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O Cisne

por Jorge Soares, em 04.08.13

Cisne

 

 Imagem minha do Momentos e Olhares

 

 

"... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Miguel Sousa Tavares


Jardim do Bonfim,

Setúbal, Outubro de 2012

Jorge Soares

publicado às 17:44

Palhaço

Imagem de aqui 

 

Miguel Sousa tavares naquele seu jeito de dizer o que pensa sem pensar muito nas consequências disse ao Jornal Económico que: "o pior que nos pode acontecer é um Beppe Grillo, um Sidónio Pais. Mas não por via militar. Nós já temos um palhaço. Chama-se Cavaco Silva. Muito pior do que isso, é difícil”. 

 

Cavaco não gostou e mandou abrir processo na PGR, parece que Pela lei chamar-lhe Palhaço é um crime de ofensa à honra do Presidente da República, punível com pena até três anos.


Entretanto Miguel Sousa Tavares já pensou melhor no assunto e reconheceu que efectivamente se excedeu..... quanto a mim ele devia ser processado é por todos os palhaços de circo, é que quer-me parecer que eles é que foram verdadeiramente insultados.

 

Jorge Soares

publicado às 15:38

Conto, O primeiro dia - Miguel Sousa Tavares

por Jorge Soares, em 31.03.12

O primeiro dia, Miguel Sousa Tavares

 

 

 

Imagem da Internet


O que o acordou foi o silêncio. Primeiro, o do despertador que não tocou à hora combinada todas as manhãs. Depois, o de outra respiração, que devia ouvir e não ouvia. Estendeu a mão para o quente do outro lado da cama e encontrou o frio. Apalpou e encontrou vazio. Então, sim, despertou completamente.

Um prenúncio de tragédia desceu por ele abaixo, como um arrepio. O que acabara de se lembrar era que não acordara só por acaso ou por acidente: aquele era o primeiro dia, a primeira manhã da sua separação — o primeiro de quantos dias? — em que acordaria sempre sozinho, com metade da cama fria, metade do ar por respirar.

Era Abril, sábado e chovia. Sentado na cama, lembrou-se das instruções que dera a si mesmo para aquela manhã: fazer peito forte à desgraça. Nada é inteiramente bom, mas nada é inteiramente mau - pensou. Posso ler à noite até me apetecer sem me mandarem apagar a luz, posso dormir atravessado na cama, posso-me livrar daquele rol de cobertores com o qual ela me esmagava, fizesse sol, chuva ou frio, porque as mulheres são mais friorentas que eu sei lá, posso usar a casa-de-banho todo o tempo que quiser, posso espalhar as roupas, os jornais e os papéis pelo quarto à vontade e até - oh, suprema liberdade — posso fumar à noite na cama.

Levantou-se para se olhar ao espelho da casa-de-banho. Sorriu à sua própria imagem, ensaiou-a calma, tranquila, confiante. Imaginou mentalmente o texto que poderia redigir sobre si mesmo para a secção de anúncios pessoais do jornal: “Divorciado, 40 anos, bom aspecto, licenciado, rendimento médio-alto, casa própria e espaçosa, desportos, ar livre, terno e com sentido de humor”. Mulheres compatíveis? Deus do céu, dezenas delas! Sou um partidão — concluiu para o espelho.

Calmo, tranquilo e confiante, passou aos outros aposentos da casa para dar uma vista de olhos ao resultado da partilha dos móveis, aliás feita sem grandes problemas, como é próprio de gente civilizada. Por alto, entre oliving, o hall, o escritório, a cozinha, o quarto de casal e as duas casas-de-banho, estimou nuns setecentos contos o preço da reposição das coisas em falta. Mais metade dos livros e dos CD's, quase todas as fotografias dos últimos dez anos das suas vidas e algumas outras coisas cujo verdadeiro valor era o vazio que encontrava se olhasse para o lugar onde elas costumavam estar.

“Até agora vou-me aguentando”, considerou ele. Entre perdas e danos e a certeza adquirida de que nada dura para sempre, restavam-lhe várias razões e objectos e sentimentos para olhar em frente sem um sobressalto.

Enquanto fazia, com um prazer insuspeitado, o seu primeiro pequeno-almoço de homem só, passou à fase seguinte do que chamara o “plano de sobrevivência”: desfolhar a agenda de telefones em busca de amigos igualmente sós com quem fazer “programas de homens” ou de antigas namoradas, que se tinham separado ultimamente ou outras que achava acessíveis mas que nunca tivera a coragem e a oportunidade de aproximar. A primeira desilusão foi com os amigos: de A a Z, realizou que só tinha dois amigos sem mulher e, para agravar as coisas, com nenhum deles lhe apetecia sair e entrar numa de “anda daí e mostra-me lá como é o mundo lá fora”. Quanto às mulheres que julgava sortables, sempre eram cinco, mas o resultado foi quase patético. Duas já não moravam naqueles telefones, outra tinha-se casado entretanto, e o marido estava ao lado a ouvir a conversa, o que o deixou completamente idiota a inventar pretextos absurdos para o telefonema. Do número da quarta atendeu uma criancinha e ele desligou e foi só na última da lista que finalmente teve sorte: sim, a Joana morava ali, era ela própria ao telefone. Não, não estava casada nem, pelo que, esforçadamente, percebeu, tinha namorado. Sim, ok, por que não irem jantar logo, para falar do projecto que ele tinha e onde ela poderia caber. “Ah, a tua mulher não vem? Separados? Não, não sabia. Recente? Pois, essas coisas são tão chatas, mas ainda bem que reages e tens projectos novos e tudo! Ok, às oito e meia vens-me buscar”. Ele teria desligado quase em êxtase, não fosse a frase final dela, à despedida, que o deixou verdadeiramente abalado. “Olha, vais-me achar uma grande diferença. A idade não perdoa a ninguém, não é?”

Enfim, sempre era um date. O primeiro, certamente, de uma longa lista. O que interessa se for um flop — achas que ias encontrar uma mulher super logo ao virar da esquina? É preciso é entrar no circuito, pá, começar a sair, a ser visto, fazer com que as pessoas saibam que estás disponível. O resto vem por arrasto.

Passeou-se pela casa, pensativo, fumando o primeiro cigarro do dia. De repente lembrou-se que ainda não tinha visto o quarto do filho. A cama e a escrivaninha tinham ido, assim como praticamente todos os brinquedos. Sobrava um boneco de peluche, três ou quatro carrinhos semi-partidos, unslegos e um quadro para fazer desenhos, com os respectivos marcadores, pousados, à espera de uma mão de criança. A mesa-de-cabeceira ficara e parecia absurda no meio do quarto, sem a cama nem os outros móveis, com um retrato dele e do filho numa praia do Algarve, sorrindo, abraçados um ao outro. Sem saber porquê, sentou-se no chão encostado à parede, muito devagar, a olhar para a fotografia. Duas grossas lágrimas escorregaram-lhe pela cara abaixo e caíram na madeira do chão, entre as pernas. Foi só então que ele percebeu que estava a chorar.

 

Miguel Sousa Tavares

 

Retirado de Releituras

publicado às 22:03

A luta desceu ao nível do humor parvo

por Jorge Soares, em 22.03.11

 

A luta não passa de humor barato

 

A noticia é do Público e diz que os Homens da Luta ridicularizam o Miguel Sousa Tavares, já disse aqui que não vou à bola com o trabalho destes senhores, não sei se é da minha falta de sentido de humor ou da falta de humor deles, o defeito será meu, o mundo não pode estar errado e eu certo.

 

O que penso sobre o vídeo está plasmado em parte num comentário que alguém deixou na página do Público e que entre outras coisas diz o seguinte:

 

"1) A dupla Jel-Vasco tinha piada, mesmo muita piada. Foram uma autêntica lufada de ar fresco no humor em Portugal, com o seu característico humor negro, sem contemplações. Desde que venceram o festival da canção (o que já era de resto provável, já no ano passado tinham tentado concorrer), entraram numa espiral de soberba e arrogância que chega a dar pena. Perderam a piada toda porque passaram a levar-se a sério. E tornaram-se numa caricatura, semelhante àquelas que representam;

 

2) Tanta conversa de democracia e de liberdade e depois não são capazes de aceitar e respeitar uma opinião diferente das suas. Afinal que tipo de liberdade de expressão é que defendem?

 

3) Miguel Sousa Tavares tem toda a razão quando defende que os homens da luta têm um discurso demagógico. Eu digo mais, o discurso é completamente vazio. Basta ver as exibições ridículas que o Jel tem andado a fazer nos telejornais. É impressionante a capacidade do homem em falar imenso e não dizer nada;

 

Nem sempre concordo com o que diz o Miguel Sousa Tavares, mas há algo que gosto nele, é frontal, diz o que pensa... isso leva a que muitas vezes diga coisas que não deve?, leva,.. mas ele também já mostrou que consegue reconhecer que errou e se for necessário faz o mea culpa.

 

Há muita gente que vê nos Homens da Luta contestação e reivindicação, eu não vejo nada disso, só vejo aproveitamento da situação, manifestação de 13 de Março incluída,  para fazer render o peixe deles, ou seja vender o seu suposto humor .... humor que ainda por cima não tem piada nenhuma.

 

 

 

 

 

Jorge Soares

 

publicado às 14:26

Ao que leio nos jornais, parece que para alguma da nossa classe mais cultural, está na moda emigrar, há até quem esteja tão indignado com o nosso país que até ameaça com renunciar à cidadania Portuguesa.... 

 

Tudo isto fez-me voltar atrás, faz 30 anos estes dias em que também fiz o mesmo, é claro que na inocência dos meus 10 anos de idade, eu não estava nada chateado com o país e nem a novidade que era andar pela primeira vez de avião, naquele enorme 707 da TAP, me apagou a tristeza de deixar para trás o meu pequeno mundo que não ia muito mais além da minha aldeia.

 

Maria João PiresComo mudam os tempos, há 30 ou 40 anos as pessoas emigravam para poderem ter uma vida, um emprego, ou como no caso dos meus pais, para poderem educar os filhos. Faziam-se enormes sacrifícios para se poder sair do país, e depois durante anos e anos trabalhava-se de sol a sol para poder juntar uns tostões para a casinha na terra.. eram outros tempos e claro, outros emigrantes... no fundo, eram outros portugueses.

 

Sabem, a mim o discurso da Maria João Pires deu-me vontade de rir, não quero tirar valor ao seu trabalho, mas vamos lá ver: quem planeou o projecto, quem o implementou, quem escolheu a altura e o lugar, foi ela, aquilo correu mal, e a culpa é de quem?, do estado, é claro!!!!!! , o raio do estado não inventou mais dinheiro para lá colocar, vai de aí, a senhora decide  desistir de tudo e ir viver para o Brasil.... deixo desde já a promessa que lhe darei o meu aplauso quando souber que ela abriu um novo Belgais numa das favelas do Rio de Janeiro e o fizer funcionar com o dinheiro do estado brasileiro.Miguel Sousa Tavares

 

Quanto ao Miguel Sousa Tavares.... bom, esse eu percebo, convenhamos que há algumas razões válidas para se ir viver para o Brasil, principalmente quando somos um escritor de sucesso, temos muito dinheiro e algumas amigas que por lá vivem,,, desde que ele não deixe de escrever a coluna na Bola, verdadeira lança colocada por um portista no coração da imprensa benfiquista, ele pode ir viver para onde quiser,, é com o dinheiro dele e do trabalho dele.

 

SaramagoMas já que estou numa de criticar, achei imensa piada ao José Saramago, ele mostrou-se muito preocupado com as palavras da Maria João Pires, é preocupante que ela queira renunciar ao país... ele, que como todos sabemos, mora há anos ali para os lados de .... Lanzarote... ou seja, na Espanha.

 

 

Agora, eu achava mesmo piada a toda esta gente, era se eles renunciassem a vender as suas obras, já seja musicais ou poéticas, em Portugal... isso é que era ser coerencia, de resto, podem ir viver para onde bem lhes apeteça... e vai de aí eu ia sentir falta deles, porque gosto dos livros dos senhores e da musica da senhora.. mas lá eles eram capaz de renunciar ao nosso mercado!!!!!!!!

 

Jorge Soares

 

publicado às 23:08

Livro:Rio das Flores

por Jorge Soares, em 01.09.08

Rio das Flores

 

Uma das vantagens de se estar no estaleiro, é que há muito tempo e pouco para fazer... pelo menos enquanto estava no hospital e não tinha computador e blogs

 

Durante os 4 dias que estive no Outão lí três livros, um deles foi Rio das Flores. Sempre fui um admirador do Miguel Sousa Tavares, nem sempre estou de acordo com as suas opiniões, mas admiro a sua frontalidade e a sua visão do mundo.

 

Li o Equador e Sul e foram dois livros que adorei, acho que o homem é um grande escritor e que escreve literatura a sério. Só não li este livro de uma só vez de seguida, porque achei que passar a noite toda com a luz acesa na enfermaria onde dormiam mais 3 pessoas era falta de respeito pelos outros doentes..... Mas vontade não me faltou e foi muito difícil largar o livro.... de tal modo que mal acordei voltei a pegar e não o larguei até que li a ultima página.

 

Antes de mais é um livro muito bem escrito que nos leva a uma parte da nossa história como país que poucas pessoas tem a coragem de abordar. Todos deveríamos ler o livro e parar um pouco para reflectir sobre algumas coisas que se abordam ali... porque infelizmente ainda há muita gente que não tem consciência sobre o que se passou em Portugal durante 50 anos.

 

Além da abordagem politica, o livro foca a vida no Portugal Rural dos anos 40, as ideias reinantes, os preconceitos, a condição social dos habitantes do país interior, a emigração, a guerra Civil Espanhola e a nossa participação na mesma, etc, etc.

 

Em Suma, um livro muito bem escrito, ainda que a partir do ultimo terço eu consegui adivinhar como ia terminar..... Um livro que aconselho vivamente, que todos deveríamos ler. um livro de um grande escritor.

 

Jorge

publicado às 22:27


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