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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem de Sapo Desporto
Acho que os sete a zero à Estónia e a alegria do Quaresma nos deixaram a todos com a expectativa muito alta, como as coisas não correram assim tão bem, não havia Quaresma e em lugar da Estónia estava a Islândia, voltamos ao Fado e em lugar dos oitenta da semana passada, parece que passou tudo para o oito.
Confesso, não vi o jogo, há vida para além do futebol, vi 15 minutos do fim e ouvi o resto da segunda parte no rádio, olhando para as estatísticas, ficamos a pensar que foi um jogo de um só sentido, mais de 70% de posse de bola, mais de vinte remates contra quatro,uma avalanche de ataque ... contra uma muralha de Islandeses que pelos vistos foram lá duas vezes e marcaram um golo.
Como acontece muitas vezes, e não é só à selecção, faltou finalização, há muitos atacantes na selecção portuguesa, O Cristiano Ronaldo esteve até ao fim na luta pela bota de ouro Europeia, mas continua a faltar um Jordão, um Manuel Fernandes, um Pauleta, .... já ficávamos contentes com um Postiga... mas temos o Élder... que não é titular e dificilmente será.
Há muitos comentadores de televisão a dizer que foi muito mau.... como disse, não vi, mas tenho dificuldade em concordar, acho que havia muita gente a pensar que eram favas contadas, esqueceram-se que havia a Islândia.
Convém recordar que era o primeiro jogo. Portugal dominou, jogou muito mais, não conseguiu marcar, saiu com um empate, faltam dois jogos e duvido que a Áustria se possa dar ao luxo de se limitar a defender.... Além disso, o Quaresma vai recuperar a forma e ser titular,,,,
É isso, é Futebol.. e é o nosso fado... mas eu acredito... aposto que a menina da fotografia também acredita!
Jorge Soares
Imagem do Público
"O primeiro-ministro Sigmundur Gunnlaugsson apresentou a sua demissão e tornou-se a primeira baixa política do escândalo Panamá Papers. Gunnlaugsson não resistiu à pressão da rua: cerca de vinte mil pessoas exigiram na véspera que se demitisse, devido à sua ligação a uma empresa offshore, através da qual ocultou milhões de euros."
A Islândia é mesmo um mundo diferente, em que outro país, por mais pequeno que seja, basta uma manifestação de cerca de vinte mil pessoas para fazer cair um governo?
Há um blogue português que nos dois últimos dias se tem dedicado a tentar desmistificar a importância do que está a acontecer, há mesmo quem em Portugal se queira convencer que não há nada de errado com os offshore e a fuga de dinheiro para paraísos fiscais, diz quem por lá escreve que lá por ser imoral não quer dizer que seja ilegal... Bom, se calhar para os Islandeses não há assim tanta diferença entre ilegal e imoral ...
É evidente que nem sempre offshore significa ilegalidades, há formas e motivos legais, por norma de moralidade duvidosa, para se colocar dinheiro em paraísos fiscais, mas convenhamos que o que serve para esconder dinheiro legal, servirá de certeza absoluta para esconder, lavar e no fim gastar com toda a impunidade do mundo, dinheiro das mais obscuras e ilegais proveniências.
Rezam as crónicas que foram entregues 2 Terabytes de informação, 2 Terabytes é uma quantidade absurda de informação, é difícil imaginar como se irá conseguir separar o trigo do joio no meio de tantos documentos. Vai de certeza demorar muito tempo, esperemos que que existam recursos e vontade suficientes para se chegar até ao fim.
Segundo um Jornal Irlandês, terão sido até agora encontrados documentos que referem 34 nomes de portugueses ou residentes em Portugal, para além de 244 empresas.... mas a procissão ainda vai no adro, de certeza que haverá muito mais para descobrir.
Curioso mesmo é que havendo um Jornal (o Expresso) e uma Televisão (a TVI) portugueses com acesso aos documentos, seja um Jornal Irlandês quem deite cá para fora estes números.... de certeza há uma explicação qualquer, esperemos que não tenha a ver com a quem pertencem estes dois meios de comunicação....
O que está a acontecer terá a importância que o mundo lhe queira dar, se for como na Islândia talvez nada fique como dantes e no futuro se tomem medidas reais para se acabar com a impunidade dos paraísos fiscais. Se for como na Rússia em que vá lá saber-se porquê, os jornais importantes nem sequer falam do assunto, estamos conversados.
Certo mesmo é que: Quando uma borboleta bate as asas no Panamá, cai o governo na Islândia... vamos ver quantos outros governos e governantes abanam e se cai mesmo mais algum.
Jorge Soares
Ando há meses a ouvir falar da Islândia, segundo a crença popular, quando deram pela crise os Islandeses mandaram os políticos para a prisão, fizeram um referendo onde decidiram que não iam pagar as dividas dos bancos e com isto deram a volta por cima e agora são um país próspero.
Como não acredito em milagres, dei-me ao trabalho de investigar e é claro que o que descobri é que o único de verdade no que as pessoas dizem é o facto de realmente eles terem dado a volta à crise, o resto são mitos.
Vejamos, a Islândia é um pequeno país, tem 320 mil habitantes, até 2008 tinha uma economia próspera, todo o mundo tinha um nível de vida muito elevado e uma enorme facilidade de chegar ao crédito. Com muito dinheiro disponível, os bancos investiram no imobiliário americano e na divida de países terceiros. Com a crise americana de 2008, os bancos foram ao fundo e com eles a economia do país.
Aqui está a primeira diferença com a nossa crise, a da Islândia é puramente financeira, os bancos tem problemas mas o estado é sólido, a nossa crise é basicamente ao contrário, exceptuando o BPN, os nossos bancos são mais ou menos sólidos, ao contrario do estado que tem graves problemas estruturais.
O que fez a Islândia para atacar a crise? Nacionalizou os bancos e pediu dinheiro ao FMI e à China para os refinanciar. Depois desvalorizou a moeda em 50%. É claro que uma desvalorização da moeda levou a que muita gente tivesse problemas para pagar os créditos, as prestações duplicaram e os bens aumentaram 50%, mas como o nível de vida era muito elevado, as pessoas passaram a ter menos dinheiro, mas continuaram a conseguir pagar e continuar a comprar as coisas, o que fez com que a economia continuasse a funcionar e até a crescer.
Por cá também se nacionalizou um banco, mas acho que todos estamos de acordo em que em lugar de resolver o que quer que fosse, isso contribuiu e muito para aumentar o buraco nas contas do estado.
A nossa crise é completamente estrutural, não tem nada a ver com a crise da Islândia, e não há receitas iguais para crises diferentes, aliás, nem para crises iguais. Além disso, é muito diferente tratar das contas de um país de 320 mil habitantes ou de um de 10 milhões...
Por fim, é verdade que na Islândia levaram o ex primeiro ministro ao banco dos réus, mas o que não se diz por cá é que este foi ilibado de todas as acusações. Também é verdade que fizeram um referendo sobre pagarem ou não algumas dívidas dos bancos... mas ninguém tem dúvidas que o dinheiro que a China e o FMI injectaram nos bancos nacionalizados é para se pagar.
Há quem ache que uma mentira repetida muitas vezes se torna verdade, mas comparar a crise da Islândia e o que por lá se passou com o que se passa por cá é ou ignorância ou pura demagogia.
Na passada sexta na RTP o programa Sexta às 9 falaram do milagre Islandês.. podem ver o vídeo aqui:
Quem já não ouviu falar da qualidade de vida dos países nórdicos?, das excelentes escolas públicas, sistemas de saúde perfeitos, justiça social, excelentes condições de habitação, etc. É claro que tudo isto é financiado por um sistema fiscal que leva entre 40 e 60% dos salários, mas aposto que não há ninguém que não tenha dito ou ouvido :"Eu assim também não me importava de pagar impostos"... eu ainda hoje à hora do almoço ouvi esta frase. Eu bem tentei explicar que tem que ser ao contrário, primeiro temos que pagar mais impostos, depois com o tempo, um estado com dinheiro haverá de proporcionar as condições sociais.. em vão.. pagar impostos?, só menos!
Mas é claro que tudo isto vai muito mais além do pagamento ou não dos impostos, existe um enorme abismo cultural entre o norte e o sul da Europa.
Não foi noticia em muitos jornais, mas ainda foi em alguns, no ionline podemos ler o seguinte:
Primeira ministra Islandesa foi a primeira homossexual a casar-se segundo a nova lei
Na Islândia não só elegem para primeiro ministro uma mulher que assume sem problemas o facto de ser lésbica, como esta é a primeira a dar o exemplo e a casar-se. Em Portugal em época de eleições inventam-se boatos sobre a suposta orientação (homos)sexual do primeiro ministro. Passamos anos a discutir a alteração de uma lei que nem precisava de ser alterada, contaram-se espingardas, recolheram-se assinaturas, ameaçou-se com o inferno. Quando finalmente a lei foi aprovada e o presidente da república não a vetou, o seu partido viu isto como uma afronta tal que se procuram candidatos alternativos.
Voltando aos nórdicos, não há quem não sonhe em viver como eles, desde que ninguém nos diga que para isso temos que pagar mais impostos, queremos ser como eles, mas a verdade é que a nossa mentalidade está a décadas da deles.. e cada vez que tentamos dar um passo em frente, há sempre alguém que diz ... mais devagar. Em suma, todo o mundo quer ser como os nórdicos, desde que continuemos a ser como somos...
Não, nós nunca vamos ser como eles, nunca vamos viver como eles ... não sei é se é feliz ou infelizmente.
Jorge