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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Público
Quando é que um regime que foi eleito pelo povo perde a legitimidade?
O que teme um governo que para além de manter toda a comunicação social publica e privada controlada, decide retirar das plataformas de cabo e da internet o sinal de um canal internacional que está a transmitir em directo, ao contrário dos canais nacionais, as manifestações e protestos organizados pelos estudantes em todo o país?
Na única noticia que vi na televisão portuguesa sobre o que está a passar em Caracas, ouvi Nicolás Maduro ameaçar o povo e a oposição com a radicalização da revolução e a utilização das armas para a defender, se os protestos continuarem.
Durante muito tempo defendi Chaves, não pela forma como governava mas sim pela legitimidade dos seus governos, confesso que não pude evitar sentir um arrepío na espinha ao ouvir aquelas palavras da boca de um presidente da República de um país onde supostamente existe uma democracia. Que tipo de governante ameaça o seu povo com a utilização das armas para o fazer calar?
Os protestos que se iniciaram nos estados Andinos da Venezuela e que rápidamente se estenderam a Caracas e a praticamente todo o país, são contra as super degradadas condições económicas que derivam de uma inflação de mais de 50% e contra as condições de insegurança que pioram todos os dias e que convertem o país no segundo a nível mundial no número de homicídios.
O que faz Nicolás Maduro ante esta situação? Envia grupos paramilitares armados para enfrentar as manifestações. Força o encerramento dos jornais impressos ao não autorizar a importação de papel, controla os meios de comunicação nacionais ameaçando com o encerramento a quem difunda noticias que mostrem a situação real do país e corta o sinal aos canais internacionais, chegou inclusivamente a impedir a difusão de fotografias no Twitter para evitar que os estudantes o utilizem, e às restantes redes sociais, para mostrar ao país e ao mundo o que se passa nas ruas... Neste momento existe na Venezuela uma censura de facto.
A Venezuela é um dos países com mais recursos naturais do mundo, é o terceiro produtor mundial de petróleo, apesar de nos últimos 10 anos terem quase destruído a industria petrolífera, continuam a entrar milhões de dólares todos os dias no país. Para onde vai todo esse dinheiro?, ninguém sabe.
Chavez, Maduro e o seu partido estão no governo há 15 anos, nestes 15 anos em lugar de melhorar, a situação económica piorou todos os dias.
Chavez chegou ao poder principalmente devido à enorme desigualdade que existia no país, passados 15 anos, os pobres continuam pobres, vivem praticamente nas mesmas condições em que viviam antes, a população do país praticamente duplicou, os ricos são os mesmos, os pobres são muitos mais e a desigualdade social, a insegurança e a corrupção aumentaram de forma dramática.
Hoje vi Nicolás Maduro ameaçar os estudantes e o país com a imposição do poder pela via das armas, o que vi não é digno de um presidente democraticamente eleito, é digno de um qualquer ditador de república das bananas do século passado...
Em 1958 A Venezuela foi o primeira democracia da América latina, não me parece que o povo esteja disposto a ter a primeira ditadura do século XXI, esperemos que Chavez mande de novo algum passarinho cantar ao ouvido de Maduro e que lhe mostre que o povo está primeiro e que não vai aguentar muito mais.
Desde aqui, de todo coração desejo o melhor para um povo e um país que aprendi a amar e que levo no coração como o meu...
La lucha del pueblo venezolano es por un país onde se pueda vivir con justicia, paz y libertad, por favor no se rindan!
Update: Vídeo - O que está a acontecer na Venezuela?
Jorge Soares
Imagem do Público
Enquanto por cá andamos pendentes do arrufo de namorados entre Portas e Passos Coelho e se discute se Cavaco exige ou não Portas no governo, no Egipto um golpe militar derrubou Mohamed Morsi, o mais que contestado presidente da República e lider do governo.
Depois de semanas de contestação popular e de muita repressão às manifestações que exigiam reformas no país, o exército comandado pelo ministro da defesa depôs o presidente e deteve a maioria dos dirigentes do movimento islamita no poder, a Irmandade Muçulmana.
Deposto o presidente, foram cancelados os direitos democráticos, foi nomeado um presidente interino e serão convocadas eleições presidenciais antecipadas o mais rapidamente possível.
O golpe militar ocorreu após dias e dias de manifestações na já famosa Praça Tahrir do Cairo, em que se exigia o afastamento de um Presidente a quem acusavam de ter iniciado um processo de islamização do Egipto, de tentar concentrar todos os poderes para si e de ter decalcado formas de repressão do regime de Mubarak.
Num ambiente de pré guerra civil com enfrentamentos não só entre a polícia e manifestantes, mas também entre manifestantes pró e contra o governo, a situação tornou-se insustentável e desembocou num golpe militar.
Confesso que pensava que golpe militar era uma expressão do passado, pelos vistos não é, por outro lado não podemos esquecer que no fundo isto mais não é que o resultado da contestação popular, mesmo com muita repressão, centenas de detidos e de feridos, dezenas de mortos, o povo nunca desistiu de contestar e lutar pelos seus direitos e em contra da tirania ... era bom que o resto do mundo olhasse para o Egipto com atenção, povos e governos.
Jorge Soares
Imagem do Pontos de vista
Até à semana passada o Brasil era o exemplo acabado de uma economia em crescimento acelerado, um exemplo de crescimento sustentado cheio de projectos e desejoso de mostrar ao mundo como é capaz de organizar tudo e mais alguma coisa.
Bastou um aumento de poucos cêntimos nos transportes públicos para que emergisse uma realidade bem diferente, há uma enorme franja da população a quem todo este crescimento e prosperidade tarda a chegar. É verdade que a economia cresce a olhos vistos, mas também é verdade que este crescimento tarda em chegar aos mais pobres, aos trabalhadores, às favelas.
O país tem-se esforçado em mostrar ao mundo que consegue ser organizado, esforça-se por dar nas vistas, organiza cimeiras do meio ambiente, este ano é a Copa Federação, em 2014 será o mundial de futebol, em 2016 serão os jogos Olímpicos. No fim tudo isto se traduz em muitos milhares de milhões em investimento e terá de certeza um enorme retorno para a economia do país, mas para os mais pobres é dinheiro que se gasta e que a eles não lhes traz benefícios imediatos.
Os enormes e modernos estádios de futebol são construídos com vista previligiada para as enormes favelas onde milhões de pessoas tentam sobreviver no meio de uma enorme violência e insegurança, sem escolas suficientes, sem cuidados básicos de saúde, sem serviços básicos, sem transportes públicos, sem nada.
O Brasil é um país em crescimento acelerado, tão acelerado que no fim se traduz numa enorme desigualdade social, em quanto a classe média melhora o seu nível de vida a olhos vistos, os mais pobres continuam pobres e sem sentir em nada as melhorias que os governantes não se cansam de vender ao mundo.
O Brasil é um país com enormes dores de crescimento, após dias e dias de manifestações com transmissão directa para todo o mundo por parte das centenas de jornalistas que estavam no país para cobrir a taça das federações em futebol, o governo tentou salvar a face voltando atrás com os aumentos dos transportes... mas era tarde, porque na realidade não é disso que se trata, trata-se sobretudo de uma luta contra a desigualdade, uma luta por uma distribuição equitativa dos benefícios, por uma utilização mais justa dos recursos, uma luta dos mais pobres para que alguém perceba que eles existem
Jorge Soares
Imagem de aqui
A próxima vez que alguém te disser que as manifestações não servem para nada, que as decisões já estão tomadas e não há nada a fazer, que é comer e calar, diz-lhe que felizmente os brasileiros não pensaram dessa forma, foram À luta e venceram... pelo menos uma parte da batalha.
Jorge Soares
Mundial de Futebol 33 mil milhões
Jogos Olimpicos 26 mil milhões
Corrupção 50 mil Milhões
Salário mínimo 678 Reais
E ainda acham que é por 20 centavos?
Imagens das manifestações que desde 6 de Junho tem estado a acontecer no Brasil, uma economia em crescimento mas onde o crescimento económico não chega aos pobres.
Jorge Soares
Imagem do Pontos de Vista
As palavras são de José Policarpo, cardeal patriarca de Lisboa e foram proferidas em Fátima e quanto a mim são um enorme insulto ao milhão de pessoas que estiveram na Rua a 15 de Setembro e a todos os que nos últimos tempos se tem manifestado contra a austeridade e as políticas aplicadas pelo governo a mando da Troika.
Numa altura em que aumenta o desemprego e a precariedade que levam muita gente à miséria, a igreja católica escolhe olhar para o outro lado e fingir que nada se passa. Alguém deveria dizer a este senhor que o tempo em que o povo era submisso e vivia de Fado Fátima e futebol, já lá vai... e por muito que eles gostassem, o tempo não volta para trás.
De Fátima dizem que o diabo saiu à rua... e o povo ficou a saber com quem pode e não pode contar. e claro, alguém devia gritar aos ouvidos deste senhor: Porque no te callas!
Jorge Soares
Imagem do El País
A PSP diz que vai investigar porque foram ontem agredidos jornalistas em Lisboa, acho que não devia ser só a PSP, o que se passou ontem em Lisboa deixou uma imagem muito má da polícia, do governo e do país.Não é nada agradável dar-mos uma volta pelos meios de comunicação da Europa e ver quea noticia não é a greve geral, a notícia é uma fotografia de uma jovem jornalista a ser agredida por um polícia enraivecido.
Não vou aqui discutir se havia ou não motivo para a carga policial, eu vinha a ouvir as noticias na Antena 1 e alguém falava de manifestantes que primeiro lançavam ovos e lixo contra bancos e instituições financeiras e depois pedras e cadeiras contra a policia. Que eu saiba as pessoas vão para as manifestações participar, gritar consignas contra o governo e as suas medidas, não me parece que atirar ovos e lixo faça parte...
Por estas e por outras é que eu me fico quase sempre pela vontade de ir às manifestações... porque sinceramente não me revejo neste tipo de comportamentos que além de não servirem para nada, ainda levam a que o resto da população se afaste dos movimentos que as convocam e os vejam sempre como um bando de arruaceiros...
Mas nada disto justifica uma carga em a polícia varre completamente tudo o que lhe aparece à frente, porque uma coisa é tentar controlar a ordem pública e outra muito diferente é avançar a correr de cassetete em punho agredindo tudo o que mexe. Alguém dizia num comentário algures que a polícia está farta de ver as suas acções espalhadas pela internet e é por isso que arremetem contra tudo o que tem uma máquina fotográfica ou uma câmara de filmar... Se calhar era bom que alguém lhes explicasse que a melhor forma de evitar ver-se espalhada pela internet é não ter comportamentos que o justifiquem...
Olhamos para a fotografia e o que vemos são dois jovens desamparados a ser violentamente agredidos por um polícia, fosse a imagem de Angola ou da Venezuela e não faltaria quem clamasse contra os ditadores e os seus governos autoritários que não gostam dos jornalistas, como a coisa é em Lisboa procuramos motivos que desculpem tal comportamento.... lamento, para mim não há desculpa para isto. Por muito provocada que tenha sido a PSP, nada desculpa que se arremeta contra alguém desta forma... e muito menos contra quem ali está porque tenta fazer o seu trabalho.
Eu sempre que vou a Lisboa levo a minha máquina fotográfica, olho para a imagem e não consigo deixar de pensar que se estivesse ali eu estaria a tirar fotografias... e tal como aqueles jovens jornalistas, poderia estar ali a ser agredido, pelo simples facto de estar a tirar fotografias num lugar público de um acontecimento público.
Acho que tanto as autoridades como os movimentos cívicos devem perceber que não é com violência e provocação que se muda o mundo.
Jorge Soares
Imagem do Público
O nosso país é feito de contrastes, hoje no telejornal duas noticias que me deixaram a pensar, na primeira, um grupo de alunos de uma escola de Vila Real (Escola Camilo Castelo Branco) manifestam-se à porta da mesma com mantas e cobertores contra o frio que passam nas aulas... Na segunda um grupo de crianças num enorme pavilhão gimnodesportivo de um externato de Torres Vedras, com ar de quem está feliz por não estar nas aulas, fazem uma manifestação em prol do financiamento das escolas privadas por parte do estado.
As manifestações contra o frio à porta das escolas públicas não são nada de novo, repetem-se ano sim, ano também mal chega o Inverno a sério e mostram o muito que ainda falta fazer no que respeita às condições de muitas das nossas escolas. As manifestações a favor do financiamento de escolas privadas são uma novidade... mas pelos vistos vieram para ficar.... ou não!
Diz-se por aí que as crianças são obrigadas a alinhar, que quem não vai às manifestações tem falta, há quem esteja escandalizado porque puseram as crianças a carregar caixões com fotografias e flores, dizem-se muitas coisas... Um destes dias uma senhora entrevistada para a televisão dizia o seguinte:
"Eu estou a manifestar-me pelo direito à escolha, porque eu tenho direito a escolher a escola dos meus filhos"
Estou completamente de acordo, o que não sei é se a senhora tem direito a escolher a escola privada para os filhos dela que é paga com o dinheiro dos meus impostos, é que eu não tenho direito, os meus filhos vão para a escola que decide o agrupamento. Eu gostava de poder escolher a escola mais cara e conceituada de Setúbal para os meus filhos, mas para isso teria que poder pagar as mensalidades... e não posso, logo eles vão para a escola pública.
Acredito que existam zonas do país em que o número de escolas públicos ainda não seja suficiente e que aí se justifiquem as parcerias, mas será que isso é verdade em Torres Vedras, ou em Viseu, Lisboa, Porto?
Quanto a mim o estado deveria era acabar com todas estas parcerias, colégios e externatos são empresas privadas... e como tal devem conseguir financiar-se, o estado deveria pegar em todo este dinheiro e investir num enisno público de qualidade, em melhores escolas, investir para que as crianças de Vila Real não tenham que ir para a escola de manta e cobertor.
Jorge Soares