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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Público
Li ou ouvi algures que o senhor ministro da Educação, Nuno Crato, disse que o ano lectivo se estava a iniciar com absoluta normalidade. Hoje a meio da tarde ficamos a saber que para a turma da minha filha na secundária do Bocage em Setúbal, o normal é que as aulas se vão iniciar sem que se saiba quem são os professores de Matemática, Geografia e Francês.
Para começar não consigo perceber como é que se marcam reuniões com os pais para um dia de semana às 3 da tarde, mas pronto, é sexta feira e se calhar até há muita gente a quem até dá jeito ter uma desculpa para se baldar ao trabalho...
Depois gostava de perceber se é a este tipo de coisas que o senhor ministro chama "absoluta normalidade". Como referi neste post, o ano passado a escola esteve dois meses a tentar contratar um professor de matemática e não conseguiu, o resultado foi que a turma não deu perto de um terço da matéria, mas claro que ficou prometido pela directora de turma que seria recuperado no inicio deste ano.
Para amostra começamos bem, apesar da mesma professora continuar na escola, alguém decidiu não lhe atribuir a turma, vá lá a gente perceber porquê... está-se mesmo a ver que para uma turma do nono ano que até vai fazer exame este ano e que já vem coxa do ano anterior, o melhor mesmo é começar o ano lectivo sem professor... e se forem tão expeditos a contratar como no ano passado, eles devem ter aulas lá para Dezembro..
Mas deve ser a este tipo de coisas que o senhor ministro chama "Normalidade"... gostava de perceber o que será o anormal...
Jorge Soares
Hoje fomos brindados com estas pérolas:
É evidente que tudo isto vem a propósito do facto de o Sócrates ter dito que ia colocar na sua agenda politica a aprovação de uma lei que irá permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Há uma coisa que eu ainda não percebi, porque é que é necessária uma lei para dizer com quem alguém se pode ou não casar? se eu me pude casar com quem entendi e não tive que dar cavaco a ninguém..porque é que há portugueses que não o podem fazer? em que é que eu sou mais que outra pessoa qualquer?
Porque é que existe uma lei que a mim me permitiu casar sem problemas e não o permite a outra pessoa qualquer só porque tem gostos diferentes dos meus?...sim, porque é de gostos que estamos a falar, porque as preferências sexuais não passam disso, gostos, preferências.
Tudo isto não passa de discriminação, e até entendo que a igreja entre nestas cruzadas, afinal há umas centenas de anos a igreja católica especializava-se em torturar seres humanos e as pessoas eram queimadas na fogueira por muito menos que isto. Mesmo nos dias de hoje, a igreja prefere que a epidemia da sida alastre pelo continente africano a permitir a utilização de um simples preservativo, condenando assim à morte centenas de milhar de pessoas.
No outro dia neste post do blog Vila Forte, e ante este meu comentário:
Se é contra qualquer tipo de casamento, eu percebo... eu também sou, não me parece que seja um papel assinado que faz a diferença nem me torna dono ou súbdito de ninguém.
Se só é contra o casamento entre homossexuais, desculpe lá, isso é discriminação, não percebo o que é que a orientação sexual de alguém tem a ver com o seu direito de se juntar e casar com quem lhe apetecer. Tenho uma filosofia de vida em que acho que os meus direitos terminam exactamente onde começam os direitos dos outros, e se eu não perguntei a ninguém se me podia casar ou não, não percebo porque é que alguém só por ter uma orientação sexual diferente da minha o deve fazer.
O autor do post respondeu-me o seguinte:
É descriminação? Como dizia alguém claro que sim! Mas caramba quem é que não é descriminado? Todos os dias em dezenas de situações?
Ora, é nisto que estamos a cair.... a discriminação é algo normal.... está visto, o anormal sou eu!
Jorge Soares