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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Sol
A frase acima foi retirada da notícia do SOL e terá sido dita por Gino Flaim um padre italiano de 75 anos. Há coisas que são difíceis até de comentar. Este senhor tem 75 anos, imagino que será padre há qualquer coisa como 50 anos, neste tempo todo, quantas crianças lhe terão passado pelas mãos... quantas vezes terá ele cedido à tentação?
O papa Francisco será uma pedrada no charco, mas a igreja é feita de muitas pessoas como estas, como é possível que alguém tente culpar as crianças pelos abusos de adultos?
Padre vem do latim patre, pai, como é possível que alguém que deveria ser um pai, um pastor, possa olhar para o afecto que as crianças procuram como uma forma de tentação?
Declarações como esta mostram que apesar de todo o esforço que o Papa Francisco está a fazer, falta muito mais por fazer, há ainda no seio da igreja muita gente que pratica e protege este tipo de atitudes, e fazem falta muito mais que palavras, não só por parte da igreja mas por parte de todas a sociedade para combater este crime horrendo.
Por favor, Não deixem ir a eles as criancinhas.
Jorge Soares
Imagem do Público
Hoje levei os meus filhos para Lisboa, manhã cedo ouço sempre a Antena 1 e hoje não foi diferente, por muito que eles preferissem a Antena 3, às 8 as noticias falavam da hipótese de que os dados sobre pedófilos e condenados por crimes sexuais estivessem disponiveis para consuta de qualquer pessoa com filhos menores de 16 anos.
Antes mesmo que eu pudesse processar o assunto já a R. a adolescente reivindicativa cá de casa estava a reclamar:
- Mas isso é uma estupidez, as pessoas tem os seus direitos, já foram condenadas e já pagaram pela sua culpa, não podem ficar assim expostas a qualquer um que lhes queira fazer a vida impossível, isso é o que acontece nos estados unidos e as pessoas são impedidas de viver.
Nestas alturas fico sempre com um sentimento de dever cumprido.
Eu sei que o tema é melindroso, concordo que a pedofilia é um crime horrendo e que muitas vezes quem comete esses crimes o volta a fazer, mas, até posso concordar que as autoridades tentem de alguma forma registar e controlar estas pessoas, mas não posso concordar que se tornem públicos dados pessoas de pessoas que se é verdade que cometeram um crime, também é verdade que já pagaram por ele e após o cumprimento das penas tem direito à sua vida.
Qual a diferença entre um pedófilo e um assassino? Quem matou uma vez pode matar duas vezes, quantas vezes olhamos para o lado quando vemos violência familiar e depois esse olhar para o lado termina em morte de alguém com a cumplicidade de quem diz que "entre marido e mulher ...."?
Porque não disponibilizar da mesma forma os dados de quem agride mulheres .. e já agora, porque não divulgar publicamente quem foge aos impostos, quem excede os limites de velocidade, ou quem atravessa a rua fora da passadeira?.... se formos por aí de certeza que não vai ficar ninguém fora da lista.... mas aposto que aí vamos todos ser muito zelosos da nossa privacidade?
Esta proposta de lei é completamente demagógica e mais que tentar controlar, o que tenta promover é uma caça às bruxas, vai haver muito ocioso que vai ir consultar as listas e esquecendo o dever de sigilo, vai tornar a vida de muita gente num inferno, seja ou não a pessoa culpada, tenha ou não pago a factura dos seus crimes...
Há uma diferença enorme entre controlar e humilhar, ninguém deixa de ter direitos porque cometeu erros na vida e pagou por eles, todo o mundo tem direito a uma segunda oportunidade e recomeçar em paz, não é promovendo a caça às bruxas que se resolve o problema da pedofilia, não se combatem erros com outros erros.
Jorge Soares
Imagem do Público
Não nutro a mínima simpatia pela senhora, poderá ter os seus méritos no trabalho que fez na Casa Pia, mas eu não consigo esquecer que a Catalina Pestana já por lá andava quando havia crianças a serem abusadas dentro da instituição, crianças a serem levadas para apartamentos por toda Lisboa e até para casas no Alentejo... e custa-me a crer que tudo isto tenha acontecido debaixo dos narizes de todo o mundo com responsabilidades na instituição sem que ninguém desse por nada.
Esta semana, após a descoberta de mais um caso de pedofilia na igreja católica, a senhora veio a público dizer que sabia da existência de mais casos, só em Lisboa serão cinco.
Sabe? e só agora veio a público falar deles porquê? Porquê esperar pelo aparecimento público de mais um caso para vir para os jornais falar do assunto? Sabe desde quando?
A senhora diz que avisou a hierarquia da igreja católica há mais de um ano... há um ano? Ela sabia de tudo isto há mais de um ano e não fez nada? E porque não avisou directamente as autoridades como lhe competia? E se realmente denunciou o caso à igreja sem que esta actuasse, porquê se manteve em silêncio? porque deixou tudo no segredo das sacristias?
Quantas crianças já terão sido abusadas depois da senhora ter tido conhecimento desses casos? Quanto sofrimento terá causado com o seu silêncio cúmplice?
Quem tem conhecimento de casos de pedofilia e não os denuncia às autoridades competentes é cúmplice e tão culpado como quem comete os crimes.
Esta gente devia ter vergonha.
Jorge Soares
Imagem de aqui: https://1.bp.blogspot.com/_-M0KqG7Noxw/Sbxx9NVgptI/AAAAAAAAGVU/wPLeC21KIEU/s320/a.jpg
Ando há uns dias para escrever sobre isto, desde o fim da semana passada, era hoje, principalmente porque da parte da tarde enquanto desfrutava da beleza do aguaceiro sentado dentro do carro, ouvi algo que me deixou tão atónito que nem me consigo lembrar quem era a "eminência" eclesiástica que teve tal saída, dizia o senhor mais ou menos o seguinte:
"Existem países onde é obrigatória a denuncia destes casos à justiça e nesses países a igreja denuncia, nas nossas leis essa obrigatoriedade não existe, logo, a igreja não denuncia"
Fantástico, então e se eles souberem de alguém que não pertence à igreja e que comete este crime odioso... também não denunciam?
Entretanto ao dar uma olhadela pelos blogs que costumo seguir, encontrei este texto da Telma Sousa no Vila Forte, como dizia alguém num dos comentários, a Telma, para além de que escreve muito bem, diz o que há para dizer .. doa a quem doer.
Um post digno da rubrica:Coisas que eu poderia dizer, se conseguisse escrever assim.
A Igreja quer vendar-nos os olhos! Mas eu já não gosto de jogar à cabra cega!
Estava eu a pensar que o meu post desta semana ia ser sobre as alterações ao código de execução de penas e eis que de repente fico indignada ao escutar as declarações do Exmo Tarcisio Bertone, número dois do Vaticano e não poderia deixar de escrever sobre isso.
Juro que pensei… ah não devo ter ouvido bem… Não foi bem isto que disse… Mas não! Lamentavelmente escutei bem, tão bem que me deixou perplexa, diria mesmo furiosa, o que no meu actual estado pode ser crucial. Estas declarações são perigosas, perversas e têm certamente a intenção de desviar a atenção para o que tem vindo a público. O que está em causa e é verdadeiramente importante é o acto em si, o crime da prática do acto. Porquê a necessidade de vir afirmar a ligação entre a pedofilia e a homossexualidade? Qual é o objectivo?
Assim como porquê vir estabelecer a relação entre o celibato e a pedofilia? Não concordo com o celibato obrigatório (deveria existir o poder de escolha), mas isso não significa que os padres tenham maior propensão para a pedofilia.
A pedofilia é classificada, pela Organização Mundial de Saúde, como uma desordem mental e de personalidade do adulto, como um desvio sexual (que pode ter inúmeras causas) e estas desordens, parafilias, claro que podem existir em homossexuais, padres, bispos, psicólogos, médicos, economistas pais de família aparentemente exemplares, ou seja, transversalmente, independentemente da cultura, religião, orientação sexual, raça, e afins.
A pedofilia não está relacionada com a homossexualidade mas sim com uma perturbação da personalidade!
O que me choca é a aparente ligeireza com que a Igreja, nos seus maiores representantes, tem lidado com a situação. “… a igreja nunca colocou entraves à investigação de casos de pedofilia que envolvem sacerdotes…” Não me venham atirar areia para os olhos porque o tempo em que as pessoas eram instruídas para nada questionar já lá vai. È claro que a Igreja tudo faz para que fique dentro de “portas” estas e outras situações que ao longo dos anos teimam em querer ignorar. Aliás como disse um padre num debate “A roupa suja tem de ser lavada em casa”. Não, não tem Sr. Padre. Este tipo de roupa suja tem de ser lavado na justiça civil, tal como qualquer outro crime cometido por qualquer outro cidadão.
Mais algumas pérolas que me fizeram revolver as entranhas “Se um bispo sabe que um membro é pedófilo vai denuncia-lo e entregá-lo à justiça”. Quem diria? Não se tem notado!
“Existe total transparência da Igreja!” Nem comento!
“Existem documentos com regras claras sobre o que fazer quando se encontram padres pedófilos: entregar à justiça civil e à Congregação da Doutrina da Fé para decisão e no máximo eventual expulsão”. Pois, acredito que exista e fui ver no site, mas o problema est+a na aplicação do que está escrito! No máximo eventual expulsão??? Então e qual a opinião da Igreja quando este crime é cometido por qualquer cidadão? Estranho a mão leve nestas situações quando depois a mão é tão pesada para situações como alguém que só porque está divorciado já não pode ser padrinho de casamento ou de baptismo (mesmo que fosse vitima de violência doméstica… têm que aguentar… o sofrimento traz redenção e o perdão dos pecados).
Não é minha intenção ser desrespeitosa para com a Igreja e com os seus crentes. Tive uma educação católica, encontro-lhe sentido, existem valores muito importantes, mas penso! Questiono! E sem dúvida que existem muitas e muitas coisas que me provocam indignação e não me permitem assistir sem me insurgir.
E é por isso que da mesma forma com que me indignei com o que aconteceu reiteradamente ao longo dos anos na Casa Pia, com o conhecimento de muitos, também me insurjo com o que está a acontecer na Igreja, sobretudo pela arrogância de muitas das declarações e por nos quererem distrair. O assunto é demasiado sério e grave para manobras de distração!
Telma Sousa
Telma, obrigado
Jorge Soares
Esta semana foi pródiga em noticias sobre a igreja católica, o Publico dá conta da indignação do governo Alemão pela forma como a igreja trata os problemas da pedofilia que existem no seu seio. Na mesma noticia podemos ler que 18 das 27 dioceses alemãs estão a ser investigadas por suspeitas de abusos sexuais, num dos casos mais recentes está a ser investigado o abuso reiterado durante anos de crianças de um coro infantil, sendo que o irmão do papa foi reitor da instituição durante um período do tempo em que alegadamente ocorreram estes abusos.
Esta outra noticia no Ionline implica um alto dirigente do Vaticano na compra de serviços homossexuais, sendo que o intermediário foi um dos membros do coro do Vaticano, ele mesmo um prostituto.
Há bem pouco tempo, foi este artigo do the Guardian que implica o próprio Ratzinger, na altura cardeal e agora Papa, no envio de uma carta a todos os bispos e que ordena sob pena de excomunhão, o silêncio sobre todas as investigações de abusos de crianças por parte de membros da igreja. No entretanto surgiram denuncias de abusos sexuais na Áustria, na Irlanda, na Holanda e não foi assim há tanto tempo o escândalo que abalou a igreja norte americana.
Na maioria dos casos são denuncias de abusos e maus tratos que se deram de forma continuada durante anos e anos, abusos que em muitos dos casos foram cometidos não por uma pessoa mas por um grupo de pessoas e ignoradas ou mesmo silenciadas por quem está à volta.
É para mim evidente que há algo de errado com a igreja católica, como é que uma instituição que se diz guardiã da moral e dos bons costumes, pode ter no seu seio tanta gente que tanto mal causa a crianças? Como é que se pretende silenciar tanto sofrimento causado a tantos?
Há bem pouco tempo vimos a forma como a igreja portuguesa foi tão feroz na sua cruzada contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo e contra a homossexualidade, vimos e ouvimos bispos e cardeais a bater no peito como guardiãs da instituição família e até o Papa veio a terreiro falar do assunto. Então e se antes de virem a publico falar da família e pretender dar pretensas lições de moral, eles se debruçassem sobre o quehá de errado na sua instituição de modo a que este tipo de coisas não aconteça?
O que será necessário para que a igreja e o mundo católico que a rodeia façam um mea culpa e uma reflexão sobre o que está errado e o tente corrigir? o que será necessário para que a igreja deixe de ser um mundo de homens sozinhos e reprimidos?
Jorge Soares