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Conto - É assim que se ama

por Jorge Soares, em 03.01.15

 

É tanto caso de amor carecendo de estudo e compreensão, precisando de um fim! É tanta gente por aí que merece análise, hospício e piedade — porque não sabe gostar direito, porque só sabe adorar de um jeito! E a cura não vem: continua esse negócio de amar varejando a humanidade por atacado.

 

Por exemplo, conheci um homem que só se relacionava com mulheres de um metro e cinquenta e dois. Passasse ou faltasse um centímetro, não servia. Claudionor não era baixote, não: contava com vinte e cinco centímetros excedentes (pra cima, pros lados e pra frente, às vezes). Chegou a tentar namoro com uma bonitona de um metro e sessenta — mulher correta, pra noivado e casamento —; mas, na primeira investida íntima, broxou feio. “Só me encaixo bem com as de um ponto cinquenta e dois” — argumentou. E nunca mais aceitou lidar com outra estatura, nem na cama nem nos bailes da cidade. E tinha muita grandona suspirando por ele, viu? Claudionor quase se casou com uma amiga minha que estava dentro dos padrões, mas um probleminha de cifose curvou a coitada em dois centímetros, e o matrimônio foi cancelado. Marcília chegou a fazer sessões de Reeducação Postural Global (RPG) pra voltar ao prumo e reconquistar o noivo. Mas ficou mais ereta que deveria, e Claudionor não perdoou a esticadela exagerada.

 

Já uma amiga de infância se perdia toda era com os homens acneicos. Os garotos de pele lisa não a atraíam, mas quando ela avistava um belo rosto erodido em espinhas maduras ou então bíceps estrelados de cravinhos negros, Magdinha perdia a paz, endoidava. O conselho da mãe e das irmãs mais velhas era que ela não se desse por completo no primeiro nem no quinto encontro; só depois de um mês, por aí. Mas Magdinha não se continha. A expectativa de um pós-sexo com direito à espremeção exaustiva de cravos robustos (que saíam redondos com o forçar de suas unhas finas e deixavam buraquinhos limpos prontos a se encher de nova massinha extirpável) era mais forte que tudo. Ela se sujeitava a beijos, esfregas e a qualquer tormento venéreo para poder, enfim, satisfazer-se na limpeza de pele. O problema é que homem é bicho mole e odeia beliscos e apertos. Nenhum suporta ser espremido sem reclamar, sem se escafeder pra todo o sempre. E a solidão espinhenta se repete sempre na vida de Magdinha.

 

Os casos são absurdos e disparam. Sem muito esforço, eu contaria centenas — na vizinhança, na família, nos amiguinhos do facebook, dentro de casa! Um conterrâneo só namora mulher de nome esdrúxulo. Seu coração bate forte quando conhece uma garota que certamente sofreu bullying durante a chamada diária da escola. Já pegou a Maligna do Céu Eterno, a Betoneira do São Cimento, a Desbotada Coradina e até a Adenoide da Amídala Alérgica! Talvez por se chamar João Sá — e só —, necessite dessas ousadias pra se preencher. Mas se recusa a ser fiel, porque os cartórios são fortes em registrar criatividades.

 

Você também deve conhecer uma garçonete que só beije piloto de avião, um maratonista afegão apaixonado por cabeleireiros chineses, um engenheiro que só caia de amores por mulheres fora do esquadro, uma cantora com mais de trinta que só embarrigue de malandro menor de idade ou de gagá playboy...

 

Eu, por exemplo, figura sem doce nem história, pessoa sem encanto ou serventia, me apaixono por todo leitor que elogie a minha escrita, por qualquer um que ao menos suporte me ler. Só de imaginar essa atenção e carinho vasculhando-me as sandices, já estou cá morrendo de prazer, ávida por me deitar em novas páginas. É só deste jeito que sei amar: em leito de palavra faísca.

 

Nenhum amor é ordinário. Basta calhar pra se tornar extraordinário! -

 

Maria Amélia Elói

 

Retirado de Samizdat

publicado às 21:47

Alguém me explica esta estranha moda do Vinil?

por Jorge Soares, em 28.11.12

Disco de Vinil

 

Imagem de aqui 

 

No outro dia na montra daquela que deve ser de certeza a última loja que vende discos em Setúbal e uma das últimas do país, estava o LP do Thriller do Michael Jackson. Não pude deixar de parar, uma pequena etiqueta branca dizia o preço, 13 Euros.

 

Fiquei a pensar se a minha mãe já terá deitado para o lixo as duas ou três dezenas de albuns que entre eu e o meu irmão acumulamos antes do aparecimento do CD.... mesmo que fosse a 10 Euros cada um... 

 

Há coisas que não consigo entender, uma delas é esta moda dos discos de vinil, a passagem para o CD e posteriormente para o digital serviu para corrigir uma enorme quantidade de defeitos associados ao Vinil. Com um CD conseguimos ouvir uma música limpa, sem o ruído do pó acumulado no disco ou na agulha..sem ressaltos, sem altos e baixos.

 

Quem não se recorda do pesadelo que eram os discos riscados ou deformados pelo calor, as agulhas partidas ou os gira-discos a rodar numa velocidade errada?

 

Por muito boa qualidade que tenham os reprodutores actuais, não deixa de ser uma tecnologio antiga em que  a maioria dos discos esteve duas ou três décadas encaixotado algures, sujeitos ao ambiente e á passagem do tempo.

 

Porque é que alguém há de preferir ouvir musica suja se basta um pequeno IPOD para levar no bolso centenas de músicas limpas e perfeitas? Porque pagar 13 Euros por um disco de vinil que quem sabe em que condições estará, se por menos de metade podemos comprar o CD novo ou por uns cêntimos comprar na internet só as melhores músicas do disco?

 

No outro dia ouvi uma conversa engraçada, uma jovem de 14 ou 15 anos, fã do vinil, perguntava ao pai como é que fazia para ligar o gira-discos ao computador, é que ela queria digitalizar as músicas..

 

Jorge Soares

publicado às 21:42

Das favas ao bacalhau escondido

por Jorge Soares, em 04.12.08

 

Favas
 
Uma conversa ontem à noite com uma amiga, fez-me voltar às minhas memórias. Era eu criança e não gostava de favas, cada vez que a minha mãe as cozinhava, era um suplicio, eu que não queria comer, que não gostava e o meu pai que eu tinha que comer, cenas de filme que mais de uma vez terminavam com lágrimas nos olhos e o prato limpo à força... Um dia, devia eu ter 7 ou 8 anos, fomos ajudar uma vizinha a colher milho, chegada a hora do almoço, a mulher puxou do taxo e dos pratos e saiu... frango guisado com favas..... e não sei se era do ar do campo ou porque a vizinha cozinhava as favas melhor que a minha mãe, eu nem me lembrei que não gostava, para grande espanto da todo o mundo previamente avisado que eu não gostava de favas, devorei tudo o que tinha no prato e até repeti. É claro que durante anos..e até agora, sou gozado pela minha mãe cada vez que se fala de gostar ou não de algo. Na verdade nunca fui má boca, se exceptuarmos as malfadadas favas, sempre comi o que me apareceu à frente... bom, quase tudo.
 
Durante 6 anos almocei e jantei em cantinas universitárias, e a única coisa que não comia era pescadinhas de rabo na boca...era chegar, ver a ementa e escolher outro sitio para ir comer... e nem é que não goste.. é mesmo mania...faz-me impressão, de resto, até o famoso e mal amado Red Fish eu comia.
 
Tudo isto porque ia falar de bacalhau, vem aí o natal e na grande maioria das casas portuguesas o fiel amigo é presença garantida.... mas há quem não goste de bacalhau... cá em casa tenho um exemplo. A verdade é que a maioria das pessoas que conheço que não gosta de bacalhau, adora bacalhau com natas ou bacalhau à Braz, ou seja, gostam de bacalhau escondido. Eu costumo dizer que é a geração do bacalhau escondido e dos bitoques. 
 
Sempre achei que gostar ou não de algo é mania das pessoas, a maior parte das vezes nem nunca provaram, mas não gostam. Lembro-me que o meu irmão sempre teve manias dessas, resultados do mimo a mais, a criancinha não gostava de frango guisado e a minha mãe fazia frango frito para ele, não gostava de salada com tomate e fazia-se duas saladas, uma com e outra sem tomate...e por aí fora. Isto para não falar das vezes que se fazia mais que um prato, porque o menino não gostava daquilo. 
 
Para evitar este tipos de situações, cá em casa está instituído que todo o mundo pode gostar ou não de tudo, ninguém é obrigado a gostar, desde que coma o que está no prato, não há problema nenhum em não se gostar.... nada como uma boa democracia para colocar ordem nas refeições.
 
Por certo, cresci e perdi a mania, e claro que adoro favas... de todas as maneiras possíveis.
 
Jorge
PS:Se o meu irmão deixar de me falar.... já sabem porque foi.
PS2:Imagem retirada da internet

 

publicado às 21:34

Imaginação

 

O post sobre o sexo no confessionário foi um dos que mais visitantes atraiu aqui para o jantar, parece que o tema fetiches  é popular.... pensando bem, se calhar o tema sexo é que é popular.... mas eu hoje vou voltar a falar de fetiches... ou seja de sexo :-)

 

Acho que todos estaremos de acordo em que a imaginação é um dos principais ingredientes quando se trata de sexo, quem diz imaginação diz fantasia. O que será que leva alguém a ter um fetiche?, uma tara?, uma mania? uma fantasia?, por norma os fetiches tem a ver com experiências, com situações que já vivemos e que nos deixaram marcas positivas, boas recordações, situações a repetir ou a explorar. Há pessoas que pensam tanto numa determinada situação que viveram, que só voltam a sentir-se realizadas se a repetirem, depois há quem decida levar essas experiências mais além e  experimentar algo mais..... e há até quem só consiga ter relações sexuais satisfatórias em determinados lugares ou situações. Mas há quem leve tudo isto ao exagero, vejamos a seguinte noticia do Sol:

 

"Um homem e uma mulher morreram na província sul-africana de Mpumalanga (a leste de Pretória) ao serem atropelados por um comboio de mercadorias. O casal estava a fazer sexo em plena linha férrea"

 

Diz a noticia que eles ignoraram completamente os avisos do maquinista do comboio e continuaram como se nada fosse. Desculpem lá, mas por muito bom que estivesse a ser.... havia sempre a hipótese de deixar o comboio passar e repetir... talvez não, talvez fosse um daqueles casos em que só conseguiam ter prazer com o perigo eminente da chegada do comboio. Eles não viveram para contar.... mas pelo menos morreram felizes!

 

Jorge

PS:imagem retirada da internet

 

publicado às 21:28


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