Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Sol
A frase acima foi retirada da notícia do SOL e terá sido dita por Gino Flaim um padre italiano de 75 anos. Há coisas que são difíceis até de comentar. Este senhor tem 75 anos, imagino que será padre há qualquer coisa como 50 anos, neste tempo todo, quantas crianças lhe terão passado pelas mãos... quantas vezes terá ele cedido à tentação?
O papa Francisco será uma pedrada no charco, mas a igreja é feita de muitas pessoas como estas, como é possível que alguém tente culpar as crianças pelos abusos de adultos?
Padre vem do latim patre, pai, como é possível que alguém que deveria ser um pai, um pastor, possa olhar para o afecto que as crianças procuram como uma forma de tentação?
Declarações como esta mostram que apesar de todo o esforço que o Papa Francisco está a fazer, falta muito mais por fazer, há ainda no seio da igreja muita gente que pratica e protege este tipo de atitudes, e fazem falta muito mais que palavras, não só por parte da igreja mas por parte de todas a sociedade para combater este crime horrendo.
Por favor, Não deixem ir a eles as criancinhas.
Jorge Soares
Imagem de aqui
“Um mundo onde as mulheres são marginalizadas é um mundo estéril, porque as mulheres não somente trazem a vida, mas transmitem a capacidade de ver mais além, elas veem mais além."
Papa Francisco após o Angelus no dia 8 de Março de 2015, dia internacional da mulher.
Acho que não há grandes dúvidas para ninguém que ao longo da sua história a igreja sempre marginalizou o papel da mulher, relegando-a para um papel secundário, longe da hierarquia e longe do poder.
Será que o Papa Francisco com toda a humildade e proximidade que o caracteriza tem a noção do alcance das suas palavras? Terá ele a noção que apesar de faltar ainda uma boa parte do caminho, o resto do mundo está muito mais próximo de reconhecer a importância do papel da mulher na sociedade e que a igreja é uma das últimas instituições que tarda em reconhecer esse papel?
Estará Francisco consciente de que a igreja é cada vez mais uma instituição estéril?
Jorge Soares
Hoje muita gente até agora cheia de certezas terá posto as mãos na cabeça, que um papa admita assim em público e sem papas na língua que afinal a ciência está certa, que na origem do universo está o Big Bang e que não é assim tão disparatado dizer que todos descendemos se não do macaco pelo menos de um elo comum com este, é sem dúvida um enorme acto de coragem.
Com estas palavras a igreja deu um enorme passo em frente, admitir que para além de deus existem leis da natureza que explicam a nossa existência e que as forças da natureza estão muito além de um passe de varinha mágica é toda uma nova forma de estar.
Não sei por onde terá andado escondido este senhor na últimas décadas, mas uma coisa é certa, com ele a igreja vai definitivamente no caminho certo.
O que ele afirmou hoje é o que afirmam a maioria das pessoas que conheço, pessoas que lendo ou não a bíblia, olham para esta como uma série de metáforas e não como a verdade absoluta, pessoas que há medida que vão crescendo e vivendo se tem ido afastando da instituição igreja católica porque se recusam a partilhar a sua fé com uma instituição que se recusava a aceitar como certo tudo o que ia em contra dos seus dogmas.
Acredito que com este papa e com a nova forma de olhar para o mundo que veio com ele, muitas destas pessoas poderão voltar a olhar para a igreja católica como a instituição que representa a sua fé.
Acho que a principal virtude de Francisco foi conseguir olhar à volta e perceber o que de errado havia no seio da instituição, ter essa percepção e não ter medo de fazer evoluir a instituição à imagem do mundo à sua volta e não o contrário, faz deste homem alguém definitivamente especial.
Não deixo evidentemente de ser ateu, "deus não existe, ponto final" mas não consigo deixar de admirar a coragem e a força de vontade deste papa que definitivamente veio mudar muitas coisas.
Jorge Soares
Imagem de aqui
Terminou no Domingo passado no Vaticano o Sínodo dos bispos católicos onde o papa Francisco levou a discussão o conceito de família contemporânea, entre os temas mais polémicos em discussão estavam a comunhão dos divorciados e a homossexualidade.
O simples facto de estes temas terem sido levados a discussão já são um enorme avanço para uma igreja católica há muito encerrada em si própria e de costas para a forma como o conceito de família tem evoluído ao longo dos tempos e sobretudo a partir da segunda metade do século passado.
O papa tenta mostrar o caminho, há bem pouco tempo foi noticia a aceitar num casamento celebrado por si em Roma uma mãe solteira e na forma como tenta mudar a forma como a igreja olha para os homossexuais católicos.
Desde a sua chegada a Roma que Francisco não se cansa de ser uma autêntica pedrada no charco na forma diferente e mais terra a terra como tenta levar o seu papado. Um papa humilde, próximo dos fieis e consciente da realidade social que existe para além dos muros do Vaticano.
Mas está claro que Francisco é um homem que vive muito para além do seu tempo e do tempo dos que o rodeiam, visto desde fora a sensação que dá é que por muita vontade e ideias que ele possa ter, o conservadorismo instalado não está disposto a mudar assim tanto e tão rapidamente.
Prova disso é que após duas semanas de discussão os dois pontos mais polémicos, a comunhão dos divorciados e o casamento entre homossexuais, foram chumbado pela maioria dos bispos presentes e terão até ficado de fora dos 63 pontos a discutir no próximo sínodo que ocorrerá daqui a um ano.
Não sei se quando elegeram Francisco, um jesuíta latino-americano, os cardeais teriam ideia das suas ideias revolucionárias e se tendo esse conhecimento o teriam eleito na mesma, para o bem da igreja e até do futuro da cultura ocidental, ele dure o suficiente para ir avante com as suas ideias.
Jorge Soares
Imagem do Público
Já me acusaram aqui de querer ter sempre a razão, bom, não tenho, dou o braço a torcer algumas vezes e pelos vistos esta será mais uma delas.
Por norma sou desconfiado em relação a tudo o que tenha a ver com a igreja católica e muito desconfiado em tudo o que tem a ver com papas, e fui dos que torci o nariz à eleição deste. Disse na altura que se a ideia era mudar a igreja esta não seria a escolha certa, o que só mostra que para conhecermos alguém temos que ir mais além do que lemos na comunicação social e sobretudo a mim mostra-me que só depois de vermos as pessoas actuar é que podemos julgar.
Ainda durante esta semana quando foi aquele episódio do passeio do amigo no papa-móvel, eu fiquei a pensar se tudo isto não seria simplesmente resultado de uma campanha de marketing muito bem pensada e melhor sucedida... isto porque apesar da às vezes até exagerada proximidade deste senhor ao povo, a verdade é que a igreja é uma instituição antiga, velha e muito pesada onde não é fácil ver as mudanças.
Uma das coisas que mais critico na igreja, crenças e fé aparte, é a forma como tenta obrigar as pessoas a seguir as suas regras, especialmente as suas normas com respeito a meios anticonceptivos, a forma como discrimina os homossexuais, os divorciados, mães e pais solteiros, etc. Sempre olhei para isto como uma forma errada e artificial de angariar fieis, até porque a fé tem pouco a ver com a religião e não é excluindo que se chega às pessoas.
E é preciamente neste tipo de coisas que este papa se mostra cada vez mais um papa diferente, foi noticia hoje em toda a imprensa nacional e internacional que: "O Papa Francisco baptizou neste domingo, no Vaticano, o filho de uma mulher solteira e a filha de um casal casado apenas civilmente, durante uma cerimónia na Capela Sistina"
Dizem também as noticias que isto aconteceu por iniciativa expressa do Papa e acho que não restam duvidas que , tal com o já o tinha feito com os seus comentários sobre a forma como a igreja deve olhar para os homossexuais, Francisco tenta dar o exemplo sobre o que deve ser uma igreja inclusiva e aberta a todos.
Ainda um destes dias alguém me comentava que um padre algures numa aldeia do centro do nosso país se tinha negado a comparecer num funeral porque havia a suspeita de que a defunta se tinha suicidado, são também comuns os relatos de pessoas que tem que deixar de comungar e até de dar catequese porque se divorciaram, já para não falar da enorme quantidade de pessoas que não baptizam os seus filhos porque não se casaram pela igreja... era bom que a Igreja Portuguesa olhasse para o exemplo que vem de cima.
Jorge Soares
Imagem do Público
"Quem sou eu para julgar os gays?" - Papa Francisco nas respostas aos jornalistas durante a viagem entre o Rio de Janeiro e Roma
“Não posso rezar a um Deus homofóbico” - Desmond Tutu, arcebispo sul-africano e prémio Nobel da Paz em declarações aos media da África do Sul.
E de repente parece que das trevas começa a sair algo de luz, estas duas declarações apareceram hoje na imprensa mundial, imagino que terá sido uma coincidência, mas sem dúvida nenhuma que ambas mostram um enorme passo em frente com respeito à forma como até aqui a religião olhava para este assunto.
Confesso, fui dos que olhou de lado para a escolha deste papa, mas não há dúvida que até agora a forma como ele tem enfrentado o seu pontificado constitui uma enorme pedrada no charco. Se o objectivo de Bento XVI ao renunciar era que viesse alguém que levasse a igreja a dar um passo em frente, acho que esse objectivo está completamente conseguido.
Nos últimos dias vimos e ouvimos um Papa muito mais próximo das pessoas e da realidade que o rodeia, um Papa que foi capaz de ir às favelas do Rio de Janeiro, que apelou à participação da população nas lutas sociais e que num Brasil que até há bem poucos dias estava em polvorosa, apelou aos jovens para que saiam à rua e lutem pelos seus direitos.
Hoje ouvimos Francisco a dar mais um passo em frente, “Se uma pessoa que procura Deus de boa vontade, e é gay, quem sou eu para a julgar?”. Não foi há muitos dias que em Lisboa se negou um funeral católico a uma pessoa simplesmente porque este vivia com outro homem, a homossexualidade é um tema tabu para a igreja, hoje Francisco desmistificou completamente este tabu.
“o catecismo da Igreja Católica diz muito claramente que os homossexuais não devem ser marginalizados [por causa da sua orientação] mas devem ser integrados na sociedade”
Sabemos que este tipo de coisas demora muito tempo a chegar das palavras aos actos, mas não há duvida nenhuma que este Papa representa um enorme salto em frente ara a igreja, esperemos que tenha a força suficiente para fazer chegar as suas ideias até todos os católicos e que viva o suficiente para conseguir que toda a igreja consiga entender e absorver as suas ideias.
Jorge Soares
Imagem do P3
Fui dos que expressei desconfiança sobre se este papa representaria uma verdadeira mudança para a igreja católica, hoje dou o braço a torcer. Depois de ficar conhecido como o papa que gosta de andar de autocarro e que dá cabo dos nervos dos homens da segurança, a apresentação do novo Papamobile movido a pedais convenceu-me, este é mesmo um papa diferente.
Resta saber como irão escolher o padre ciclista que terá a honra de conduzir o papa pelo meio da multidão... e servir de escudo humano em caso de atentado.. e já agora, por 204 mil Euros, bem que podiam ter colocado um teto para o ciclista.
Jorge Soares
Imagem do Pontos de Vista
A imagem acima apareceu-me ontem ao fim do dia no Facebook, já por si é uma imagem forte, ontem era ainda mais forte, porque foi um dia em que pudemos ver todo o fausto e o luxo em que vivem muitos dos que todos os dias enchem a boca com palavras cheias de intenção mas que na realidade não passam disso, de palavras.
Hoje a Golimix deixou-me o seguinte comentário no post que fiz com a imagem no Pontos de vista:
"Estavas à espera de um Papa que tirasse o seu anel, que vale uma pipa de massa, que retirasse regalias do Vaticano e acabasse com a excentricidade da Igreja para ajudar, para fazer a mensagem que "teoricamente" pregam?"
Na realidade eu não esperava nada, nem deste papa, nem dos anteriores, não há muito a esperar, estiveram 115 gajos encerrados no luxo quase pornográfico do Vaticano para decidir quem será o galo que se sentará a seguir sobre o pote de ouro.
Esses 115, juntamente com muitos outros, vivem como príncipes há vários anos, todos os dias pregam ao mundo mas não se privam de nada, nem a eles nem ao séquito que os rodeia. Como é que alguém pode esperar que algum destes senhores mude o que quer que seja?
Alguém acha que alguma das crianças da fotografia sabe quem é o papa?, é claro que não, eles estão preocupados com coisas muito mais importantes, ter o que comer por exemplo. Mas ninguém duvida que todos os cardeais sabem da existência destas crianças, e alguma vez algum se privou do que quer que fosse para tentar acabar com situações como as que se vêem acima?
Com o dinheiro que se gastou nestes últimos dias em Roma quantas crianças se alimentariam durante um ano?
É claro que eu não espero que ele venda o anel... mas se o fizesse e o convertesse em pão para os pobres seria sem dúvida nenhuma digno da minha admiração, até lá, não passa de um ditador mais, idolatrado por muitos sem que se perceba porquê, afinal o que fez ele até agora para merecer tantas loas e aclamações? Agora está sentado num trono de ouro enquanto há zonas do mundo em que as crianças tem que lutar para terem cesso a umas migalhas de pão.
Para mim a existência de um papa e de tudo o que o rodeia é só mais uma prova de que deus não existe, porque de certeza absoluta que não há nem homem nem deus nenhum que aguente a utilização do seu nome em vão como o fazem estes senhores todos os dias.
Jorge Soares
Imagem do Sapo
Depois da renuncia do papa Bento em nome da necessidade de alguém com uma outra energia e vontade de fazer a renovação da igreja, estava à espera da eleição de um papa mais jovem e que mostrasse uma maior ruptura com a linha que até agora se tem seguido no Vaticano.
Independentemente da sua origem, parece-me que este papa longe de representar a renovação necessária, representará sim mais do mesmo, não só pela sua idade mas também porque é um homem da linha de Ratzinger.
Vivemos numa época em que a igreja necessita uma renovação real, de um papa que consiga levar à cúria ideias mais próximas da época em que vivemos. Temas como o celibato, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, os contraceptivos e sobretudo o escândalo da homossexualidade na igreja católica , tem que ser enfrentados desde uma perspectiva real e não desde uma posição dogmática.
Francisco Primeiro tem 76 anos, é um papa que vem da América Latina, mas isso não significa necessariamente que venham novos ventos de renovação, a igreja latino-americana não é conhecida precisamente por estar na vanguarda, bem pelo contrário.
Quer-me parecer que ainda não é desta que a igreja vai acordar para o mundo, esperemos que quando o faça não seja tarde
Jorge Soares
pecado
Pouco a pouco tem-se vindo a fazer luz sobre os motivos que levaram Bento XVI a abdicar, entre noticias sobre lavagem de dinheiro no banco do Vaticano, as fugas do seu secretário pessoal, esta semana surgiu em Itália uma noticia em que teria sido um extenso relatório sobre os abusos sexuais e a existência de uma rede prostituição homossexual protegido por um lobby gay que estenderia os seus tentáculos ao próprio Vaticano, o que teria levado à demissão do papa.
Entretanto por cá foi noticia a existência de queixas de assédio sexual por parte de um padre católico contra o bispo Carlos Azevedo, queixas que seriam do conhecimento de muita gente e da própria cúria religiosa portuguesa.
De tudo o que fui lendo durante a semana há coisas que me parecem que são mais que evidentes, pelos vistos ninguém tem duvidas nem nega que o Bispo seja homossexual, o que não impediu que este continuara o seu percurso dentro da igreja, sendo inclusivamente um dos principais nomes para suceder ao patriarca da igreja portuguesa.
Tudo isto só prova como a igreja católica consegue ser hipócrita, se por um lado condena veementemente a homossexualidade, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e qualquer tipo de relação que fuja ao que para eles é normal, por outro lado não tem problema nenhum em fechar os olhos quando há suspeitas de que entre os seus principais há homossexuais, mesmo quando estes são formalmente acusados de assédio sexual.
Entretanto hoje foi noticia no Sol que para a igreja católica, pelo menos quando estão envolvidos membros da sua hierarquia, o pecado prescreve ao fim de 5 anos, ou seja, os supostos crimes de assédio sexual cometidos pelo bispo há muito que deixaram de ter importância..
E pensar que há tanta gente que na hora da morte se arrepende de tudo o que viveu só porque acha que está condenado ao inferno... alguém lhes devia dizer que não, que é só os pecados dos últimos 5 anos... pelo menos tinham uma morte mais descansada... por outro lado, isto devia fazer a todos os crentes terem uma perspectiva diferente da vida... afinal, quem é que está a pensar morrer nos próximos 5 anos?
Jorge Soares