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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem minha do Momentos e Olhares
Vinha no carro a ouvir a noticia e fiquei a pensar no assunto, foi hoje apresentado um estudo que fala sobre quais são os motivos que unem os portugueses, os resultados para além de óbvios, quanto a mim são deprimentes, senão vejamos:
"44% dos inquiridos acreditam que há união entre os portugueses, 32% defendem que é “moderada”, mas quase um quarto sustenta que o laço não existe."
E o que é que nos une?, a bandeira nacional, Fátima, a selecção nacional e o futebol... ou seja, passaram 40 anos do 25 de Abril, pouco ou nada mudou e para uma grande maioria dos portugueses, o país continua a ser Fátima, fado e futebol.
Não os culpo, eu próprio tentei pensar em algo que realmente una os portugueses e o único que me ocorreu foi mesmo a selecção nacional, e isso é quando eles conseguem ganhar. Imagino que a maioria terá pensado nos descobrimentos, num povo de marinheiros, ... talvez isso possa ser motivo de orgulho para quem queira viver do passado, somos um país com uma história longa ... mas para mim é tão importante saber estar como encontrar, nós soubemos lá chegar mas está à vista que não soubemos lá estar e ninguém se quer lembrar da forma como de lá saímos.
Mas sabem o que é mesmo triste? Isto:
"... além do 25 de Abril de 1974 e dos Descobrimentos, o Estado Novo também é referido e por metade dos inquiridos."
Metade dos inquiridos coloca o estado Novo ao mesmo nível do 25 de Abril e dos descobrimentos... e assim de repente eu percebo porque é que tenho tanta dificuldade em identificar algo que me una ao resto do país.... para mim o estado novo é das coisas mais vergonhosas que aconteceu por cá e só deve ser lembrado para evitar que alguma vez se possa repetir.... encontrar num regime que condenou um país a viver na miséria e o atraso e o amordaçou de costas para o mundo durante 40 anos motivos de orgulho ou união é no mínimo deprimente. Alguém acha que saiu mesmo algo positivo do Estado novo?
Mas ainda resta alguma esperança, ... "há muito orgulho nos feitos da história, do desporto, das artes e da ciência, mas “embaraço e vergonha no sistema económico e político actual” .
Pena que depois esse embaraço e vergonha não se traduzam em nada na hora de votar e a maioria ou não põe lá os pés ou continua a votar em quem tanto os envergonha.... vá lá a gente perceber este povo.
Há evidentemente muita gente neste país que é motivo de admiração e até algum orgulho, ... nas artes, nas ciências, na investigação, será que o país sabe que eles existem e está à altura deles?
Jorge Soares
Imagem do Ainanas.com
Não foi um grande jogo, mas foi sem dúvida o jogo mais difícil da Espanha neste Euro de 2012, ao contrário de todas as outras equipas que jogaram contra eles, nós não mudámos nada, jogamos o nosso jogo com o nosso esquema habitual, de olhos nos olhos, com respeito pela equipa que é campeã da Europa e do mundo, mas sem medo.
Antes do inicio do Europeu havia muita gente a torcer o nariz a este grupo e este treinador, havia inclusivamente quem dissesse que era Ronaldo, Nani e uma mão cheia de jogadores medianos, que era a pior equipa dos últimos tempos. Com o decorrer dos jogos viu-se que nada disso é verdade, esta equipa é tão digna e tem tanto ou mais valor que qualquer uma das que nos representaram do Euro 2000 para cá. Não, não é Cristiano Ronaldo e mais 10, é uma equipa recheada de excelentes jogadores que conta com um dos dois melhores jogadores do mundo.
Hoje caímos de pé, não me lembro de termos perdido alguma vez nos penalties, acho que nos meus 44 anos de vida isso nunca aconteceu, os penalties são sempre uma lotaria em que a sorte pode cair para cada um dos lados, hoje a sorte caiu para o lado espanhol, alguma vez tinha que ser.
Devemos ter orgulho nesta selecção, nestes jogadores, neste treinador, caímos de pé e com muita honra, não é vergonha nenhuma, mas custa tanto!
Jorge Soares
- Pai, o que quer dizer imaterial?
De tanto ouvir a estranha palavra, o N. terminou por querer saber o significado, também não é assim tão fácil de explicar... mas nos dias de hoje, como estão as coisas, como está o país e a nossa autoestima, noticias destas são realmente bem vindas... pode não servir para muito mais, mas é quase como quando joga a selecção, nestas alturas somos todos patriotas e orgulhosos do país em que nascemos que (ainda) é capaz destas pequenas coisas.
Curiosamente esta distinção vem numa altura em que o Fado vive uma especie de segunda vida, dizia alguém estes dias no Facebook, não me lembro quem, que vivemos a época das fadista boazonas, não concordo, basta ver os filmes da Amália para percebermos que as fadistas sempre foram boazonas. Acho sim que vivemos uma época em que sabemos aproveitar melhor as excelentes vozes femininas: Mariza, Carminho, Cristina Branco, Ana Moura, Ana Sofia Varela, Joana Amendoeira, e tantas outras, contribuem todos os dias, não só para manter vivo e com muita força este género musical tão nosso, como para o levar cada vez mais longe pelo mundo.
Também já li por aí quem se pergunta qual a verdadeira importância de tudo isto, vale o que vale, mas não deixa de ser um motivo de orgulho e uma prova, mais uma, de que conseguimos ser bons em algo... e se não acreditam, ouçam o vídeo da Mariza e vejam se conseguem ficar indiferentes.