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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Público
Era capaz de jurar que já aqui falei deste assunto no passado, e mais que uma vez, mas não consegui encontrar os posts entre os mais de 2100 que já escrevi...
Passei pela universidade duas vezes, nunca fui praxado e confesso que não sei como iria reagir se alguém tentasse, da primeira vez estava recém chegado da Venezuela onde nunca ninguém ouviu falar de tais parvoíces e evidentemente não tinha vontade nenhuma de me submeter ao que via fazer aos meus futuros colegas... A minha altura, o meu cabedal e a barba de uma semana devem ter intimidado, porque apesar de haver muito quem olhasse para mim, ninguém se atreveu a dizer-me o que quer que fosse.
Dizem que as praxes são uma forma de integração na universidade, quando eu entrei para o IST em Lisboa a coisa durava no máximo dois ou três dias na primeira semana e acabava ali até ao ano seguinte em que quem tinha sido praxado no ano anterior, se vingava nos caloiros. Agora as coisas piam mais fino, em cada faculdade há uma comissão de praxes e estas pelos vistos duram um ano inteiro.
Não há ano nenhum em que estas não sejam noticia pelos piores motivos, desde queixas em tribunal por violência física e psicológica que deixam sequelas para a vida, até estudantes que chegam ao suicídio.
Ouvi no outro dia uma jovem que dizia na televisão que as praxes a fizeram crescer e integrar-se melhor na universidade, alguém me explica como é que a humilhação e o escárnio contribuem para o crescimento e a integração? Posso garantir que a mim nada disso me fez falta nenhuma e eu gostei mesmo de andar na universidade.
Agora suspeita-se que os estudantes da Lusófona que morreram na praia do Meco, estariam ali numa acção que tinha a ver com as praxes académicas. Todas as jovens que infelizmente foram levadas pela onda "pertenciam à Comissão Organizadora da Praxe Académica e estavam com o dux, a figura com mais poder na hierarquia da praxe".
Dificilmente saberemos alguma vez o que realmente se passou, certo é que ninguém poderá devolver a vida às jovens nem tirar a dor às famílias que perderam de uma forma estúpida os seus filhos, mas já está na hora que alguém ponha cobro a tanta estupidez. O que será mais necessário para que alguém acabe com as praxes académicas de uma vez por todas?
Jorge Soares
Imagem de aqui
Segundo noticia do Público, o Ministro Nuno Crato admite que nos casos em que se detectem irregularidades, o ministério poderá obrigar a Universidade Lusófona a anular as licenciaturas.
Como sabemos o Ministro Miguel Relvas foi um dos que beneficiou do sistema de atribuição de créditos pelo currículo profissional, terá inclusivamente sido um dos alunos a quem foi atribuído mais créditos por esta via.
O cúmulo dos cúmulos é que na ânsia de bater todos os recordes de menor tempo e menor vergonha para se ter uma licenciatura, Miguel Relvas teve equivalências em 4 licenciaturas que na altura nem existiam, ou seja, parece que a universidade preparou uma licenciatura especial só para ele.
Vai uma aposta que muita gente vai ter que voltar à universidade mas que Miguel Relvas não será um deles?
Jorge Soares