Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Terminei de ler há bocadinho, no fim dei por mim a olhar para a capa e a pensar:
-O Herói discreto??, raio de coisa, li o livro até ao fim e não fazia ideia do nome.
Mário Vargas LLosa é um dos meus escritores preferidos, desde "A cidade e os cachorros" que li e me marcou ainda adolescente, passando por o fantástico "A tia Júlia e o escrevedor" até "Travessuras de uma menina má" de que falei aqui nos primórdios do Blog, se não li todos, li a maioria dos seus livros.
Hoje percebi que comprei o livro não pelo nome mas sim pelo autor, aliás, se olharmos para a capa percebemos que o objectivo será mesmo esse, o nome quase que se perde no meio do nome do autor.
O autor tem uma forma de escrita característica, as várias histórias vão-se contando entre capítulos numa linha desconexa que algures se há-de encontrar lá para o fim. A sensação com que ficamos é que não estamos a ler uma história, mas sim duas ou três.. ou várias.
Neste livro é ainda mais estranho, há histórias e até diálogos que se misturam no meio dos capítulos, sem que isso nos faça perder o fio à meada ou o interesse pela história
Podemos gostar mais ou menos dos livros, mas Vargas Llosa não perde o jeito, eu não tinha gostado nada de um dos últimos que li e que supostamente até o levou ao prémio Nobel, e de que falei neste post, este fez-me reconciliar com o autor. As histórias de cada uma das personagens vão-se compondo pouco a pouco até nos deixarem uma imagem forte da sociedade e das formas de vida do Peru e do seu povo.
Um excelente livro, que aconselho vivamente
Sinopse:
"Felícito Yanaqué é um homem de cinquenta anos, respeitado pela comunidade e proprietário de uma empresa de transportes que fundou e fez prosperar na cidade de Piura, no noroeste do Peru. Sem instrução, oriundo de uma família pobre e gestor cuidadoso dos seus bens, Felícito conquistou tudo a pulso, de uma forma tranquila, discreta e constante, atributos que se poderiam também aplicar à sua personalidade. Casado, com filhos já adultos, Felícito Yanaqué mantém uma amante de longa data, exuberante beleza da cidade. E também outra relação - não de natureza sexual - com Adelaida, uma vidente cujo conselho Felícito segue quase sempre, quer se trate de negócios ou de matéria puramente pessoal ou, mesmo, íntima.
Tudo corre bem na sua cidade; tudo normal. Só que Felícito Yanaqué começa a receber cartas anónimas de extorsão; e quando a ameaça de represálias passa à concretização, Yanaqué decide resistir a tudo isto sem apoio, estoica e discretamente. Como um herói.
Por estes dias é difícil fugir ao tema, na rádio, na televisão, no facebook, nos jornais.... não me lembro de algum filme ter levantado tanta poeira mesmo antes de estrear....
Curiosamente entre todas as pessoas que ouvi falar do assunto, na sua maioria mulheres, não ouvi uma única que reconheça ter lido o livro, esta manhã na Antena 3 o máximo que se admitiu foi ter-se lido uns parágrafos, mas nunca o livro..... como é que tanta gente que não viu o filme ou leu o livro pode ter uma opinião formada? Já agora, e para não destoar, eu também (ainda) não li livro.
O filme estreia este fim de semana, em Portugal há muito que a maioria das sessões estão esgotadas, coisa nunca vista por cá, quem ainda não comprou bilhete vai ter que esperar algum tempo até que a coisa acalme.
Curioso mesmo são as noticias que vão surgindo, vejamos alguns exemplos:
No Sapo Cinema - "As principais cadeias de salas de cinema nos EUA pedem aos seus clientes para não levarem artigos que possam fazer os outros espectadores sentirem-se «desconfortáveis»".
No Sol - Londres: Bombeiros prevêem aumento de ocorrências após estreia de ‘As Cinquenta Sombras de Grey’ ... "desde Abril registaram quase 400 pedidos de ajuda por causa de actividades sexuais inspiradas nos livros"
No Observador - “As Cinquenta Sombras de Grey”: nem chega a ser sexy, só chacha"
No El Pais - "'50 sombras de Grey': 14 palmadas no rabo em duas horas"
É incrível como apesar da passagem do tempo, da televisão por cabo, da internet, o sexo e o tabu continuam a exercer este tipo de fascínio sobre as pessoas até ao ponto de tornar um sucesso estrondoso, não só um livro mediano como um filme que a julgar pelos primeiro comentários, vai deixar muita gente desiludida e a pensar "mas é só isto?"
Confesso, eu vi três vezes o "Nove semanas e meio", mas eu tenho desculpa, para além de que tinha 17 ou 18 anos na altura, a protagonista era a Kim Bassinger .... para além de que o filme era um excelente tema de conversa com as miúdas.
É suposto aos trinta e muitos ou quarenta já termos passado essa fase, pelos vistos não, foi precisamente nessas faixas etárias que o livro teve mais sucesso e presumo eu que terão sido as mesmas pessoas que esgotaram os cinemas... os miúdos que querem ver o filme não vão ao cinema, sacam da net.
Há muita gente por ai com falta de imaginação e as sex shops devem estar a fazer o seu Agosto, mas levar os brinquedos para o cinema?.. os bombeiros prevêem um aumento dos acidentes domésticos?....WTF?
Jorge Soares
A Sónia é uma das primeiras pessoas da blogosfera que conheci, é uma mulher do norte, uma pessoa cheia de vida e energia. É a autora do livro Ser diferente é bom, um livro infantil onde através da leitura a Sónia ensina às crianças que o mundo pode ser cheio de cores e diversidade e não a preto e branco como tanta gente insiste em que este tem que ser. Foi preciamente na apresentação desse livro em Lisboa, que nos conhecemos pessoalmente já lá vão seis anos.
Pois a Sónia quer continuar a ensinar as nossas crianças que Ser diferente é bom, o novo projecto chama-se "Um dia na praia" e para que passe do sonho à realidade, a Sónia precisa da ajuda de todos nós.
Para que o livro possa acontecer a Sónia criou um projecto de crowdfunding, ela precisa de 3600 Euros para poder editar e distribuir o seu livro, cada euro conta e todos somos poucos para ajudar.
Para mais informação e para participar, carreguem no texto acima ou neste link.
Deixo-vos com a Sonia em vivo em directo no seguinte vídeo:
Jorge Soares
Isabel Allende é de longe minha escritora favorita, cresci a ler Gabriel Garcia Marquez, Rómulo Gallegos, Vargas Llosa.. entre outros autores do Realismo Mágico, uma corrente literária nascida na América latina que nos seus romances mistura de uma forma quase perfeita o realismo do dia a dia com a vivências religiosas, as crenças que vieram de África com os escravos e o modo de vida dos aborígenes.
Isabel Allende será talvez a última grande escritora desta corrente de escrita que podemos encontrar em cada um dos seus livros.
O Jogo de Ripper é um livro diferente que quando foi publicado nos estados Unidos chegou a causar alguma polémica. Começou por ser catalogado como um Thriller da literatura policial, até que a autora apareceu em público a esclarecer que não gostava especialmente do tema, que o achava pesado e não conseguia escrever assim, por isso decidiu escrever algo que seguisse os mesmos moldes mas que tivesse alguma ironia ao colocar a investigação nas mãos de uma adolescente de 16 anos.
O livro que é pautado pelo ritmo dos assassinatos que vão acontecendo e que são investigados à distancia por Amanda, a jovem de 16 anos, pelo seu avô e por o grupo que esta comanda, pessoas que não se conhecem pessoalmente mas que através da internet utilizam a sua intuição e conhecimentos para ir descobrindo os detalhes que unem cada um dos crimes.
Paralelamente a tudo isto vamos descobrindo o mundo que rodeia Amanda, a sua vida, a da sua mãe Indiana, a de Ryan Miller um ex Seal militar americano que guarda no corpo e principalmente na alma, as marcas da sua passagem por várias missões de guerra. Pedro Alarcón, ex guerrilheiro uruguaio, a bela ex prostituata que se casa com o rico de alta sociedade só pelo seu dinheiro, o rico de alta sociedade, o amigo gay pobre e drogado, o brasileiro sedutor, pintor de quadros, também pobre… e alguns mais.
No meio, como em todos os livros de Isabel Allende, vamos descobrindo as histórias de amor, já sejam as que levaram à história do livro ou os que se desenvolvem com ela e nos fazem seguir o fio à meada.
Em suma, O Jogo de Ripper é um Thriller sem ser um Thriller, é um livro diferente, muito bem escrito como não podia deixar de ser por esta autora, com várias histórias muito bem conseguidas que vão correndo em simultâneo mas em paralelo até que no fim tudo faz sentido.
Um excelente livro para quem gosta de policiais e para quem gosta do género da autora.
Sinopse:
Indiana e Amanda Jackson sempre se apoiaram uma à outra. No entanto, mãe e filha não poderiam ser mais diferentes. Indiana, uma bela terapeuta holística, valoriza a bondade e a liberdade de espírito. Há muito divorciada do pai de Amanda, resiste a comprometer-se em definitivo com qualquer um dos homens que a deseja: Alan, membro de uma família da elite de São Francisco, e Ryan, um enigmático ex-navy seal marcado pelos horrores da guerra. Enquanto a mãe vê sempre o melhor nas pessoas, Amanda sente-se fascinada pelo lado obscuro da natureza humana. Brilhante e introvertida, a jovem é uma investigadora nata, viciada em livros policiais e em Ripper, um jogo de mistério online em que ela participa com outros adolescentes espalhados pelo mundo e com o avô, com quem mantém uma relação de estreita cumplicidade. Quando uma série de crimes ocorre em São Francisco, os membros de Ripper encontram terreno para saírem das investigações virtuais, descobrindo, bem antes da polícia, a existência de uma ligação entre os crimes. No momento em que Indiana desaparece, o caso torna-se pessoal, e Amanda tentará deslindar o mistério antes que seja demasiado tarde.
Jorge Soares
Edgar é uma criança muito desejada e esperada, por motivos que nunca ninguém consegue explicar nem justificar, nunca consegue falar. Numa família que tem como actividade principal a criação de cães, ele rapidamente aprende a linguagem gestual e dispõe-se a enfrentar a vida de uma forma o mais normal possível.
Mesmo sem conseguir falar, Edgar consegue tornar-se um bom treinador para os cães e vive tão feliz como o pode ser uma criança que cresce num mundo rural idílico.
Já adolescente, a chegada à sua vida do seu tio paterno Claude e a morte do seu pai de uma forma que para ele é algo estranha, deixam de pantanas o mundo de Edgar que não voltará a ser igual.
Já o disse várias vezes, não sou um grande fã dos escritores americanos e ainda não foi desta que me converti.
O livro até começa muito bem, a história desenrola-se na América rural e profunda e o autor consegue situar-nos muito bem no espaço temporal e físico, começa por nos contar a história da casa que de certo modo será o centro da acção e a dos personagens principais. Depois, à medida que a historia se vai desenrolando, o livro tem algumas partes chatas e enfadonhas, a certa altura melhora, para voltar a decair ... e termina de uma forma estranha e que a mim pelo menos me decepciona completamente.... não era definitivamente aquele o fim que eu escreveria para esta história... mas o autor não sou eu.
Não deixa de ser um bom livro, que está bem escrito, quem gosta ou se interessa por cães de certeza que pode aprender muitas coisas com ele, a historia podia ser mais fluida, podia ter outro fim... mas não deixa de ser uma boa historia... um livro a ler.
Sinopse:
Mudo desde o nascimento, Edgar Sawtelle se comunica apenas por sinais e bilhetes. Leva uma vida serena com os pais na fazenda da família, em um lugar remoto dos Estados Unidos. Ao longo de gerações, os Sawtelles criaram e treinaram uma raça de cães cujo dedicado companheirismo tem sua síntese em Almondine, a amiga e eterna aliada de Edgar. A volta inesperada de Claude, o tio paterno, leva o caos ao então pacífico lar dos Sawtelles. Após a morte repentina do pai de Edgar, Claude se insinua na vida da fazenda e conquista o afecto da mãe do menino.
Confuso e dominado pelo sofrimento, o rapaz tenta provar que Claude teve algum papel naquela morte, mas esse plano fracassa e se volta contra Edgar, resultando em novas tragédias. Ao fugir para a área florestal nos limites da fazenda, Edgar amadurece em contacto com a vida selvagem, ao lutar pela própria sobrevivência e a dos três jovens cães que o acompanharam. Contudo, a necessidade de apontar e de enfrentar o assassino do pai e a devoção aos cachorros sawtelle fazem o menino voltar para casa.
Jorge Soares
Quantas vezes já nos apeteceu deitar tudo para trás das costas e simplesmente partir? Aos 30 anos, Elizabeth Gilbert tinha tudo o que uma mulher ocidental formada e ambiciosa podia querer, tinha a vida que muita gente ambiciona e nunca consegue, o marido dos seus sonhos, a casa com que a maioria pode sonhar e uma carreira de sucesso.
Aos 34 deu por si a olhar à volta e a sentir que não era dali e resolveu simplesmente deixar tudo para trás, começar a sonhar de novo e partir à aventura, à procura de experiências de vida e de novos sonhos.
A primeira escala é em Itália, e esta é para mim a melhor parte do livro, em poucas páginas podemos encontrar toda a magia e romantismo com que tantas vezes imaginamos tanto Roma como o resto da Itália. Esta é a parte do comer e tudo o que se come nesta parte do livro é simplesmente sublime, quase que conseguimos sentir o sabor e os aromas da Itália mais tradicional... tudo envolto numa enorme aura de romantismo e beleza... não fosse eu já ter estado na Itália e juro que me candidatava ....
A segunda escala é na India, é a parte do Orar, foi a parte que gostei menos do livro, para mim a descrição da oração, do yoga e da concentração são levados a um extremo que por vezes torna a escrita enfadonha... mas imagino que faça parte... é claro que de novo as descrições são sublimes.
A terceira parte é a de amar e passa-se em Bali.. aprendeu a equilibrar o prazer sensual e a transcendência divina. Tornou-se aluna de um feiticeiro nonagenário e apaixonou-se da melhor maneira possível - inesperadamente.
Eu vi o filme antes de ler o livro e recomendo os dois, este é um livro sobre muitas coisas, sobre os sonhos e a forma como estes vão mudando ao longo da nossa vida, sobre os prazeres da vida e sobre como muitas vezes temos que fazer enormes sacrifícios em troca de pequenas coisas que pouco a pouco e no seu todo nos vão preenchendo... mas é sobretudo um livro sobre o recomeçar. Quantas vezes já abdicámos de sonhos achando que tínhamos a relação ideal e o emprego de sonho, e chegamos à conclusão que às vezes temos de recomeçar do zero?... há quem consiga e se dê bem... pelo menos nos filmes.
Jorge Soares
Imagem de aqui
Já aqui falei de 4 livros de Joanne Harris, já li outros para além desses 4, é a autora de um dos melhores livros que já li, Chocolate, que por sua vez deu origem a um excelente filme que também vi e até já revi com um enorme prazer. Os seus llivros não tem a magia do realismo mágico latino de que tanto gosto, mas tem uma magia diferente, talvez seja a influência do romance suave e subtil de chocolate, mas enquanto os leio termino sempre por pensar em grandes histórias de paixão nas margens de algum rio francês.
Como tem acontecido últimamente, foi a R. que o escolheu para mim, isto de que uma miúda de 14 anos me escolha os livros falará muito bem ou muito mal de mim? Foi um dos que levei para as férias... curiosamente umas férias em que a paisagem me recordou muito do que já li desta autora que nos consegue transportar para a França rural.. que descobri agora, existe mesmo como é retratada em Chocolate.
Maligna é o primeiro livro de Joanne Harris, talvez por isso tem pouco a ver com tudo o que ela escreveu depois, mas não deixa de ser um livro que nos prende da primeira à última página.
A história é narrada a duas vozes, por Rosemary e por Daniel Holmes que através dos diversos capítulos nos levam às vidas de Alice, Ginny e Joe.
Daniel é um jovem com 25 anos, intelectual e pacífico que vê a sua vida mudar no dia em que, de forma heróica, salva Rosemary de uma morte certa no rio. Rosemary é uma rapariga estranha, aparentemente frágil e vulnerável, é dona de uma beleza etérea, que deixa Daniel completamente apaixonado. Provoca no jovem uma impressão tal que Daniel nunca mais será o mesmo.
Cerca de 50 anos depois de Daniel ter salvo a vida de Rosemary, é-nos apresentada Alice, uma artista e pintora promissora que perdeu a capacidade de ser feliz no dia em que o namorado Joe, a abandonou. Quando este lhe liga, passados três anos sem dar notícias, para lhe pedir um favor que envolve Ginny, a sua nova namorada, Alice não lhe sabe dizer que não e acaba por ser arrastada para o meio de uma história de terror, com personagens sinistras e assustadoras.
O livro conta-nos uma história de vampiros, sem que, como nos conta a própria Joanne no prefácio, estes sejam alguma vez nomeados, é uma história que envolve sangue, mortes e investigações policiais, mas que apesar da crueza de alguma descrições, não deixa de ser de leitura fácil e agradável até para quem não aprecia este género de coisas.
É sem dúvida um excelente livro que recomendo.
Sinopse:
Algo dentro de mim recorda e não esquecerá...
Alice e Joe têm em comum a paixão pela arte - ela é pintora e ele é músico - e, em tempos, estiveram também unidos pelo amor que sentiam um pelo outro. As suas vidas seguiram diferentes rumos, mas o reencontro é inevitável. Joe tem agora uma nova namorada, Ginny, que provoca em Alice uma intensa perturbação. A beleza etérea e singular de Ginny repele-a, e o seu sinistro grupo de amigos atemoriza-a. Os hábitos estranhos da jovem deixam Alice suficientemente inquieta para levar a cabo uma investigação por conta própria. E o que descobre vai mudar tudo. Ginny tem em seu poder um velho diário que conta a trágica história de amor de Daniel Holmes e Rosemary Virginia Ashley, cujo poder de sedução não conhece limites. Só que Rosemary morreu há meio século... mas o seu magnetismo não está certamente extinto. À medida que as histórias se entrelaçam, passado e presente fundem-se; Alice apercebe-se de que o seu ódio instintivo em relação à nova namorada de Joe pode não se dever apenas ao ciúme, já que algo em Ginny a arrasta irremediavelmente para um universo de insondável obsessão, vingança, sedução e sangue...
Jorge Soares
Este foi um dos que a R .levou para as férias da Páscoa, com tudo o que choveu por aqueles dias (que saudades da chuva) ao terceiro dia já ela o tinha lido, encontrei-o pousado algures e peguei nele... já foi difícil de largar. Por algum motivo que não percebi, o livro perdeu-se na viagem de volta, apareceu há pouco e pude finalmente terminar a leitura.
Este romance de Emilie Jane Brontë já é considerado um clássico da literatura inglesa. É um livro que fala de amor, de grandes paixões, de grandes desilusões e sobretudo de raiva e vingança.
A história passa-se algures no campo na Inglaterra pré-vitoriana e é contada por Nelly Dean, a governanta da família Earnshaw. Numa Viagem a Liverpool, Mr. Earnshaw recolhe Heathcliff um órfão que encontra na rua e leva-o para sua casa para que este cresça junto com os seus dois filhos biológicos, Hindley e Catherine
A relação entre os três nunca é pacifica, com o tempo o pobre órfão cresce e apaixona-se por Catherine, num romance impossível que termina quando Catherine se casa com outro e Heathcliff após inúmeros maltratos e humilhações, decide partir.
Quando volta, Heathcliff tornou-se um homem duro, tem como único objectivo de vida tornar-se dono de tudo o que pertenceu aos Earnshaw e vingar-se deles por todas as formas possíveis.
Todo o livro apresenta não só romantismo poético em que se vão desenvolvendo as várias vidas, como também um realismo violento e perturbador. É um livro forte e complexo e as suas personagens revelam um carácter profundo e forte.
A obra foi adaptada para cinema, com título homónimo, destacando-se o filme de William Wyler (1939) e o de PeterKosminsky (1992); este tem as interpretações de Juliette Binoche e Ralph Fiennes.
Nunca vi nenhum dos filmes, mas apesar da dureza e até crueldade da narração, adorei o livro.
Jorge Soares
Não me lembro de ter lido antes algum livro de Susanna Tamaro, este estava no monte dos lidos pela R., um monte que não para de crescer, com coisas dos mais variados estilos e para todos os gostos. Peguei nele só porque era o que estava por cima.
Se tivesse que descrever o tema eu diria que, este é um livro que fala de solidão, é a história de alguém que nasce, cresce, se torna homem e vive na mais absoluta solidão, não porque viva só, mas porque apesar de viver e interagir com muitas pessoas ao longo da sua vida, não consegue deixar mais que uma ténue marca no mundo que o rodeia.
Walter é filho único e mantém uma relação distante com o seu pai, um homem marcado pela segunda guerra mundial. Um dia com 16 anos após mais uma discussão decide partir e correr mundo, termina viciado em álcool e internado numa clínica de reabilitação. Ali conhece Andrea, a única pessoa em toda a sua vida com quem consegue ter algum tipo de ligação.
Todo o resto do livro não é mais que uma enorme colecção de metáforas e analogias sobre o percurso dos seres humanos. Walter passa por diversos estados de espírito mas por mais que tente não consegue sair do buraco escuro onde a sua solidão teima em o encerrar. Tudo se lhe escapa entre as mãos: o sucesso como escritor, os empregos, o amor, as amizades, a família... e à sua volta só cresce o silêncio e a solidão.
No fim, quando pensamos que finalmente encontrou um objectivo e um caminho, resulta que este só o leva ao encontro de mais vazio e mais solidão.
Em resumo, é um bom livro, bem escrito, mas não deixa de ser um livro triste e até deprimente... mas esta é só a minha opinião, leiam a sinopse...
Sinopse:
Alma do mundo é um best-seller nos Estados Unidos e em todos os países da Europa em que foi lançado. Susanna Tamaro é fenómeno de vendas sem nenhuma fórmula de sucesso. O título já diz tudo: Anima Mundi, na filosofia de Platão, significa a divindade que unifica o que é diferente e o que é similar para criar a alma do mundo. É um livro sobre compaixão, erros, amor e amizade, partilhado entre dois jovens em busca, por trilhas diferentes, de seus caminhos, seus ideais.
Susanna Tamaro utiliza os elementos – Fogo, Terra e Vento – que coincidem com três períodos distintos na vida de seu protagonista, Walter. É através dele, a voz da consciência, que é narrado o tortuoso caminho de sua estrada e também a não menos penosa de seu amigo Andrea.
O romance é dividido em três partes. Na primeira, Fogo, a autora mostra a relação passional (e celibata) entre os dois jovens. Andrea, um rapaz experiente e de personalidade agressiva, contrasta com Walter, figura doce e sensível. Juntos eles escapam do hospital psiquiátrico em que se conheceram. Na fuga, planejam seu futuro. Andrea quer ser um justiceiro e Walter quer ter uma vida comum, casar e ter filhos. Andrea demove-o dessa idéia e o convence a ser um artista, um poeta e que esse é o seu destino.
Na segunda parte, Terra, Andrea desaparece do cotidiano de Walter, mas é sempre citado em suas lembranças como ponto de referência de seus actos. Walter vai para Roma, vira escritor, conhece o sexo, o amor, mas é infeliz. Percebe que as metas traçadas por Andrea estão muito difíceis de ser alcançadas.
Um dia ele recebe uma carta de Andrea, pedindo ao amigo que vá ao seu encontro. Aí começa a terceira parte do livro – Vento. Walter não vai de imediato. Ele não se sente preparado para revelar que falhou como um grande artista. Então, volta para casa. Lá encontra uma outra carta de Andrea, que nunca havia chegado às suas mãos. Walter sai em busca de Andrea, mas encontra uma freira. Neste encontro acontece a grande reviravolta do livro.
Jorge Soares