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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Público
É uma questão de igualdade: em Nova Iorque as mulheres podem fazer topless
Qual é a noticia? a noticia é que em Fevereiro e para evitar desigualdades entre homens e mulheres, a polícia de Nova Iorque emitiu um memorando interno a recordar que há uma lei de 1992 que em nome da igualdade de direitos, reconhece às mulheres o mesmo direito de andar despido da cintura para cima que aos homens. Como parece que os polícias americanos comem muito queijo e são duros de ouvido, o memorando foi repetido e enviado 10 vezes.
"Os agentes não devem incomodar "os indivíduos, homem ou mulher, que se mostrem em público sem roupa da cintura para cima", diz o memorando a que a AFP teve acesso nesta segunda-feira.
Não é novidade nenhuma que a sociedade americana é muito mais conservadora que igualitária, só isso explica que seja necessária uma lei para decidir a igualdade e que os polícias tenham que ser repetidamente recordados dessa pretensa igualdade.... mas, alguém me explica porque é que o Público ilustra uma noticia sobre topless femenino com uma fotografia de um homem de peitos à mostra?
Jorge Soares
Encontrei a noticia no El País, numa estação de metro de Nova Iorque após uma discussão com outra pessoa, Ki Suk Han um homem de 58 anos, foi empurrado para as vias do metro. levantou-se e tentou voltar a subir para a plataforma mas não o conseguiu fazer antes que o comboio chegasse e foi esmagado, vindo a morrer pouco tempo depois num hospital ali perto.
Tudo isto aconteceu na presença de um fotógrafo profissional que tirou várias fotografias e de várias outras pessoas. Houve inclusivamente quem tenha gravado a discussão com quem o empurrou, mas nas várias imagens publicadas no New York Times apesar de que se podem observar várias pessoas na plataforma, ninguém se acercou para tentar ajudar o homem a subir.
O fotógrafo Umar Abassi, que teve tempo para apontar a máquina e tirar várias fotografias, alega que tentou utilizar o flash para chamar a atenção do maquinista.
Há quem questione o Jornal por publicar as imagens, mas para mim a maior questão é, como é que chegamos a uma situação em que várias pessoas foram testemunhas da discussão, do empurrão para a linha e da tentativa do homem para salvar a sua vida e ninguém se acerca a ajudar?
Que tipo de sociedade é esta em que as pessoas se dão ao trabalho de gravar uma discussão entre dois adultos mas não são capazes de se mexerem para tentar salvar uma vida humana?
Como é que chegamos a um ponto em que a prioridade é tirar fotografias e não correr para salvar quem sabemos que vai morrer?
Que futuro existe para uma sociedade e uma raça humana que não está para se chatear ou simplesmente nãos abe definir prioridades?
Jorge Soares
Imagem do Público
A fotografia acima correu o mundo, é uma daquelas histórias de encantar. Durante a ronda nocturna de 14 de Novembro, Lawrence DePrimo, um polícia de 25 anos, encontrou Jeffrey Hillman sentado no passeio encostado à montra de uma loja em Times Square. O homem, de aparência desleixada, estava descalço.
Numa noite gelada, DePrimo teve pena do pobre coitado e resolveu gastar 60 dólares num par de botas para lhe oferecer. No preciso momento em que estava a ajudar Jeffrey a calçar, passou uma turista que resolveu registar o momento para a posteridade.
No dia a seguir a imagem foi enviada para o site da Polícia de Nova Iorque que a colocou na sua página do Facebook, o resto é história.
Hoje nesta noticia do Público ficamos a saber que o sem abrigo mais famoso dos últimos tempos afinal, nem é sem abrigo nem precisava de sapatos novos. Jeffrey Hillman tem uma casa no Bronx e vá lá a saber-se porquê, já foi visto a andar descalço de novo.
Com base numa única fotografia conseguiu-se construir toda uma história que graças às redes sociais deu a volta ao mundo, a maior parte de nós viu a imagem no Facebook ou num blog qualquer, mas quantos de nós nos questionamos sobre a veracidade dos factos? E quantas destas histórias nos passam todos os dias pela frente?
É claro que nada disto retira a boa acção daquele polícia que numa noite gelada tentou fazer a diferença para alguém... e não fosse isto estar a acontecer nos estados Unidos, apesar de estar grato pela oferta de DePrimo, Hillman diz agora que quer “uma fatia do bolo” porque a fotografia foi parar à Internet sem que ele tenha dado permissão... aposto que já há mais que um advogado a esfregar as mãos de contente.
Jorge Soares
Hoje a meio da tarde, deitado ao sol do Alentejo, dei por mim a pensar que já estive em Nova Iorque, em Londres e em Madrid, três cidades que foram vitimas de atentados da Alqaeda.
Estive em Nova Iorque em 2007, era Dezembro, estava muito frio, não fui ao Ground Zero e não me lembro de ter pensado nos atentados. Em Madrid foi diferente, talvez porque fui com toda a família e cheguei de comboio à estação de Atocha, um dos locais onde explodiram as bombas. Não falamos do assunto, mas lembro-me de ter sentido um friozinho no estômago.. O mesmo friozinho que senti quando cheguei a Londres há uns dias e fui de metro do aeroporto para o Hotel e nos dias seguintes quando ia no metro e dava por mim a lembrar-me do assunto.
É verdade que não deixamos de viver, mas somos humanos e o que aconteceu nestas três cidades não deixa de nos marcar.
O Onze de Setembro para além do enorme número de vidas que ceifou, foi para todos nós o acordar para um mundo diferente, desde o fim da guerra fria que se vivia uma calma aparente. Os atentados acordaram-nos para a realidade e para guerras e receios diferentes.
Entretanto muitas coisas mudaram, de repente todos passamos a ser presumíveis terroristas com tudo o que isso significa: andar de avião é um suplício, visitar monumentos, museos e até igrejas implica quase sempre ser sermos vistos, revistados e vasculhados. Gastaram-se biliões de dólares em segurança, invadiram-se países, mudaram-se governos e regimes. Morreram perto de 3000 pessoas no dia 11 de Setembro de 2001, entretanto nas guerras geradas por esse dia, só americanos já morreram mais de 7000 soldados.Será que tudo isto nos faz sentir mais seguros?
A verdade é que não, como dizia alguém numa das muitas reportagens que vi ou li, andar numa cidade e ver soldados ou policias armados até aos dentes não nos faz sentir mais seguros, só nos recorda que o perigo é latente e que as ameaças podem vir de qualquer lado.
Um mundo seguro é aquele em que não são necessários policias armados até aos dentes, nem scanners corporais nos aeroportos, nem revistas nas entradas dos museus. A existência de tudo isto 10 anos depois da queda das torres só significa que todas as guerras, que todos os mortos que ocorreram entretanto, serviram para muito pouco, estamos muito longe, talvez cada vez mais longe, de ganhar a guerra ao terrorismo e ao terror que este semeia em todos nós.
Jorge Soares
Hoje foi a reunião na escola da R., como a P. tinha ido ontem à do N. a mim calhou-me esta, foi uma reunião pacifica, a directora de turma é daquelas que faz a festa toda, dá a música, atira os foguetes e apanha as canas, mas é pacifica e a coisa até correu bem.
O ponto alto da reunião foi quando se tratou do tema da educação sexual, a coisa até estava a correr bem, até que alguém tocou o tema da homossexualidade e é claro o assunto do momento que também ia pacifico até que uma das mães decide sair-se com a seguinte:
-Vejam lá o que aconteceu com aquela pobre criança, que se deixou levar pelas más influências e vejam no que deu.
É claro que ante uma afirmação destas eu não me podia calar,
-Criança, mas qual criança?
-Criança sim, porque ele era uma criança que se deixou influenciar
-Mas ele não tinha 21 anos?, isso não é uma criança, é um adulto que sabe bem o que quer.
-Não, ele era uma criança e deixou-se levar na conversa daquele tipo.
Aqui a professora entendeu que a coisa ia descambar e mudou rapidamente de assunto.
Eu não conhecia o Carlos Castro de lado nenhum, juro, nem sabia que o senhor existia, muito menos o Renato Seabra, muito menos da sua orientação sexual, mas a mim há uma coisa que me parece clara, independentemente do que estavam lá a fazer, se eram ou não namorados, estavam ali dois adultos e um matou o outro de uma forma que tem contornos de sadismo.
Não sei como, mas tal como aquela mãe na reunião da escola, há muita gente que parece que vê o morto como culpado e o assassino, que até já confessou, como a vitima. Parece que o facto de um ser homossexual e o outro um bom rapaz de Cantanhede faz as coisas mudar... deve ser da distância, Nova Iorque é muito longe e em inglês, agressão, morte violenta e castrado, dizem-se de outra forma.
Eu juro que já tentei, mas depois de tudo isto eu não consigo ver mais que alguém que morreu e alguém que matou, quanto ao facto de o assassino confesso ser um bom rapaz, espero que ninguém me leve a mal, mas o que define se alguém é boa ou má pessoa não é a opinião que os outros querem fazer passar, são os actos... e a mim não há quem me convença que quem mata com estes requintes de malvadez, é boa pessoa.
Jorge Soares
Imagem Minha do Momentos e Olhares
Daquele primeiro natal que passei depois de regressar a Portugal lembro-me da sensação de vazio, em Caracas o natal começa no inicio de Outubro, que é quando as montras começam a ser enfeitadas e na rádio se começam a ouvir gaitas e villancicos. Por cá nunca consegui sentir esse espírito de natal, por muito que as ruas das nossas cidades se enfeitem e se gastem rios de dinheiro em prendas, eu passados mais de 20 anos, continuo a sentir esse vazio...
Mas acreditem, há pior. A maioria das pessoas que conheço tem o sonho de alguma vez poder ir passar o natal em Nova Iorque, ou pelo menos passar por lá nesta época. De tanto ver filmes e séries americanas, todos fazem uma ideia de um natal bonito e quase mágico na grande maçã. Bom, eu estive 3 semanas nos Estados Unidos em Dezembro de 2007, estava relativamente próximo da Big Aple e deu para lá ir várias vezes e percorrer uma boa parte da cidade... sabem uma coisa? Em Nova Iorque o natal é aquela árvore gigantesca da fotografia, no Rockfeller center com o ringue de patinagem por baixo, as montras do Maicys e pouco mais, muito pouco mesmo. Nada de ruas iluminadas, muito poucas montras com enfeites de natal, e muito pouco espírito natalício. O natal mágico de Nova Iorque é um logro, um cenário de filme, é claro que dizer que não há natal em Nova Iorque é um exagero, mas não anda muito longe da verdade.
Eu gostei muito da Cidade e é certo que quero lá voltar com a minha meia laranja, mas de certeza que não será nesta altura de neve, frio glaciar e de muito pouco natal. Isto não quer dizer que não exista um natal americano, eu estava na zona de Princeton, New Jersei, um local bem americano com as casas de madeira ao longo da estrada, sem muros nem portões, e era um encanto passear à noite pelas estradas secundárias e ver as casas e jardins iluminadas.. uma realidade bem mais próxima daquilo que vemos nos filmes.
Jorge Soares
Ontem fiz 12 anos de casado, passei parte do dia em Nova Iorque, de manhã estive a passear na neve e à chuva no Central Park ,almocei Dim Sum na Chinatown , estive montes de tempo numa loja para pintores enquanto o meu colega de passeio escolhia pincéis e tintas que lhe tinham encomendado desde Portugal. Andei calmamente à chuva pelo Soho , entrei em várias lojas, estive montes de tempo numa livraria e finalmente jantei Sushi num restaurante japonês em Princeton.
O dia perfeito para quem faz anos de casado.....bom, quase, em primeiro lugar não me lembrei, confesso que desde que aqui cheguei não sei muito bem a quantas ando, só sei que cheguei numa segunda feira dia 3 e me vou embora no dia 19 às seis da tarde...e que isso é na quarta. É claro que entre 3 e 19 de Dezembro há o dia 16, dia do meu aniversário de casamento. Em segundo lugar, de certeza que seria o dia de aniversário de casamento ideal se a P. estivesse aqui comigo, e infelizmente ela está em Setúbal ...a uns 5 mil quilómetros daqui, e eu fui para Nova Iorque com um dos consultores que está aqui no projecto que estou a acompanhar. Ou seja, o passeio em Nova Iorque foi uma seca, estava a chover, um vento gelado que convertia os 0 graus em menos 5 ou menos 6, e andar em Nova Iorque com alguém que não tem o nosso ritmo ou os nossos interesses, é um verdadeiro suplicio.
Como disse, nem me lembrei da data, para mim não era o dia 16 de Dezembro, era o dia -4 para a minha volta para casa, e para estar com a P., a R. e o N. Estava eu sentado à espera dos Noodles e demais coisas estranhas que almocei (o Dim Sum é engraçado....mas acho sempre que é melhor não perguntar o que estou a comer), decidi enviar um SMS a contar do frio e da chuva, resposta:
"Doze anos de casados, beijos"
Gelei...e não foi do frio, a verdade é que eu sou desnaturado por natureza, nunca sei o dia de aniversário da minha mãe, sei o do meu pai mas nunca me lembro, demorei anos a recordar o dia de aniversário da P. e os dos amigos, nem vale a pena, não me lembro, Pronto!. Tentei ligar várias vezes mas a P. nunca atendeu....achei que ia chegar a Setúbal e ia ter a roupa à porta em sacos plásticos, o que vale é que ela já me conhece e já interiorizou que eu sou assim.
Faz-me confusão aquelas pessoas que se lembram das datas todas, dos aniversários dos primos, das tias, dos amigos todos e até dos conhecidos, eu não sou assim, não é defeito, é feitio......bom, se calhar é defeito, mas acho que já não vou mudar. É claro que começo a colocar algumas datas no Outlook , que me vai avisando de algumas coisas...mas eu só vejo o outlook durante a semana.......se calhar isto resolvia-se com uma agenda electrónica...ou com um daqueles telemóveis de ultima geração...não há uma alma caridosa que me ofereça um para eu não ter que voltar a passar por estas vergonhas?
Esta fotografia é mesmo minha, um banco no Central park, Nova Iorque
Jorge
PS:Qualquer estudo psicológico sobre o escrito neste post...está errado!
PS2:Feliz natal para todos