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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
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É certo e sabido, nos dias a seguir às campanhas do Banco Alimentar contra a fome, alguém desenterra este artigo, ou outro parecido, e durante dias ele anda a circular no Facebook e nas restantes redes sociais.
Há muito de verdade no que ali se diz, mas o certo é que a forma como funciona o banco alimentar português leva a que as cadeias de supermercados e o estado sejam efectivamente muito beneficiados com este tipo de campanhas... não sei se será fácil fazer o estudo, mas era interessante sabermos em quanto aumenta a facturação dos supermercados nos dias em que há campanhas do Banco Alimentar.
Durante a semana passada a RTP, através da emissora de rádio Antena 3 desenvolveu a campanha Toca a Todos em que foram angariados mais de 365 mil Euros a favor da Cáritas, que em principio utilizará este dinheiro na luta contra a pobreza infantil.
Uma parte deste dinheiro veio de chamadas telefónicas de valor fixo, 60 cêntimos + IVA, no fim cada chamada custa a quem está a ser solidário 74 cêntimos, sendo que pelo menos 14 cêntimos vão directamente para o estado. 14 cêntimos que são ganhos pelo estado à custa da solidariedade do povo português.
A questão é, faz sentido que o estado cobre IVA sobre a solidariedade? Ainda por cima quando estamos a falar de uma campanha que no essencial vai servir para cobrir necessidades que deveriam ser cobertas pelo estado? É ao estado que cabe em primeiro lugar garantir que não exista pobreza nem infantil nem de nenhum outro tipo no país, não seria lógico que se não consegue fazer o seu papel, pelo menos não cobrasse impostos a quem o tenta fazer por si?
Supondo que um terço dos 365 mil Euros vieram destas chamadas, 120 mil Euros, o estado terá arrecadado perto de 30 mil Euros em IVA, um grão de areia no meio do deserto das contas públicas, mas que de certeza fariam muita diferença nas contas de alguma associação de apoio à infância.
Será que não havia forma de criar um tipo de chamadas para este tipo de campanhas que não fosse sujeita a IVA e/ou nas que o imposto fosse directamente para a campanha e não para o estado?
Jorge Soares
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Há uns dias Passos Coelho ficou muito indignado porque Catarina Martins afirmou em pleno debate parlamentar que a palavra de Passos Coelho não vale nada, e apontou uma serie de exemplos de afirmações que depois se viriam a mostrar precisamente ao contrário... hoje foi-nos dado mais um argumento para partilharmos a opinião da Deputado do Bloco de esquerda. Ainda a semana passada Passos Coelho dizia que o caminho para a redução do défice seria pela redução da despesa e não pelo aumento da carga Fiscal. Quantas vezes ouvimos o primeiro ministro e os seus ministros repetir a ideia de que não haveria mais aumentos de impostos?
A ministra das finanças Maria Luís Albuquerque e o ministro O ministro do Emprego e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, apresentaram ao país as medidas inscritas no Documento de Estratégia Orçamental, entre outras coisas ficamos a saber que o Iva passa de 23 para 23,25 % e os descontos para a segurança social passam de 11 para 11,2 %. Sobre o não aumento de impostos, estamos conversados.
Outra das medidas apresentadas é a criação de uma "contribuição de sustentabilidade", que corta entre 2% e 3,5% nas pensões acima de 1000 euros. Isto não é mais que um novo nome e uma nova roupagem para a famosa taxa de solidariedade, medida temporária que agora passa a definitiva.... quantas vezes ouvimos os membros do governo dizer que as medidas de austeridade era temporárias e que não haveria medidas a passar a definitivas?
Há algo que me escapa no meio de tudo isto, segundo o PSD e o governo, a prioridade é o combate ao desemprego, ora, alguém me explica como é que se combate o desemprego sem incentivar o consumo? E como é que se incentiva o consumo se se continuam a aumentar os impostos?
É claro que a devolução de uma parte dos cortes aos funcionários públicos é bem vinda, mas depois de tantas trocas e baldrocas, eu já estou como Santo Tomé, ver para crer, é que de aqui até Janeiro ainda faltam muitos meses e ainda dá para mudar de opinião muitas vezes.
Há algo que me deixa ainda mais confuso, como é que no meio de tantas trapalhadas e de tanto diz e desdiz ainda há quase 30% de portugueses que dizem que vão votar no PSD.... há muita gente que gosta mesmo de ser enganada
Jorge Soares
Eu devo ser muito burro, nos últimos dois dias o meu Facebook foi inundado com imagens como a que vemos acima e outras parecidas, bom, ou o estado não se soube explicar, ou o lóbi dos que não querem pagar impostos me entrou em força pelo Facebook adentro.
Vejamos, até agora nós pagávamos o IVA e não só não recebíamos nada em troca, como muitas vezes ao não pedirmos factura o imposto que pagávamos não ia para o estado mas sim direitinho para os bolsos de comerciantes pouco escrupulosos. A partir de agora, não só o estado nos vai passar a devolver uma parte do IVA que pagamos, como ao pedirmos sempre factura vamos contribuir para a diminuição da fuga aos impostos e na sequência para a melhoria das finanças do estado.
É claro que podemos sempre argumentar que 5% do IVA é um valor muito baixo, mas é preciso ter em conta que o IVA é um imposto e que o estado não pode simplesmente abdicar do valor recaudado, de resto, esta não é uma medida para dar nada a ninguém, esta é uma medida que tem por finalidade combater a fuga aos impostos.
Também deveria ser claro, pelos vistos não é, que se bem é verdade que quem ganha o salário mínimo não pode dar-se ao luxo de gastar 25000 Euros para poder receber 250, eu ganho bem mais que o salário mínimo e não tenho essa capacidade, também é verdade que quem ganha o salário mínimo não paga IRS, logo, também não tem por onde fazer a dedução.
Por fim, para aqueles que como esta senhora, utilizam o argumento de que se ganha mais não pedindo factura que pedindo, só queria recordar que não pedir factura para não pagar o IVA é crime, não, não é ser Chico-esperto, é roubar o país e é contribuir para a situação em que estamos. Todos deitamos a culpa ao governo e a quem nos tem governado pela situação em que estamos, mas na hora da verdade quando temos que fazer a nossa parte e contribuir com a nossa parte como cidadãos, fazemos tudo o possível para fugir às nossas obrigações.
Eu não sei vocês, mas eu penso pedir factura de cada Euro que gaste, se no fim me devolverem 10 Euros eu vou ficar contente, porque 10 Euros é melhor que os zero que me tem devolvido até aqui.
Agora, alguém me explique como se eu fosse muito burro, o que tem de mal que o estado nos devolva uma parte do IRS que pagamos?
Jorge Soares
Imagem do Público
Diz a senhora ministra que devemos aproveitar que as papas e produtos para bebé vão passar a pagar Iva à taxa máxima para passar a dar fruta aos nossos filhos, além de que é natural, não paga Iva.
Não deixando de concordar com a parte de dar mais fruta às crianças, já agora, dê-se fruta nacional que é muito boa, não me parece que se consiga alimentar criancinhas de meses só com fruta, depois, não me parece que a senhora ministra costume ir às compras, primeiro porque a fruta não é nada barata e segundo, porque tal como podemos ler no portal das finanças, ao contrário do que disse a senhora ministra, a fruta paga IVA.
Jorge Soares
Imagem minha do Momentos e Olhares
Foi num dos posts desta semana que a Suspeita deixou a questão : "E porque ninguém fala nos países nórdicos? Porque não se tenta copiar aquele modelo?" O tema era economia, mas podia ser outra coisa qualquer, a Manu por exemplo que é professora e viajada, costuma utilizar o exemplo da Finlândia sempre que se fala de educação. Cada vez que queremos dar o exemplo de algo que funciona noutros sítios e não funciona por cá, há sempre alguém que se lembra do paraíso nórdico...
Eu já por cá falei do assunto duas vezes, foi a propósito da primeiro ministro lésbica da Finlândia e de condições de trabalho.. ou da falta delas, normalmente demoro-me a tentar explicar que não dá, porque nós não somos nórdicos, até podíamos ser altos e louros (eu sou), mas nunca teremos nem a cultura nem a consciência de estado e do dever que tem os nórdicos.
Não vos quero maçar com explicações, nada como um exemplo para perceberem do que falo:
Como não temos família chegada em Setúbal, temos que optar pelos centros de estudo e pelos transportes destes para naqueles dias em que as aulas começa ou terminam a meio da manhã ou da tarde, irem buscar e/ou levar as crianças de e para a a escola. Um destes dias fomos confrontados com uma pequena surpresa.
A partir de agora e face aos 23% de Iva do trasnporte, quem quiser continuar a pagar o mesmo valor vai ter que abdicar do recibo e pagar em dinheiro vivo, quem quiser o recibo, vai pagar mais 23%. Evidentemente não perguntei, mas sou capaz de apostar em que somos os únicos que vamos querer recibo.
Ora, aqui está algo que nunca poderia acontecer num país nórdico, a fuga ao fisco é algo que não faz parte da cultura nórdica, quem não cumpre as suas obrigações é denunciado e perseguido, por cá são xicos espertos.... e quem como nós quer cumprir é olhado de lado. Não, nós nunca seremos nórdicos.
Por certo, eu estive na Finlândia há 3 ou 4 anos, e para além de que as finlandesas não são nem altas nem loiras, não os achei assim tão à frente ou melhores que nós.
Jorge Soares
PS:Está um tipo nú no directo da entrega dos prémios da MTV.... e a apresentadora sem saber muito bem para onde olhar, está a entrevistá-lo ... hummmm ....
Imagem da Manu
Quantas vezes tem uma mentira que ser repetida para que passe a ser verdade? A ver, quantos de vós acreditam que os chineses não pagam IVA durante os primeiros cinco anos a seguir à abertura das lojas? Quantos já ouviram dizer e tomam esta afirmação como certa?
Tudo isto vem a propósito deste post da Sentaqui e das certezas de uma grande parte das pessoas que comentaram... há coisas que mexem comigo, uma delas é a Xenofobia, porque queiram ou não queiram, é de Xenofobia que estamos a falar. É claro que os chineses pagam o IVA e os restantes impostos como qualquer outro comerciante.
Somos um povo de memórias curtas, esquecemos rapidamente que antes de sermos um pais com imigrantes, com i, eramos um pais de emigrantes com e, não foi assim há tanto tempo que a miséria e uma guerra sem sentido, fizeram com que os portugueses se espalhassem pelo mundo, não há recanto do planeta onde não se encontre um Português. Curiosamente na maior parte desses lugares a imagem que deixamos é a de um povo trabalhador, que faz o que for preciso, sem olhar a horários e a condições... parece-lhes conhecido?.. tal como os chineses por cá.
No passado Sábado a minha caminhada diária foi a meio da tarde, fui para a baixa, a zona comercial por excelência de uma capital de Distrito que não tem um único centro comercial de jeito. Há alguns turistas espanhóis e algumas pessoas a caminhar pelas ruas, não há ninguém a fazer compras.. não, não é culpa da crise... o problema é que não se pode comprar em lojas fechadas. Em Setúbal o comércio tradicional, se calhar porque não tem concorrência, encerra no Sábado à hora do almoço e reabre na segunda feira. É claro que a excepção são as lojas chinesas, que estão sempre abertas.
Os comerciantes de Setúbal queixam-se da crise, mas fazem horários que não interessam a ninguém, uma grande parte da população da cidade trabalha em Lisboa, durante a semana não tem como ir às compras, resta o fim de semana, ora, se as lojas estão fechadas, vamos comprar onde?.. é claro que mal se anunciou que finalmente se vai abrir um centro comercial.. aqui del rei o comércio tradicional... pois.
Não vou fazer a apologia das lojas chinesas, a verdade é que a qualidade da maior parte das coisas deixa muito a desejar, mas ninguém pode negar que eles prosperam porque trabalham, dão às pessoas o que elas precisam e estão lá sempre.
Há quem diga que não compra lá nada, que prefere produtos portugueses.. é engraçado, porque eu gostava de saber onde compram as pessoas produtos equivalentes aos que eles vendem, made em Portugal... em lado nenhum, mas pronto.. há que ser patriota.
Quando tenho estas conversas eu costumo utilizar um exemplo paradigmático, imaginem que vão comprar um frigorifico, na montra estão dois, um fabricado por cá que custa 500 Euros e outro igual, fabricado na China que custa 250, qual compram? Eu sei, todos acham que deveríamos impedir a importação dos frigoríficos chineses.. mas acham que isso ia fazer que o português descesse para 250.. ou que passasse para 600 Euros por falta de concorrência?... e em que ia sair o povo beneficiado por deixar de ter frigoríficos baratos para comprar? Respondam em consciência.
Jorge Soares
Ouvi a noticia de relance na Antena 1, entre as medidas do novo PEC está de novo o aumento do IVA do leite achocolatado e da Coca Cola, que foi motivo de polémica no PEC anterior e deixado de lado depois das negociações com o PSD. Hoje alguém comentava o assunto, os motivos das medidas, o que seria ou não abrangido, quando uma voz por trás diz:
- Mas ficamos a saber que alguém deu uma tacada de mestre, os empresários do Golfe conseguiram descer o Iva de 23 para 6%.
Segundo o Público, Sócrates tomou esta decisão no dia em que visitou a Bolsa de Turismo de Lisboa e terá sido decidida porque este desporto contribui com 500 milhões de Euros para a economia Portuguesa....
Com quanto contribui a industria do calçado? e a indústria automóvel? e a industria Têxtil? e a industria dos serviços?, depois disto, eu aconselho aos patrões destas industrias que levem o senhor às feiras do sector, quem sabe e são tão convincentes como os senhores do golfe... , e já agora levem o senhor à Feira do relógio... quem sabe e ele percebe a realidade do país em que vive e ganha juízo.
Bom, quando já não restar mais nada para fazer.. podemos ir todos dar umas tacadas... ou procurar emprego de apanha bolas à volta dos campos de golfe.
Jorge Soares
Imagem do Público
No fim de semana passado foi noticia a missa celebrada na igreja de Campolide em que todos, padre incluído, se apresentaram de capacete dadas as condições da igreja, que segundo eles está muito próxima da ruína total. O edifício é do estado e a instituição Igreja exige a sua entrega a custo zero. Entretanto, não há quem faça obras... que o estado não tem dinheiro... e a igreja não está para fazer obras no que não é seu.
Eu disse o estado não tem dinheiro?... pelo menos é o que nos dizem todos os dias, crise, orçamento, aumento de impostos, diminuição de salários, cortes nas despesas, etc, etc, etc. Mas parece que afinal não é bem assim, hoje no Público podiamos ler o seguinte:
O mais engraçado é que na altura a igreja fez uma enorme operação de charme para ver se a autarquia de Lisboa seguia o exemplo da do Porto e arcava com os gastos do famoso altar do cais das colunas..e o que nos foi vendido é que todos os gastos seriam pagos por doações de particulares.
Afinal não era bem assim, aquela missa saiu-nos a todos muito cara, sim, porque é dos nossos impostos que saem estes 228 mil Euros.. Olhando para tudo isto, se calhar é mais fácil entender porque é que não há maneira que o raio da crise nos dê descanso..se até o papa cá vem para lixar ainda mais o Zé povinho.
Digam lá que os mais de 75 milhões de Euros que nos custou a malfadada visita, não dariam agora um jeitão para ajudar a diminuir o défice ... e já dizia a minha avó, quem não tem dinheiro não tem vicios, façam favor de não convidar mais ninguém para visitas destas!
E Já agora, sou só eu que acho que estes 228 mil euros tinham sido mais bem utilizados nas obras da igreja de Campolide?
Jorge Soares
Miguel Sousa Tavares no Programa Sinais de Fogo
Finalmente terminou o circo, sim, porque para mim tudo isto não passou de um circo, imagino que haverá por aí quem se sinta muito feliz porque o homem cá esteve, a mim custa-me a entender. Entretanto houve quem tivesse feito as contas, a coisa ficou-nos por 75 milhões de Euros. Muito dinheiro que nos vai sair do bolso a todos, sejamos católicos, agnósticos, ateus, judeus, muçulmanos, todos e cada um de nós iremos pagar.
O mais incrível da questão é que a visita foi patrocinada pelo governo e ocorreu na mesma semana em que ficamos a saber que a crise finalmente chegou até nós em força e vamos todos pagar mais IVA e mais IRS. Não sou economista nem politico, não vou aqui discutir se estas medidas são as únicas ou as mais apropriadas, o que sei é que o aumento do IVA vai-se traduzir num aumento imediato do custo de vida, as coisas vão aumentar, tudo vai aumentar e no fim do mês o salário vai diminuir.
O governo aproveitou a passagem do circo para apresentar as medidas, é preciso ter falta de vergonha para no dia em que foi dada uma tolerância de ponto que custou ao país 74 milhões de Euros, vir dizer que vamos aumentar os impostos, porque a crise é para ser paga por todos.
Nestas coisas o exemplo deve ir de cima.... e que exemplo foi este?
Jorge Soares