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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
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"Quem sou eu para julgar os gays?" - Papa Francisco nas respostas aos jornalistas durante a viagem entre o Rio de Janeiro e Roma
“Não posso rezar a um Deus homofóbico” - Desmond Tutu, arcebispo sul-africano e prémio Nobel da Paz em declarações aos media da África do Sul.
E de repente parece que das trevas começa a sair algo de luz, estas duas declarações apareceram hoje na imprensa mundial, imagino que terá sido uma coincidência, mas sem dúvida nenhuma que ambas mostram um enorme passo em frente com respeito à forma como até aqui a religião olhava para este assunto.
Confesso, fui dos que olhou de lado para a escolha deste papa, mas não há dúvida que até agora a forma como ele tem enfrentado o seu pontificado constitui uma enorme pedrada no charco. Se o objectivo de Bento XVI ao renunciar era que viesse alguém que levasse a igreja a dar um passo em frente, acho que esse objectivo está completamente conseguido.
Nos últimos dias vimos e ouvimos um Papa muito mais próximo das pessoas e da realidade que o rodeia, um Papa que foi capaz de ir às favelas do Rio de Janeiro, que apelou à participação da população nas lutas sociais e que num Brasil que até há bem poucos dias estava em polvorosa, apelou aos jovens para que saiam à rua e lutem pelos seus direitos.
Hoje ouvimos Francisco a dar mais um passo em frente, “Se uma pessoa que procura Deus de boa vontade, e é gay, quem sou eu para a julgar?”. Não foi há muitos dias que em Lisboa se negou um funeral católico a uma pessoa simplesmente porque este vivia com outro homem, a homossexualidade é um tema tabu para a igreja, hoje Francisco desmistificou completamente este tabu.
“o catecismo da Igreja Católica diz muito claramente que os homossexuais não devem ser marginalizados [por causa da sua orientação] mas devem ser integrados na sociedade”
Sabemos que este tipo de coisas demora muito tempo a chegar das palavras aos actos, mas não há duvida nenhuma que este Papa representa um enorme salto em frente ara a igreja, esperemos que tenha a força suficiente para fazer chegar as suas ideias até todos os católicos e que viva o suficiente para conseguir que toda a igreja consiga entender e absorver as suas ideias.
Jorge Soares
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Nomeado em 19 de Abril de 2005, muito mais ortodoxo que os seus antecessores no cargo, Ratzinger ficará na história sobretudo pelas várias polémicas. Estas começaram logo em 2005 quando o novo papa proibiu a entrada de homossexuais nos seminários, em Setembro de 2006 causa uma enorme polémica com o mundo muçulmano ao citar um texto de um imperador Bizantino que diz que Maomé só traz o mal para a humanidade.
Em 2007 durante uma viagem à América latina, ameaça exomulgar os políticos que apoiem leis a favor do Aborto, em 2009, durante uma viagem a África Bento XVI condena a distribuição de preservativos para combater a Sida, dizendo que em lugar de melhorar piorava a situação.
Mais recentemente o seu secretário privado é detido após se comprovar que roubava e vendia documentos papais, antes do Natal de 2012 foi polémica a forma como num dos seus livros ele se refere à presença dos animais no presépio.
É a primeira vez em mais de 600 anos que um papa renuncia ao cargo, alegadamente Ratzinger abandona devido ao peso da idade, com 85 anos é algo que se compreende, a ser verdade é uma atitude inteligente, afinal o papa é humano e mortal como todos os restantes humanos. Convenhamos que ter à frente de uma instituição como a igreja católica alguém que já não esteja na posse de todas as suas faculdades, como aconteceu com os últimos anos do seu antecessor João Paulo Segundo, não traz nada de positivo.
Podem ler aqui o discurso de resignação
Veremos se o futuro não nos trará alguma surpresa sobre os motivos que estarão por trás desta resignação.
Jorge Soares
Imagem do Público
Não nutro a mínima simpatia pela senhora, poderá ter os seus méritos no trabalho que fez na Casa Pia, mas eu não consigo esquecer que a Catalina Pestana já por lá andava quando havia crianças a serem abusadas dentro da instituição, crianças a serem levadas para apartamentos por toda Lisboa e até para casas no Alentejo... e custa-me a crer que tudo isto tenha acontecido debaixo dos narizes de todo o mundo com responsabilidades na instituição sem que ninguém desse por nada.
Esta semana, após a descoberta de mais um caso de pedofilia na igreja católica, a senhora veio a público dizer que sabia da existência de mais casos, só em Lisboa serão cinco.
Sabe? e só agora veio a público falar deles porquê? Porquê esperar pelo aparecimento público de mais um caso para vir para os jornais falar do assunto? Sabe desde quando?
A senhora diz que avisou a hierarquia da igreja católica há mais de um ano... há um ano? Ela sabia de tudo isto há mais de um ano e não fez nada? E porque não avisou directamente as autoridades como lhe competia? E se realmente denunciou o caso à igreja sem que esta actuasse, porquê se manteve em silêncio? porque deixou tudo no segredo das sacristias?
Quantas crianças já terão sido abusadas depois da senhora ter tido conhecimento desses casos? Quanto sofrimento terá causado com o seu silêncio cúmplice?
Quem tem conhecimento de casos de pedofilia e não os denuncia às autoridades competentes é cúmplice e tão culpado como quem comete os crimes.
Esta gente devia ter vergonha.
Jorge Soares
Imaginem a cena: A igreja está cheia com os mais de 200 convidados, o noivo impaciente e nervoso espera ansioso junto ao altar pela chegada da noiva.
Esta chega, talvez um pouco atrasada e de branco imaculado como mandam as regras, radiante no seu vestido cruza toda a igreja até se posicionar ao lado do noivo preparada para a cerimónia..
Em lugar de dar inicio ao casamento, o padre escandalizado com a quantidade de pele à mostra nas costas da jovem nubente, manda esta para a sacristia onde alguém verificará o que há por baixo do vestido.
Passado um pouco, o padre horrorizado com a falta de vergonha da jovem, informa o noivo, as famílias e restantes convidados, que não há casamento porque a noiva não vestiu roupa interior... e para além disso.... está completamente depilada.
É difícil de acreditar, mas segundo esta noticia do Expresso, aconteceu mesmo... foi no Brasil, o padre dá pelo nome de Jonas Mourinho e tem 68 anos.
Ainda segundo a mesma noticia, "Depois deste episódio, o padre Jonas deixou dois avisos afixados na apostila do curso de noivas: "noiva sem calcinha é Satanás na cabecinha" e "vagina careca é o diabo na boneca"."
Dá para acreditar?
Jorge Soares
Imagem do HenriCartoon
A noticia é de sexta feira, mas por cá a Cimeira da Nato engoliu tudo o resto e só hoje dei por ela. Parece que numa entrevista a um jornalista Alemão que deu origem a um livro que sai esta semana, o papa "admitiu a utilização do preservativo “para reduzir “em certos casos” os riscos de contaminação” do vírus da sida"
Mais vale tarde que nunca, haverá que ler o livro e ver o enquadramento da frase.. assim como esperar pela reacção das correntes mais radicais da igreja. Não devemos esquecer que foi este mesmo papa que na viagem para Angola e referindo-se à luta quase inglória contra a Sida que se trava em África, disse que a distribuição de preservativos não melhora a situação só a piora.
Tenho estado a ler os comentários e a julgar pela forma quase festiva com que a afirmação do papa foi recebida, parece que afinal há muita gente na igreja que é contra a forma como a instituição olha para este assunto, parece que estava tudo à espera de um comentário como este para sair do armário.. em Portugal, no Vaticano e até na ONU.
Em África a Sida é uma espécie de peste negra que alastra quase sem controlo.. esperemos que estas declarações sejam mesmo para levar a sério e que sejam o inicio de um virar de página numa instituição que há muito vive arredada da realidade do mundo.
Jorge Soares
Imagem de aqui: https://1.bp.blogspot.com/_-M0KqG7Noxw/Sbxx9NVgptI/AAAAAAAAGVU/wPLeC21KIEU/s320/a.jpg
Ando há uns dias para escrever sobre isto, desde o fim da semana passada, era hoje, principalmente porque da parte da tarde enquanto desfrutava da beleza do aguaceiro sentado dentro do carro, ouvi algo que me deixou tão atónito que nem me consigo lembrar quem era a "eminência" eclesiástica que teve tal saída, dizia o senhor mais ou menos o seguinte:
"Existem países onde é obrigatória a denuncia destes casos à justiça e nesses países a igreja denuncia, nas nossas leis essa obrigatoriedade não existe, logo, a igreja não denuncia"
Fantástico, então e se eles souberem de alguém que não pertence à igreja e que comete este crime odioso... também não denunciam?
Entretanto ao dar uma olhadela pelos blogs que costumo seguir, encontrei este texto da Telma Sousa no Vila Forte, como dizia alguém num dos comentários, a Telma, para além de que escreve muito bem, diz o que há para dizer .. doa a quem doer.
Um post digno da rubrica:Coisas que eu poderia dizer, se conseguisse escrever assim.
A Igreja quer vendar-nos os olhos! Mas eu já não gosto de jogar à cabra cega!
Estava eu a pensar que o meu post desta semana ia ser sobre as alterações ao código de execução de penas e eis que de repente fico indignada ao escutar as declarações do Exmo Tarcisio Bertone, número dois do Vaticano e não poderia deixar de escrever sobre isso.
Juro que pensei… ah não devo ter ouvido bem… Não foi bem isto que disse… Mas não! Lamentavelmente escutei bem, tão bem que me deixou perplexa, diria mesmo furiosa, o que no meu actual estado pode ser crucial. Estas declarações são perigosas, perversas e têm certamente a intenção de desviar a atenção para o que tem vindo a público. O que está em causa e é verdadeiramente importante é o acto em si, o crime da prática do acto. Porquê a necessidade de vir afirmar a ligação entre a pedofilia e a homossexualidade? Qual é o objectivo?
Assim como porquê vir estabelecer a relação entre o celibato e a pedofilia? Não concordo com o celibato obrigatório (deveria existir o poder de escolha), mas isso não significa que os padres tenham maior propensão para a pedofilia.
A pedofilia é classificada, pela Organização Mundial de Saúde, como uma desordem mental e de personalidade do adulto, como um desvio sexual (que pode ter inúmeras causas) e estas desordens, parafilias, claro que podem existir em homossexuais, padres, bispos, psicólogos, médicos, economistas pais de família aparentemente exemplares, ou seja, transversalmente, independentemente da cultura, religião, orientação sexual, raça, e afins.
A pedofilia não está relacionada com a homossexualidade mas sim com uma perturbação da personalidade!
O que me choca é a aparente ligeireza com que a Igreja, nos seus maiores representantes, tem lidado com a situação. “… a igreja nunca colocou entraves à investigação de casos de pedofilia que envolvem sacerdotes…” Não me venham atirar areia para os olhos porque o tempo em que as pessoas eram instruídas para nada questionar já lá vai. È claro que a Igreja tudo faz para que fique dentro de “portas” estas e outras situações que ao longo dos anos teimam em querer ignorar. Aliás como disse um padre num debate “A roupa suja tem de ser lavada em casa”. Não, não tem Sr. Padre. Este tipo de roupa suja tem de ser lavado na justiça civil, tal como qualquer outro crime cometido por qualquer outro cidadão.
Mais algumas pérolas que me fizeram revolver as entranhas “Se um bispo sabe que um membro é pedófilo vai denuncia-lo e entregá-lo à justiça”. Quem diria? Não se tem notado!
“Existe total transparência da Igreja!” Nem comento!
“Existem documentos com regras claras sobre o que fazer quando se encontram padres pedófilos: entregar à justiça civil e à Congregação da Doutrina da Fé para decisão e no máximo eventual expulsão”. Pois, acredito que exista e fui ver no site, mas o problema est+a na aplicação do que está escrito! No máximo eventual expulsão??? Então e qual a opinião da Igreja quando este crime é cometido por qualquer cidadão? Estranho a mão leve nestas situações quando depois a mão é tão pesada para situações como alguém que só porque está divorciado já não pode ser padrinho de casamento ou de baptismo (mesmo que fosse vitima de violência doméstica… têm que aguentar… o sofrimento traz redenção e o perdão dos pecados).
Não é minha intenção ser desrespeitosa para com a Igreja e com os seus crentes. Tive uma educação católica, encontro-lhe sentido, existem valores muito importantes, mas penso! Questiono! E sem dúvida que existem muitas e muitas coisas que me provocam indignação e não me permitem assistir sem me insurgir.
E é por isso que da mesma forma com que me indignei com o que aconteceu reiteradamente ao longo dos anos na Casa Pia, com o conhecimento de muitos, também me insurjo com o que está a acontecer na Igreja, sobretudo pela arrogância de muitas das declarações e por nos quererem distrair. O assunto é demasiado sério e grave para manobras de distração!
Telma Sousa
Telma, obrigado
Jorge Soares
Estive a semana toda um pouco longe do mundo, foi uma semana mais ou menos perdida e de que não quero falar... passou.
Hoje à hora de jantar as noticias continuavam a vir do Haiti, os mortos, as crianças, a ajuda humanitária, é importante que saibamos o que se passa por lá, mas já cansa, se calhar os americanos tem razão e há que dar espaço às pessoas...
Quase no fim do telejornal, a noticia era sobre os casamentos entre pessoas do mesmo sexo...também já cansa, mas enquanto o decreto de lei não for aprovado pelo presidente da república, continuará actual....e haverá sempre mais pessoas com opinião, hoje foi o cardeal patriarca:
Igreja nunca aceitará o casamento entre homossexuais
Assim de repente, fiquei chocado, o que é que a igreja tem a ver com o assunto? mas hoje tive uma aliada de peso, a minha filha de 10 anos, verbalizou muito bem o que me ia na alma naquele momento:
-O que é que a religião tem a ver com o facto de duas pessoas gostarem uma da outra? o que é que a igreja tem a ver com isso?
Ora, até a minha filha de 10 anos consegue perceber, porque é que o cardeal, uma pessoa educada e instruída, não consegue?
Como explicava a minha filha à mãe, a igreja não tem nada a ver com os sentimentos das pessoas, e como não tem nada a ver, não tem nada que estar a mandar bitaites..... e assim de repente, estou orgulhoso..de mim e dela.
Jorge Soares
Hoje fui a um baptizado, uma cerimonia religiosa numa igreja católica cujo objectivo é inserir na fé da igreja a pessoa baptizada. Este sacramento é uma cerimónia de iniciação, um rito que serve para iniciar uma criança num culto.
No caso da igreja católica o significado é alargado, dizia o padre que com aquela agua aspergida por sobre a criança, esta passa a estar livre do pecado original com que foi concebida, ao mesmo tempo que é apresentada à igreja e os pais e padrinhos ficam obrigados a educar conforme os preceitos católicos.
Como 95% da população portuguesa eu fui baptizado, tinha uns meses de vida e evidentemente não tive voto na matéria, levaram-me, alguém me deitou água na cabeça, os meus pais assinaram uns papeis e desde esse momento entrei para a estatística. Como não tinha muito voto na matéria, também passei pela catequese, fiz a primeira comunhão e a comunhão solene....no dia em que comecei a ter voto na matéria e a pensar por mim, concluí que nada daquilo fazia sentido, mas continuo a fazer parte da estatística... porque algures está escrito que fui baptizado..... e para a igreja católica é muito importante contar com os 95% de fieis.
Eu acho que o baptizado é algo que faz sentido, se acontecer quando a pessoa vai lá com convicção e quando sabe o significado da cerimónia, antes disso é uma imposição, uma marca. A criancinha é levada à igreja, é marcada, e passa a entrar para a estatística.
Se em lugar das pessoas baptizadas, fossem catalogadas como católicas as que participam regularmente nas cerimónias, qual seria a percentagem de católicos em Portugal?
Mas a Igreja católica vive destas pequenas coisas, o N. anda há ano e meio nos escuteiros, no agrupamento 59 do CNE. O CNE é um corpo de escutas ligado à Igreja e quase tudo o que faz gira em volta da mesma.
O N. é uma criança que tem muita dificuldade para decorar coisas, mesmo assim, ele fez todas as provas e estava pronto para fazer a promessa e obter o tão almejado lenço. Faltava decorar o pai nosso e a avé Maria. No ultimo dia, as guias decidiram que ele não fazia a promessa porque não tinha decorado a avé Maria.... Ora, desculpem lá, mas depois de ano e meio nos lobitos, depois de fazer todas as provas, obrigar uma criança de 8 anos a ficar de fora a ver os outros fazer a promessa, porque não sabe uma lenga lenga, é uma de uma crueldade atroz... e mostra que as guias deste agrupamento tem muito pouco sentimento católico. É claro que para o ano eu vou encontrar algo de útil para ele fazer aos Sábados em lugar de catequese e escuteiros, algo onde não se tenham que aprender lenga lengas e de preferência sem pessoas mesquinhas.
Jorge
PS:Imagem retirada da internet