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Imagem do Pontos de vista

 

Não ando nos meus dias e isso nota-se até na forma como às vezes deixo passar as conversas e prefiro estar calado a entrar em discussões que no fim não me levam a lado nenhum.

 

Um destes dias à hora do almoço discutia-se o Eurogrupo e as decisões sobre a Grécia, havia alguém espantado em como Grécia não só não quer pagar a dívida, como se prepara para a seguir a não pagar, pedir mais dinheiro a quem "ficou a arder"

 

Ainda esbocei um "mas ninguém disse que eles não querem pagar...", a pessoa estava com tanta atenção à sua sabedoria que (felizmente) não me ouviu, 

 

Há muito quem pense como ele, assim como há muita gente que acha que a saída do Euro significa não pagar as dívidas, deve ser o que pensam alguns iluminados que acham que Portugal deve voltar ao escudo, eu sinceramente não percebo o que tem uma coisa a ver com a outra.

 

Saindo ou continuando no Euro as dívidas vão continuar a existir, seja para Portugal ou para a Grécia. Se a Grécia sair do Euro vai deixar de estar tão controlada, vai ter liberdade para fazer orçamentos mais liberais e não ter tantas preocupações com défices e rácios, mas por outro lado irá ter muitas mais dificuldades em ter crédito. Em lugar de ter uma moeda forte passará a ter uma que poderá desvalorizar para obter liquidez, mas como a sua dívida continuará em Euros ou em último caso em Dólares, o que vai acontecer é que esta irá aumentar de forma exponencial e além disso, como tem uma balança comercial negativa, a inflação tomará conta do país e a população verá o seu salário e as suas poupanças desaparecer ao ritmo que aumentam os preços dos bens importados.

 

Há quem veja algo de positivo nisto tudo, eu sinceramente não consigo ver onde estará esse lado positivo, e também não acho que alguma vez a Grécia abandone o Euro..a menos que seja para aderir ao rublo.... mas para isso o preço do petróleo terá que aumentar muito mesmo..

 

Quer isto dizer que a única solução é a Troika e a austeridade? Não, é claro que não, assim como acho que a Grécia não sairá do Euro, também acho que nas condições actuais, nunca conseguirá pagar a sua dívida, o mesmo se aplica a Portugal, como é que com um crescimento de 1 ou 2 % se consegue gerar riqueza para pagar juros  de 4 ou 5%? A resposta é simples, não se consegue, é impossível.

 

Mesmo com a austeridade e os impostos brutais dos últimos anos, a dívida Portuguesa não parou de aumentar,  da Grega nem se fala, como é  possível que alguma vez se amortize?

 

Não sei se será agora, se será daqui a uns anos, mas mais tarde ou mais cedo alguém vai ter que parar para pensar noutro caminho qualquer para se conseguir sair deste circulo vicioso de divida que  tem juros que geram dívida que geram juros que geram dívida. 

 

Diz a imagem acima que as revoluções começam sempre em ruas sem saída, acho que a Europa chegou a uma dessas ruas agora só falta mesmo tirar as cadeiras aos velhos do Restelo que insistem em esconder o muro.

 

Jorge Soares

publicado às 23:04

Receber o país de tanga e entregar nu

por Jorge Soares, em 03.12.13

Dívida Pública

Imagem de aqui

 

Há muito que O  BE e o PCP clamam que a solução para a crise passa por uma renegociação da dívida, a maioria no governo e o PS sempre se escusaram a aceitar sequer falar deste assunto, para este governo até agora só existia um caminho, a austeridade. 

 

Cortar nos salários, cortar nos direitos dos trabalhadores, cortar nas pensões, aumentar impostos, privatizar as empresas do estado, vender os serviços... era este o caminho seguido à risca e sem desvios. Até hoje, porque hoje ficamos a conhecer uma nova maneira, chutar o problema para a frente, de preferência para lá das eleições, quem vier a seguir que se amanhe.

 

Pela ministra dos sawps, ficamos a saber que o governo renegociou uma parte da dívida que o país tem que amortizar durante o ano que vem, qualquer coisa como 6000 milhões de Euros... Só que para mim renegociar uma dívida deveria significar arranjar um compromisso em que se facilite a vida a quem deve de modo a tornar mais fácil o seu pagamento. Para o governo, renegociar significa fazer um novo contrato em que se fica a dever o mesmo e se tem que pagar juros mais altos e durante mais tempo.

 

Não está escrito em lado nenhum, mas está à vista que a maioria destes créditos são dos bancos nacionais, Caixa Geral de depósitos incluída, que recebem o dinheiro do BCE a taxas irrisórias, muito abaixo de 1%, e agora (aceitaram?) renegociar com o estado com juros à volta dos 5% e evidentemente lucros milionários à custa dos nossos sacrifícios.

 

2014 e 2015 são anos de eleições, logo, não dá muito jeito aumentar ainda mais a austeridade, entendemos isso, mas era bom que alguém fosse pensando como é que em 2017 e 2018 se vai resolver mais este problema... quem vier a seguir que se amanhe.

 

Ou seja ,este governo é mesmo original, tal como todos os anteriores deita a culpa da situação do país para a herança recebida, mas se recebeu o país de tanga está-se mesmo a ver que o vai entregar nu.

 

Jorge Soares

publicado às 23:16

Victor Gaspar

Imagem do Público

 

Há pouco no telejornal, alguém explicava que de acordo com as contas já apuradas, dificilmente o défice público chegará aos aos 5%, isto porque como era mais que evidente para todos menos para o governo, a contracção económica que resulta da austeridade faz com que a receita fiscal esteja muito abaixo das piores previsões.

 

Mesmo com esta realidade, ou talvez porque alguém  ande a pintar um cenário cor de rosa quando todos sabemos que ele é negro cerrado, desde a Europa vão-nos dizendo que não senhor, como nós somos bem comportados e fazemos tudo o que nos mandam, o prémio é  continuarmos a pagar os mesmos juros exorbitantes e dentro dos prazos acordados. 

 

E Claro, o senhor primeiro ministro e o senhor Ministro Gaspar concordam... para que havíamos nós de pagar menos juros e ter mais tempo?, afinal basta com aumentarmos mais uns impostos, tirarmos mais uns subsídios e as contas devem dar... e se não derem, inventam-se mais umas medidas de austeridade, afinal, de certeza que ainda há por aí quem esteja a viver acima das suas possibilidades.

 

Acho tudo isto ridículo, hoje Portugal colocou obrigações e teve que pagar juros acima de 7%, está mais que claro que mesmo com todo o sofrimento  a que nos estão a obrigar, estes senhores não conseguem arranjar maneira de acertar com os números, o que conseguiram até agora foi à custa dos nossos salários e direitos. 

 

O ano que vem será de certeza pior que este, alguém acredita que daqui a um ano Portugal poderá voltar ao mercado com juros e condições comportáveis por uma economia que estará de rastos?

 

Parece que ninguém aprendeu nada com o que se está a passar na Grécia, não seria muito mais inteligente aliviar a carga desde já, descer os juros para níveis decentes e que se consigam suportar, estender os prazos de pagamento e  com o dinheiro liberto por essa via aliviar um pouco a pressão e disponibilizar dinheiro para a economia?

 

O BCE empresta dinheiro aos bancos com os juros mais baixos de sempre, 0.5% e ao mesmo tempo obriga os países em crise a pagar acima de 5%, que sentido faz isto?

 

Eles acham que daqui a um ano haverá condições para que Portugal volte ao mercado, não percebo como, daqui a um ano estaremos muito mais próximos da Grécia do que estamos agora... e nessa altura de certeza que teremos que renegociar juros e prazos, entretanto perdeu-se mais um ano... para quê? 

 

Jorge Soares

 

publicado às 21:51


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