 anos, isto não pode acontecer.
Se de um lado está um bando de idiotas que só ali está para causar confusão sem se importar com a situação do país e para prejudicar quem se manifesta de forma ordeira e sincera, do outro não pode estar um bando de fulanos enraivecidos que ataca de forma cega e por pura vingança.
Não pertenço a nenhum partido nem a nenhuma das plataformas que costumam convocar as manifestações, mas do meu ponto de vista estas manifestações tem que ser repensadas, isto não pode acontecer, quem se manifesta de forma ordeira não pode ser refém de um bando de idiotas que na sua maior parte nem faz ideia de porque ali está aquela gente toda..
A violência gera violência, e todos sabemos que se não se controla este grupo de gente que só quer armar confusão e se está a lixar para o resto, a próxima vez será pior e chegará o dia em que não haverá forma de controlar a situação e todos sairemos a perder.
É claro que quem elogía a forma de actuar da polícia só pode estar a gozar com o povo e é tão culpado como quem atira pedras...
Jorge Soares