Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem de aqui
Já lá vai um tempo, por isso a maioria nem se lembrará do caos que foi a colocação de professores no inicio de este ano lectivo. A minha filha mais velha, que está no 10 ano no liceu de Setúbal esteve, quase até ao inicio de Novembro à espera que fosse colocada a professora de matemática (ver este post, ou este, ou este, ou este), na semana passada foi a reunião de avaliação do primeiro periodo dos pais com a directora de turma.
Estava tudo a correr muito bem, a julgar pelo que a senhora contou esta deve ser a melhor turma do país e arredores, aplicados e bem comportados, até que uma das mães reparou no detalhe das aulas de matemática, então era assim:
Aulas previstas: 76
Aulas ministradas: 43
A professora de matemática que foi colocada no fim de Outubro, pouco mais deu que metade das aulas, é mais que evidente que não vai ser possível cumprir o programa e uma das encarregadas de educação queria saber o que estava a escola a pensar fazer para resolver o assunto.
A conversa foi quase surreal, a escola não está a pensar fazer nada, além do evidente atraso na matéria, há alguns alunos com dificuldades de aprendizagem na disciplina e estão planeadas aulas de apoio. É claro que aulas de apoio não tem nada a ver com aulas de compensação, e eu fiz ver isso à directora de turma, sem deixar de recordar que o ministro Crato se tinha comprometido em que todos os alunos teriam as devidas aulas de compensação para recuperar o tempo perdido.
Não, ela não tinha ouvido nada disso, não estavam planeadas aulas de compensação para a turma, nem há plano algum para recuperar o tempo perdido. Segundo ela a escola tinha planeado aulas de compensação para os alunos do nono ano, que tem exame obrigatório no fim do ano lectivo, mas desistiu da ideia, porque além de que é muito complicado conjugar horários, como as aulas não são obrigatórias os alunos não aparecem.
E é isto, felizmente na turma da minha filha só faltou colocar um professor, mas há turmas no Liceu de Setúbal e um pouco por todo o país em que faltaram quatro, cinco e até mais professores, turmas em que se deu metade das aulas previstas e pelos vistos, ninguém além de dois ou três pais e encarregados de educação, se preocupa com o assunto.
Uma vez mais ficamos a saber o que vale a palavra do ministro e dos funcionários do ministério da educação, senhor ministro, quando há uns tempos falava de aulas de recuperação para todos os alunos, estava a falar de quê?
Jorge soares
Imagem de aqui
As aulas começaram a 15 de Setembro, estamos a 20 de Outubro e a minha filha que anda no 10º ano do Liceu de Setúbal, continua sem professor de matemática.
Há milhares de professores no desemprego, o ministro Nuno Crato já foi duas vezes dar explicações no parlamento, já pediu desculpas, já despediu um director, já fez não sei quantas promessas, no fim tudo isso serviu para quê? De que servem a palavra e as promessas do ministro Nuno Crato?
O horário é de 21 horas, supostamente já foram colocados dois professores, um não apareceu, o outro recusou, alguém me explica o que é necessário para se contratar um professor num país em que há milhares no desemprego?
Para ser sincero não faço a menor ideia do que se segue, sei que quando as outras turmas já estão a fazer testes, a turma da minha filha continua sem começar as aulas
Como é que tudo isto é possível? como é que quase mês e meio depois de começarem as aulas continuam por colocar mais de 2000 professores? E ainda há quem diga que este não é o pior ministro da educação da história deste país?
Jorge Soares
Imagem do Público
Hoje foi (finalmente) dia de reunião com os encarregados de educação da turma da R. uma reunião curta, não havia muito a dizer, os problemas de comportamento desapareceram com o sistema das cruzinhas de que falei aqui, desde essa altura a turma encarrilou e as coisas passaram a correr sobre rodas.
É claro que tem que haver sempre um caso, a meio do ano foi detectada à professora de matemática uma doença grave. Esteve um tempo de baixa, depois voltou, depois voltou para a baixa, teve inclusivamente que ser operada e finalmente, sensivelmente a meio de Maio, voltou.
Quando foi a reunião do segundo período eles já estavam sem aulas há mais de um mês, numa turma em que mais de metade dos pais são professores, eu percebi que ninguém quis levantar muitas ondas, a colega estava doente, mas ia voltar... e os alunos seriam compensados das aulas em falta em Junho... esta era a mensagem que passava a directora de turma.
Entretanto a escola tinha lançado um concurso para a substituição.., concurso que ficou vago, ninguém quis aquele horário... tal como ficaria vago o segundo concurso...
Não faço ideia quantas horas teria o horário, mas faz-me uma enorme confusão que num país em que existem milhares de professores desempregados, em que cada ano há menos vagas e mais gente a ficar no desemprego, não se consiga encontrar um professor para dar dois meses de aulas de matemática.
Entretanto a professora voltou, houve imensas queixas de que as criancinhas não estudaram na ausência da professora, mas a verdade é que das aulas suplementares parav recuperar o atraso, nada.
Com tudo isto, pelas nossas contas faltou dar mais de 40% da matéria, a directora de turma, que ficamos hoje a saber que para o ano não o será, garantiu que no ano que vem a colega que ficar com a turma irá resolver o problema.... depois de todas as promessas de que seria resolvido este ano, a mim soou-me a conversa.. mas pronto.
Entretanto a R. está a ter explicações da matéria que não deu e devia ter dado, felizmente nós podemos pagar, mas como ficam as crianças que tem pais que não se interessam ou simplesmente não podem pagar?
E assim vai a nossa educação, é caso para dizer, há professores a mais.. onde andam os professores?
Jorge Soares
Imagem do Público
Há pouco mais de um mês foi algo que gerou uma enorme polémica, na altura falei do assunto, o titulo do meu post era: Alunos vão poder passar do 8º para o 10º ano .. ou, como se cria uma polémica parva. Não faltou quem acusasse a ministra da educação de fomentar o facilitismo, de promover a passagem dos alunos em prol da estatística, etc, etc, etc.
Na altura achei que se estava a criar uma polémica só por criar, a maioria apressou-se a tirar algumas frases do contexto ou simplesmente só leu o que lhe interessou e utilizou isso como arma de arremesso. Também previ que naquelas condições em que: ... é preciso que se autoproponham às provas nacionais de Português e de Matemática do final do 3.o ciclo, em Julho, e façam ainda os exames a nível de escola em todas as disciplinas do 9º ano.Em caso de aproveitamento, transitam directamente para o 10º ano,... ... ninguém iria aproveitar esta medida.
As noticias de ontem vieram dar-me razão, segundo o público:
É pena que se criem polémicas com noticias destas, é pena que o ministério da educação perca tempo a pensar em coisas destas, é pena porque há tantas coisas na nossa educação que merecem ser discutidas, tantas coisas que merecem ser pensadas, tantos problemas por resolver. No mesmo Público de Sábado podemos ler o seguinte: Quase metade dos alunos do 9º ano com negativa a matemática.
Aí está algo que deveria juntar pais, professores, escolas e ministério da educação, juntos deveriam tentar perceber o que está mal com o ensino da matemática no nosso país, o facto de que metade dos alunos chumbe deveria ser motivo de preocupação, deveria colocar todos a pensar, a tentar perceber o que está mal com o ensino desta disciplina e a tentar resolver.. isso sim seria algo produtivo.
Jorge Soares