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Eusébio no Panteão nacional?

por Jorge Soares, em 10.01.14

Eusébio no panteão nacional

 

Imagem de aqui

 

Não sei se será a altura certa para falar disto, está tudo muito fresco, mas quando ouvimos deputados a dizer que o assunto será debatido o mais rapidamente possível, percebemos que se calhar a altura certa é mesmo agora.

 

Mal Eusébio morreu começamos a ouvir falar de que deveria ser sepultado no panteão nacional, talvez porque durante muitos anos para mim o Panteão nacional era o sitio onde estão os heróis da pátria, é assim na Venezuela e na maioria dos países, a mim fez-me muita confusão que por exemplo Amália Rodrigues lá esteja. A senhora é uma figura incontornável do Fado e da música portuguesa, mas dificilmente entraria na galeria dos heróis nacionais.

 

Aceito que a minha visão do assunto não seja correcta e muito menos consensual, mas gostava que alguém me explicasse porque é que lá está Amália e não estão Fernando Pessoa e José Saramago? Se é pela relevância para a cultura e a difusão do nome de Portugal, haverá figura mais relevante para a nossa cultura durante o século XX que Fernando Pessoa e os seus heterónimos? E será que um Prémio Nobel da literatura não levou tão longe o nome de Portugal como Amália?

 

Concordo que Eusébio foi um nome incontornável no futebol do século XX, teve a sua época,  teve um enorme contributo para as conquistas do Benfica e para a extraordinária presença da selecção nacional no mundial de 66, mas será que Figo fez menos que ele? Afinal com Figo Portugal foi segundo num Europeu, foi terceiro noutro e também foi terceiro num mundial.

 

Então e Rosa Mota? E Carlos Lopes? Os seus feitos não levaram o nome de Portugal tão longe como Eusébio? Ganhar medalhas de ouro nos jogos olímpicos vale menos que ganhar jogos de futebol?

 

Tenho o maior respeito por Eusébio e pelos seus feitos, admiro a sua simplicidade e humildade, não digo que ele não mereça estar no Panteão, mas  como ele há  outros portugueses no desporto e em outras áreas da cultura e do país que pelos mesmos critérios também merecem e se usarmos estes critérios é melhor começarmos a abrir espaço no Panteão, se formos justos com todos os que tem a relevância e a importância para o país que tiveram Eusébio e Amália, vai ser preciso muito espaço.

 

Se calhar não era má ideia deixar passar um tempo, talvez um ou dois anos e voltarmos a este assunto com mais calma e ponderação, menos a quente.

 

Jorge Soares

publicado às 22:31

José Saramago

 

Imagem do Público

 

A Fundação José Saramago confirmou em comunicado que o escritor morreu às 12h30 na sua residência de Lanzarote "em consequência de uma múltipla falha orgânica, após uma prolongada doença. O escritor morreu estando acompanhado pela sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranquila".

 

 

Morreu José Saramago, não sou fã do escritor, não aprecio o estilo nem a forma de escrever, mas sou definitivamente fã do homem, da sua forma de ir pelo mundo, da sua forma de dizer o que lhe vai na alma. Independentemente de gostarmos mais ou menos dos seus livros, mais ou menos da pessoa, não podemos ficar indiferentes ao facto de ser um dos poucos vultos da literatura em Português, escritor respeitado e admirado a nível internacional, galardoado com um Nóbel, o maior prémio a que pode aspirar um escritor.

 

Os homens com esta dimensão não morrem, apesar de fisicamente não estar mais entre nós, a sua obra é imortal, os seus livros perdurarão para sempre e ele com eles.

 

Jorge Soares

publicado às 14:29

Livro:Caim, José Saramago ..... e o Haiti

por Jorge Soares, em 24.01.10

Caim, José Saramago

 

A Distancia não permitia a Caim perceber a violência do furacão soprado pela boca do senhor nem o estrondo dos muros desabando uns após outros, os pilares, as arcadas, as abóbadas, os contrafortes, por isso a torre parecia desmoronar-se em silêncio, como um castelo de cartas, até que tudo acabou numa enorme nuvem de poeira que subia para o céu e não deixava ver o sol. Muitos anos depois se dirá que caiu ali um meteorito, um corpo celeste dos muitos que vagueiam pelo espaço, mas não é verdade, foi a torre de babel, que o orgulho do senhor não consentiu que terminássemos. A História dos homens é a história dos seus desentendimentos com deus, nem ele nos entende a nós, nem nós o entendemos a ele.

 

José Saramago em Caim.

 

À falta de melhor, hoje na RTP as noticias sobre o Haiti durante longos minutos versaram o religioso, primeiro a missa ao lado do que resta da catedral, depois a visita a um sacerdote Vudú, uma festa evangélica com muita gente e de novo as pessoas na Catedral...  O José Rodrigues dos Santos ficou de certeza com tema para mais um ou dois dos seus livros.

 

Estava a ouvir as pessoas e não pude deixar de dar por mim a pensar em Saramago e no Caim que estou a ler, e não pude deixar de me lembrar de algumas passagens que já li. Quando escrevi o primeiro post sobre a tragédia que assolou este país que há muito tinha sido esquecido pelo mundo, houve uma frase que decidi retirar mesmo antes de carregar em Publicar, a frase dizia:

 

-Se duvidas houvesse, está visto que deus não existe!

 

Retirei a frase porque na verdade a mim não me restam dúvidas e era de ajuda que queria falar naquele dia.

 

A verdade é que se juntarmos a tragédia às palavras sobre deus que ouvi hoje na reportagem, tudo isto podia ser mais um capitulo do livro de Saramago, com José Rodrigues dos Santos no papel de Caim. Porque o livro é assim, um conjunto de reportagens  sobre os principais capítulos da bíblia, sobre deus, o homem e a relação entre ambos, uma relação feita de provas, desafios, prémios e castigos....   nada que não tivéssemos visto todos na bíblia,  mas raramente com olhos de ver.

 

Este é um livro bem escrito, eu não sou grande fã da escrita do Saramago, mas reconheço que este é um excelente livro.

 

Quanto à  história, ou às várias historias, a mim que sou ateu não me dizem muito, há muito que olho para a bíblia como um enorme guião para filmes de Hollywood, para quem acredita, talvez deveria ser um livro a ler com alguma atenção, há sempre outras formas de interpretar o livro que para muitos é sagrado.... esta é tão ou mais válida que outra qualquer.

 

Em suma, um bom livro, que a mim por vezes me fez sorrir pela clareza das conclusões, um livro que polémicas à parte, vale cada cêntimo que pagamos por ele.

 

 Jorge Soares

publicado às 20:45


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