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Mundos de Vida - Dia Nacional do Pijama

por Jorge Soares, em 18.11.13

Dia Nacional do Pijama

 

 

O que é o Dia Nacional do Pijama®?

O Dia Nacional do Pijama® é um dia solidário feito por crianças que ajudam outras crianças.


Neste dia, as crianças até aos 6 anos (este ano, alargado também a um número limitado de crianças do 1º ciclo), nas escolas e instituições participantes, de todo o país, vêm vestidas de pijama para a escola e passam, assim, o dia, em atividades educativas e divertidas, até regressarem a casa.


O Dia Nacional do Pijama® realiza-se a 20 de novembro de cada ano.


Este é um dia em que as crianças pequenas lembram, anualmente, a todos que "uma criança tem direito a crescer numa família".


O Dia Nacional de Pijama® é uma iniciativa e marca registada da Mundos de Vida®.


 

Só agora percebi que devia ter feito este post há um mês atrás, até porque a Mundos de Vida faz parte dos meus contactos no Facebook e de certeza que isto me passou pela frente... mas a mensagem deve ter passado, porque um destes dias a D. chegou a casa com um folheto que lhe deram lá na escola, há pelo menos uma escola em Setúbal.

 

Chamo a atenção para a mensagem no Vídeo, há mais de 9000 crianças institucionalizadas em Portugal, crianças que merecem toda a atenção que lhes pudermos dar, a Mundos de vida tem feito um trabalho excepcional em prol das crianças que estão ao seu cuidado, nomeadamente através do programa de acolhimento familiar e do seu programa Loja de abraços. 

 

Jorge Soares

 

publicado às 22:05

Procuram-se abraços

Imagem do Facebook 

 

"Esta é a imagem da campanha "Procuram-se Abraços" 2013 da MUNDOS DE VIDA. Em outdoors, em folhetos, em spots nas rádios e através de vídeos, está na rua, durante dois meses, nos concelhos de Maia, Vila do Conde, Póvoa, Trofa, Santo Tirso, V, N. de Famalicão, Guimarães, Vizela, Barcelos e Esposende. Se gostava de ser família de acolhimento ou de saber mais sobre este tema, visite o site www.mundosdevida.pt, envie um email para mundosdevida@mundosdevida.pt ou telefone para 252499010. Em Portugal, 8.500 crianças vivem em instituições, muitas poderiam crescer melhor no seio de uma família de acolhimento como a sua."


Há coisas que realmente fazem a diferença, esta campanha é uma dessas coisas, porque pode realmente fazer a diferença para muitas crianças que não tendo como projecto de vida a adopção, podem desta forma vir a ter um lugar onde viver fora das instituições e uma família que lhes possa dar o amor a atenção e o carinho que merecem como qualquer outra criança.


Para as pessoas que não vivem nos concelhos em que trabalha a Mundos de Vida mas que tem o desejo de ser famílias de acolhimento, podem dirigir-se à segurança social da sua área de residência e manifestar a sua vontade, há muitas crianças noutras instituições por todo o país que também esperam por amor e carinho.

 

Por fim, nunca está demais recordar, as famílias de acolhimento não se podem candidatar à adopção e por lei o acolhimento ésempre temporário.

 

Vejam o Vídeo

 

 

Jorge Soares

publicado às 19:20

Mães que matam, de quem é a culpa?

por Jorge Soares, em 30.01.13

Eliana Sanches

Imagem do Facebook 

 

Ontem, na sequência de mais um caso em que duas crianças apareceram mortas presumivelmente envenenadas pela mãe, a RTP passou em revista os casos que no último ano levaram à morte de pelo menos sete crianças, todas às mãos da mãe.

 

Durante o fim de semana passado discutia-se aqui, aqui e no Facebook, se naquele caso em que a mãe se recusou a laquear as trompas após o nascimento do seu décimo filho, seria ou não justa a institucionalização das crianças. A maioria das pessoas terá visto a reportagem na televisão e ficou com a sensação de que haveria condições para que as crianças continuassem com a mãe, e que as crianças seriam inclusive bem tratadas.

 

Apesar das explicações da protecção de menores e dos relatórios da segurança social que diziam que não havia condições de higiene, que as crianças estariam muitas vezes sozinhas e que a mãe se recusava a cumprir com os acordos que fazia de modo a promover a melhoria de vida das crianças, as pessoas continuavam na maior parte dos casos a insistir no injusto da situação... sendo mais importante para elas o que aparecia na comunicação social que o facto de haver relatórios das entidades responsáveis que iam em sentido contrário. 

 

Segundo o que li em várias noticias, as duas crianças que agora apareceram mortas estariam sinalizadas pela segurança social devido à violência familiar e à instabilidade psicológica da mãe. As fotografias que vimos mostravam duas crianças bem alimentadas, bem vestidas e que apareciam sorridentes e felizes junto à mãe, à primeira vista uma família feliz... 

 

Havia uma ordem de entrega imediata das crianças ao pai que nunca foi cumprida, havia a ideia clara que as crianças estariam em perigo, a situação estava sinalizada pela polícia e pela segurança social, mas o certo é que hoje as duas crianças estão mortas e a culpa pelos vistos é só da mãe, então e o resto?

 

Porque morrem tantas crianças no nosso país vitimas de quem as deveria proteger?

 

Numa série de workshops sobre institucionalização de crianças em que participei, quando se falava do número exagerado de crianças institucionalizadas que existem em Portugal, um dos comentários mais comuns é sobre o facto de se dar muita importância ao biológico, os técnicos e os responsáveis dos centros de acolhimento referem quase sempre que se dão oportunidades a mais aos pais, que as decisões são sempre proteladas, isto faz com que a maioria das crianças passem a sua vida institucionalizadas.

 

Estando algumas das crianças de que agora falamos sinalizadas pela protecção de menores e pela segurança social, será que um pouco mais de zelo em alguns casos não faria com que algumas delas estivessem vivas?

 

Já perguntei no outro dia e hoje volto a repetir, o que é que é preferível?, que juízes e segurança social pequem por excesso e retirem as crianças às famílias mesmo que depois se prove que estas conseguem mudar e as possam receber de volta, ou que pequem por defeito e depois as crianças apareçam mortas muitas vezes às mãos de pais e familiares próximos?


Jorge Soares

publicado às 21:46

Não há quem defenda as crianças institucionalizadas

 

 

Hoje à hora do almoço o assunto do post de ontem era tema de conversa no refeitório, pelos visto muita gente viu a reportagem e havia quem estivesse preocupado, mas não era com as crianças e com o facto de terem sido sujeitas ao estudo, não, ninguém falou uma única vez das crianças ou da casa Pia, as pessoas estavam preocupadas porque maioria tem os dentes com chumbo e queriam saber se realmente aquilo faz mal ou não e se deviam ou não ir trocar as amálgamas.

 

Fiquei triste, no fundo a Rita Marrafa de Carvalho,  que é uma excelente jornalista, soube passar a mensagem, o mercúrio que uma grande parte da população tem nos dentes é prejudicial para a saúde.... mas o que para mim era a parte mais importante da reportagem, não há quem proteja as crianças institucionalizadas contra este tipo de coisas, não passou.... as pessoas olharam todas para o seu umbigo e esqueceram que há mais de uma centena de crianças que foram utilizadas de uma forma inconcebível. 

 

Alguém autorizou que dezenas de crianças institucionalizadas fossem objecto de um estudo médico, e desculpem lá mas não me parece que isso seja nem lógico nem admissível.


Não li evidentemente o resultado do estudo, porque não me interessa, há quem tenha lido e concluído que afinal o mercúrio não faz mal à saúde, eu estranho tal conclusão, mas acredito que seja isso o que está lá escrito. Mas  o que teria acontecido se as conclusões tivessem sido que o mercúrio era prejudicial para a saúde, que a longo prazo pode ser causa de cancro e de outras doenças, será que aquele senhor que foi responsável pelo estudo  e que na reportagem fez tudo para minimizar a questão, falaria da mesma forma? Se calhar não, mas a verdade é que o estudo já teria sido feito e as crianças sujeitas ao mercúrio.


Já agora, será que alguém se pergunta quantos outros estudos terão sido feitos na Casa Pia e nas centenas de instituições que há no país? Sim, porque se autorizaram este quem sabe a troco de quê, quem nos diz que não autorizaram outros?

E não, a desculpa de que as crianças não tinham tratamento dentário e assim ficaram a ter não pega, porque se não tinham era porque a Casa Pia não cumpria com a sua obrigação de o facultar... assim como não cumpria a sua obrigação de as proteger de estudos médicos e dos abusos por parte de funcionários e estranhos.

 

Foi por coisas como estas que há uns três anos atrás um grupo de pessoas decidimos criar a Missão Criança e é pela inércia e falta de interesse que a associação deverá morrer neste ou num dos próximos fins de semana, não porque não seja necessária, mas sim porque é muito complicado mudar a inércia das pessoas que só pensam em si, e os que nos propusemos fazer isso mudar, ou não tínhamos a vontade ou não tínhamos a capacidade... é triste, porque casos como este mostram que cada vez mais é necessário quem defenda e proteja as crianças deste país.

 

Jorge Soares

publicado às 22:42

Crianças da Casa Pia foram Cobaias em estudo

Imagem do Público 

 

 

Não vi a reportagem na RTP e infelizmente não está online, o que sei foi o que li no Público e no DN que é muito pouco, segundo o Publico, durante oito anos, 500 crianças da Casa Pia foram submetidas, sem saberem, a experiências que “nunca tinham sido feitas sequer em animais”. Experiências que visavam descobrir o efeito do mercúrio nos dentes.

 

Imagino que não seja novidade para ninguém que o Mercúrio é altamente tóxico e nocivo para a saúde de qualquer ser humano, muito mais para crianças entre os 8 e os dez anos, que são as que são referidas na reportagem.

 

Ainda segundo a notícia, tudo isto terá sido feito com conhecimento das autoridades... autoridades?, que autoridades?, quem na instituição ou no estado pode autorizar que se utilizem crianças institucionalizadas como cobaias? Convém saber quem e como se autoriza uma coisa destas... porque isto é inacreditável... completamente surreal.

 

Já aqui defendi, neste post, que no caso da pedofilia faltou apurar os responsáveis da instituição que permitiram que dezenas de crianças fossem usadas e abusadas dentro e fora da instituição durante anos, recuso-me a acreditar que ninguém dos responsáveis sequer ouviu falar do que se estava a passar. Agora ante mais este caso na mesma instituição, reafirmo, deverão ser encontrados os responsáveis, estas coisas não podem simplesmente ficar impunes... é de crianças que estamos a falar.

 

A sensação de que ficamos de tudo isto é que as crianças institucionalizadas, as crianças que estão ao cuidado do estado e de outras instituições em que este delega as suas responsabilidades, são os parentes pobres da nossa sociedade, já não basta o abandono a que foram votados pelas suas famílias para que o próprio estado as descure e até utilize desta forma.

 

Espero sinceramente que tudo isto não caia no esquecimento, espero que se apurem dentro e fora da instituição os responsáveis por mais este absurdo.

 

Update, podem ver aqui o vídeo da reportagem, colocado online pelos responsáveis do Aventar

 

Jorge Soares

publicado às 21:32

Foi a Sónia que através do Facebook me chamou a atenção para este vídeo, é uma reportagem da SIC sobre uma visita de crianças institucionalizadas a um quartel de Bombeiros na Guarda.


Para além de que uma vez mais a SIC se esqueceu que existe uma lei que protege as crianças institucionalizadas e que portanto não deveria nunca mostrar as crianças de forma a que estas fossem identificáveis, há uma parte em que a Jornalista nos conta como por puro acaso, se reencontraram irmãos que já não se viam há mais de um ano.


Ou seja, a mesma Segurança Social que é tão renitente em separar irmãos para adopção de modo a que estes não percam o contacto entre si, e há crianças que graças a esta renitência nunca são adoptadas, permite que irmãos que estão em instituições diferentes, se calhar a poucos quilómetros umas das outras, passem anos sem se verem...


Alguém me explica qual é a lógica disto?...Será que não havendo forma de colocar todas as crianças na mesma instituição, não haverá forma de garantir o contacto regular entre elas?


Como é possível que estas coisas aconteçam e que seja necessário um caso fortuito destes para que os irmãos se reencontrem após mais de um ano sem se verem?





Já agora, quem permitiu que as crianças fossem filmadas desta forma, será que os tribunais que as encaminharam para as instituições e que são os responsáveis legais foram consultados?


Jorge Soares

publicado às 23:01

Adopção, palavras de uma mãe, para reflectir

por Jorge Soares, em 15.02.12

Adopção

 

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

O seguinte texto foi-me deixado num comentário ao Post Ainda as adopções falhadas e as crianças devolvidas  que copiei para o Nós Adoptamos. Apesar de olhar para o tema de forma diferente e até discordar de algumas das coisas, entendi copiar todo o texto já que representa a opinião de alguém que, imagino eu, passou ou está a passar por uma situação complicada, são palavras fortes, para ser lidas e reflectidas, com tempo voltarei ao assunto, por agora, deixo as palavras da Estrela.

 

Tenho estado a pesquisar sobre este caso e cheguei a isto: E pena haver tantos comentários de quem nunca adoptou, e para mais de quem não teve de passar anos em tratamentos de infertilidade até desembocar na adopção, não como a única resposta, mas com a esperança de que ao fim de tanto tempo tinha o direito de ser pai e mãe, construir uma família e ser feliz.

 

Mas como nada é perfeito, muito menos neste país, até os sinais de alerta dos novos pais, e dos novos filhos são ignorados por todas as técnicas do caso. A verdade é que nem todas as crianças, para não dizer quase todas... são abandonadas pela família, pelo contrário, mas são retiradas e nem sempre da forma mais correcta.

 

Depois, a Lei da adopção em Portugal é tão boa que foi alterada recentemente, e continua a ser insuficiente e pobre. As instituições que acolhem as crianças não lhes dão o apoio necessário, pelo menos a que tive oportunidade de conhecer, nem a nível alimentar, médico ou higiénico, quanto mais acompanhamento psicológico! Não as preparam para a possibilidade de virem a ser adoptadas, não lhe perguntam se o querem, não respeitam a sua vontade, mas a resposta que me deram é "são crianças, não sabem o que querem!" mesmo que queiram voltar para a instituição, o local onde sabem que a mãe prometeu ir buscá-los, e desesperam porque agora ela não sabe onde eles estão, mas estiveram lá 2 anos, e ela não foi...continuam há espera, até hoje, já se passaram anos, sofrem eles e nós pais também, nada podemos fazer.

 

Não aceitam a ajuda de nenhum técnico, ignoram a autoridade do adulto, usam-nos, rejeitam-nos, eles sim, desde o princípio rejeitaram-nos, até ao ponto de ir para um hospital por rejeitar a alimentação, por desistir de viver. E agora o que fazer? disseram que era a adaptação, que ao fim de 6 meses estaria tudo regularizado, ao fim desse tempo até um ano, e ao fim de 18 meses disseram que não tinham nada a ver com isso, estavam adoptados!

 

Os sonhos ficaram por isso mesmo, apenas a dor de não ter um filho que corra para nós à procura de um abraço, pergunto porquê e a respota não vem, ou tardiamente escuto "não sei".

 

As crianças deviam ser escutadas, olhadas com olhos de ver, nem todas querem uma casa onde há regras e figuras adultas, até porque as vítimas de abuso não têm isso escrito no processo, para não serem rejeitadas pelos candidatos. como se cura feridas que se desconhecem?

 

Quem ensina a quem vai pela primeira vez adoptar o que devia estar escrito, o que é que deviam mostrar e não está no processo? Eram estas perguntas que deviam fazer e pensar no sofrimento de quem toma estas decisões, na família alargada que os acolhe, ou não..."não havia lá mais pequenos?", "são tão grandes", "sabes lá se vão gostar de vocês!".

 

Quem vê crescer A BARRIGA, Dá mama, colo, ensina a falar, muda fraldas, dá biberão e recebe sorrisos, que É A ÚNICA MÃE, porque o pariu e o tem consigo nos braços não imagina a dor de todos os meses imaginar que está gravida enquanto decorre mais um tratamento de infertilidade, e depois adopta e é tratada como um alvo a abater.

 

São palavras fortes, eles não têm culpa não me escolheram, mas eu também não tive culpa, a não ser de ter a esperança de que viessem a gostar um pouco de nós em comparação com o que os amo. Agora podem indignar-se à vontade, principalmente porque escrevi muito!

 

Agradeço a vossa atenção, felizmente não conseguem ver as lágrimas. 

 

Estrela 

 

Jorge Soares

publicado às 21:21

Plano DOM suspenso

Imagem de aqui

 

Hoje à hora do almoço, ao ler o Jornal de notícias, deparei-me com duas notícias que aparentemente não têm nada a ver uma com a outra, mas que na realidade podem ter tudo a ver.

 

Na primeira falava-se de um jovem de 16 anos que foi encontrado morto numa instituição de acolhimento de Fafe, tinha sido sinalizado pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Peniche e institucionalizado. A notícia, que não está online nem foi referida em mais nenhum meio de comunicação, não era clara sobre a forma como terá morrido o jovem, mas indica que terá ocorrido após ele ter tido conhecimento de um castigo que lhe iria ser aplicado na escola... que é na própria instituição.

 

A segunda notícia, fala sobre a suspensão por parte do governo do plano DOM nas instituições de acolhimento nacionais. O Plano DOM – Desafios, Oportunidades e Mudanças, tem como objectivo principal a implementação de medidas de qualificação da rede de Lares de Infância e Juventude, incentivadoras de uma melhoria contínua da promoção de direitos e protecção das crianças e jovens acolhidas, no sentido da sua educação para a cidadania e desinstitucionalização, em tempo útil.

 

Este plano foi iniciado em 2007 nas instituições que aceitaram aderir e tinha como objectivo dotar as instituições de pessoal qualificado e preparado para lidar com os jovens institucionalizados.

 

Segundo a notícia, a suspensão do plano fez com que a grande maioria das instituições ao não ter financiamento do estado para pagar os salários, optassem por não renovar os contratos com as pessoas contratadas ao abrigo do plano. Na prática o que isto significa é que tudo voltou às condições que existiam em 2007, sendo que no exemplo que davam no jornal, uma instituição para a que tinham sido contratados dois técnicos e várias auxiliares, ficou só com o pessoal que tinha antes do plano: 1 técnico e 3 auxiliares. Isto na prática significa que as crianças estão entregues a auxiliares que são em número insuficiente.

 

Não faço ideia se a instituição onde morreu o jovem é uma das que despediu os técnicos ou não, mas será que com o acompanhamento necessário e adequado o jovem teria morrido?

 

O Plano DOM foi um enorme salto em frente na institucionalização de crianças no nosso país, o último que tinha ouvido sobre o assunto é que todas as instituições seriam obrigadas a aderir ou teriam que encerrar, porque o que o plano implementava era considerado o mínimo exigível para o bem estar das crianças....a sua suspensão é um erro terrível que representa um enorme retrocesso na qualidade de vida das mais de 10000 crianças que estão institucionalizadas.

 

A crise e a Troika não podem justificar tudo, é da vida das crianças que estamos a falar

 

Jorge Soares

publicado às 22:59

as crianças e a institucionalização

 

Imagem de aqui

 

A maior parte de nós acha que escrever num blog é deitar palavras ao vento, que escrevemos para nós, que ninguém se interessa por aquilo que dizemos, eu há muito que percebi que isso não é verdade e tomei consciência que aquilo que aqui digo é lido por muita gente. Todos os dias há mais de 400 pessoas que por aqui passam, imagino que a maioria o fará com indiferença, vem ao engano trazido pelo google, entra mudo e sai calado, sem deixar marcas da sua passagem, mas entre todos esses há sempre alguém que encontra o que procurava e que o leva consigo.

 

O ter essa noção faz com que eu tenha algum cuidado com o que digo e como o digo, não sou dono da verdade e nem tenho pretensão de o ser. Na terça eu demorei imenso a pegar na escrita, cheguei inclusivamente a desistir e a pegar noutro assunto, mas voltei ao inicio, eu tinha que falar daquilo. Tentei que o post se cingisse áquele caso, à noticia, sem generalizar e tocando apenas nos pontos que me pareciam importantes e mais relevantes, porque sei que este é um tema muito controverso. Sem ir mais longe, na passada Sexta Feira estive em Braga reunido com uma série de pessoas  para discutir o assunto, em que falámos de casos, tentamos perceber como retirar ideias para que os processos sejam mais simples, mais claros, mais rápidos e com menos sofrimento para as crianças. Mesmo com todos os cuidados do mundo, há sempre quem não queira ver o mundo mais além do que conhece ou já viu..e foi isso que aconteceu nos comentários.

 

Há algo que gostaria de deixar esclarecido, até porque há mentiras que de tanto serem repetidas correm o risco de se tornarem verdade, ser pobre não é doença nenhuma, há muitíssima gente neste país que é pobre e de uma honestidade e nobreza a toda prova. Muitíssima gente que é pobre e cuida dos seus filhos com muito mais carinho e dedicação que a maioria dos abastados, ser pobre não é delito nem é evidentemente motivo para se retirar uma criança a ninguém. A mim irrita-me solenemente quando as pessoas gritam a todo pulmão que lhes estão a retirar os filhos porque são pobres... utilizar a pobreza como arma de arremesso é para além de triste, uma injustiça para quem é pobre e vive feliz apesar disso.

 

Como diz a Cristina no seu comentário a disfuncionalidade das familias surge muito frequentemente associada a situações de pobreza, estando a duas situações interligadas. Por esta razão a maioria das crianças em risco ou institucionalizadas virá, julgo eu (não tenho dados para o afirmar), de agregados familiares mais pobres.

 

Infelizmente em Portugal temos uma enorme tendência para generalizar, confundimos muito facilmente a árvore com a floresta e achamos que porque já vimos um caso, já vimos todos... nada mais longe da verdade. Existem em Portugal mais de 10000 crianças em acolhimento, cada uma delas terá a sua história e cada uma delas é diferente de todas as outras. Entre todas estas haverá algumas injustiças?.. é claro que sim,.. mas é precisamente contra estas injustiças que eu e outras pessoas tentamos lutar... e não é deitando casos cá para fora como se fossem verdades absolutas que se resolve nada.. estamos a falar da vida de muitas crianças, eu sou o primeiro a dizer que há muitas coisas erradas no sistema, se não fosse assim não existiriam 10000 crianças em instituições, estariam todas com alguém que lhes desse amor e protegesse.. mas é o sistema que temos e o que há a fazer é lutar para que seja melhor.

 

Para terminar..e para vermos como casos há muitos, deixo este e este e este .

 

Jorge Soares

publicado às 21:47

Casa Pia será caso único?

 

Imagem do Ionline

 

A noticia no ionline falava da hipótese de vir a ser o estado a pagar as indemnizações a que foi condenado o Carlos Silvino (Bibi) , na verdade quando lemos as letras pequenas percebemos que não é o estado e sim a Instituição Casa Pia quem deverá assumir as despesas, dá-se o caso que esta instituição é propriedade do estado e no fim será ele, ou seja, todos nós, quem terminará por pagar.

 

Passaram 8 anos desde o início deste processo, ninguém sabe quantos anos terão passado desde o início dos abusos, sabemos sim que o assunto era conhecido dentro da instituição e até da tentativa de alguns dos jovens de chamar a atenção para ele numa visita do então presidente da República Ramalho Eanes. Durante estes 8 anos que durou o processo, para além dos nomes dos agora condenados, foram lançadas acusações e suspeitas sobre muitíssima mais gente e a acreditar nas insinuações de Carlos Cruz, muitos mais nomes irão aparecer.

 

No meio de tudo isto há algo que não entendo, se as vítimas estavam ao cuidado da Casa Pia, se eram levadas para os locais dos abusos por um funcionário da instituição e segundo consta, muitas vezes numa viatura da instituição, a que se deve que a instituição nunca tenha sido acusada ou responsabilizada?

 

Durante todos estes anos passou muita gente pela Casa Pia, funcionários, professores, gestores, subdirectores, directores, será possível que todos tenham passado por lá sem verem aquilo que era evidente? As crianças estavam entregues à guarda da instituição, ninguém reparava nas ausências dos jovens?  Ninguém reparou nos sinais? Ninguém viu? Ninguém ouviu? Eram todos cegos, surdos e mudos?

 

Todos ouvimos as palavras emocionadas de Catalina Pestana na passada Sexta Feira, não estava Catalina Pestana na instituição na altura em que os jovens eram levados para Elvas? Em que eram levados e abusado por um funcionário e por um dos subdirectores da instituição? Não ouvia os boatos?  Não conhecia os jovens? O que fez nessa altura para evitar ou denunciar a situação?

 

Quanto a mim, a Casa Pia era a família destes jovens, era responsável pela sua formação, educação e o seu bem estar, terá falhado claramente em várias destas  responsabilidades, qualquer família que não cuida dos seus filhos é julgada e penalizada por isso, porque não foi a Casa Pia julgada e responsabilizada por tudo isto?

 

Existem em Portugal mais de 10000 jovens institucionalizados, entre Cats e lares existem quase mil instituições de acolhimento em Portugal, alguém acredita que a Casa Pia é caso único? Em quantas mais instituições haverá jovens a serem abusados, ou maltratados? Na passada Sexta Feira na Antena 1 Eduardo Sá chamava a atenção para o facto de neste caso só haverem rapazes abusados, e mostrando a sua incredulidade sobre a não existência de raparigas abusadas. O que faz o estado Português para garantir que as instituições cumpram o seu papel de guarda dos jovens?  Para garantir que não há mais casos como este nas centenas de instituições deste país? Para garantir que não há mais cegos, surdos e mudos? O que fazemos todos nós?

 

Jorge Soares

publicado às 22:18


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