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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
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A roda dos enjeitados apareceu em Portugal na idade média, era um dispositivo onde os filhos ilegítimos e indesejados eram deixados em segredo para serem criados na casa da roda. Era um sistema oficial que na maior parte dos casos servia para lavar as desonras sem que existisse forma de se identificar a mãe ou qualquer familiar.
Este sistema esteve em vigor no nosso país até ao ano de 1867 quando as rodas foram extintas por decreto, actualmente em Portugal, e tal como expliquei neste post, as crianças devem ser entregues no hospital no momento do nascimento e só vão para adopção após verificação por parte do tribunal de família e menores que não há familiares directos que os queiram receber.
Em Portugal é assim, mas por incrível que pareça, há países na Europa em que em pleno século XXI, existem versões modernas da roda dos enjeitados. Segundo noticia do Público, este dispositivo da idade média voltou a aparecer nos seguintes países: Alemanha, Áustria, Suíça, Polónia, República Checa e Letónia, sendo que desde o ano 2000 mais de 400 crianças foram abandonadas desta forma.
É verdade que é sempre preferível a existência de sistemas deste tipo à morte do bebé à nascença ou o abandono no lixo, mas por outro lado, é um incentivo a que se escondam as gravidezes, a que estas não sejam seguidas e à existência de partos em segredo, sem apoio e sem assistência médica. Ninguém que está a pensar deixar um bebé em segredo vai contar ao seu médico que está grávida ou irá ter o bebé no hospital, onde mãe e criança são identificadas.
Na maioria dos casos quem está por trás das rodas são instituições ligadas à igreja e/ou a grupos de pressão contra o aborto, entendo o principio, mas não me parece que seja esta a melhor forma de lutar contra o aborto. A diminuição do número de abortos e bebés abandonados terá sempre que passar por educar e formar as mulheres para uma vida sexual responsável que evite as gravidezes, e não por facilitar o abandono dos seus filhos à nascença.
A idade média foi a época das trevas, muito mal deve ir a nossa sociedade para que se revivam estas coisas.
Jorge Soares