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Crónicas das férias - A Dune du Pyla

por Jorge Soares, em 25.09.13

Dune du Pilá

Imagem minha do Momentos e Olhares 

 

Para quem não sabe, no Arcachon, a sul de Bordéus, fica a Dune du Pilat ou Du Pyla, com um comprimento de 3,5 Kms e mais de 100 metros de altura, é a duna mais alta da Europa e ocupa um enorme espaço entre o mar e o pinhal.

 

É evidentemente uma enorme atracção turística e na sua sombra há 3 ou 4 parques de campismo, já lá tínhamos estado, da outra vez ficamos no parque mais a sul, já quase na ponta da duna. Ficava numa posição elevada e para chegar à bonita praia de águas cálidas e transparentes, só havia que descer umas poucas dezenas de metros de areia.

 

Confiança a mais e falta dos trabalhos de casa, fizeram com que esta vez tenhamos batido com o nariz na porta, estava cheio, ficamos num dos outros... 

 

Montamos a tenda a poucos metros da imensa mole de areia. A ideia era desfrutarmos 5 dias de praia, ali, bem junto ao mar. 

 

Foi um daqueles dias em que tudo correu mal, uma viagem que tinha sido planeada para pouco mais de três horas demorou quase 6, demoramos uma duas horas a passar Bordéus tal era a quantidade de gente que se dirigia a sul. Depois uma das varetas da tenda decidiu dar definitivamente de si e não houve forma de a reparar, quando finalmente encontramos uma solução para remediar e já estava tudo montado, descobrimos que estávamos a ocupar o sitio errado e tínhamos que mudar para o do lado.... 

 

Ao fim da tarde já estávamos todos pelos cabelos e só queríamos ir mergulhar nas ondas... pegamos nas toalhas e fomos enfrentar a duna.

 

Vista de longe aquilo parece só mais um monte de areia... quando chegamos mesmo ao pé dela o que vemos é uma parede de areia quase na vertical com mais de 100 metros de altura... uma coisa de meter respeito e de nos deixar a pensar se realmente queremos mesmo ir à água que de um momento para o outro parece que ficou a muitos kms de distância.

 

Começamos a subir, passados uns 10 metros estamos cansados... mais um pouco e começamos a ver os copas dos enormes pinheiros desde cima... já começam a doer as pernas... se andar na areia é cansativo, imaginem o que será subir uma parede de areia. O pior é que olhamos para cima e não estamos nem perto do meio.

 

Quando eu cheguei a meio comecei a duvidar seriamente se ia conseguir chegar lá acima vivo, tais eram as dores nas pernas e a falta de ar... e olhava para cima e só via areia e o cimo cada vez mais longe.

 

Depois de muito sofrer chegamos lá acima... depois de uns bons 10 minutos para voltar a respirar dá para perceber que a vista é mesmo fantástica, com um pinhal a perder de vista de um lado e o mar do outro.

 

Olhando para o mar parecia que deste lado era menos inclinado e nós tínhamos subido aquilo tudo não para ver a vista mas para ir à praia... Havia muita gente em cima da duna... mas quase ninguém na praia... já havíamos de perceber porquê.

 

Fomos descendo... e descendo... e descendo, quando chegamos lá abaixo verificamos que nem a praia era tão paradisíaca, nem o mar tão azul e convidativo, nem a agua tão quente como a recordávamos.. Olhando para cima percebemos porque é que quase ninguém descia, vista desde aqui a mole de areia não só era tão alta como do outro lado, como dava a sensação de que a cima ficava longe, muito longe... depois percebemos que não era sensação... aquilo era mesmo longe.

 

Estivemos uma meia hora na praia.... ainda pensei se não haveria forma de dar a volta.. mas para onde olhasse só se via a enorme montanha de areia junto ao mar... lá muito ao longe havia gente a lançar-se de parapente desde o cimo da duna... a  vista era gira.

 

O que tinha demorado uns 5 ou 10  minutos a descer, demorou à vontade uns 45 minutos a subir... sem exagero... era muito menos inclinado que desde o outro lado, mas a distância era enorme e a cada passo que dava parecia que as pernas ficavam mais pesadas e mais doridas.

 

Quando finalmente chegamos cá acima era quase a hora do pôr do sol... havia imensa gente no topo da duna e bastante mais a subir... não sei se era do meu estado perto do esgotamento físico.. mas dei por mim a pensar que conhecia dezenas de lugares com por do sol muito mais bonito e onde não é necessário arriscar um ataque cardíaco para os podermos ver.

 

Não foi preciso muita conversa para se perceber que por ali não voltávamos a ir à praia... e para ter que pegar no carro para chegar ao mar.. havia praias muito melhores em Portugal... na manhã seguinte desmontamos a tenda e partimos rumo a sul... até porque o parque de campismo deixava bastante a desejar, mas disso já falarei noutro post.

 

Jorge Soares

publicado às 22:14

Pusemos tanto azul nessa distância

por Jorge Soares, em 02.08.13

Troia

 

 Imagem minha do Momentos e Olhares

 

Pusemos tanto azul nessa distância 
ancorada em incerta claridade 
e ficamos nas paredes do vento 
a escorrer para tudo o que ele invade. 

Pusemos tantas flores nas horas breves 
que secam folhas nas árvores dos dedos. 
E ficámos cingidos nas estátuas 
a morder-nos na carne dum segredo. 

Natália Correia - de Poemas (1955)

 

O Sado, o Rio Azul

Setúbal, Junho de 2010

Jorge Soares

publicado às 17:38

Saudade

por Jorge Soares, em 02.11.12

Cabo Verde

 Imagem minha do Momentos e Olhares 

Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor

Que és feliz 

 

Charles Chaplin 

 

Praia, Cabo Verde

Fevereiro de 2010

Jorge Soares

publicado às 21:23

Preciso ser um outro para ser eu mesmo

por Jorge Soares, em 23.08.12

Preciso ser um outro para ser eu mesmo

Imagem minha do Momentos e Olhares 

 

Identidade


Preciso ser um outro 
para ser eu mesmo 

Sou grão de rocha 
Sou o vento que a desgasta 

Sou pólen sem insecto 

Sou areia sustentando 
o sexo das árvores 

Existo onde me desconheço 
aguardando pelo meu passado 
ansiando a esperança do futuro 

No mundo que combato morro 
no mundo por que luto nasço 

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

 

Faro de Busto

Luarca, Astúrias,  Espanha

Agosto de 2011

publicado às 17:50

Busca

por Jorge Soares, em 09.08.12

Arenal de moris

Imagem minha do Momentos e Olhares 

 

Busca

 

Durante anos os procurei,
um amor, um lugar,
um sonho de casas eternas,
um cais de outrora quando se acendiam as
lâmpadas,
durante anos te procurei,
caminhante das estrelas solitárias, das
estrelas sem nome,
brilhando sobre as ilhas, sabe-se lá onde,
em que oceanos que levaste contigo,
no grande eclipse desta vida.

José Agostinho Baptista

 

Praia do Arenal de Moris, Caravia, Astúrias, Espanha

Agosto de 2011

Jorge Soares

publicado às 17:21

Contemplar a solidão

por Jorge Soares, em 08.04.12

O mar e eu

 

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

Eu também gosto de me sentar assim só e a olhar as ondas do mar, principalmente em praias como esta em que as ondas batidas a vento enrolam na areia dourada deixando no ar um cheiro a iodo e a maresia. Só, eu, os meus pensamentos e o mar... cumplicie silencioso de mim e da vida.

 

Praia do Meco

Sesimbra, Setúbal

Novembro de 2010

Jorge Soares

 

publicado às 21:33

Saudade

por Jorge Soares, em 11.08.11

Quem vai abrir agora as janelas?

Imagem Minha do Momentos e Olhares

 

Quem vai abrir as janelas que não fechaste...? 
Quem vai colher as flores que não semeaste...? 
Quem vai guardar as cartas que nao recebeste...? 
Quem vai ler as palavras que não escreveste...? 
Quem vai sentar-se à mesa no teu lugar...? 
Quem, no teu leito desfeito, se vai deitar...? 
Quem, as tuas roupas usadas vai vestir...? 
Quem, os sons que tu ouvias, vai ouvir...? 
Quem, a porta vai abrir, para eu entrar...? 
Quem, com um terno beijo me vai saudar...? 
Quem vai ensinar-me agora...a compreender ? 
...Como posso eu viver feliz...sem te ter?

 

Poema de Maria João Silva

 

Ouvir o poema declamado no Youtube

 

 

Algures num daqueles dias de verão em que dá gosto caminhar pela praia, numa praia da galiza

Agosto de 2010

Jorge Soares

publicado às 12:17

No entardecer de um dia de Verão.. sobre a areia, Playa Montalvo

 

Imagem Minha do Momentos e Olhares

 

No entardecer dos dias de Verão, às vezes, 
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece 
Que passa, um momento, uma leve brisa... 
Mas as árvores permanecem imóveis 
Em todas as folhas das suas folhas 
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão, 
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria... 
Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem! 
Fôssemos nós como devíamos ser 
E não haveria em nós necessidade de ilusão ... 
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida 
E nem repararmos para que há sentidos ... 
Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo 
Porque a imperfeição é uma cousa, 
E haver gente que erra é original, 
E haver gente doente torna o Mundo engraçado. 
Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos, 
E deve haver muita cousa 
Para termos muito que ver e ouvir ... 

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XLI" 
Heterónimo de Fernando Pessoa

 

Fim de tarde de um daqueles dias de verão .....

 

Playa Montalvo, Portonovo, Galiza

Agosto de 2010

Jorge Soares

publicado às 12:11

Ser Criança

por Jorge Soares, em 07.08.11

Ser criança

Imagem Minha do Momentos e Olhares

 

Ser criança

 

Ser criança

é ter esperança

 

É ter a alegria

de viver o mundo.

 

É ter uma chave

uma chave para o futuro.

É viver no mundo de imaginação.

É encarar o mundo,

é tê-los nas mãos.

 

É olhar o mundo

de maneira diferente.

É sonhar é viver ,

É ser diferente.

 

Raquel Soares

10 anos

 

Retirado de aqui

 

Praia do Carvalhal, Grândola, Setúbal

Julho de 2010

Jorge Soares

publicado às 12:09

Ponto de Luz

por Jorge Soares, em 14.07.11

 

Ponto de luz, Cabo Verde, Cidade da Praia

 

Imagem Minha do Momentos e Olhares

 

Ponto de Luz

 

Escutando no vento

Tua voz secreta

Que me sopra por dentro

Deixe-me ser só ser

 

No teu colo eu me entrego

Para que me nutras

E me envolvas

Deixa-me ser só ser

 

Um ponto de luz

Que me seduz

Aceso na alma

 

Um ponto de luz

Que me conduz

Aceso na alma

 

Por trás dessa nuvem

Ardendo no céu

O fogo do sol rai

Eternamente quente

Liberta-me a mente

Liberta-me a mente

 

Um ponto de luz

Que me seduz

Aceso na alma

 

Um ponto de luz

Que me seduz

Aceso na alma

 

Sara Tavares

 

Cidade da Praia, Cabo Verde

Fevereiro de 2010

Jorge Soares

publicado às 22:17


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