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GNR suspenso por fazer stripp

 

Imagem do DN 

 

A GNR decidiu esta segunda-feira suspender um dos seus militares depois de ter descoberto que este protagonizou um striptease num clube nocturno, sábado passado, numa festa dedicada ao dia da mulher. Em causa, está o facto de o cabo ter usado a farda da corporação, assim como o restante equipamento que lhe estava distribuído durante a performance.

 

Estão frescas na nossa memória as imagens da manifestação de sexta feira passada em que milhares de policias e GNRS se manifestaram em frente ao parlamento... sabemos que a vida está complicada para todos, incluindo para quem faz parte das diversas forças de segurança ... tão difíceis que há sempre  quem nestas alturas arranje um segundo emprego... este é stripper nas horas vagas.

 

É claro que o facto de o senhor ter ido fazer strip na discoteca que fica ao lado do posto em que trabalha não mostra lá grande esperteza, mas pronto, a vida está difícil e há que aproveitar o que aparece.... é claro que o detalhe da farda, das algemas e demais adereços oficiais, era dispensável, se calhar tinha sido inteligente ter trocado a farda com um qualquer PSP stripper... dava menos nas vistas.

 

A noticia apareceu-me a meio do dia no Facebook, comentada como não podia deixar de ser por dezenas de mulheres... e havia comentários para todos os gostos, a maioria dizia que o homem se devia era dedicar ao strip e esquecer a GNR, parece que tem jeito para a coisa, ... o comentário que me chamou mais a atenção  foi o seguinte:

 

- Mas não são eles que pagam a farda?

 

Boa pergunta não é?

 

Por certo, não foram as únicas fotografias de festas com strippers para festejar o dia da mulher que me apareceram no facebook, e as outras não eram de Oliveira de Azeméis... agora já fiquei a perceber para que serve o dia da mulher.

 

Jorge Soares

 

PS:Estive a reler e quero esclarecer algo, eu acho mal que ele tenha usado a farda de serviço para fazer strip, ainda que não seja a farda e sim quem a usa que mereça o respeito por representar a lei.... mas a pergunta não deixa de ser boa.

publicado às 22:18

Incêndios na Madeira

Imagem do Público

 

Infelizmente os anos passam e as coisas só pioram, o que se está a passar na Madeira, em Tavira e um pouco por todo o país é uma repetição do que se passou o ano passado, há dois anos, e básicamente em todos os anos anteriores, porque apesar de que todos os verões é a mesma coisa, a verdade é que não aprendemos nada de um ano para o outro e mal termina o calor e aparecem as primeiras chuvas em Setembro ou Outubro, simplesmente esquecemos os incêndios, a área ardida e as causas de tudo isto.

 

A propósito deste assunto, escrevi o seguinte neste post a 27 de Julho de 2010:

 

Há 15 dias fui passar o fim de semana aos meus pais, no Sábado à tarde peguei na máquina fotográfica e fui dar uma volta pelo lugar. Junto às ultimas casas e antes de entrarmos na densa floresta de pinheiros e eucaliptos, nos terrenos abandonados restam algumas árvores de frutos, uma figueira, pessegueiros, restos de uma enorme cerejeira e uma macieira coberta de frutos avermelhados que despontam por entre o enorme silvado que tomou conta de tudo. Do outro lado e a poucos metros das casas, por entre as árvores o mato que há muito não é limpo por ninguém, é bem mais alto que eu.

 

Hoje no telejornal (podem ver aqui) Hermínio Loureiro, Presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis, desde as margens do rio Caima em Ossela, falava de um incêndio que decorria a poucos metros da povoação e descrevia uma situação assustadora e caótica. Lembro-me de há 3 ou 4 anos passar naquele mesmo lugar, que fica a poucos Kms da casa dos meus pais,  e ver toda a encosta junto ao rio completamente queimada. Não foi há muito que toda aquela floresta ardeu.. esse incêndio terá sido a ultima vez que aquele lugar foi limpo, sendo que desde então esteve a acumular combustível... para mais um incêndio.

 

A lei diz que a responsabilidade da limpeza das matas é dos seus proprietários, mas cabe ao estado, neste caso à Câmara Municipal, fiscalizar e notificar para que as limpezas sejam feitas. A realidade é que as matas não são limpas, ninguém fiscaliza e mal o tempo começa a aquecer os incêndios aparecem... e as imagens são as que infelizmente conhecemos de todos os anos.

 

Em toda a Europa a Biomassa é um negocio  que movimenta muitos milhões de Euros e em crescimento constante, em Portugal a biomassa acumula nas matas até que é consumida pelos incêndios florestais. O dinheiro que não se ganha com o seu aproveitamento é gasto no aluguer de aviões e de helicópteros que são sempre em número insuficiente para acudir ao número cada vez maior de incêndios (notícia do Público).

 

É de louvar que nesta altura o Sr, Hermínio Loureiro apareça junto à população, mas era muito mais inteligente de sua parte aparecer por lá na Primavera junto com os fiscais da Câmara e garantir que no verão as matas estejam limpas e livres de biomassa, e a prevenir que estas coisas aconteçam. E quem diz Hermínio Loureiro, pode dizer qualquer outro responsável camarário das centenas de câmaras com área florestal no nosso país.

 

Hoje os locais e os protagonistas são outros, mas a realidade e os culpados são os mesmos

 

Jorge Soares

publicado às 23:01

Blog Action Day 2010 - A água em Portugal

por Jorge Soares, em 14.10.10

 

 

 

Lembro-me de quando fizeram o poço no quintal dos meus pais,  quem escolheu o local foi a minha mãe, andou de um lado para o outro com um galho de macieira na mão, andou, andou.. até que disse: - É aqui. E foi, e fizeram o poço ali, e aos seis metros a água apareceu.. muita água, doce e do que me lembro, fresca e deliciosa.

 

Alviães, pequeno lugar de Oliveira de Azeméis, no Distrito de Aveiro,  é um sitio com muita água, os poços tem por norma menos de 10 metros e há muitas fontes, nada que ver com os poços dos meus tios, do outro lado do rio Caima, onde era necessário escavar mais de 20 metros para se ter alguma água. Desde há muito que se diz que é ali, bem perto da casa dos meus pais, que serão feitos os furos de captação para abastecer de água toda a freguesia de Palmaz. Passou muito tempo desde que abriram o poço, muitas coisas mudaram em Alviães, mas há algo que não mudou, a única água a que tem acesso os meus pais é a daquele poço, é claro que apesar da falta de análises, há muito que sabemos que não é própria para consumo... e não se bebe... mas não há muito a fazer, porque abastecimento de água na freguesia é algo de que se houve falar mas que não há modo de se ver.

 

Não, não estamos a falar de uma freguesia do interior, estamos a falar de um concelho litoral e que até tem pretensões de vir a pertencer à área metropolitana do Porto...e de um lugar onde há muita água, muitas fontes.. o que falta?

 

No outro dia na grande reportagem da SIC, o tema era a água que se bebe em Portugal, segundo um relatório do estado, 98% da água que se consome no nosso país cumpre as normas de qualidade..a reportagem encarrega-se de mostrar como  esses números são uma enorme mentira.. e eles só controlaram a água da rede.. não faço ideia qual será a percentagem do país que não tem acesso a água de rede, agora, se a água que supostamente é controlada não cumpre os parâmetros, imagine-se o que acontece nos locais onde não há qualquer tipo de controlo. Qual será a percentagem da população deste país que só tem acesso a água imprópria para consumo? Quantas Alviães haverá em Portugal?

 

A água é um bem essencial para a existência da humanidade,  há lugares no nosso planeta onde é um bem escasso, felizmente no nosso país ainda existe em abundância, mas como podemos ver na reportagem da SIC, ainda não há a consciência do seu valor e da necessidade de um consumo pensado e responsável, faz falta educação e sobretudo consciencialização da importância de um consumo regrado, sob pena de estarmos a mal gastar um bem precioso e de não estarmos a cuidar da nossa saúde.

 

O dia 15 de Outubro é o Blog Action day de 2010, este ano dedicado à água, desde aqui faço um apelo aos responsáveis do conselho de Oliveira de Azeméis... e o Sr Hermínio Loureiro, presidente da Câmara, até é natural de Alviães, para que vejam bem o que se passa com o consumo de água na freguesia de Palmaz... e a todos nós, para que sejamos responsáveis no consumo diário da água.

 

A reportagem da SIC para quem não viu:

 

 

 

Jorge Soares

publicado às 21:19

Incêndios, o calor não explica tudo!

por Jorge Soares, em 27.07.10

Incêndios

 

Imagem do Público

 

Há 15 dias fui passar o fim de semana aos meus pais, no Sábado à tarde peguei na máquina fotográfica e fui dar uma volta pelo lugar. Junto às ultimas casas e antes de entrarmos na densa floresta de pinheiros e eucaliptos, nos terrenos abandonados restam algumas árvores de frutos, uma figueira, pessegueiros, restos de uma enorme cerejeira e uma macieira coberta de frutos avermelhados que despontam por entre o enorme silvado que tomou conta de tudo. Do outro lado e a poucos metros das casas, por entre as árvores o mato que há muito não é limpo por ninguém, é bem mais alto que eu.

 

Hoje no telejornal (podem ver aqui) Hermínio Loureiro, Presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis, desde as margens do rio Caima em Ossela, falava de um incêndio que decorria a poucos metros da povoação e descrevia uma situação assustadora e caótica. Lembro-me de há 3 ou 4 anos passar naquele mesmo lugar, que fica a poucos Kms da casa dos meus pais,  e ver toda a encosta junto ao rio completamente queimada. Não foi há muito que toda aquela floresta ardeu.. esse incêndio terá sido a ultima vez que aquele lugar foi limpo, sendo que desde então esteve a acumular combustível... para mais um incêndio.

 

A lei diz que a responsabilidade da limpeza das matas é dos seus proprietários, mas cabe ao estado, neste caso à Câmara Municipal, fiscalizar e notificar para que as limpezas sejam feitas. A realidade é que as matas não são limpas, ninguém fiscaliza e mal o tempo começa a aquecer os incêndios aparecem... e as imagens são as que infelizmente conhecemos de todos os anos.

 

Em toda a Europa a Biomassa é um negocio  que movimenta muitos milhões de Euros e em crescimento constante, em Portugal a biomassa acumula nas matas até que é consumida pelos incêndios florestais. O dinheiro que não se ganha com o seu aproveitamento é gasto no aluguer de aviões e de helicópteros que são sempre em número insuficiente para acudir ao número cada vez maior de incêndios (notícia do Público).

 

É de louvar que nesta altura o Sr, Hermínio Loureiro apareça junto à população, mas era muito mais inteligente de sua parte aparecer por lá na Primavera junto com os fiscais da Câmara e garantir que no verão as matas estejam limpas e livres de biomassa, e a prevenir que estas coisas aconteçam. E quem diz Hermínio Loureiro, pode dizer qualquer outro responsável camarário das centenas de câmaras com área florestal no nosso país.

 

Jorge Soares

publicado às 21:14

A Bola de Berlim

por Jorge Soares, em 04.01.09

Bola de Berlim

 

No outro dia em Oliveira de Azeméis numa das muitas pastelarias que por lá há, observávamos a quantidade e variedade de bolos que enchiam as montras  e em jeito de provocação eu  insistia com a R. para que escolhesse um. A minha filha não gosta de bolos, coisas doces e/ou com creme não são com ela. Na montra havia um tabuleiro cheio de bolas de Berlim, enormes, frescas e com aspecto delicioso, com montes de creme. É claro que ela não quis.... mas a conversa fez-me avivar as minhas memórias, e retroceder até ao dia em que vi pela primeira vez uma bola de Berlim.

 

Tinha eu 9 anos quando fui para o ciclo, naquela altura o ciclo estava dividido por dois locais, o segundo ano era no edifício da escola e o primeiro era num velho casarão, as salas estavam divididas pelos diversos andares do velho edifício e por um anexo pré-fabricado que ficava no antigo quintal da mansão. Eu tinha aulas numa das salas do pré-fabricado e lembro-me de um dia em que a chuva e a saraiva eram tantas, que não nos conseguíamos ouvir dentro da sala.

 

O bar da escola era num pequeno vão de escada no 3º andar do casarão, quem tinha aulas nos anexos raramente entrava no edifício, o recreio era já ali. Demorei muito tempo a descobrir que havia um sitio onde comprar coisas, a primeira vez que lá fui foi a acompanhar alguém que ia comprar um pacote de batatas fritas para o lanche.  Em quanto o meu colega comprava as batatas fritas, fiquei a olhar para umas enormes bolas castanhas cobertas com açúcar branco. Lembro-me de perguntar o que era aquilo, e de alguém dizer:

 

-É uma bola!

-Uma bola?

-Sim, uma bola, é doce e tem creme!

-E quanto custa?

-5 escudos, queres uma?

-Não!

 

5 Escudos era muito dinheiro, para mim que não tinha nenhum era muitíssimo dinheiro, e estava fora de questão eu os obter para comprar um doce. Um dia, já os meus pais tinham emigrado e eu fora viver em casa da minha tia, descobri que não era preciso ter dinheiro. Além de bolos e batatas fritas, vendiam-se outras coisas, lápis, folhas, material escolar, coisas que de vez em quando eram necessárias, a senhora que geria o bar tinha um caderno onde anotava as coisas que cada um levava e no fim do mês enviava a conta. Descobri isso quando precisei de umas folhas para um teste e evidentemente não tinha dinheiro, alguém me explicou como funcionava, e lá se abriu a folha com o meu nome.

 

Não me lembro bem se foi no primeiro dia ou no dia a seguir, mas é evidente que a coisa seguinte que ficou anotada no livro foi:

 

-Bola - 5 escudos.

 

Ainda hoje consigo recordar o sabor daquela bola com creme. Os tempos mudam, tinha eu 9 anos quando vi pela primeira vez uma bola de Berlim, de certeza que se eu perguntar, nenhum dos meus filhos se lembra da primeira vez que as viu, no imaginário deles elas sempre existiram, junto com muitas outras coisas a que eu só tive acesso muito mais tarde.

 

A R. nem gosta de doces, eu também não gostava... porque nem sabia que eles existiam.

 

Jorge

 PS:Imagem retirdada da internet

 

 

publicado às 21:50

É natal, é natal.... falem-me do vosso natal

por Jorge Soares, em 08.12.08

Natal

 

Não sei se já disse aqui, mas sou um ateu convicto, deus não existe, ponto final. Ora se deus não existe, festejar o natal não deixa de ser algo bizarro. Uma vez em conversa com um amigo, ateu como eu, e quando lhe falei de lhe enviar um postal de natal, ele disse que não, que ele não festejava o natal, mas teria muito gosto em receber um cartão para festejar o dia dos inocentes, que para os latino-americanos é o dia 28 de Dezembro, sendo que é nesse dia que se festeja o dia das mentiras.

 

Para mim o natal costuma ser quase uma peregrinação, os meus pais estão em Oliveira de Azeméis e os meus sogros estão em Portalegre, todos os anos tenho uma viagem de 1000 Kms, ceia de natal num lado, almoço do dia 25 no outro. Mas não deixa de ser a festa da família, porque os 1000 Kms são mesmo para isso. É evidente que não festejo o nascimento de um menino numa manjedoura, nem vou à missa do galo, mas eu sou uma pessoa que gosta de tradições.

 

Quando a ceia de natal é em casa dos meus pais, começo a petiscar a meio da tarde e quando chega a hora da ceia o apetite já é muito pouco, mas não deixo de comer nem que seja um bocadinho de bacalhau cozido com as correspondentes batatas e muito azeite. 

 

Passei alguns anos na Venezuela em que não havia bacalhau, não havia divisas para importações. E por muito peru, carne assada, leitão,  que me apresentassem, o natal não me sabia a natal, ficava sempre algo por preencher. Sei que é uma parvoíce, mas há coisas que estão dentro de nós, coisas que fazem parte das nossas memórias e que dificilmente morrem.

 

Em casa da minha sogra não há bacalhau cozido na ceia de natal, há bacalhau assado no forno e isso é em minha honra, não deixa de ser natal e uma festa familiar...  

 

O natal começou por ser uma festa pagã que festejava o solstício de inverno, depois foi herdado pelos cristãos que festejam o nascimento do seu salvador, e do meu ponto de vista, voltou a ser uma festa pagã, em que se celebra uma árvore e um senhor de barbas e se trocam presentes.... mas, o mais importante, muito mais importante que o consumismo, é que é uma festa em que se juntam pessoas, há pessoas que viajam milhares de Kms só para estarem com quem amam.. e só por isso, é uma festa bonita.

 

E vocês?, como é o vosso natal, esqueçam o consumismo e a troca de prendas, falem-me do vosso natal, de aquilo que significa e  lhes deixa no coração.

 

Jorge

PS:Imagem retirada da internet

 

publicado às 21:40

O menino valente

por Jorge Soares, em 17.11.08

Castanhas

 

As couves para o jantar do natal são plantadas mais ou menos pelo São Martinho, a minha mãe semeava o leirão no fim de Setembro, se o ano fosse bom e a geada não as queimasse, para o São Martinho estavam em condições de serem colhidas e plantadas na horta. Ela semeava sempre um leirão  a mais com a ideia de as ir vender.

 

De Alviães a Telhadela é mais ou menos uma hora de caminho a pé, por entre pinheiros e eucaliptos, o velho caminho de terra segue a encosta do rio Caima até que já à vista das primeiras casas o atravessa pela  velha ponte.

 

Eu devia ter uns 5 anos, a minha mãe acordou-me de madrugada, muito antes do sol nascer, o velho cesto com as couves arrancadas à terra na tarde anterior estava pronto. Um pouco de agua para que arrebitassem, cesto à cabeça, e fizemos-nos ao caminho. Noite escura como breu por entre os montes, sem luz nem lanterna,  lá fomos andando, sem medos que eram outros tempos. 

 

A seguir à ponte e antes das primeiras casas havia um bosque de castanheiros, estávamos quase a chegar, de repente por entre o mato ouvimos um ruído, o meu coração acelerou mas não dei parte de fraco:

 

-Mãe, não tenhas medo, eu estou aqui contigo!

 

Chegamos às primeiras casas com a aurora, em menos de nada todas as couves estavam vendidas e um punhado de escudos estava bem guardado, quando voltamos a passar pelos castanheiros já o sol se levantara e as castanhas eram visíveis dentro dos ouriços. Nessa altura o cesto que havia sido das couves molhadas, passou a ser das castanhas para o magusto.

 

Agora ninguém vai a Telhadela a pé, imagino que o caminho terá sido invadido pelas silvas e o mato, já ninguém vende couves num cesto à cabeça e já não restam meninos valentes.

 

Jorge

PS:Imagem retirada da internet

 

publicado às 22:05

Há palavras que nos beijam ....

por Jorge Soares, em 02.11.08

 

No outro dia estava a partilhar umas fotografias com a Flor e quando ela viu esta, a conversa foi mais ou menos assim:

 

- E o que é esta coisa laranja? - Pergunta a Dona Flor.

-Uma cabaça

-Na na, uma cabaça é aquela que se seca para fazer de odre do vinho

-Sim, isso é uma cabaça, mas esta também é,  de outro tipo, mas é cabaça.

-na na, cabaço, ou abóbora!

-Também, mas também é uma cabaça, nunca ouviste falar da Cabaça menina?

 

A conversa prolongou-se e a Flor até escreveu este post, onde há cabaças e chilas, e eu fiquei a pensar em como há palavras que ficam, porque apesar de eu ter saído há 30 anos da terrinha, há palavras que continuam comigo, palavras que só ouvi lá e que me trazem recordações de sabores, de cores, palavras que me fazem sentir de lá, palavras minhas.

 

Quando eu era pequeno mais ou menos nesta época depois das primeiras chuvas, ia aos tartulhos com o meu pai, que  abríamos e assávamos na brasa de alguma borralheira.. era só juntar umas pedras de sal, uma delicia.

 

A minha mãe fazia o estrugido com o unto que ficava dos rejões e tapava a panela com o testo. O meu irmão gostava do pão trigo barrado com unto, mas eu preferia a trigamilha com pêssegos carecas, ou o pão de Ul com uvas maduras.

 

No natal a minha mãe fazia bilharacos de cabaça menina, são deliciosos com canela, mas eu prefiro as rabanadas de vinho tinto, feitas de cacetes duros que o padeiro traz na semana anterior.

 

Ainda hoje quando vou de visita à terrinha, gosto de beber o vinho americano por uma malga de caldo, mas dispenso sempre o caldo de couves que o meu pai prefere com arroz. O que não dispenso é a chouriça feita com a carne da matança do porco e que eu acompanho com a melhor broa de milho. E para sobremesa ou para o lanche, regueifa com marmelada e queijo.

 

Há uns anos, já eu namorava com a P., fomos a Braga e no bom Jesus havia um letreiro que dizia, "É proibido calcar a relva"... tive que ir buscar um dicionário para lhe mostrar que calcar existe mesmo...

 

É isso, há palavras que nos beijam...e nos deixam um aroma de frescura. Agora desculpem lá se nada disto faz sentido, mas apeteceu-me despejar as palavras, e atrás delas vieram as nostalgias, os aromas e os sabores... se não perceberam nada.... devem ser do Sul.

 

Se forem para os lados de Oliveira de Azeméis, não deixem de provar o pão de UL, a Regueifa e a chouriça.... com vinho americano.

 

Jorge

PS:Imagem minha.. é uma cabaça menina.

 

publicado às 20:59

Refazendo caminhos ... até ao rio!

por Jorge Soares, em 27.04.08

Por do Sol, Alviães, palmaz,oliveira de azemeis

 

Tirei esta fotografia da varanda da casa dos meus pais, nos dias claros em que o vento do norte leva as brumas, podemos ver o sol a pôr-se no mar e o seu reflexo na ria de Aveiro. Nos dias de sol de Inverno em que o mar está revolto, conseguimos ver a espuma das ondas na distância. Ontem estava assim, o sol teimava em esconder-se por trás das nuvens pintadas de laranja e amarelo.

 

À tarde sai de casa sozinho e fui andar, refazer caminhos, procurar passos perdidos, fui directo ao monte com ideia de chegar ao rio.... descobri que com o tempo vamos perdendo as referências e que no monte os caminhos mudam, donde antes havia carreiros há agora aceiros largos, e donde antes havia caminhos há agora ténues rastos de passos perdidos donde cresceram tojos de espinhos afiados, silvas e pés de eucaliptos já várias vezes cortados.

 

De um modo ou outro lá cheguei ao rio, que alguma vez foi de águas cristalinas, agora... bom, agora já não é. Mas continua lá, e continuam lá as ruínas dos moinhos e as fontes donde bebia agua... noutros tempos.

 

Não sabia bem donde estava, mas era preciso voltar... descobri que já não consigo subir as encostas com a agilidade de antigamente, e que o rio fica muito mais longe e mais abaixo que aquilo que conseguia recordar,  mas continuo com o meu sentido de orientação intacto, voltei ao ponto de partida, por outros caminhos ainda mais apagados no tempo, mas voltei ao sitio exacto... pena que já não se possa beber agua nas fontes... que continuam a correr.

Jorge

PS:Hoje não há PS

 

publicado às 21:55

De volta ao Karate - Oliveira de Azemeis

por Jorge Soares, em 21.11.07

Voltei ao Karate, ...quer dizer, a minha mente tenta, o resto do meu corpo é que parece que não está muito para aí virado......mas é bom, há uma serie de músculos que já não me lembrava que existiam.....agora sei que eles estão lá........doem!

 

Isto lá para de aqui a um mês deve passar....se conseguir sobreviver até lá!

 

Entretanto no Blog Forum Azemeis encontrei este vídeo, os créditos estão no fim, não pedi autorização para a sua utilização, mas desde já deixo o meu muito obrigado ao Carlos Cunha, ..autor deste trabalho.

 

Mais memórias da minha terra, Oliveira de Azeméis

 

Jorge

publicado às 23:08


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