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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Por norma as eleições em Portugal tem sempre muitos vencedores, para além de quem tem mais votos há sempre quem de uma forma ou outra consegue olhar para os seus (muitos ou poucos votos) de forma a ver o copo meio cheio... porque de uma ou outra forma ganhou algo... nesse sentido somos um país sui generis.
Olhando para o resultado destas eleições em que a maioria dos portugueses que foi votar escolheu manter no poder os mesmos e as mesmas políticas contra as que tanto ouvimos falar, não sei se haverá muita gente com razões para sorrir e festejar.
Para mim há uma vencedora clara, Catarina Martins, o Bloco de Esquerda teve o melhor resultado de sempre em eleições legislativas, cresceu em votos e em deputados, evidentemente um partido são muitas pessoas e há no bloco muita gente com imenso valor, mas não há duvidas que durante a campanha eleitoral ela teve um papel decisivo. Fez uma campanha em crescendo com uma enorme garra, uma mulher de armas e uma líder enorme.
Evidentemente o PS foi o grande derrotado, apesar da crise, da Troika e da austeridade, António Costa não se mostrou à altura e não conseguiu convencer os portugueses que seria capaz de fazer mais e melhor pelo país, uma derrota em toda a linha
Há outro derrotado claro, o PCP, ao contrário do que é habitual não havia grande ambiente de festa na sede do partido comunista, foram claramente ultrapassados pelo bloco de esquerda e não conseguiram capitalizar os votos dos descontentes.
Quem teve mais votos foi a Coligação PSD/CDS, e quem tem mais votos costuma vencer, só que quanto a mim foi uma vitória insuficiente, já ouvimos Catarina Martins e Jerónimo de Sousa dizer que não irão viabilizar qualquer governo com o PSD/CDS, e António Costa já mandou o recado "A coligação tem de perceber que há um novo quadro e que não pode continuar a governar como se nada tivesse acontecido".
Não vai ser fácil formar o próximo governo em Portugal e não seria nada estranho que as próximas legislativas fossem lá para meados do ano que vem.
Quanto ao resto dos partidos, eu pessoalmente tinha algumas expectativas em quanto a um resultado positivo do LIVRE, as primeira projecções da RTP davam a hipótese da eleição de um deputado, mesmo que se cumpram essas previsões, não deixa de ser um resultado curto para um movimento que conseguiu juntar tantos nomes de peso, sobretudo porque ficaram muito atrás, em número de votos, de partidos como o PAN, o PDR de Marinho Pinto e até do PCTP/MRPP.
Ia dizer que quem perdeu de certeza fomos todos nós, mas tendo em conta que 40% votou em seguir com a austeridade, o desemprego e as politicas da Troika..... se calhar sou eu que não percebo nada disto.
Update: O PAN conseguiu eleger um deputado por Lisboa e assim se converteu no quinto sétimo partido com assento na assembleia, quinto grupo parlamentar.
Jorge Soares
Imagem retirada do Público
Era difícil que isto me passasse ao lado, mas curiosamente a primeira vez que vi a fotografia da capa da revista em que Joana Amaral Dias aparece grávida e nua com o seu companheiro, foi através de um post do Facebook em que alguém com afinidades ao partido socialista criticava tamanha ousadia.
Falta um mês para as eleições legislativas, não sei se será porque estivemos todos de férias ou porque a comunicação social se centra quase exclusivamente nos principais partidos, mas confesso que as propostas e iniciativas dos pequenos partidos e coligações me tem passado completamente ao lado.
Sei que existe o AG!R e que faz coligação com outros dois pequenos partidos, o MAS e o PTP, sei que há o LIVRE que acolheu entre outros alguns dos políticos que nos últimos tempos abandonaram o Bloco de Esquerda. Marinho Pinto tem também o seu partido cujas siglas são PDR, mas para ser sincero, não faço a menor ideia do que propõe cada um destes partidos e movimentos políticos....o que não deixa de ser mais ou menos grave, porque tendo em conta que cada vez estou mais desagradado com os partidos do costume, estes deveriam ser os partidos dos que deveria estar mais próximo.... sobretudo porque não ir votar não faz parte das alternativas.
Evidentemente o timing escolhido pela revista e por Joana Amaral Dias para aparecer desta forma não será nada inocente... polémicas à parte, a capa da revista colocou os focos sobre ela e em consequência sobre o Ag!r. Pode-se pensar que se podia ter adiado a publicação para depois das eleições, mas será que no caso de ela ser eleita se atreveriam a publicar fotografias nuas de uma deputada da república? E como deputada eleita ela seria capaz de autorizar a publicação?
É claro que nesta altura só podemos olhar para isto como uma manobra de marketing que terá (?) ido longe demais. Pessoalmente não me choca nada o facto de ela ter aparecido nestes preparos na revista, não muda para nada a imagem que tenho nem como pessoa nem como política e para ser sincero não entendo o que melindrou tanto algumas pessoas.
Joana Amaral dias é para além de uma mulher muito bonita, uma pessoa frontal, inteligente e capaz de defender as suas ideias e é de pessoas como ela que o país precisa
Polémicas à parte espero que daqui até às eleições todos nós possamos ser melhor esclarecidos das propostas de todos os partidos, em especial dos que costumam aparecer menos e que estes possam ser verdadeiras alternativas aos mesmos de sempre.
Jorge Soares
Imagem do Facebook
Há qualquer coisa que me escapa na mente deste povo, passamos os últimos quatro anos a ouvir falar da austeridade, dos cortes nos salários, da pobreza, do desemprego, da miséria... e mal chega a altura das eleições, dá nisto...
Das duas uma, ou a crise e a miséria são uma miragem, ou então o povo português gosta mesmo é de sofrer....está visto que este é um país de masoquistas... .que fala, fala, mas gosta mesmo é de sofrer.
Jorge Soares
Imagem do Ionline
Esta semana ficamos a saber que se acabou idílio entre Marinho Pinto e o MPT (Movimento Partido da Terra), pelo que percebi, Marinho Pinto tentou tomar conta do partido arrumando quem já lá estava antes dele e a coisa deu em amuos e quebra do noivado.
Marinho pinto que há uns meses dizia ao país que o seu objectivo era ir para Bruxelas e fazer a diferença, rapidamente concluiu que a Europa é muito longe de Lisboa, do poder e dos holofotes das câmaras de televisão, pelo que já mudou de rumo. Pelos vistos o objectivo agora será candidatar-se a primeiro ministro e em caso de não conseguir ser eleito, pelo menos fazer-se eleger deputado.
Para isto irá formar um novo partido pelo qual se irá apresentar como cabeça de lista nas próximas legislativas.
Hoje ficamos a saber qual será uma das suas primeiras medidas se chegar a primeiro ministro, diz Marinho Pinto que 4800 Euros líquidos não dá para muito em Lisboa, e que o salário de 3500 Euros brutos dos deputados não é digno.
Por acaso até sou dos que concorda que os políticos portugueses não ganham muito, isto claro se não compararmos os 3500 Euros, aos que há que juntar as ajudas de custo e subsídios vários, com os menos de 500 Euros do salário mínimo nacional que ganham milhares de portugueses e com os menos de 800 Euros de salário médio nacional.
Não, os deputados não ganham muito, quem ganha muito pouco é o resto dos portugueses, mas eu entendo Marinho Pinto, ele é candidato aos 3500 Euros e já se está a ver a passar necessidades em Lisboa. Nada como começar a chorar desde já para ver se até lá a coisa melhora.... pena que quem o entrevistou não lhe tenha perguntado o que pensa ele do salário mínimo e o que pensa fazer a esse respeito quando for eleito pelo seu novo partido.
Sabem o que vos digo? Ele estava tão bem lá por Bruxelas onde ganha uns míseros 18 mil Euros por mês e onde não tínhamos que o aturar.
E você, o que faria com um salário de 4800 Euros liquidos por mês?
Jorge soares
A campanha eleitoral foi pobre, mesmo muito pobre, discutiu-se tudo menos os programas dos partidos para estas eleições, mas não é de certeza com abstenção que vamos fazer isso mudar, é com votos. Todos estamos mais ou menos fartos de políticos e de partidos, os últimos anos não tem sido fáceis e não me parece que as coisas vão melhorar muito nos próximos tempos, mas a verdade é que se as coisas estão como estão a culpa não é só dos políticos, é também nossa, porque somos nós quem elege quem nos governa... e quem não vai votar está sempre de acordo com quem ganha.
Tal como diz o cartoon, e ao contrário do que parece pensar muita gente, a abstenção não resolve nada, quem cala consente, basta um voto para que as eleições sejam válidas e serão válidas com 100% ou com 5% de participação, na realidade a abstenção favorece sempre os partidos com mais votos, porque muitas vezes quem se abstém é quem está descontento e quem não vai lá não vota nos outros partidos.
Portanto, pense bem, não deixe a decisão do seu futuro aos outros, vá e vote em consciência, seja em quem for, mas vote
Jorge Soares
Imagem de aqui
A propósito doe discurso de Cavaco Silva de ontem, dos apelos à união e ao voto e da importância destas eleições para a Europa e o País vieram-me à memória algumas coisas.
As Europeias são as únicas eleições a que me lembro de ter faltado, aliás, não me lembro nem quando nem em quem votei a última vez que lá fui...
Considero-me uma pessoa informada, mas para além do saudoso Miguel Portas , Ana Gomes e Rui Tavares, não me recordo de intervenções ou tomadas de posição de algum outro Eurodeputado português, e tenho uma enorme dificuldade em perceber qual o posicionamento político de cada um dos nossos partidos dentro da assembleia europeia.
Imagino que com a campanha eleitoral virão ideias, propostas e esclarecimentos, mas lá está, não me lembro de nas últimas eleições europeias ter ficado esclarecido... nem me lembro se fui votar ou não.
Outra coisa de que me lembrei foi de ter visto o seguinte vídeo sobre a forma como vivem os eurodeputados, que é por demais esclarecedor:
Já deixei aqui a minha opinião sobre o facto de Amália estar no panteão nacional e sobre a forma rápida e até atabalhoada se decidiu que Eusébio para lá irá.
Salgueiro Maia foi um dos exemplos que utilizei na resposta a alguns dos comentários do post sobre o Eusébio, como sendo uma das personalidades que eu entendia que juntamente com Saramago ou Fernando Pessoa, teriam lá lugar antes de jogadores de futebol ou cantantes de fado. Ontem quando ouvi Manuel Alegre sugerir que este fosse para lá trasladado fiquei curioso sobre qual seria a reacção do mesmo parlamento que há tão pouco tempo decidiu de forma consensual a entrada de Eusébio.
Por muito importantes que fado e futebol tenham sido para o país e para os sonhos e ilusões de muita gente, acho que a democracia é de certeza muito mais importante e quem sabe como a ela teríamos chegado sem a acção forte e decidida de Salgueiro Maia no dia 25 de Abril de 1974.
Para mim o consenso gerado no parlamento à volta de Eusébio tem mais a ver com o Benfica e com oportunismo político que com o verdadeiro sentimento dos deputados ou mesmo do país.
Curiosamente os mesmos senhores deputados que tão rapidamente decidiram há uns dias, agora já tem dúvidas e até acham que não se pode banalizar a coisa, segundo o líder parlamentário do PSD deve ser criado "um procedimento que não faça desenvolver no país uma tentação de poder agora a cada semana ou a cada mês haver uma proposta para uma trasladação para o panteão nacionall".
Será que os senhores deputados não percebem que foram eles que abriram a porta da banalização do Panteão nacional ao aceitarem a entrada de Amália e Eusébio?
Para muita gente Amália e Eusébio são símbolos imortais do país, pelos vistos Salgueiro Maia é só mais um português banal. O que podemos pensar de um país que eleva à tribuna de heróis a jogadores de futebol e fadistas, mas deixa morrer no esquecimento a quem se dispôs a dar a vida pela democracia e a liberdade de todos.
Concordo plenamente que o Panteão não pode ser um passeio da fama, mas para mim isso aplica-se a Eusébio e Amália, nunca a Salgueiro Maia.
Sempre achei que o país foi de uma enorme ingratidão com um homem que teve um papel fulcral no 25 de Abril, ingratidão que começou em vida e que pelos vistos se mantém após a sua morte.
De resto faz-me uma enorme confusão que Eusébio gere consenso entre os partidos e Salgueiro Maia não, há de certeza algo de errado na forma como lidamos com a nossa história contemporânea.
Jorge Soares
Imagem do Público
Terão sido os que não votaram os mesmos que à hora em que se sabia quem os iria governar, estavam a ver a casa dos segredos?
Gostava de perguntar a alguém de Oeiras que não tenha ido votar, o que achou da caravana vitoriosa que depois de conhecidos os resultados foi em peregrinação até à cadeia da Carregueira a prestar vassalagem ao grande líder?
A abstenção chegou aos 47,4 %... ficou a uma unha negra de ser maioria... há quem ache que os políticos retiram alguma lição disso... talvez alguns retirem, mas não me parece que sejam os que estão habituados a vencer.
Há quem tenha as mais elaboradas teorias sobre o suposto efeito da abstenção na politica nacional, há até mitos sobre uma suposta lei que diz que em caso de a abstenção ser maioria as eleições não valem... há, ideias e teorias para todos os gostos.. a realidade é que para O PS e o PSD, haver abstenção ou não será a mesma coisa, os seus apoiantes vão sempre votar e eles tem os votos garantidos... o resto, é conversa.
O que teria acontecido no Porto se em lugar de irem votar em alguém diferente, quem votou em Rui Moreira se tivesse abstido?
Só daqui a uns tempos iremos perceber se afinal Rui Moreira é mesmo diferente, se representa aquela pedrada no charco que faz falta para criar uma onda contra os partidos tradicionais e os políticos de sempre, ou se será mais do mesmo... mas para já a sensação que nos fica é que as coisas podem ser diferentes... basta que alguém acredite que pode fazer diferença e que muitos não se abstenham de ir votar.
É verdade que votar é um direito democrático que cada um pode exercer como lhe apeteça... e isso até pode ser não votando, mas desengane-se quem acha que a abstenção pode fazer a diferença... Como se provou no Porto e em alguns concelhos onde em lugar dos partidos ganharam listas de cidadãos, o que pode fazer diferença é ir lá e votar... não nos mesmos de sempre mas nos que realmente podem ser diferentes.
Há pouco alguém me fez chegar um vídeo onde Marinho Pinto no seu jeito demagogo e espalha brasas de falar, fazia um grande alarido sobre o facto de os partidos receberem 3 Euros por cada voto... gostava de perguntar a Marinho Pinto qual é a alternativa que ele sugere?,
O financiamento dos partidos políticos faz parte da democracia é conhecido e está devidamente legislado, a alternativa é que esse financiamento se faça através de escuras negociatas e trocas de favores... é mesmo isso que queremos?
Jorge Soares
Imagem de aqui
Faltam 3 dias para as eleições, vou votar é claro, mas se me perguntarem, ainda não sei muito bem em quem... Em Portugal as campanhas nunca andam perto daquilo que interessa, mas talvez nunca como esta vez terá andado tão longe de esclarecer e de debater as ideias que realmente interessam.
Sou uma pessoa atenta, leio jornais, vejo noticias na televisão, ouvi na Antena 1 uma boa parte dos debates para as principais cidades, mas mesmo assim se alguém me perguntar, o único que sei sobre propostas para a minha cidade, Setúbal, é que um dos candidatos, não faço ideia qual, prometeu que vai criar o Roaz, uma moeda nossa.... e isso porque hoje no Público a ideia aparecia listada como uma das anedotas da campanha.
De resto, de propostas a sério para se melhorar a mobilidade, a educação, a vialidade, os transportes, para se dar vida à baixa da cidade que cada vez mais se torna numa zona fantasma... zero. Atenção, não quer dizer que não tenham sido apresentadas soluções e ideias, se calhar foram, mas do meu ponto de vista algo terá falhado nas formas de comunicação de candidatos e partidos.
Só sei quem são alguns dos candidatos à câmara municipal porque vi cartazes e outdoors espalhados pela cidade... mas quem vê rostos não vê propostas... e a dizer verdade, há casos em que nem o nome nem o rosto me dizem o que quer que seja.
Sobre os candidatos à junta de freguesia, não faço a menor ideia de quem sejam ou das suas ideias.... o sitio onde moro é na fronteira com outra freguesia e já praticamente na saída da cidade... deve ser por isso que nem os costumeiros folhetos na caixa de correio com nomes e caras me chegaram.
Se calhar em Setúbal acontece como em Lisboa em que mais de metade dos candidatos não vota no concelho para o que pretende ser eleito... de aí aqueles rostos não me dizerem nada... porque na realidade não são pessoas que estejam empenhadas na sua cidade... aparecem nesta altura por conveniência dos partidos... depois desaparecem e voltam a aparecer daqui a 4 anos. Então e mudarem a lei para que isto não seja permitido? Só deve poder-se candidatar nas listas de um concelho quem efectivamente lá mora.. boa?
Setúbal tem mais de 120 mil habitantes, tem imensos problemas sociais, as escolas funcionam a duras penas, os pais tem que deixar os filhos à porta da escola porque nos arredores da maioria delas há uma enorme insegurança, todos os dias há relatos de estudantes assaltados, com consumo e vendas de droga à vista de todos. A baixa da Cidade está ao abandono e a partir das 7 da tarde é praticamente uma cidade fantasma.
A Arrábida está cada vez mais abandonada e abundam as matilhas de cães selvagens, no verão torna-se um enorme estacionamento que vai do Outão ao Portinho sem que ninguém garanta as mínimas condições para toda esta gente.
Entrar na cidade ao fim do dia é um caos, há uma variante que foi feita com curvas, curvinhas e cruzamentos para não se derribar ou mudar de lugar um pseudo monumento que agora está ao abandono e que um dia destes vai cair para a estrada dos Ciprestes.
Há o bairro da Belavista e os seus eternos problemas sociais que ninguém entende que não se combatem com mais polícia mas sim com programas sociais e de integração....
Era deste tipo de coisas que eu gostava de ter ouvido falar nestas semanas de campanha eleitoral... dos problemas reais da cidade... não do mesmo que costumo ouvir o resto do tempo e que é importante sim, mas não agora.
Não vou deixar de ir votar... é um dever e um direito do que não abdico, mas daqui até Domingo vou pensar muito bem como castigo tamanho vazio de ideias e a completa falha na comunicação por parte dos políticos desta cidade.
Jorge Soares
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Não vou discutir sobre se a lei de limitação de mandatos faz ou não sentido, há meses que andamos a falar do assunto e imagino que já todos devem ter a sua opinião sobre a mesma, sobre o seu espírito e sobre a forma como ela é interpretada ao sabor dos interesses de cada um.
Também acho que mesmo para aqueles que agora se beneficiaram das suas falhas, não restam dúvidas que esta é uma lei que nasceu torta e parece que infelizmente não há vontade de a endireitar. Terá sido uma falha do legislador, um erro de quem a transcreveu, uma forma de deixar pontas soltas, o certo é que a cada dia que passa se descobre que há mais uma forma de lhe dar a volta...
É claro que desenrascados como somos, há sempre alguém que se aproveita de uma forma ou outra de qualquer buraquinho para se tentar perpetuar no poder... mesmo que se esteja a falar de uma junta de freguesia... um lugar que mais que outra coisa qualquer, costuma dar muito trabalho e pouco proveito.
Hoje foi noticia que em Sátão, distrito de Viseu, na Freguesia de Ferreira de Aves, o actual presidente da junta decidiu que como ele não se pode candidatar, candidata-se a sua mulher. Ele é o número dois da lista, no caso da senhora ganhar as eleições, demite-se de imediato, passando o poder para ele.
A senhora é candidata pelo PSD e segundo o telejornal da RTP, nem sequer aparece em nenhum dos cartazes, quem aparece é ele.
Isto é o chico-espertismo elevado ao seu mais alto nível, e custa-me a entender que o PSD, afinal o partido que neste momento está a governar o país, aceite estratagemas como este para se perpetuar no poder... mesmo que seja numa pequena aldeia perdida no interior do país... É que de uma forma ou outra, o que transparece de tudo isto é uma enorme falta de seriedade.
Resta saber se este será caso único ou se há mais chicos espertos destes e se os partidos pelos que estão a concorrer às eleições dão cobertura a tais aldrabices.
Jorge Soares